sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Rapsódia em agosto - Akira Kurosawa

Há 65 anos aconteceu um dos maiores desastres da humanidade, as bombas atômicas lançadas pelos americanos em Hiroshima (dia 6/8) e em Nagasaki (dia 9/8). Aproveitei para mostrar ao Samuca esse filme, já que ele é 1/4 nipônico, achei importante ele conhecer o passado de seus ancestrais. Já tinha assistido há algum tempo, depois a Yuna resolveu praticar o desapego e vendeu o filme para mim (essas coisas não se vende, amiga! rs). Quem me conhece sabe que sou fascinada pelo diretor japonês Akira Kurosawa, já escrevi sobre a obra dele em outros blogs e foruns de cinema, mas aos poucos, conforme for assistindo novamente, coloco aqui. Por causa dos filmes de Kurosawa, a minha vida mudou em vários aspectos.
Já falei do filme "Hiroshima, meu amor" de Alain Resnais, que mostra o que aconteceu em Hiroshima, então resta falar do Rapsódia em Agosto,mostra o que aconteceu em Nagasaki. a batchan fica com os netos enquanto os pais vão visitar parentes no Hawai, os filhos e netos já esqueceram o trágico acontecimento, afinal, eles nem viveram aquela situação, já a vozinha está traumatizada e jamais esquecerá que perdeu grande parte da família e o marido na tragédia, não esquecerá o grande olho no meio da rosa (a bomba qdo explode faz um formato de uma rosa), tanto que no filme, durante o mantra budista mostra a as formigas atacando a rosa e no final, a avó correndo com o guarda-chuva, ele se fecha com a tempestade, no formato de uma rosa, a música que as crianças cantam também menciona a rosa. Os filhos e netos estão alienados no mundo moderno, até que os netos começam a se interessar em conhecer a história, então eles saem visitando os lugares, os memoriais e pelo olhar deles, também conhecemos. Teve a participação do Richard Gere, falando em japonês, no papel do sobrinho Clark. Foi o penúltimo filme feito pelo Akira, é bem simples, poético, uma homenagem às vitimas.Uma das cenas marcantes é quando uma senhora vai visitar a avó, as duas ficam uma de frente para outra sem dizer uma palavra, durante muito tempo, cada uma sabia da dor da outra.
Como faz tempo que não posto "letra de música", vou deixar aqui Rosa de Hiroshima, de Vinícius Moraes, cantada por Ney Matogrosso


Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada

Um comentário:

  1. Olá Ana!

    Já vi esse filme há muito tempo e gostei muito. Quando lembramos das bombas de Hiroshima e Nagasaki costumamos pensar em termos genéricos, tantas mil pessoas morreram, a tragédia é enorme mas de certa forma é impessoal.

    O filme mostra como aquilo afetou a vida de determinadas pessoas; ficamos sabendo seus nomes, conhecendo sua história, e tudo ganha uma dimensão pessoal. A partir daí nossa compreensão da tragédia é diferente. Assim como a das crianças do filme.

    Grande abraço!

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