sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Patti Smith lendo mulheres

Minha coleçao de livros e cds da Patti

Em Setembro, comecei o curso Quartas com Patti, com Aline Aimée,  vamos discutir quatro obras dela. O livro Just Kids foi também leitura do Book Club da Dua Lipa, inclusive ela deixou no site uma lista de livros recomendados: Patti Smith’s Recommended Reading List. Nesta lista consta oito livros escritos por mulheres. Além desta lista, tem uma outra no final do livro A Book of Days que contém 18 livros escritos por mulheres e mais os livros que ela já publicou no Instagram. Resolvi juntar todas essas listas aqui.
Lista de leituras recomendadas do livro A Book of Days, pags 385 e 386. Clique na imagem para ampliar

Eu, arquivista de profissão, tenho uma esquisitice, tiro print de todos os livros que a Patti posta no Instagram e arquivo em uma pasta do meu computador. Artistas são de lua, vai que uma dia ela apaga a conta ou o Instagram desaparece, como já aconteceu com outras redes sociais, é melhor deixar salvo. 
Não arquivo só os livros da conta dela, mas de outros escritores também, talvez um dia, aos poucos, vou divulgando aqui ou nao, porque também sou de lua.
No prefácio dos "Diários", de Lúcio Cardoso, escrito por Ésio Macedo, tem uma frase de Antônio Carlos Secchin que diz: "Todo documento que provém de um grande artista não deixa de ser manancial de informação - se não estética, ao menos histórica". Isso está muito claro na cabeça dos arquivistas, o valor histórico e cultural de tudo o que um artista produz, mesmo nas redes sociais.
Para começar, resolvi divulgar aqui os livros escritos por mulheres que ela colocou no perfil. Nada mais justo que começar com os livros dela mesma. Apenas os que apareceram em suas postagens, pois ela tem uma bibliografia maior. São eles: Woolgathering (1992), The Coral Sea (1996), Auguries of Innocence (2005), Just Kids (2010), M Train (2015), Patti Smith Collected Lyrics, 1970-2015 (2018), Devotion (2017), The New Jerusalem (2018),Year of the Monkey (2019) , em inglês e em vários outros idiomas e A Book of Days (2022).


Albertine Sarrazin (1937 Argélia-1967 França). Seus livros contam sua experiência na protistituição e na prisão. Morreu aos 29 anos. Sarrazin é considerada a female Genet. Jean Genet, foi um escritor francês que passou grande parte da sua vida na prisão e um dos escritores preferidos da Patti, ela chama de "literatura de prisão", em seu livro Linha M.

Na foto do Instagram, aparecem os seguintes livros (títulos originais do francês e em inglês):

  • La Cavale/ The Runaway (1965) foi adaptado para o cinema por Michel Mitrani, em 1971.
  • L'Astragale /Astragall (1965) foi adaptado para o cinema por Guy Casaril em 1969 e por Brigitte Sy, em 2015. Patti também escreveu a introdução da publicação em inglês deste livro.
Eles constam na lista de livros recomendados do site da Dua Lipa, na lista do livro A Book of Days e na foto da pag 368, de 18 de dezembro do mesmo livro. 


Anna Akhmatova (1889-1966 Rússia) Poeta e tradutora durante o período soviético. É o primeiro livro recomendado da lista do livro A Book of Days, "Requiem, Poem Without a Hero" foi traduzido por D. M. Thomas e publicado pela editora Swallow Press, em 2018. São poemas autobiográficos.  
Na pag. 149, de 23 de maio, do livro A Book of Days também tem esta foto da esquerda.

Anna Kavan (1901 França-1968 Reino Unido). Escritora, pintora e viajante.
Livros das fotos: Asylum Piece (1940), I Am Lazarus (1945), The Horse's Tale (1949), A Scarcity of Love (1956). A Stranger on Earth: The Life and Work of Anna Kavan, biografia escrita por Jeremy Reed.
A foto do livro I am Lazarus também está na página 121, de 26 de abril, do livro A Book of Days (2022) e o livro Who are You? está em uma pilha, na pag. 131. Na lista de recomendaçao de leitura do mesmo livro, consta o Julia and the Bazooka.

Anne Waldman (1945 - EUA) poeta. O livro "Gossamurmur", foi publicado pela Penguin Poets, em 2013, consta na lista de leituras recomendadas do livro A Book of Days. Para saber mais sobre a autora, consulte o seu site .

Charlotte Brontë (1816-1855 Reino Unido)

Na publicação da Patti no Instagram: A Book of Ryhmes é um livro em miniatura com 10 poemas que foi escrito quando Charlotte tinha 13 anos. O livro faz parte da coleção do ‘Brontë Parsonage Museum' em Haworth, West Yorkshire.

Vilette consta na lista de livros recomendados pela Patti no site da Dua Lipa.





Clarice Lispector (1920 Ucrânia-1977 Brasil). Escritora e tradutora
Na foto, The Passion According to GH, foi publicado pela editora New Directions, em 2012, traduzido por Idra Novey. 

Isabelle Rimbaud (1860-1917 França) era escritora, a irmã mais nova do poeta Arthur Rimbaud e herdeira de suas obras.

Na mesma foto, Patti mostra o livro Mon frère Arthur (1920), 61 pags. O livro já está em domínio público e pode ser lido no original, em francês, na plataforma Gallica, da Bibliothèque nationale de France.


Diane Arbus (1923-1971 EUA) Fotógrafa que frequentava o Chelsea Hotel. Revelations é um livro que contém fotografias, em torno de 500 fotos e imagens, ensaios escritos pelos curadores de suas obras, também é composto principalmente por trechos de cartas, cadernos e outros escritos da artista, constituindo uma espécie de autobiografia. Foi publicado pela editora Aperture, em 2022. Consta na lista de leituras recomendadas do livro A Book of Days e em uma publicação da Patti no Instagram.
 A foto da Diane à esquerda está na pag.76, de 14 de março, dlivro A Book of Days.

E. G. Walker (Esther G. Walker) - EUA. Escritora de livros infantis. Chronicles of Lucy e Stinky Puppets constam na lista de leituras recomendadas do livro A Book of Days. São publicações independentes.

Elena Ferrante (1943- Itália) é o pseudônimo da romancista, contista, ensaísta e tradutora italiana que prefere viver no anonimato. Nas fotos, Patti fotografou o primeiro e o segundo volumes da Tetralogia Napolitana: My Brilliant Friend (2012) e The Story of a New Name (2013), ambos traduzidos para o inglês pela Ann Goldstein e publicados pela Europa Editions.

Emily Brontë (1818-1848 Reino Unido). Wuthering Heights (1847), quando publicou o livro pela primeira vez, ela usou o pseudônimo masculino Ellis Bell, seu nome real só apareceu na reedição de 1850. O livro da Patti foi publicado pela Courage Books, em 1991, faz parte da coleção Courage Classics. Esta foto também está na página 220, de 30 de julho, do livro A Book of Days Wuthering Heights na lista de leituras sugeridas do mesmo livro.

Etel Adnan (1925 Libano-2021 França). Foi escritora, poeta e pintora. Escrevia em inglês, francês e árabe. Para saber mais sobre sua carreira e suas obras, consulte este site, em inglês. 
Na foto à esquerda, na pilha tem dois livros da Etel, Sea and Fog, publicado pela editora Nightboat Books, em 2012 e Sitt Marie Rose: A Novel (1978), publicado pela The Post-Apollo Press e traduzido do francês por Georgina Kleege.
Na foto à direita, tem o livro que foi escrito em francês, Tolérance, publicado pela editora L'Échoppe, em 2018.

Emily Berry (Reino Unido).
 É escritora, poeta e editora. Na pilha de livros da foto acima também tem seu livro de poemas Stranger, Baby, publicado em 2017 pela Faber & Faber.






Emily Dickinson (1830-1886 EUA), poeta. Na foto, entre outros livros, tem o Envelope Poems, publicado em 2017, pela editora New Directions. Tem também o livro Colossus, da Sylvia Plath que mencionarei mais abaixo. 
Um dos poemas envelope está na página 360, de 10 de dezembro, do livro A Book of Days e na lista de leituras sugeridas do mesmo livro, Patti sugere The Complete Poems.

Françoise Sagan (1935-2004 França), escreveu Bonjour tristesse (1954) quando tinha 18 anos. O titulo deste livro faz referência ao poema À peine défigurée, de Paul Éluard. Na foto da Patti, vemos a publicação em francês, de 2009, da editora Pocket.

Hayden Herrera (1940- EUA). Frida: A biography of Frida Kahlo, foi publicado pela editora Harper & Row, em 1983. Está na lista de leituras recomendadas do livro A Book of Days.

Hiroko Oyamada (1983 Japão), escritora.
No Instagram, Patti publicou Ana (The Hole), o livro em japonês foi publicado pela editora Shinchosha, em 2014. Em inglês, foi  traduzido por David Boyd e publicado pela editora New Directions, em 2020.

Isabelle Eberhardt (1877 Suíça-1904 Argélia), escritora, jornalista, viajante, seus pais eram de origem russa. Viveu entre os anarquistas de Genebra, teve uma educação erudita, aprendeu russo, árabe, francês, alemão, grego e latim. Vestia-se com trajes masculinos e usava pseudônimos também masculinos para frequentar alguns lugares e viajar. Apaixona-se pela literatura argelina, pelo islã e se converte a esta religião. Casa-se com um muçulmano de origem francesa e vai morar na Argélia. Morreu aos 27 anos em uma inundação do rio, em Aïn Sefra. The Oblivion Seekers consta na lista de livros recomendados pela Patti no site da Dua Lipa, é uma seleção de textos, diários, trechos de uma obra inacabada sobre sua vida na África que a sua biógrafa Cecily Mackworth chamou de "um dos documentos mais estranhos que uma mulher deu ao mundo". Esta foto dela está na página 307, de 21 de outubro, do livro A Book of Days.
Não me importo se me visto como operário, mas usar roupas femininas mal ajustadas, baratas e ridículas, não, nunca...’
Jackie Wang é uma poeta e performer americana, estuda sobre economia, política das prisões e vigilância, faz doutorado na Universidade de Harvard.
Carceral Capitalism é um livro de ensaios sobre a politica de encarceramento nos EUA. Foi publicado em 2018 pela editora Semiotext(e).
Na mesma foto tem outro livro interessante, não foi escrito por mulher, mas vale a pena mencionar, Capital City: Gentrification and the Real Estate State, de Samuel Stein. É sobre planejamento urbano e as políticas de gentrificação, explica o papel dos planejadores no setor imobiliário. Foi publicado em 2009, pela editora Verso.

Janet Hamill (1945, EUA). Poeta e viajante.  A Map of the Heavens: Selected Poems 1975-2017, foi publicado pela editora Spuyten Duyvil, em 2020, com o posfácio da Patti. Este livro está na lista de leituras recomendadas do livro A Book of Days. As fotos abaixo são do Instagram da Patti.

Joan Didion (1934-2021 EUA). Foi escritora, jornalista, ensaísta e roteirista. O livro Play It as It Lays, foi publicado pela editora Farrar, Straus and Giroux e está na lista de leituras recomendadas do livro A Book of Days. No mesmo livro, ela publicou a foto da Didion (a última à direita na imagem abaixo) feita pelo fotógrafo Robert Birnbaum, na pag 355, de 5 de dezembro, com a descrição: "Joan Didion. A pure writer". No instagram, ela publicou um convite para celebrar a vida da Didion e a foto embaixo, à esquerda.

Karen Olsson (1972 - EUA). Escritora e matemática. Patti publicou no Instagram o livro The Weil Conjectures: On Math and the Pursuit of the Unknown, foi publicado pela editora Farrar, Straus and Giroux, em 2019. É um livro de memórias e biografia dos irmãos Simone Weil, uma filósofa, mística e ativista social (será mencionada com mais detalhes mais embaixo) e André Weil, um matemático influente.

Kay Ryan (1945 - EUA). Educadora e poeta, ganhou o prêmio Pulitzer em 2011. Patti publicou em seu Instagram o livro Synthesizing Gravity, Selected Prose, publicado pela editora Grove Press, em 2020.

Maggie O'Farrell (1972-Irlanda). Escritora e jornalista. Patti publicou em seu Instagram o livro Hamnet, publicado pela editora Tinder Press, em 2020. Ganhou o Women's Prize no mesmo ano. É um relato fictício do filho de William Shakespeare, Hamnet, que morreu aos onze anos em 1596.

Marguerite Duras (1914 Vietnam - 1996 França). Foi escritora, dramaturga, roteirista, ensaísta e cineasta experimental da Nouvelle Vague francesa.
No Instagram, Patti publicou uma foto do apartamento onde Duras morou em Paris, de 1942 à 1996. Na segunda foto, tem o livro The Lover, Wartime Notebooks, Practicalities, publicado pela Everyman's Library, em 2017. 
Na terceira foto, tem o livro Moderato Cantabile, traduzido por Richard Seaver e publicado pela editora Calder And Boyars, em 1966.
Na quarta foto, o livro The Lover, publicado em 1984, pela Pantheon Books e traduzido por Barbara Bray.
Na última foto, Patti segura o livro Me & Other Writing, publicado em 2019, pela editora Dorothy, traduzido por Olivia Baes.
Writing, publicado em 2011, pela University of Minnesota Press e traduzido por Mark Polizzotti, está na lista de livros recomendados pela Patti no site da Dua Lipa e na lista de leituras recomendadas do livro A Book of Days, junto comThe Lover.

Maria Popova (1984 Bulgária), naturalizada americana, é escritora, poeta, ensaísta, blogueirabodybuilding. Patti publicou em seu Instagram e na lista de leituras recomendadas do livro A Book of Days, o livro de não-ficção Figuring, publicado pela editora Pantheon, em 2019.

Mariana Enriquez (1973- Argentina) é escritora, jornalista e docente. Patti publicou em seu Instagram o livro Things We Lost in the Fire: Stories (em espanhol: Las cosas que perdimos en el fuego, 2016) foi publicado em inglês em 2017, pela editora Hogarth e traduzido pela Megan McDowell.


Marian Anderson (1897-1993 EUA), cantora contralto. No meio dos livros da foto do Instagram, Patti mostra a autobiografia My Lord, What a Morning, publicada em 2002, pela University of Illinois Press. Na mesma foto, tem a biografia Isabelle: The Life of Isabelle Eberhardt, escrita por Annette Kobak, publicado em 1989, pela editora Knopf.

Marlen Haushofer (1920-1970 Austria). Foi escritora de ficção científica feminista. Patti publicou em seu Instagram o livro The Loft, foi publicado em 2011, pela editora Quartet Books e traduzido pela Amanda Prantera. O livro também consta na lista de livros recomendados pela Patti no site da Dua Lipa. Na lista de leituras recomendadas do livro A Book of Days, consta o livro The Wallfoi publicado em 1999, pela editora Cleis Press, traduzido por Shaun Whiteside.  Na pagina 336, de 17 de novembro, do livro A Book of Days, tem uma foto da Marlen con seu gato.

Mary Shelley (1797-1851 Reino Unido), escritora, dramaturga, ensaísta, biógrafa e viajante. Era filha do filósofo William Godwin e da escritora, filósofa, defensora dos direitos da mulher inglesa, Mary Wollstonecraft que escreveu Uma Reivindicação pelos Direitos da Mulher (1792).
Frankenstein foi publicado em 1818 e se enquadra nos gêneros: romance gótico, literatura de horror e ficção científica. Consta na lista de livros recomendados pela Patti no site da Dua Lipa e na lista de leituras recomendadas do livro A Book of Days. Na pag 252, de 30 de agosto, deste último livro, tem esta primeira imagem abaixo, a pintura de Mary Shelley, feita por Samuel John Stump, cerca de 1820.
No Instagram, ela publicou um fac símile do manuscrito de Frankenstein, uma cena da atriz mirim Ana Torrentes, assistindo ao filme Frankenstein, no filme El Espíritu la Colmena, filme de terror espanhol na era Franco, de 1973, dirigido por Víctor Erice e também uma cena do filme Frankenstein, de 1931, dirigido por James Whale, com o monstro e a atriz mirim, Marilyn Harris, no papel de Little Maria.


Nona Fernández (Chile -1971) atriz chilena, co-fundadora da companhia de teatro La Fusa, roteirista de séries televisivas, também é feminista, escritora, dramaturga, autora de contos e romances.
No instagram, Patti publicou fotos de dois livros: The Twilight Zone: A Novel (2021) e Space Invaders: A Novel (2019), ambos foram publicados pela editora Graywolf Press e traduzidos por Natasha Wimmer.

Remedios Varo (1908 Espanha-1963 México), pintora surrealista.
Na foto, o livro Letters, Dreams, and Other Writings, publicado em 2018, pela editora Artbook e traduzido por Margaret Carson.

Simone Weil (1909 França-1943 Inglaterra) filósofa humanista francesa. Patti publicou no Instagram uma foto dela, a foto do túmulo que está no cemitério de Bybrook, na Inglaterra. Esta foto também está na pág. 246, de 24 de agosto, do livro A Book of Days.
Na pilha de livros da foto abaixo, tem o livro Simone Weil: A Fellowship in Love, de Jacques Cabaud, publicado pela Harvill Press, em 1964. É um estudo sobre a vida e o trabalho dela.
No livro ao lado, tem o Simone Weil, biografia por Francine du Plessix Gray, publicado em 2001, pela editora Viking Adult. 

Susan Sontag (1933-2004 EUA), ensaísta, romancista e ativista. A foto do túmulo, no cemitério Montparnasse, na França, foi publicada no Instagram e na pág. 202, de 12 de julho, do livro A Book of Days. No mesmo livro, na lista de leituras recomendadas, ela sugere o livro The Volcano Lover, um romance histórico, publicado em 1992, pela Penguin Books. É ambientado principalmente em Nápoles, no séc. 18.

Sylvia Plath (1932 EUA-1963 Reino Unido) é uma escritora e poeta, autora de poemas, romance, contos, livros infantis e ensaios. 
Na foto publicada no Instagram, Patti está ao lado do túmulo, no St Thomas A Beckett churchyard, em Heptonstall.
Na segunda foto, Ariel no post do Instagram e no livro  A Book of Days, g 8, de 8 de janeiro, consta na lista de livros recomendados pela Patti no site da Dua Lipa e na lista de leituras recomendadas do livro A Book of Days, junto com The Colossus.
Na terceira foto, Patti publicou no Instagram o poema Poppies in October.

Tove Ditlevsen (1917-1976 Dinamarca), escritora e poeta. Childhood, foi publicado em 2019, pela editora Gardners VI Books e traduzido por Tiina Nunnally. Faz parte de uma trilogia autobiográfica, a Trilogia de Copenhagen, com os títulos em inglês: Childhood, Youth e Dependency

Virginia Woolf (1882-1941 Reino Unido), ensaísta, romancista, biógrafa, feminista e defensora dos direitos da mulher inglesa.  
Moments Of Being foi publicado em 1985, pela Mariner Books. Consta na lista de livros recomendados pela Patti no site da Dua Lipa.
Na lista de leituras recomendadas do livro A Book of Days, ela sugere dois livrosThe Waves e The Collect Essays of Virginia Woolf.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Mulher na direçao: Retrato de uma jovem em chamas - Céline Sciamma (2)

Ja falei dos outros filmes da Céline aqui. Esta é a segunda parte com o mais recente filme, "Portrait de la jeune fille en feu" (Retrato de uma jovem em chamas).

Este filme é um drama historico, ocorrido no séc 18, nas ilhas de Bretagne. Uma pintora (Marianne) é convidada a pintar uma jovem (Héloïse) sem que ela saiba. Esta ultima esta prestes a se casar com um homem nobre de Milao.
Ja fiz todos os elogios à diretora na primeira parte, hoje posso dizer que ela so melhorou. Este filme é lindo, a fotografia magnifica, as atrizes sao otimas e os dialogos sem defeitos, quando ela fala da independência relacionada à solidao, chorei. Também fala de aborto e suicidio de uma maneira bem delicada. As mulheres camponesas cantando "fugere non possum" (nao posso fugir), que coisa mais linda!
Nota-se a diferença deste filme com os dirigidos por homens e atrizes heteros no papel (Carol, Disobedience, Azul é a cor mais quente, etc). Nao que sejam ruins, mas vê-se claramente o fetiche / voyeurismo hetero por lésbicas. Leiam os livros que foram escritos por autoras lésbicas, sao mil vezes melhores que as adaptaçoes cinematograficas, fica a dica.
Representatividade é importante, os papeis, a direçao devem ser dados a quem vive isto na pele, nao é so questao de orientaçao sexual, mas politica. Este filme mostra o apagamento das mulheres pintoras da historia e o apagamento das que estao fora das regras heteronormativas impostas.



É também uma versao safica do Livro X de Ovidio, "Metamorfoses: A Descida de Orfeu aos Infernos a Buscar Eurídice". Marianne é Orfeu que toca As Quatro Estaçoes: Verao, de Vivaldi. Ja falei num post bem random que gosto das Quatro Estaçoes. Ouvi-lo no filme aqueceu meu coraçao, na cena da opera, chorei.
Orfeu não pode olhar para trás. Assim vai o casal pelos duros caminhos do inferno, e já quase estão às portas, quando o preocupado marido, não controlando seu desejo de saber como estava a esposa, cede à tentação e dá uma espiadela. É este o fim. Eurídice desaparece, e Orfeu, expulso do Hades, exila-se nas montanhas da Trácia, nunca mais aceitando o amor de outra mulher. (Metamorfoses)
A famosa pagina 28
Embora pareça que seja um numero escolhido aleatoriamente, o conteudo desta pagina é sobre a morte de Adonis (o deus relacionado com as Quatro Estaçoes do ano (coincidência com Vivaldi?)), ele era apaixonado por Afrodite (deusa do amor, da beleza e da sexualidade).

Traduzi o que esta escrito nesta pagina:
Ela espalhou néctar no sangue de Adonis, que inflou como essas gotas de lágrimas que, caindo, formam pequenas bolhas que estouram, em menos de uma hora saiu uma flor vermelha que parecia com aquela de Granada. Esta flor dura pouco tempo, já que os mesmos ventos que a fazem florescer também fazem cair.
(A flor vermelha que sai é a anêmona que parecia com aquela de Granada que é a rosa, so que bem mais fragil)

Recomendo muitissimo, é uma obra de arte que infelizmente nao entra nas grandes premiaçoes cinematograficas.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

The Circle and the antisocial medias

Assisti ao reality show "The Circle", na Netflix. É um besteirol que mistura de Big Brother com a série Black Mirror. Os participantes ficam cada um em seu apartamento e se comunicam apenas via chat, usando emojis e hashtags.
Cada um cria seu perfil, com fotos de sua prefêrencia e escreve uma breve bio. Eles sabem que têm catfish participando (pessoas com perfis falsos), mas nao sabem quem sao. Logo, através da suposiçao, bloqueiam a pessoa que acham ser fake.
Os primeiros eliminados foram uma modelo e um jogador de basquete. A juventude desconfia de pessoas bem sucedidas, acharam que eram fakes.
O que mais me comoveu foram os catfish, pois sao pessoas reais interessantissimas, mas por causa de suas aparências, nao fariam sucesso nas redes sociais, nao seriam influencers.

Prestem atençao no titulo: vale tudo para ganhar hj em dia. Saber aparecer é melhor que ser.

Falando nisso, vocês acham que as redes sao redes sociais ou antissociais? Porque se socializar é isso,  estamos perdidos. Eu tenho é medo desta cultura do odio e violencia gratuita. Sera que é tao dificil ser um pouco mais civilizado, agradavel, fazer comentarios pertinentes?
Está insuportável o tribunal do Twitter, todo dia pegam uma pessoa para crucifica-la. Todo mundo acha que deve opinar sobre tudo, sem nunca nem ter lido nada a respeito, tipo: guerras no Oriente Médio, Marxismo, Nazismo, etc.
Fiquei quase um ano inteiro sem entrar, no fim do ano fui fazer um giro nos meus perfis favoritos, porque ainda ha muitas pessoas interessantes, com conteudos bacanas sobre arte, historia, literatura, cinema, mas infelizmente aparecem muitos "tuites" que nao pedi pra ver, de pessoas "lacrando",  "hitando", gente frustrada e infeliz que precisa derrubar o outro para se sentir melhor, acompanhada de um monte de outros frustrados que dao likes para endossar a babaquice e transformar em trend topic, parece que estamos presos na quinta série. Ficar silenciando tudo isso cansa. Nao sigo essa gente, mas mesmo assim o Twitter insiste em me mostrar, pois utiliza a maquina Bummer, segundo este livro
"Na Bummerlândia, parece que cada pequeno comentário ou se torna uma competição por completa invalidação e destruição pessoal ou todas as pessoas têm que ficar simpatiquinhas e falsas. 
As pessoas comuns tendem a se tornar imbecis, já que os holofotes sempre apontam primeiro para os mais babacas".

Instagram, apareço cada vez menos por la. Estou velha, sem paciência e numa fase eclesiastica, cansada de vaidades e egocentrismo, mas tem pessoas que gosto e o unico meio de comunicar com elas é por la. 
Pois tomem um surra de biblia vinda de uma ateia e meditem nestes versiculos. Isso é pra mostrar que gente impertinente, arrogante e insensata sempre existiu, a Internet so veio dar voz a eles. Antes so a familia e pessoas proximas eram obrigadas a aturar, agora é todo mundo. 


  • Vaidade das vaidades! Tudo é vaidade. Debaixo do sol, observei ainda o seguinte: a injustiça ocupa o lugar do direito e a iniquidade ocupa o lugar da justiça.
  • Não te apresses em abrir a boca; que tuas palavras sejam, portanto, pouco numerosas. Muitas palavras, muita vaidade. De tudo isso, qual é o proveito para o homem? PS:Nao seja vitima do FOMO, nao é assunto que você domina, shut the fuck up!
  • As palavras de um sábio alcançam-lhe o favor, mas os lábios dos insensatos causam a sua perda. O começo de suas palavras é uma imbecilidade e o fim de seu discurso é uma perigosa insanidade.
  • Não cedas prontamente ao espírito de irritação; é no coração dos insensatos que reside a irritação.
  • As palavras calmas dos sábios são mais bem ouvidas que os gritos de um chefe entre insensatos.
  • A sabedoria vale mais que as máquinas de guerra.
  • Quem cava uma fossa, pode nela cair e quem derruba um muro pode ser picado por uma serpente.
  • Todos caminham para um mesmo lugar, todos saem do pó e para o pó voltam.
  • Pus-me então a considerar todas as opressões que se exercem debaixo do sol. Eis aqui as lágrimas dos oprimidos e não há ninguém para consolá-los. Seus opressores fazem-lhes violência e não há ninguém para os consolar.
  • Pois, quem pode saber o que é bom para o homem na vida, durante os dias de sua vã existência, que ele atravessa como uma sombra? 


O silêncio é de ouro, você nao precisa participar de todas as conversas, principalmente as que você nao entende patavinas. Nao caia na fossa que você mesmo cavou. Pare de xingar pessoas que ha 10 segundos você nem sabia que existiam, pois amanha elas podem se virar contra você.

Deixo dois videos sobre a cultura do cancelamento:

Jana Viscardi é linguista, adoro as dicas para escrever bem e para interpretar textos. Neste video, ela fala de cancelamento e sobre a idolatria de influencers 



A Natalie, do canal Contrapoints fez um video super didatico, bem explicado, com exemplos, 1h40 de duraçao, sobre a cultura do cancelamento (em inglês)