segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O maior meme de fim de ano - 2012

Acho muito legal, mas é a primeira vez que participo deste meme proposto pela Tatiani do blog "Elvis Costello gritou meu nome". Espero que vcs tb participem e deixem o link nos comentários para eu ler.

1. Onde você estava quando 2012 começou?
Não lembro. Só sei q não foi na casa da minha mãe, senão eu lembraria.

2. O que você fez em 2012 que você nunca tinha feito antes?
Comprei uma passagem só de ida.

3. Você manteve suas resoluções de fim de ano e fará novas para 2013?
Eu não costumo fazer resoluções para ano novo, minha vida é à base da improvisação.

4. Você foi a algum show em 2012?
Sim. Os mais marcantes foram o do Chico Buarque em SP e o do Gilberto Gil aqui no Canadá.

5. Você procurará um novo emprego em 2013?
Preciso muuuito de um trampo, vou tentar um estágio enquanto estudo.

6. Você bebeu muito em 2012?
No 1° semestre deste ano quase que diariamente. Em compensação no 2°, só água, pepsi e café todo santo dia.

7. Você viajou nas férias? Para onde?
Fui para o Peru, super recomendo, é um país lindo, mágico.

8. Qual foi sua maior conquista em 2012?
Imigrar para cá.

9. Se você pudesse voltar no tempo, para qualquer momento de 2012, e mudar alguma coisa, o que seria?
Absolutamente nada, foi o ano que mais acertei.

10. Você ficou doente ou ferido?
Só tive a gripe forte com a chegada do inverno, não tomei vacina esse ano e me ferrei.

11. Qual foi a melhor coisa que você comprou?
As coisas materiais não tem valor para mim. A minha melhor aquisição foi o livro de poesias do Jacques Prévert que paguei  2 dólares no sebo.

12. Quais são as pessoas cujo comportamento mereceu aplausos?
Acho que todos meus colegas imigrantes do mundo inteiro que estão na maior ralação aqui, estudando, trabalhando em horários malucos, em serviços pesados, mas mesmo assim estão motivados porque sabem que as coisas serão melhores e que no começo é difícil, mas com o tempo tudo se ajeita.

13. E quais são as pessoas cujo comportamento você reprovou?
Eu xingo muito no twitter, falo mal de políticos, religiosos, técnico e juiz de futebol, de machistas, homofóbicos, pseudo-artistas, etc. A louca....

14. Onde você investiu a maior parte do seu dinheiro?
Na imigração para o Canadá.

15. O que te deixou muito, muito, muito feliz?
Mudar de país, mesmo amando o Brasil eu precisava de ter experiência fora, aprender novos idiomas, etc.
Fui tia de novo, o Murilo nasceu, mas infelizmente só o conheço pelo skype.

16. Qual música sempre vai te lembrar de 2012?
Payphone - Maroon 5. Onde eu ia, estava tocando essa música.

17. Comparando este momento com o que você viveu exatamente um ano atrás, você está mais feliz ou mais triste?
Mais realizada, serve? Pra mim gente muito feliz é fake e muito triste sofre depressão.

18. O que você queria ter feito mais?
Eu fiz demais, mudar de país, lidar com a burocracia de documentos, arrumar casa, mobiliar, estudar, arrumar escola para o filho, se virar nos 30, 40 e 50, em outro idioma, outra cultura, é phoda!

19. O que você gostaria de ter feito menos?
Eu não tive a chance de fazer de menos. A situação exigiu que eu fosse pró-ativa o tempo inteiro.

20. Como você passou seu Natal?
Não comemoramos Natal, não somos religiosos e temos críticas severas ao consumismo desmedido, foi um dia como qualquer outro, mas pela primeira vez na neve, aí a gente tem a impressão que o papai noel vai chegar de verdade ;-)

21. Quem foi a pessoa de quem você mais sentiu falta este ano?
De todo mundo que está no Brasil, família e amigos. Aqui não tenho amigos ainda, converso com o pessoal que estuda comigo, depois cada um vai para sua casa.

22. Você se apaixonou em 2012?
Apaixonei pelos corvos e pelos esquilos, pela neve, pelas estações do ano bem definidas.

23. Qual foi a maior mudança para você em 2012?
A mudança interior, estou mais madura, acho que ultrapassei barreiras que nunca imaginei que daria conta e dei.

24. Quais foram os seus programas de TV favoritos?
Dexter, The Big Bang Theory e Tu m'aimes-tu?

25. Você odeia alguém agora que você não odiava há um ano?
Com tanta coisa na cabeça, nem tive tempo de odiar.

26. Qual foi o melhor livro que você leu?
Eu tenho dificuldades em escolher um livro entre vários bons. Li "Ensaio sobre a lucidez" e "Todos os nomes", do José Saramago, "Minha querida Sputinik" do Haruki Murakami e "O livro de areia", do Jorge Luis Borges.

27. Qual foi a melhor descoberta musical?
Bem, não é lá essas coisas, mas é a única musica indie que achei simpática. "Somebody that I used to know", do Gotye feat. Kimbra

28. O que você queria e conseguiu?
Imigrar legalmente.

29. O que você queria e não conseguiu?
Dinheiro para pagar umas coisas, entre elas 3 passagens ida e volta para o Brasil para irmos ao casamento da minha cunhada.

30. Qual foi o seu filme favorito em 2012?
Impossível escolher um, assisti ao "To Rome with love", do Woody Allen, "Carnage" do Roman Polanski, "360", do Fernando Meirelles. Os franceses: "Les bien-aimés", do Christophe Honoré com a Catherine Deneuve e sua filha Chiara Mastroianni, "Intouchables", "Elles" de Malgorzata Szumowska com a diva Juliette Binoche no papel principal. Cinema québecois: Assisti ao "Borderline" e o "Horloge biologique".
O coreano "Pietá" do Kim Ki-duk. O chileno "Violeta se fué a los cielos", do Andrés Wood (acho que esse foi o mais lindo, simples e sensível).
Quem quiser acompanhar meus check-in de livros e filmes no app Get Glue, procure-me lá, meu nick é "anaspbr".

31. O que você fez no seu aniversário (e quantos anos você tem)?
Fiquei de mimimi, se tiver saco, leia o post sobre esse assunto. Eu estou na idade de já não falar mais a idade, só adianto que estou na era balzaquiana.

32. Que coisa teria tornado seu ano imensuravelmente melhor?
Estou satisfeita, melhor estraga, vira vida de comercial de margarina, odeio vida perfeita.

33. Como você descreveria seu conceito pessoal de moda e estilo em 2012?
O mesmo de sempre, entre hippie e mendiga style.

34. O que manteve sua sanidade?
Desde quando fui sã? Eu sou muito louca, véi. Só se me derem um Prozac, aí quem sabe eu posso até ficar normal.

35. Qual celebridade/figura pública que mais te fascinou?
A nossa presidenta diva, Dilma.

36. Escolha o trecho de uma canção que melhor resume seu ano de 2012.
Bye, bye Brasil, do Chico Buarque
Bye bye, Brasil 
A última ficha caiu 
Eu penso em vocês night and day
Explica que tá tudo ok 
Eu só ando dentro da lei 
Eu quero voltar, podes crer 
Eu vi um Brasil na tevê ♫

37. Do que você sente falta?
Família, comida brasileira e de fazer yoga.

38. Quem foi a melhor pessoa que você conheceu em 2012?
Conheci muita gente legal do mundo inteiro, foi a primeira vez que tive contato com mulheres árabes, são muito gentis e acolhedoras. Conheci russos, as mulheres são engraçadas e os homens sérios. Adoro o gueto latino: os mexicanos, cubanos e colombianos, fazem comidas gostosas, dão altas risadas e são mega esforçados.

39. Conte uma lição de vida importante que você aprendeu em 2012?
Superação e adaptação.

40. Quais são os seus planos para 2013?
Fui ao show da virada na neve, com o Boy George pagando de dj. A festa aqui é bem organizada e com hora marcada, das 21h às 0h. 23h59 fazem a contagem regressiva, soltam uns foguinhos e 00:01 todo mundo de volta para casa, nada de vizinhos soltando fogos e ouvindo musica alta até altas horas, isso é vida que pedi a Deus, aqui vou durar até os 100 anos.
Em janeiro começo um curso na universidade e tenho que cumprir 21 créditos só no primeiro módulo e ainda um outro curso para os imigrantes da área de administração.
Quero cumprir o Desafio Literário até o fim. De resto, vou deixar a vida me levar.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Festas de fim de ano

Fica a dica do Frei Beto:
"Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas:
Estou apenas fazendo um passeio socrático. Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:
"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!"" 

Reflita e Boas festas!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

1° aniversário fora do Brasil

Gente, foi o aniversário mais estranho da minha vida, o único q passei longe da família e dos amigos que costumavam comemorar cmg. Falei com minha família via skype e vi minha mãe chorando a 9000 km de distância de mim, segurando meu sobrinho que ainda nem conheço, ainda por cima foi casamento da minha cunhada e a gente não estava
 presente. Aff, tudo isso doeu profundamente na alma, nem preciso dizer que passei o dia chorando e comendo enqto nevava muito lá fora. Só quem vive no exílio sabe o que é saudade, solidão, sentir-se deslocado e inseguro. Por mais q eu tento me integrar, mais me desintegro, a vibe é outra. Infelizmente não dá para ter tudo na vida. No geral, estou feliz e não me arrependo da minha decisão, mas meu coração foi feito de carne e sangra todo dia, não vou fingir que muitas coisas não me fazem falta. Comentei com minhas colegas brasileiras e todas dizem que passar aniversário aqui é muito estranho, todas choraram, ainda bem que não fui a única, nao é só mulher que sente não, os homens também ficam sensíveis nessa hora. Todo mundo acaba tendo um momento de reflexão tipo «que diabos estamos fazendo aqui»???? Mas depois passa, você olha a paz do lugar, a qualidade de vida e tudo muda. Ainda de leva tem natal e ano novo pra gente passar socado dentro de casa vendo o povo se empanturrando de comida boa no Brasil via skype. Acho q a primeira vez é sempre mais difícil e dolorida, as outras passam com mais facilidade. É isso. 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Milagre natalino

Eu sei, é uma coisa bem boba, estou bem sentimental, carente de família, desfiz de tudo o que tinha no Brasil para vir para cá e isso deixou um vazio dentro de mim. Sábado saí com uns amigos para almoçar, como fazia muito frio e nevava, a gente coloca muita roupa  e acaba perdendo tocas, luvas, cachecois pelo caminho sem se dar conta. Eu mesma já perdi três tocas e uma luva do par. Sábado perdi uma toca que eu comprei no Peru, fiquei tão triste, é mais pelo valor sentimental, porque é uma toca peruana iguais a tantas outras, mas essa tem as cores q gosto, eu me apeguei, coisa bem besta mesmo. Sempre ando cabisbaixa, nunca fico olhando para os lados ou para cima, mas  hoje, vindo da universidade, olhei de nuance e vi que tinha uma coisa roxa pendurada na árvore, quando cheguei mais perto o que estava lá? A minha toquinha toda cheia de cristais de gelo e molhada de chuva, fiquei tão feliz que até chorei. Não é a primeira vez que perco e acho uma coisa que estimo, uma vez estava lendo Crime e Castigo,sempre lia no ônibus, quando cheguei na USP, com mochila, guarda-chuva e o livro, fui no banheiro e deixei-o lá, na hora de ir embora, percebi que ele não estava comigo e já tinha lido mais da metade. Que decepção! No outro dia voltei ao banheiro e nada, aí perguntei em uma sala ao lado se por acaso alguém tinha achado e para minha alegria, ele estava lá.
Isso me lembra uma frase de internet: o que é para ser seu, lance no ar, se voltar, realmente ele é seu.
Cada coisa, né? Pode mandar me internar rsrs

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Desafio Literário 2013




Depois de abandonar na metade do ano o Desafio de 2012, por motivos de mudança de país, tendo que superar a fase de adaptação, de estudar em um novo idioma, etc. Agora que as coisas estão mais ou menos no esquema, retornarei aos poucos a ser mais participativa nas blogagens coletivas e nos desafios.

Para nossa alegria, já foram divulgados os temas de cada mês no blog oficial do Desafio Literário, confiram lá e participem também.

JANEIRO - TEMA LIVRE
"Esboço para uma teoria das emoções", de Jean-Paul Sartre.

FEVEREIRO - LIVROS QUE NOS FAÇAM RIR
Cuca Fundida - Woody Allen

MARÇO - ANIMAIS PROTAGONISTAS
A Revolução dos bichos - George Orwell

ABRIL - UMA OU MAIS DAS QUATRO ESTAÇÕES NO TÍTULO
Conto de Inverno - William Shakespeare

MAIO - LIVROS CITADOS EM FILMES
O filme "O leitor" que indica ótimos livros.Escolhi A metamorfose - Franz Kafka

JUNHO - ROMANCE PSICOLÓGICO
Dom Casmurro - Machado de Assis

JULHO - COR OU CORES NO TÍTULO
O Vermelho e o negro - Stendhal

AGOSTO - VINGANÇA
Ainda estou pensando

SETEMBRO - AUTORES PORTUGUESES CONTEMPORÂNEOS
As intermitências da morte - José Saramago

OUTUBRO - HISTÓRIAS DE SUPERAÇÃO
Feliz ano velho - Marcelo Rubens Paiva

NOVEMBRO - LIVROS QUE FORAM BANIDOS
Ainda estou pensando

DEZEMBRO - NATAL
Missa do Galo - Machado de Assis

Então é isso! Até janeirao com o tema livre.


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Dia da pátria

Dia da Pátria: Mas o que é a pátria para uma expatriada? Nada mais que um sonho bem distante... Oh, pátria amada! Entre outras mil, tu és só mais uma. Quando estou em teu seio quero sair, quando estou fora, quero retornar. Em teu solo criei raízes, mas fora criei asas. Em ti, tenho os mais belos sentimentos do mundo, mas fora sou só razão. Verás que sou mais uma filha que foge à luta, a que rebela dentro de casa, mas fora te defende como se tu fosses a melhor mãe. É difícil lidar com esse amor que ora me atrai, ora me afugenta que me desintegra e me desorienta, nao sei se quero voltar para ti, mas se eu voltar, acolha-me em teus braços para que eu nao fuja novamente, mesmo eu declarando independência, sinto-me dependente de ti, isso aprendi contigo, independência dependente, a desordem ordenada e o regresso progressivo.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O médico e o monstro - RL Stevenson



Para o Desafio Literário do mês de agosto, li "The strange case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde", em português traduzido como "O médico e o monstro", de Robert Louis Stevenson, é um conto de terror, assim como o "Olalla" que falei anteriormente.
Dr. Jekyll é um médico que, ao contrário do que muita gente pensa, ele não sofre de Transtorno de dupla personalidade ou como também é chamado, Transtorno dissociativo de identidade, mas sofre de Transtorno psicótico induzido por substância. Com o uso contínuo da droga, assume um outro comportamento, assim como todos os usuários de substâncias psicotrópicas, alucinóginas, entre outras. Ele torna-se dependente químico e quando a droga não faz mais o efeito desejado, aumenta a dose.
Era um homem na casa dos 50 anos, grande, forte, todos os traços revelavam sua capacidade e bondade. Embora fosse considerado um 'cidadão de bem', com uma boa profissão e reputação, ele sentia um vazio existencial, sua condição era boa para agradar a sociedade e não para agradar a si próprio, com o uso da droga toda a repressão e pressão que ele sofria eram dissipadas, ele encontrava a liberdade e o prazer, mas, como sabemos, os efeitos colaterais são muitas vezes devastadores. No caso dele, tranformava-o em uma pessoa violenta e hostil, uma criatura deformada, com uma palidez mórbida, uma voz assustadora, etc.
Curiosidade: A primeira vez que a Scotland Yard, policia metropolitana de Londres, foi citada na literatura, foi neste conto.
Vamos ao resumo:
Um advogado londrino, Dr. Utterson, investiga o que ocorre na casa de seu amigo Dr. Henry Jekyll e procura saber quem é Edward Hyde a quem Dr. Jekyll dedicou seus bens em seu testamento.
Hyde é um joguinho com a palavra "hide"= escondido, o lado negro da força do Dr. Jekyll.
"Deus que me perdoe, mas esse homem nem parece humano! Diria que se parece antes com um troglodita. Oh, meu pobre e velho amigo Jekyll! Se alguma vez vi num rosto a marca de satanás foi com certeza no do teu amigo."
Dr. Jekyll explicando sua crise existencial, como se sentia quando estava sob o efeito e quando estava "limpo".
Eu era o mesmo quando, abandonando toda a moderação, atirava-me para os braços da desonra ou quando trabalhando à luz do dia, promovia a ciência para aliviar a dor e o sofrimento.
No fim o homem será reconhecido como um ser habitado por seres múltiplos, incongruentes e autônomos.
Aprendi a reconhecer a primitiva dualidade do homem na minha própria pessoa. As duas naturezas que lutavam na minha consciência eram minhas porque eu era em essência ambas.
A droga não tinha capacidade discriminatória, não era nem diabólica, nem divina, apenas abria as portas do cárcere do meu âmago.

Não quero ser moralista, nem demonstrar juizo de valor algum, é um assunto muito delicado, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Nem tudo o que faz bem para alma, faz bem ao corpo. Essa é a válvula de escape de muitos, para outros é a bebida, a compulsão por sexo, os jogos de azar, a religião, etc. É difícil para o usuário, para família, para os profissionais da área de saúde mental. Cada um reconhece seus monstros, uns sabem domá-los e mantê-los adormecidos, outros são vencidos por eles, isso pode acontecer com qualquer um, independe de classe social. Sabemos o quão dificil é ser "humano", termos que lidar com outros humanos tão problemáticos quanto, adaptarmos ao meio da forma mais confortável possível, nem todos dão conta e não podemos ser intolerantes com eles.
Livro: O médico e o monstro; Olalla; O tesouro de Franchard. 207 págs. Ed. Amadora Ediclube. Tradução: Jorge Pinheiro
Para quem gosta de refletir sobre este assunto, já falei do livro com o tema "O Asilo Arkham: A psicopatologia dos vilões de Gotham City".

Outros livros lidos para o Desafio do mês de agosto:
Olalla,de Robert Louis Stevenson
O corvo, de Edgar Allan Poe

É isso!

sábado, 25 de agosto de 2012

O corvo - Edgard Allan Poe, traduçao Machado de Assis

Para o Desafio Literário, li também "O corvo", de Edgar Allan Poe, traduzido por Machado de Assis e vou postá-lo completo. Onde moro tem muitos corvos, são aves carniceiras que segundo os mitos, são portadoras de agouros e más notícias, simbolo da morte e da bruxaria. Emitem um barulho que lembra um grito de desespero e um choro. Eu observo-os e gosto, ficam mais interessantes no outono, quando caem as folhas das árvores, o dia fica cinzento e chuvoso, os corvos combinam com este cenário de filme de terror, é o período em que as pessoas entram em depressão por esses lados de cá, tanto que novembro é também chamado "o mês da morte" porque não é frio suficiente para nevar e nem quente o suficiente para sair o sol.
meu marcador de página é uma pena de corvo

Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho,
E disse estas palavras tais:
"É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais."

Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora.
E que ninguém chamará mais.

E o rumor triste, vago, brando
Das cortinas ia acordando
Dentro em meu coração um rumor não sabido,
Nunca por ele padecido.
Enfim, por aplacá-lo aqui no peito,
Levantei-me de pronto, e: "Com efeito,
(Disse) é visita amiga e retardada
Que bate a estas horas tais.
É visita que pede à minha porta entrada:
Há de ser isso e nada mais."

Minh'alma então sentiu-se forte;
Não mais vacilo e desta sorte
Falo: "Imploro de vós, — ou senhor ou senhora,
Me desculpeis tanta demora.
Mas como eu, precisando de descanso,
Já cochilava, e tão de manso e manso
Batestes, não fui logo, prestemente,
Certificar-me que aí estais."
Disse; a porta escancaro, acho a noite somente,
Somente a noite, e nada mais.

Com longo olhar escruto a sombra,
Que me amedronta, que me assombra,
E sonho o que nenhum mortal há já sonhado,
Mas o silêncio amplo e calado,
Calado fica; a quietação quieta;
Só tu, palavra única e dileta,
Lenora, tu, como um suspiro escasso,
Da minha triste boca sais;
E o eco, que te ouviu, murmurou-te no espaço;
Foi isso apenas, nada mais.

Entro coa alma incendiada.
Logo depois outra pancada
Soa um pouco mais forte; eu, voltando-me a ela:
"Seguramente, há na janela
Alguma cousa que sussurra. Abramos,
Eia, fora o temor, eia, vejamos
A explicação do caso misterioso
Dessas duas pancadas tais.
Devolvamos a paz ao coração medroso,
Obra do vento e nada mais."

Abro a janela, e de repente,
Vejo tumultuosamente
Um nobre corvo entrar, digno de antigos dias.
Não despendeu em cortesias
Um minuto, um instante. Tinha o aspecto
De um lord ou de uma lady. E pronto e reto,
Movendo no ar as suas negras alas,
Acima voa dos portais,
Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas;
Trepado fica, e nada mais.

Diante da ave feia e escura,
Naquela rígida postura,
Com o gesto severo, — o triste pensamento
Sorriu-me ali por um momento,
E eu disse: "O tu que das noturnas plagas
Vens, embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,
Dize os teus nomes senhoriais;
Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

Vendo que o pássaro entendia
A pergunta que lhe eu fazia,
Fico atônito, embora a resposta que dera
Dificilmente lha entendera.
Na verdade, jamais homem há visto
Cousa na terra semelhante a isto:
Uma ave negra, friamente posta
Num busto, acima dos portais,
Ouvir uma pergunta e dizer em resposta
Que este é seu nome: "Nunca mais".

No entanto, o corvo solitário
Não teve outro vocabulário,
Como se essa palavra escassa que ali disse
Toda a sua alma resumisse.
Nenhuma outra proferiu, nenhuma,
Não chegou a mexer uma só pluma,
Até que eu murmurei: "Perdi outrora
Tantos amigos tão leais!
Perderei também este em regressando a aurora."
E o corvo disse: "Nunca mais!"

Estremeço. A resposta ouvida
É tão exata! é tão cabida!
"Certamente, digo eu, essa é toda a ciência
Que ele trouxe da convivência
De algum mestre infeliz e acabrunhado
Que o implacável destino há castigado
Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga,
Que dos seus cantos usuais
Só lhe ficou, na amarga e última cantiga,
Esse estribilho: "Nunca mais".

Segunda vez, nesse momento,
Sorriu-me o triste pensamento;
Vou sentar-me defronte ao corvo magro e rudo;
E mergulhando no veludo
Da poltrona que eu mesmo ali trouxera
Achar procuro a lúgubre quimera,
A alma, o sentido, o pávido segredo
Daquelas sílabas fatais,
Entender o que quis dizer a ave do medo
Grasnando a frase: "Nunca mais".

Assim posto, devaneando,
Meditando, conjeturando,
Não lhe falava mais; mas, se lhe não falava,
Sentia o olhar que me abrasava.
Conjeturando fui, tranqüilo a gosto,
Com a cabeça no macio encosto
Onde os raios da lâmpada caíam,
Onde as tranças angelicais
De outra cabeça outrora ali se desparziam,
E agora não se esparzem mais.

Supus então que o ar, mais denso,
Todo se enchia de um incenso,
Obra de serafins que, pelo chão roçando
Do quarto, estavam meneando
Um ligeiro turíbulo invisível;
E eu exclamei então: "Um Deus sensível
Manda repouso à dor que te devora
Destas saudades imortais.
Eia, esquece, eia, olvida essa extinta Lenora."
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno
Onde reside o mal eterno,
Ou simplesmente náufrago escapado
Venhas do temporal que te há lançado
Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo
Tem os seus lares triunfais,
Dize-me: existe acaso um bálsamo no mundo?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta, atende, escuta, atende!
Por esse céu que além se estende,
Pelo Deus que ambos adoramos, fala,
Dize a esta alma se é dado inda escutá-la
No éden celeste a virgem que ela chora
Nestes retiros sepulcrais,
Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora!”
E o corvo disse: "Nunca mais."

“Ave ou demônio que negrejas!
Profeta, ou o que quer que sejas!
Cessa, ai, cessa! clamei, levantando-me, cessa!
Regressa ao temporal, regressa
À tua noite, deixa-me comigo.
Vai-te, não fique no meu casto abrigo
Pluma que lembre essa mentira tua.
Tira-me ao peito essas fatais
Garras que abrindo vão a minha dor já crua."
E o corvo disse: "Nunca mais".

E o corvo aí fica; ei-lo trepado
No branco mármore lavrado
Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.
Parece, ao ver-lhe o duro cenho,
Um demônio sonhando. A luz caída
Do lampião sobre a ave aborrecida
No chão espraia a triste sombra; e, fora
Daquelas linhas funerais
Que flutuam no chão, a minha alma que chora
Não sai mais, nunca, nunca mais!

Tem a traduçao do Fernando Pessoa também, googleia e divirta-se.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Desafio literário: Olalla

O tema do Desafio literário do mês de agosto é terror: Li o conto "Olalla", de Robert Louis Stevenson. Classificado como conto gótico ou de terror, ou ainda, como dizem os franceses, conte noir. Narra a história de uma jovem que sacrifica seu amor para não perpetuar sua herança genética maldita e degenerada. Embora em nenhum momento seja usado o termo "vampiro", fica nítido o clima vampiresco no comportamento da família. A loucura, a histeria e um possível incesto entre a mãe e o avô/pai de Olalla, já que ninguém sabe ao certo quem é o pai das crianças.  São temas "tabus", mas que foram acoplados na obra de forma sutil. Vamos ao resumo:
O médico aconselha um jovem soldado a passar dois meses no campo, lugar de ar puro e tranquilidade. Com a ajuda de um pároco local, o soldado arruma hospedagem na casa de uma família espanhola importante (mãe, filho e filha), porém na beira da ruína.
Médico: "O ar dessas montanhas renovar-lhe-á certamente o sangue."
Sobre a mãe:
A mãe é a última representante de um estirpe principesca que degenerou tanto no seu aspecto humano como na sua fortuna.
O pai era louco, ela casou-se sabe lá Deus com quem e teve Felipe, um patego, tosco, rústico e simplório. Se fosse definir uma psicopatologia para ele, seria um retardado mental. Já a filha Olalla era dotada de uma beleza e inteligência fora dos padrões de sua família.
A mãe tinha repulsa pelo filho, conforme consta no texto, tratava a filha com um certo desdém, era meio apática, meio preguiçosa, mas era sensual e sedutora.
Sobre a histeria da mãe na visão do soldado:
Saltei da cama pensando estar sonhando, mas os gritos continuavam a encher a casa. Gritos de dor, pensei, mas também de raiva, tão selvagens e dissonantes que me despedaçava o coração. Não se tratava de uma ilusão, algum ser vivo, algum louco ou animal selvagem estava sendo torturado.
Sobre Olalla quando o soldado a viu pela primeira vez:
A emoção da sua jovem vida que que vibrava como a de um animal selvagem tinha entrado em mim. A força de sua alma que lhe havia assomado aos olhos, tinha conquistado a minha, envolvendo o meu coração, fazendo brotar uma canção dos meus lábios. Tinha-se metido no meu sangue, fazendo dois um todo único.
 Provável herança genética de histeria: 
Quando adverti para o fato de Eulália parecer silenciosa, a única coisa que fez foi rir-se-me na minha cara. 
Vampirismo da mãe:
 Cortei-me, um golpe bastante profundo. Olhe - e levantei a mão ferida sempre a gotejar. Era como se um véu lhe caísse do rosto, deixando-o fortemente expressivo, e no entanto, insondável. Quando ainda me encontrava surpreendido pela sua agitação, curvou-se sobre mim, dobrou-se sobre a minha mão e pegou nela. Um instante depois, levava-a à boca e mordia até o osso. Afastei-a fortemente, mas ela voltou a lançar-se sobre mim dando gritos bestiais.
 Quem gosta deste tipo de literatura, vai adorar ler para saber o final deste conto e ainda por cima, ler outros do mesmo autor. O próximo post será de uma outra obra dele, "O médico e o monstro".
 O livro que li é uma edição de Portugal: O médico e o monstro; Olalla; O tesouro de Franchard. 207 págs. Ed. Amadora Ediclube. Tradução: Jorge Pinheiro

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Ensaio sobre a Lucidez

Terminei a leitura de mais um livro de José Saramago, "Ensaio sobre a lucidez", é continuação de "Ensaio sobre a cegueira".
A trama começa em uma assembleia eleitoral, chovia torrencialmente a ponto de duvidarem que alguém fosse votar e postergaram o dia da eleição. Após a apuração dos votos, a grande surpresa, o p.d.e e o p.d.d ( partido de direita e partido de esquerda) tiveram cada um 8% dos votos e no geral, 83% de votos brancos. Por causa desta atitude de 'desobediência' civil, é decretado estado de sítio, pois o governo acredita na Teoria da conspiração anarquista, o inimigo está infiltrado no meio do povo, mas ninguém sabe quem é. O governo isola a cidade e retira de lá todo poderio político e militar e passa a investigar à paisana, tentando a qualquer custo encontrar um culpado pela situação, censura os meios de comunicação, prende pessoas suspeitas, mais ou menos como descrito em 1984, de George Orwell, só que na versão saramagueana.
Já que estamos na época de eleições, tanto no Brasil, como aqui no Canadá e o povo está saturado com promessas, o mundo no geral está insatisfeito, os EUA, Japão e europa em crise, o povo está manifestando nas ruas de forma nunca antes vista, mesmo não sendo veiculada nas mídias de longo alcance. Fico pensando o que aconteceria se de repente as pessoas tivessem essa lucidez dos que votaram em branco (os 'brancosos' como são referidos no livro) que impediram o governo de continuar no poder, apesar das consequências. Aqui o voto não é obrigatório, mas acho absurdo um país como o Brasil que sai de uma ditadura que impedia o direito de voto para entrar em uma ditadura de voto obrigatório.
Em todo caso, recomendo a leitura antes das eleições, mire-se no exemplo dos brancosos. Foi o último livro que comprei no Brasil, faz parte da coleção Folha Literatura Ibero-americana, 368 págs, provavelmente ainda tenha nas bancas.
Vamos aos fragmentos:
Os humanos são universalmente conhecidos como os únicos animais capazes de mentir, sendo certo que se às vezes o fazem por medo, e às vezes por interesse, também às vezes o fazem porque perceberam a tempo que essa era a única maneira ao seu alcance de defenderem a verdade. 
Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a quem tem saúde. 
as intenções das pessoas que haviam votado em branco, não eram deitar abaixo o sistema e tomar o poder, que aliás não saberiam o que fazer com ele, que se haviam votado como votaram era porque estavam desiludidos e não  encontravam outra maneira de que se percebesse de uma vez até onde a desilusão chegava, que poderiam ter feito uma revolução, mas com certeza iria morrer muita gente, e isso não queriam, que durante toda a vida, pacientemente, tinham ido levar os seus votos às urnas e os resultados estavam à vista.
É regra invariável do poder que, às cabeças, o melhor será cortá-las antes que comecem a pensar, depois será demasiado tarde. 
O incompreensível pode ser desprezado, mas nunca o será se houver maneira de o usarem como pretexto






domingo, 12 de agosto de 2012

gosto, mas não assumo...

Blogagem coletiva proposta  pelo Volta, mundo blogueiro! Falar do que a gente gosta, mas não saía falando para os quatros cantos, até agora... Poderia estar matando, roubando, mas estou confessando meus pecados. Vamos a minha listinha:

Música:

  • Gosto de músicas consideradas chatas para maioria das pessoas.
  • Gosto de MPB e de um bom samba paulistano.
  • Gosto de "Love songs", era o nome de um programa de uma rádio de São Paulo, só tocava música de elevador, tipo Phil Collins, gente até choro quando toca " Against all odds", cafona total, na verdade essa música me lembra uma época boa da minha vida, não sei se gosto dela ou da nostalgia. Aqui no Canadá também tem uma rádio que toca música do arco da velha, de elevador e romântica, chama Souvenirs garantis (lembranças garantidas), claro que sou ouvinte assídua. Toca uma música do Vicent Vallières, On va s'aimer encore, que fala de envelhecer juntos e continuar se amando, depois que a casa estiver paga, os filhos crescidos. Cafonice elevada ao cubo, mas eu até choro ouvindo.
  • Gosto do James Blunt com aquela voz de taquara rachada cantando "You are beautiful" ou "Goodbye my lover".
  • Por cantar muito tempo em coral, ouço muita música sacra, medieval,ópera, clássica e musicais de cinema e teatro.
  • Banda dos anos 80/90: Bon Jovi  cantando Always e Guns 'n roses, as mina pirava, não escuto mais, mas escutei muito, quando vejo um clip, uma foto deles, meu coração dá uma aceleradinha. Aquele cabelo que eles tinham, as bandanas, hoje é brega, mas na época era ultima moda.
  • Música francesa: é musica pra cortar os pulsos, mas acho so sexy...
Literatura
  • Tem como não amar O Pequeno Príncipe? Já declarei meu amor por ele aqui. Pareço criança, aff!
  • Coleciono fragmentos dos livros que leio.
  • Gosto de ler Marquês de Sade, contos eróticos, achei o máximo o HQ do canadense Chester Brown e hentai.
Fotos inusitadas e nu artístico
  • Adoro fotos bem tiradas e de bom gosto do nu feminino e masculino. Vejo as revistas Playboy do meu marido, a gente comenta sobre a fotografada, o fotografo, o cenário, etc.
  • Gosto de fotos profissionais de pin ups, atletas e de gente tatuada.

Filmes e séries
  • Gosto de musicais e filmes musicados, ainda por cima compro a trilha sonora para infernizar o povo de casa.
  • Filmes do Tinto Brass, cineasta controverso e erótico, aquelas mulheres italianas, peludas, com cara de santinhas.
  • Filme de mulherzinha: se tem Julia Roberts e Meg Ryan ou é baseado nos livros de Jane Austen, assisto mil vezes, decoro até as falas.
  • Tenho sangue "nuzóio", adoro o seriado Dexter e filmes de terror oriental.
  • Gosto dos nerds do The Big Bang Theory e do rabugento do Dr. House.

Outros (des)gostos
  • Gosto de conforto, a palavra mais odiada pela galera do mundinho fashion. Uso crocs - o rosa choque; havaianas -as legítimas, camisetas de time, de banda de rock, de filmes e de frases engraçadas.
  • Eu gosto de fumar, já fumava pouco, 3 por dia, sei que faz mal,vejo aquelas fotos nojentas no maço, tenho um livro de psicologia sobre o tabagismo e todo o blá, blá, blá, só parei pq aqui custa quase R$30, virou objeto de luxo, só muito de vez em quando para comemorar algum acontecimento.
  • Gosto de emoticons ;-) internetês, anglicismos, gírias, neologismos e palavrões.
  • Sou muito chorona, mas ninguém me vê chorar porque sou turrona e não demonstro minhas fraquezas para os outros.
  • Canto em coral, em família, os regentes sempre elogiam minha voz, mas nunca me aventurei cantar solo nos eventos ou no youtube.
  • Odeio ginástica, academia e geração saúde. Única coisa que gosto de fazer é yoga e ser torcedora, torço pro SPFC, pro Hockey, vôlei e contra o corinthians.
  • Acho os caras do CQC uns malas, começaram até bem, depois desandou e não curto stand up comedy, aqui na América do Norte, às vezes dou risada quando é o Chris Rock.
  • Prefiro Pepsi a Coca-Cola.
  • Gosto de grafitti, não me contento em só admirar, tenho que tirar foto desta arte urbana.
  • Não sei nadar, dirigir nem andar de bicicleta e isso não me incomoda nem um pouco.
  • Sou eco-chata, feminista e defensora das causas de minorias.
  • Conto piada sem graça que só eu dou risada.
  • Sou atrapalhada, perco tudo, tropeço toda hora, verdadeiro caos.
Eu sei, pode jogar pedras agora e me odiar pelo resto da vida, shame on me!

domingo, 5 de agosto de 2012

Haïku quebecois


Hoje, vou apresentar à vocês, um pouco da poesia haikai quebequense. Estava na biblioteca e vi o título Quelle heure est-il? (Que horas são?), de Jean Dorval. Eu, que ando ansiosamente preocupada com o tempo, fiquei curiosa, fui xeretar e para minha felicidade, era de haikai. Fiz a tradução livre de alguns, só para vocês terem uma ideia, espero que gostem.


Épilée,
jusqu'a la page blanche
sa peau

depilada
até a página branca
sua pele


en quelques mots fous
là-bas un poète remet
le monde à l'endroit
em algumas palavras loucas
lá o poeta coloca
o mundo do lado certo

rêves
de l'autre côté du miroir
les miens
sonhos
do outro lado do espelho
os meus

paquebot sur son sein
mes doigts sombrent
dans son t-shirt
navio sobre seu seio
meus dedos naufragam
na sua camiseta

après ton depart
les jours rallongent
sur le web
após sua partida
os dias aumentam
na web

couloirs gris
personne ne parle
fumées cosmopolites
corredores cinzas
ninguém fala
fumaças cosmopolitas


lune jaune
à travers les branches
capteur de rêves
lua amarela
através dos ramos
captador de sonhos.

Venus
remet le ciel
au matin
Vênus
entrega o céu
de manha

le vent tourne
les feuilles entrent
en scène
o vento gira
as folhas entram
em cena

En elle
le plis de vague
lit d'eau
Nela
a ondulaçao da onda
cama de água

soir d'automne
au fond du foyer
ce qui brûle en toi
noite de outono
no fundo da lareira
o que queima em você

errante chenille
probablement
parent du monarque
errante lagarta
provavelmente
parente do monarca

des fruits
sur le comptoir
e des pilules
as frutas
sobre o balcao
e as pílulas

bougie
dans le placard
grand brûlé
vela
no armário
grande incêndio

les clés
font la paire
l'adresse est invisible
as chaves
fazem o par
o endereço é invisivel

quelques secondes
jusq'au désir
son parfum
alguns segundos
até o desejo
seu perfume

traces de vin
la maison est vide
les verres traînent
traços de vinho
a casa está vazia
os copos espalham

echo
instrument
d'une voix
eco
instrumento
de uma voz

raconte ce désir
entre les lignes
mille et une nuits
conte este desejo
entre as linhas
mil e uma noites

cycliste
en cuissard noir et blanc
yin yang
ciclista
com bermuda preta e branca
yin yang

doigts de fée
grains de beauté
rosaire
dedos de fada
pintas
rosário

Ja falei de haikai do Paulo Leminski aqui

domingo, 15 de julho de 2012

Reintegraçao

O tema proposto para a 5a fase da blogagem coletiva foi "Reintegraçao"

Definiçoes extraídas do dicionário:
in.te.grar
(lat integrare) vtd e vpr 1 Tornar(-se) inteiro, completar(-se)

re.in.te.grar
(re+integrar) vtd 1 Tornar a integrar; 2 ser novamente investido num cargo, dignidade ou título  3 Repor no antigo estado, na situação anterior

Para tornarmos grandes, temos que estar inteiros e colocarmos a nossa energia e nossa dedicaçao nas coisas minimas que fazemos, segundo o poema de Fernando Pessoa:
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Eu estou em pedaços tentando adaptar-me a uma nova cultura, a um novo país, nao sinto os meus pés no chao, falta-me independencia, falta-me um trabalho, falta-me compreender melhor o idioma, falta-me socializar, reintegrar à essa sociedade, por enquanto nao conheço sua história, sua poesia, suas musicas, seus escritores, mas aos poucos vou me integrando, coloco um pedacinho aqui, outro ali. Para sair do Brasil tive que me esvaziar de tudo o que era precioso para mim, deixei o trabalho, a familia, os amigos, meus pertences, tudo o que me deixava forte, aqui sou vazia e sei que demora preencher os fragmentos para me tornar plena.

E quanto ao amor? É possível ser pleno quando falta a pessoa amada? Claro que nao. Nada explica isso melhor que o mito de Aristofanes, sobre a origem do amor que já falei aqui. Ou como diz Florbela, o outro passa a ser a sua vida. Perder a pessoa amada é algo muito difícil de superar, é muito sofrível.

Vi esse video no youtube sobre uma historia de amor linda e difícil de se ver hoje em dia, infelizmente o desfecho nao foi um final feliz, devido à intolerância da família de um dos envolvidos e da sociedade, além do acidente tragico. Como sobreviver depois que estas coisas acontecem? Como continuar inteiro?


Eu sofro de insatisfaçao crônica, sempre me falta algo ou alguém, parece que nada está totalmente completo, mas eu tenho medo de me apegar porque eu sofro muito na hora de desprender e o mundo está cheio de pessoas vazias e frias, sem apego, que só criticam, nunca fazem um elogio, só vêem seu lado frágil, seus defeitos e fazem questao de jogar isso o tempo inteiro na sua cara, estao praticamente robotizadas, com o coraçao de pedra. Tem uma frase cômica no filme Amelie Poulain, qdo ela diz: "Até alcachofra tem coraçao..". Se brincar, é possível o coração da alcachofra ser mais sensível do que o de muita gente que se diz ser humano, que gosta de brincar com os sentimentos alheios, de maltratar, de enganar, de criar falsas expectativas, como se fosse forte o suficiente para nunca precisar do outro. Tornando assim, cada vez mais solitário, depressivo, sem amigos, arrogante, prepotente, egoísta, apático, insensivel, intolerante, falso e hipócrita. Muita gente não consegue nem conversar, tem respostas secas e monossilábicas, só para o assunto acabar logo. Temos que sentir fazendo parte de algo, da comunidade, de um grupo, da família, ter com quem contar na hora das dificuldades. Só estaremos plenos quando tivermos pessoas nos apoiando, dando força, torcendo. Tambem fazendo as coisas que gostamos e retribuindo as gentilezas que recebemos. Vamos resgatar a humanidade para alcançarmos a plenitude. Nao dá para ser inteiro em um mundo em pedaços.
Uma liçao da Madre Teresa de Calcutá que tento aprender todos os dias:
Não permita que alguém saia de sua presença sem estar melhor e mais feliz!
Fiquei impressionada com as descobertas sobre a "partícula de Deus", ou bóson de Higgs, explica muito bem como o universo e todos os seres viventes dependem de coisas minusculas, porém interligadas, para tudo isso existir.
Os cientistas sugeriram que todas as partículas existentes não possuíam massa logo após o Big Bang. Conforme o Universo esfriou, um campo de força invisível, o “campo de Higgs”, se formou com seus respectivos bósons.
O campo permanece no cosmos e qualquer partícula que interaja com ele recebe uma massa. Quanto mais interagem, mais pesadas se tornam, enquanto aquelas partículas que não interagem permanecem sem massa. (Fonte)
Isso demonstra que partículas precisaram de um campo de força para obter massa e desta massa, a origem das coisas. Embora pareça que somos só este corpo, a nossa existência é bem mais complexa e totalmente dependente de outros fatores para sobrevivermos e nos reintegramos nesse universo.
Lembrei da música do Chico Buarque, "Copo vazio", embora visivelmente o copo esteja vazio, há muitas coisas acontecendo dentro dele.

É sempre bom lembrar   
Que um copo vazio  
Está cheio de ar.  
Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho,  
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor. 
Que a dor ocupa metade da verdade,  
A verdadeira natureza interior.  
Uma metade cheia, uma metade vazia. 
Uma metade tristeza, uma metade alegria.  
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor. 


PS: Nao é porque estou incompleta que estou infeliz aqui, pelo contrário, nunca me senti tao bem em um lugar, mas ainda nao me sinto em casa.Valorizo e tenho muito carinho pelas coisas que perdi, mas sei também que estou sendo preenchida com outras coisas muito interessantes. Como diz Drummond de Andrade: "Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão".



Leia também a 4a fase da blogagem coletiva Questionamentos.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

1 semana no Canada

Depois de muito chorôrô no aeroporto de GRU, chegamos com 6 malas grandes, mais mochilas e bolsas no aeroporto Jean-Lesage que é menor que o aeroporto de Ilhéus- Bahia, só tinha a gente na fila da imigraçao. Fui pro apartamento que aluguei provisoriamente. Gosh, que francês é esse que os quebecois falam? Fiquei asustada, pedi consolo no grupo de brasileiros do Google groups, eles me ajudaram dando dicas, comecei a resolver as coisas, deu tudo certo. Aqui faz muito calor sim, 30°C, no verao escurece so às 21h e 4h da matina ja está claro. Ja vi o show do Cirque de Soleil de graça, fui ao show da Fête Nationale du Quebec, que além de uma vasta programaçao cultural, tem um forte discurso separatista, um cara que estava no palco, falava do Quebec e do resto do Canada como se fossem duas coisas distintas. Para quem nao sabe, o Quebec é a unica provincia francófona do Canadá, o sistema politico aqui é Monarquia Parlamentar, ou seja, a Rainha da Inglaterra que é a autoridade maxima e escolhe o 1° Ministro daqui. O lado francês nao gosta desta submissao e de outros problemas e quer separar. Eu, peregrina em terra estranha, nao entendo nada disso, essa luta nao é minha por enquanto, por isso vou me abster de comentarios mais profundos. Ja paguei meus micos, fui ao show da Festa Nacional com camiseta do Guns 'n Roses, enquanto tava galera em peso de azul e branco (cores da bandeira da provincia). Tambem vi a manifestaçao dos estudantes contra o aumento das taxas escolares e achei linda, muito organizada, os policiais cooperando com eles, com os motoristas e pedestres, ngm xinga por ter que mudar a rota. Fiquei pensando nos estudantes do Brasil com uma educaçao tao tosca e nao levantam a bunda da cadeira para lutarem por melhorias. Ainda tem nessa semana o Forum Mondial de la Langue Française e o Festival d' Été, sao muitos eventos gratuitos e de qualidade, é possivel acessar a programaçao diaria no site Quoi faire au Quebec (o que fazer no Quebec). Adorei o sistema de bibliotecas, sao varias em cada bairro, você acessa internet durante 2h por dia, tem livros do mundo inteiro, jornais do dia, revistas, filmes, cds, video-games, aqui nem rola pirataria porque vc tem acesso facil, eu nao saio de dentro dela.
Ja dei uma de turista e fui conhecer o centro do Quebec que é bem lindo.
Parece que esta a mil maravilhas né? Vai sonhando, to procurando um apartamento definitivo, abri uma conta bancaria estando no Brasil e fui ao rendez-vous com a gerente, uma francesa muito simpática, só para formalizar a abertura e receber as informaçoes de como o sistema bancário funciona, deu tudo muito certo, tirei os documentos e com um medo terrivel de acabar a grana antes do esperado pq o dolar canadense custa R$ 2,21. Até estranho como esse pais funciona bem, levei 15 min p tirar o NAS (RG daqui) e 20 min p/ Assurance maladie (Seguro-saude), sem falar na quantidade de carros da prefeitura limpando as ruas, consertando as coisas. O que me irrita é que parte do meu dinheiro ficou preso no Santander-Brasil porque eles nao sabem fazer transferencia internacional (swift), fiquei 2 semanas no Brasil correndo atras disso, tive que deixar meu pai de procurador para continuar resolvendo, mas ta osso, todo dia tenho que enviar o formulário para a gerente no Brasil porque dá erro e como o câmbio muda todo dia, tenho que enviar todo dia, fico gastando dinheiro com impressao e digitalizaçao do mesmo documento. Acho que terei que acionar a ouvidoria.
Amanha terei um rendez-vous no MICC que dá todo suporte para o imigrante, explicam sobre escola, emprego, francisaçao, etc.


Para quem nao leu a postagem do meu primeiro dia aqui, acesse o link.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

ma nouvelle vie, ma nouvelle ville

"Não sei de tudo que está por vir, mas seja o que for, vou fazer dando risada" Stubb, em Moby Dick
Comecei a vida do zero, ainda estou com a mesma impressão de um turista sobre a cidade, estou meio deslumbrada, não caiu a ficha que passarei um bom tempo da minha vida por aqui, tb estou assustada, tenho que resolver muitas coisas importantes em um outro idioma, entrar na vibe do povo, saber o que se come, como se pega ônibus, matricular filho na escola, alugar um apê, etc.
Quando saí do Brasil, a frase que mais ouvi foi: "Você é muito corajosa!" Eu não acho, corajoso é quem vai pro Iraque ou Afeganistão, pro Canadá é fácil, só que dá muito trabalho, tem que passar na experiência Gattaca como falei no outro post. Eu sou estranha, tenho coragem para coisas difíceis e me perco nas coisas fáceis. Não sei definir coragem, depende da pressão que a vida impõe e você precisa decidir que rumo tomar. Eu sempre escolho o mais difícil, o que dá mais trabalho, o que requer mais esforço, parece que o rumo mais difícil acaba sendo mais fácil porque a maioria desiste e o caminho livre fica só para você, mas quando o caminho é só seu, é sinal de solidão, não tem quem te acompanha, é o preço que se paga pela ambição. Não sou inteligente, mas sou esforçada e antenada com tudo, meto as caras, conheço gente com high level de QI, mas não fez metade que eu já fiz, nunca tive os dois QIs ("quociente de inteligência" significante e nem o "quem indica"), segundo Darwin, na seleção natural da espécie, não são os bonitos, nem os fortes, nem os inteligentes que sobrevivem, são os mais adaptados, pelo menos nessa última eu me sobressaio melhor que nos adjetivos anteriores. Quando eu projeto algo para minha vida, eu realizo e com 30 e poucos anos já passei por cada uma que até deus duvida, para chegar aqui tive que reagir, por questão de sobrevivência, minha vida foi bem barra, como diz na música do Martinho da Vila:
E depois de tantos anos
Só decepções, desenganos
Dizem que sou um burguês
Muito privilegiado
Mas burgueses são vocês
Eu não passo
De um pobre coitado
E quem quiser ser como eu
Vai ter é que penar um bocado
Um bom bocado!
Lembro como se fosse hoje, quando ganhei um panfletinho no escritório de imigração e eu lia quase que diariamente, estava meio cansada de tudo e lendo isso me dava um certo ânimo, parecia a descrição do céu. Vejam vocês se não tenho razão:

Uma cidadezinha com um pouco mais de 500 mil habitantes, com cara de europeia, mas é na América, a 7ª mais romântica, tem um monte de evento cultural e esportivo, acesso à saúde e à educação, é segura para crianças, menor taxa de desemprego, etc. Simplesmente não resisti, tive que dar essa chance ao meu filho, por mim eu ficaria no Brasil, já estava acostumada ao caos da pauliceia desvairada, mas mãe é um bicho esquisito, só pensa no bem-estar e no futuro da cria, porque eu já 'tô véia', ngm me ama, ngm me quer, sem futuro, jogada na vida, sem nada a perder, a Deus-dará, tudo isso sem perder a dramaticidade de novela mexicana, claro!
Meu filho sofreu uma tentativa de assalto no Brasil, sorte que ele só tinha um celular bem velho, o ladrão ainda disse para ele. "Pô, moleque, você está pior do que eu!" Eu não o deixo andar com camisa de time, nem sair com tênis, boné ou qualquer outro acessório de marca, se alguma coisa acontecer com ele, sentiria muito culpada, esse ladrão ainda tinha senso de humor, já pensou se fosse outro mais violento? Super protetora eu??? Maybe. Aqui não é o céu, nem o Nirvana, mas no índice de Paz Global que mede nos países o nº de homicídios, população carcerária, acesso à armas, segurança, etc. Mostra o Canadá  em 4º lugar entre os mais seguros de 158 países, enquanto o Brasil está em 83º, a Argentina em 43º (só para comparar com los hermanos e mostrar o quanto estão melhor que a gente em segurança e qualidade de vida).

Agora estou aqui, tenho que me virar nos 30, é um sentimento de um vazio, de uma solidão e um medo das coisas não sairem como o esperado, não sinto meus pés no chão, nem sei se esse sentimento tem algum nome, é uma insegurança momentânea, no começo é assim, como diz a música do Black Sabath "Changes", I'm going through changes... Até eu me adaptar e relaxar vai levar um tempinho. Eu não estou aqui com pretensão de ficar rica, ser bem-sucedida, eu só quero paz, tranquilidade, qualidade de vida, beijar muito e fazer amor todos os dias (com a mesma pessoa antes que pensem que vim para cá virar quenga, brasileira no exterior leva essa fama sempre rsrs), quero parar de fumar, fazer exercícios, ter vidinha de hiponga, ganhar uns trocados para o essencial. (daqui um ano vcs verão que não vai ser bem asssim, essa sou eu viajando na maionese). Chegar aqui não é o fim, é o começo, é correria daqui pra frente.
Enquanto isso, vejam o vídeo da Ville de Quebec, o prefeito começa falando em francês, mas depois aparece a vista panorâmica do local.

sábado, 16 de junho de 2012

Questionamentos

Na blogagem coletiva de hoje, proposta pela Luz de Luma, o tema é "Questionamento". Sempre fui questionadora, desde pequena, isso incomoda muito as pessoas, para mim não é suficiente responder "sim" ou "não", é necessário dar uma justificativa bem consistente porque não tolero desculpas esfarrapadas, parece que subestima a minha inteligência. Lembro no meu primeiro emprego que eu queria saber de tudo e minha chefe falava: "Você está aqui para executar, não para questionar!" Sim, porque às vezes a ignorância é uma benção, não saber o que rola por detrás dos bastidores é que deixa o espetáculo bonito.
Sempre questionei a existência de Deus. Quais deles é o verdadeiro? Yahweh, Buda, Alá, Krishna. Se Deus é amor porque se faz tantas guerras em nome dele? Será que não é uma paranoia generalizada para manter as pessoas sempre obedientes e nunca questionadoras?
Eu criei um Deus para mim, converso com ele porque não tenho com quem conversar sobre determinados assuntos, também faço meditação para atrair energias positivas, mesmo sendo realista beirando ao pessimismo. Eu confio desconfiada, mesmo não acreditando e sabendo que no fundo da minha alma eu não boto fé em religião e muito menos em religiosos manipuladores, eu me esforço e sou espiritualista, já estudei teologia, leio vários teólogos, mas tb muito filósofos, tenho visão holistica, não creio, mas não descarto porque o universo é cheio de possibilidades.
As perguntas do filósofo mineiro também me incomodam: "Doncovim, Oncotô, Proncovô". Queria saber qual é o propósito da vida, tem algum motivo para estarmos aqui? A vida termina com a morte?
Para mim, nada define melhor a angústia do questionamento que o monólogo de Hamlet, na obra de Shakespeare.

Também gosto da definição da vida, em Macbeth, de Shakespeare também:

Pode ser que a vida seja só isso, vazia de significado, cheia de som e fúria, contada por um idiota, nascemos e morreremos sempre esperando presenciar algo de grandioso e espetacular, talvez um milagre, mas não, é só isso, simples assim. Que proveito temos disso tudo? Trabalhamos alienados, como robôs para ganhar dinheiro e pagar contas. Onde tem vida nisso? Vivemos para o sistema e não sabemos quem somos.

Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?
Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.
Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu.
Eclesiastes 1:1-5

E apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição de espírito.
Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor.
Eclesiastes 1:17-18

Existe algum motivo especial para pessoas passarem por nossa vida? Nossos amores, nossa família, nossos amigos, a convivência com eles é um karma ou uma coincidência? Acho que até gente ruim ou chata é exemplo, aprendemos com elas como não ser.

Pode o amor durar para sempre ou "o para sempre sempre acaba" como diz a música do Renato Russo - Legião Urbana? É possível o amor durar um dia, uma semana, uns meses e marcar para sempre e ser mais intenso do que os que durarão a vida inteira e sem emoção? O importante é aproveitar ao máximo o momento com qualquer pessoa, não sabemos sobre o dia de amanhã, o momento de ser feliz é agora para elogiar, dizer que ama, abraçar, beijar, dizer que a pessoa é especial para você, pode ser que no futuro não dê em nada, mas hoje é o melhor momento para descobrir isso.
São tantas dúvidas, tantas perguntas jogadas ao vento e sem retorno, pode ser que não haja respostas, mas não vamos perder a oportunidade de refletir. Esse assunto dá pano pra manga.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Time to say goodbye

Há tempo para todos os propósitos debaixo do céus, apregoa o livro poético de Eclesiastes. Este é o tempo de dizer adeus, afastar-me de tudo o que mais amo, só quando estou vulnerável, longe das coisas e pessoas que tenho apreço, fora da minha zona de conforto e da rotina é que consigo conhecer a mim mesma e a valorizar o que tenho, é o momento de fazer o voo de renovação da águia. Para eu "ser" tenho que me abster do "ter". Eu só me acho quando perco tudo. O "ter" me distrai, distraída não sei quem sou.
na curva entre Canadá e Brasil, enterrei meu coração
Nenhum homem deve passar pela vida sem experimentar uma vez a saudável, ainda que entediante, solidão no ermo, dependendo exclusivamente de si mesmo e, assim, descobrindo a sua força oculta e verdadeira. Jack Kerouac

Dizer adeus é deixar para trás meus pais aposentados, minha irmã grávida e meu sobrinho de 2 anos, desfazer dos meus pertences, principalmente dos meus livros, filmes e discos. Deixar meus amigos e demais parentes, o emprego público estável e bem remunerado (comparado com a realidade brasileira). Deixar minha pátria, com uma cultura rica, comidas maravilhosas, pessoas agradáveis, lugares paradisíacos. Preciso ir para sentir falta disso tudo, para criar minha própria canção do exílio, para sentir na pele o que significa saudade, uma palavra que existe só na língua portuguesa e não significa só sentir falta, mas também, sofrer com a perda.
No Brasil tem calor humano, no Canadá tem segurança, qualidade de vida e igualdade social, meu corpo vai e minha alma fica. Aqui eu tenho raízes, lá eu tenho asas.
"A estrada não está preparada para nos receber, é preciso que sejam os nossos pés a marcar o destino, objetivo ou que quer que seja.Os caminhos nao estão feitos, é andando que cada um de nós faz o seu próprio caminho". José Saramago
Li o livro "Sêneca: Sobre os enganos do mundo",  é uma coleção de cartas de Sêneca para Lucílio, na época em que as pessoas tinham amigos e uns aconselhavam-se com os outros, dedicavam o tempo para refletir sobre o problema de cada um, escrevendo cartas de encorajamento. Hoje, infelizmente não se tem mais com quem contar, as pessoas estão muito ocupadas, não conseguem nem desejar um bom dia e sorrir, impossibilitadas de terem amigos, valorizam o que não precisam e desprezam pessoas interessantes. Apropriei-me do conselho dado a Lucílio, identifiquei-me com ele, era inquieto e achava que o problema era o lugar, então o sábio conselheiro levantou questões que passei a meditar com mais afinco e o tema da carta transformei em pergunta para mim mesma: Faço viagens como cura para o descontentamento? Será que o problema sou eu ou é o lugar? Faço errado em ir? Todas essas dúvidas veio acompanhada de respostas brilhantes:
leiam o trecho da carta, clique na imagem para ampliar
"Deves mudar a alma e não o lugar"
"Tu corres de um lado para o outro para livrar-te do peso que te aflige. Essa própria agitação torna-o pior"
"No entanto, quando tiveres te livrado do mal, qualquer viagem será agradável. Poderás ser exilado para os confins da terra, e em qualquer canto perdido dos países bárbaros aonde terão te levado haverá sempre para ti um lugar acolhedor"
"Não nascemos encurralados, minha pátria é todo este mundo."
Percebi que nenhum lugar será bom se eu não tiver em paz comigo mesma, porque a paz de espírito, a tranquilidade e o bem-estar, não está no ambiente exterior, está na alma, dentro de mim. Como diz Rosa de Luxemburgo:
 "Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem"
Eu preciso sentir o peso das minhas correntes, adotar o mundo como pátria e voltar quando for necessário, é sempre bom ter para onde voltar, como exclama Gonçalves Dias:
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Porque preciso do colo de mainha, da comida com "sustança", das risadas das amigas, de pular 7 ondas e me energizar, voltar com a bagagem cheia, não de coisas supérfluas ou de bens materiais, mas com experiências, com conhecimento de novas culturas e novos idiomas, com o coração cheio de amor para com os meus, para chegar e dizer o quanto são importantes e quanta falta fazem e depois prosseguir com a andança
Já me fiz a guerra
Por não saber
Que esta terra encerra
Meu bem-querer
E jamais termina
Meu caminhar
Só o amor me ensina
Onde vou chegar
[Andança - Beth Carvalho]
Todo esse blá blá bá para tentar me despedir, eu não sei fazer isso, dizer tchau parece simples, mas não é. É como dizer para a pessoa, estivemos todo esse tempo perto, mas quase não tínhamos tempo um para o outro e agora muito menos, em seguida vem as promessas de visitas, mas isso raramente vai acontecer porque temos vidas atribuladas e estamos, como já disse no começo, distraídos com as coisas que a gente tem e assistindo as pessoas interessantes só passarem por nós, sem vínculos, sem assuntos consistentes como os de Sêneca e Lucílio, só rola papo de elevador, tudo descartável. Todos que foram se despedir, que me abraçaram, daqui a alguns anos lembrarão de mim vagamente. Uns, mesmo longe estarão perto e outros, mesmo perto estarão sempre longe, aparecerão outras pessoas, outras distrações. Assim a vida segue até nos tornarmos pó.
Continua....

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O Asilo Arkham

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"O Asilo Arkham e a Psicopatologia dos vilões de Gotham City", de Francisco B. Assumpção Jr. Professor da Faculdade de Medicina e do Instituto de Psicologia da USP. 204 págs.
O livro foi escrito de maneira leve e simples que amplia o assunto não só para o meio acadêmico, na área de psicologia, mas também aos fãs do Batman de forma que eles entendam essas psicopatologias sem tornar o assunto muito técnico ou específico.

É divido em 10 capítulos. O 1º fala sobre o Asilo Arkham que é mais que um manicômio judiciário, é habitado por personalidades doentias, psicopáticas e deformadas onde são isolados e presos por fugirem da normalidade e que não podem conviver na sociedade. Arkam é um modelo asilar bastante antigo, tem-se uma visão simplista e antiquada do que seria um hospital psiquiátrico real, permanecendo no imaginário popular que o sistema não se modificou muito nos últimos duzentos anos.
No 2º capítulo, mostra o transtorno bipolar do Coringa, são mudanças de humor que alternam entre a euforia ou mania e a depressão, os quadros de mania são, muitas vezes, extremamente exagerados, a pessoa pode tornar-se psicótica, violenta, cometer delitos, achar-se poderoso e intocável. Já na fase de depressão, a pessoa pode até suicidar-se.
(...) "Assim, quando você se dá conta que tua mente viaja sobre um binário angustiante, diretamente do teu passado onde a tua alma grita de maneira insuportável, lembra sempre que a loucura é a saída de emergência". (Coringa)
No 3º capítulo fala do Duas-Caras, um promotor público correto e implacável, mas enlouquece após ter a cara desfigurada por ácido. Esquizofrenia (esquizo=dividida e frenia=mente), com seus sintomas principais sendo caracterizados pelo autismo, como pensamento interiorizado e perda do contato com a realidade. Sua bizarrice e impossibilidade de previsão se expressam exatamente em sua própria consciência do "Eu", cindida em duas partes importantes, uma boa e outra má. A consciência clara e a capacidade intelectual estão usualmente mantidas, embora certos déficits cognitivos possam surgir no curso do tempo.
No 6º capítulo fala do Espantalho, era Psiquiatra e Professor de Psicologia na Universidade de Gotham, especialista em Psicologia do Medo, sofreu bullying na infância, buscando vingança destes abusos, utiliza um gás que provoca medo em quem o inala, matando todos os responsáveis pelo seu sofrimento. Assume então a vida criminosa utilizando seus conhecimentos sobre Psicologia, bem como seus gases inalantes.
Eu assisto a todos os filmes do Batman, sempre sou estranhamente atraída pela história de vida, tanto dele quanto de seus vilões, ele tem transtornos de personalidade, vive mascarado, meio dark, quer fazer justiça com as próprias mãos, vive em uma cidade doente, com gente doente. Seus vilões são inteligentes, tem profissões respeitadas, mas utilizam-nas para o mal, são vítimas do sistema, todos têm algum trauma de infância, conflitos familiares, dificuldade de relacionamentos. Não mencionei todos os personagens, principalmente os femininos que são bem bacanas, são mulheres inteligentes, se fosse comentar, escreveria outro livro em cima desse. Indico para quem gosta de psicologia e para quem é fã desta HQ. Não deixem de ler.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Desafio Literário de maio





 Para o Desafio Literário, o tema do mês de maio é um romance baseado em "fatos históricos", minha 1ª opção era "As meninas", da Lygia Fagundes Telles, estou lendo também, mas passei na frente um livro que uma pessoa muito especial me emprestou, ela é filha da ditadura, aos 16 anos viu levarem o pai dela de casa como preso político e ele nunca mais retornou, a família nunca achou o corpo para enterrar.

O nome do livro é simplesmente "K.", de B. Kucinski. Editora Expressão Popular. 177 págs. Talvez eu nunca leria um livro como o nome "K.", mas como foi uma ótima indicação, nem perdi tempo, tenho que confessar que é muito bom mesmo, prometo não julgar mais o livro pela capa.
O autor esclarecendo ao leitor que os personagens são reais, mas é um livro de literatura e não de história (clique na imagem para ampliar)
Resumo: Ditadura Militar. 1974. Um jovem casal, ela química, professora da Universidade de São Paulo, ele físico trabalhando em uma empresa, desaparece sem deixar o menor sinal. O senhor K. é o protagonista, um resistente judeu na Polônia e agora um pai a procura da filha que simplesmente desapareceu, tendo que lidar com agentes da repressão, com informantes, com extorsões, com a mentira, o escárnio e a humilhação, a covardia e a crueldade. Ele denuncia que até durante o Holocausto, os alemães faziam uma lista das pessoas que iam para os campos e eram mortas, aqui as pessoas desapareceram e seus famíliares não têm conhecimento, pois não se tem documentos com o nome destas pessoas, elas simplesmente desapareciam, sabemos que foram mortas, mas para família sempre sobra um pouco de esperança de encontrá-los em algum lugar.

Curiosidades que encontrei no livro: o iídiche é falado pelos judeus da europa oriental  e teve seu apogeu no séc XX, quando se consolidou na literatura; sofreu rápido declínio devido ao Holocausto e à adoção do hebraico pelos fundadores de Israel.
Dybbuk: Na mitologia judaica é a alma insatisfeita que se cola a uma pessoa, em geral para atormentá-la. A palavra vem do hebraico Devek, que significa cola.
Tisha Beav: Dia maldito dos judeus. 9º dia do mês Av do caléndário judaico (corresponde aos meses de julho-agosto do calendário cristão). Historicamente aconteceram os seguintes fatos neste dia: Destruição do 1º templo, do 2º tenplo e da expulsão da Espanha
goim: plural de pessoa não judia, o singular é gói.
Wlocawek: Pequena cidade do oeste da Polonia onde se deu o 1º massacre organizado da população judaica pelas tropas alemãs na invasão da Polonia.


Falando em ditadura, fui à pré-estreia do filme-documentário brasileiro "Uma longa viagem", de Lúcia Murat, com Caio Blat no papel principal. Baseado em fatos reais, conta a história da família da diretora do filme, a Lúcia, seus dois irmãos e o destino de cada um. Um torna-se médico, ela, uma presa política e o outro irmão, um beatnik "on the road" que dá duas voltas ao mundo à base de drogas e rock 'n roll. Indico o filme, é muito engraçado e ao mesmo tempo sensível, apesar dos tempos difíceis em que viveram.
Confira o trailer:



É isso! Ainda tenho que ler "As meninas", também fala do mesmo período, vou ver se termino antes do mês acabar.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Dia das mães: Como meu filho me vê

No meu aniversário em dezembro, meu filho me deixou a seguinte mensagem no facebook:

Eu fiquei confusa, será que tenho múltiplas personalidades? Como uma pessoa pode ser gótica e hippie ao mesmo tempo?
Será que ele me vê como gótica porque a maioria das minhas roupas são pretas ou por causa dos piercings e tattoos? Ou como hippie porque sou espiritualista, gosto de yoga, meditação, paz, amor, de ser mochileira, de literatura beatnik e cabelos desarrumados?
Na verdade, eu nunca busquei fazer parte de tribo nenhuma, nunca tive tempo de definir um estilo para mim, sempre fui a mãe exótica na reunião da escola. Sim, porque as outras mães parecem que saíram de uma linha de produção, todas iguais.
Lorelai - Gilmore Girls
Eu tenho um jeito meio Lorelai de ser, ou seja, uma mãe não convencional que por ter optado pela maternidade, não deixou para trás os seus sonhos e de um jeito maluco dá conta do recado. Eu fui mãe muito cedo, mas tudo que eu quis fazer, fiz, meu filho sempre esteve junto e nunca foi um impecilho, às vezes não tinha com quem deixá-lo, então levava-o comigo para faculdade, para o curso de francês, para o trabalho, para pubs, baladinhas, shows, mostras de cinema e de teatro. Ele sabe o duro que dou, conhece minha rotina, meu esforço, muitos filhos nem sabem como é a rotina dos pais, mal sabem o que eles fazem, mas o meu sempre me acompanhou e se comportou muito bem. Eu não perco uma comemoração de aniversário dos amigos na baladinha porque sou mãe, a sociedade quer com que eu me sinta culpada ou constrangida e tenta colocar barreiras. Não é fácil lutar contra tudo isso, para meu filho ir às aulas comigo eu tinha que pedir autorização, ouvir um monte de baboseira e engolir a seco, para entrar na balada também, já fui barrada pela Polícia Federal no aeroporto porque não acreditaram que eu era mãe dele e queria a autorização dos pais. Agora entenderam a parte que ele me acha doida? Para ser mãe, deixei todo meu egoísmo de lado, por ele eu me rebaixo ou viro leoa, tem coisas que meu orgulho não me permitiria fazer, mas faço por ele. Eu deixo-o faltar 20 dias na escola para viajarmos juntos porque sei que ele aprende mais visitando um outro país, conhecendo novas culturas do que dentro de uma sala quadrada com gente quadrada, ele me acompanha nos eventos sociais e culturais porque eu não quero que ele seja um homem só com títulos e diplomas, mas que seja uma pessoa sociável, agradável e culto. Não imponho a ele regras rígidas, muitos costumam me repreender porque eu pareço mais irmã do que mãe. Brincamos muito, rimos muito, é tudo tão light, as casas dos colegas dele parecem um lugar tenso, cheio de gente calada e séria, uma frieza, uma etiqueta desnecessária, os moleques da idade dele não sabem nem conversar direito.
mandando dormir via chat
Ele já é comunicativo, faz teatro, conversa com adultos numa boa, é carinhoso, atencioso. Quer saber? Mil vezes o meu jeito doido de ser, por enquanto está dando certo. Se um dia ele quiser se rebelar, vai ser escolha dele, mas enquanto ele está debaixo de minhas asas, tudo o que tiver ao meu alcance, farei. Mudo de país,  arrumo encrenca, faço a louca, rodo a baiana, se eu aguento ficar em um trabalho chato é porque sei que terei provisão para nós. Pode ser que um dia ele nem reconheça, também não espero recompensa, mas faço o meu melhor, passo por cima de todos os obstáculos realizada porque ele é a pessoinha que saiu de mim e eu tenho muito orgulho dele, uma das poucas coisas na vida que fiz e que deu certo.
Acho linda a deputada italiana, Licia Ronzulli que sempre leva a filhinha para o plenário. Que ela sirva de exemplo para todas as mães que se sentem sem jeito para trabalhar/ estudar, não desistam! Vamos conquistar nosso espaço e lutar para que nossos filhos estejam junto. Porque ser mãe-estudante-profissional não é crime.
PS: Como este post foi programado, depois de escrevê-lo, saiu no Jornal do Campus uma matéria sobre as mães que passaram na USP, mas não conseguem estudar e ter moradia, leiam lá.