sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Leitura: 10 argumentos para deletar suas redes sociais

Este livro é o mais do mesmo? Sim. Fala o obvio e o que todo mundo ja mais ou menos sabe? Sim. Porém, às vezes é  necessario bater na mesma tecla.
Jaron Lanier é cientista da computaçao, um dos pioneiros do Silicon Valley e ele explica numa linguagem bem acessivel, termos que a gente incorporou no nosso vocabulario, sabemos mais ou menos do que se trata, mas nao medimos as consequências deles na nossa vida e na sociedade, sao eles: algoritmos, maquina Bummer, shitposts, Gamergate, memes, clickbait, entre outros.
Ele fala de redes que usam a maquina Bummer, tais como Google e Facebook (que inclui Whatsapp e Instagram) e Twitter.

"Como permanecer independente em um mundo onde você está sob vigilância contínua e é constantemente estimulado por algoritmos operados por algumas das corporações mais ricas da história, cuja única forma de ganhar dinheiro é manipulando o seu comportamento?"
Eis aqui os 10 argumentos:

  1. Você está perdendo seu livre-arbítrio
  2. Largar as redes sociais é a maneira mais certeira de resistir à insanidade dos nossos tempos
  3. As redes sociais estão tornando você um babaca
  4. As redes sociais minam a verdade
  5. As redes sociais transformam o que você diz em algo sem sentido
  6. As redes sociais destroem sua capacidade de empatia
  7. As redes sociais deixam você infeliz
  8. As redes sociais não querem que você tenha dignidade econômica
  9. As redes sociais tornam a política impossível
  10. As redes sociais odeiam sua alma

"O vício aos poucos nos transforma em zumbis, e os zumbis não têm livre arbítrio".
O primeiro argumento fala da técnica behaviorista usada na Internet, o individuo é condicionado a ter certos comportamentos, isso fara que ele tenha recompensa (likes, seguidores, comentarios, etc) ou castigo.
"o vício é o motivo pelo qual tantos de nós aceitamos ser espionados e manipulados por nossa tecnologia de informação".
No segundo argumento ele explica a maquina Bummer, acrônimo de “Behaviors of User Modified, and Made into an Empire for Rent”, é uma máquina estatística que vive nas nuvens da computação  e calcula as chances de uma pessoa agir de determinada maneira.
Segundo o autor, a maquina possui seis partes moveis que ele explicou de um jeito bem simples para ser decorado:
A de Aquisição de Atenção que resulta na supremacia do babaca
B de meter o Bedelho na vida de todo mundo
C de Comprimir Conteúdo goela das pessoas abaixo
D de Direcionar o comportamento das pessoas da maneira mais sorrateira possível
E de Embolsar dinheiro ao deixar que os maiores babacas ferrem secretamente todas as outras pessoas
F de multidões Falsas e sociedade Falsificadora

"As pessoas comuns tendem a se tornar imbecis, já que os holofotes sempre apontam primeiro para os mais babacas".
Este terceiro argumento é bomba, mas é uma pergunta que a gente sempre faz. Ja perceberam que os  principais digital influencers sao gente futil ao extremo? Sao engraçadinhos de plantao, gamers, ou minas de maquilagem, moda, dietas e academia. E a gente fica sem entender porque essa gente é idolatrada enquanto gente com um conteudo bacana nao atinge um publico expressivo.
Os futeis e os politicos que aderiram à onda têm uma leva de seguidores capazes de fazer tudo o que eles mandam. Se eles nao vao com a cara de alguém, declaram publicamente e ai so esperam seus seguidores irem infernizar a vida de seu rival.
"Na Bummerlândia, parece que cada pequeno comentário ou se torna uma competição por completa invalidação e destruição pessoal ou todas as pessoas têm que ficar simpatiquinhas e falsas. O exemplo mais óbvio é que o presidente dos Estados Unidos viciado em Bummer, o “viciado em chefe” das redes sociais, transforma tudo em uma competição de quem pode destruir uma pessoa de maneira mais implacável com um tuíte, ou de quem recebe um bom tratamento em troca de lealdade total."
Eles nunca têm opiniao critica formada sobre politica, atualidades, mas em época de eleiçoes ou de revolta popular, eles aparecem com uma camisa da seleçao, um livro, uma mensagem nas entrelinhas e todo mundo ja sabe qual é a deles.
Eles tem uma enxurrada de seguidores, mas eles mesmos nao seguem quase ninguém e ignoram a maioria dos comentarios. Sao narcisistas querendo ser adorados.

Ai entra o quarto argumento: a enganaçao e a falsidade. Quando as pessoas sao falsas, tudo se torna falso.
Digital influencers sao falsos, qualquer produtinho mostrado é porque ele foi pago para falar bem dele, nao é uma opiniao sincera, é manipulaçao.
Isso envolve até booktubers, eles ou trabalham no mundo editoral, ou recebem livros das editoras ou recebem cachês de escritores. Percebam que eles leem sempre os mesmos livros e as opinioes sao parecidas. As pessoas que pegam livros em bibliotecas ou preferem e-books ou rejeitam patrocinio nao tem expressividade nas redes sociais, pois as opinioes delas tendem a ser sinceras. Se você nao é um vendido, nunca sera reconhecido.
"Nos primórdios, a propaganda on-line era realmente apenas propaganda. Mas em pouco tempo os avanços na computação coincidiram com incentivos financeiros ridiculamente perversos. O que começou como propaganda se metamorfoseou no que seria melhor chamado de “impérios de modificação de comportamento para alugar” (bummer). Essa transformação tem atraído com frequência novos tipos de clientes/manipuladores, e eles não são nada bonzinhos".
A situação me lembra a prática medieval das indulgências, em que a Igreja Católica da época às vezes exigia dinheiro para uma alma entrar no céu. É como se o Facebook estivesse dizendo: “Pague-nos ou você não existe.” 
A Bummer ganha mais dinheiro quando as pessoas estão irritadas, obcecadas, divididas e com raiva.

Usuario fake, noticias fake, robôs

"Agora a notícia real é chamada de “fake news” porque, pelos padrões da Bummer, o que é real é falso; na máquina, a realidade foi substituída por números imbecis".


Agora vamos para parte da politica:

"Os maus indivíduos que querem desacreditar a democracia usando a máquina Bummer vencem mesmo quando perdem terreno para ativistas com boa intenção.
A Bummer não é progressista nem conservadora; é apenas a favor da paranoia e da imbecilidade generalizadas. 
"A mídia social é tendenciosa, não para a esquerda nem para a direita, mas para baixo. A relativa facilidade de usar emoções negativas para fins como o vício e a manipulação faz com que os resultados indignos também sejam relativamente fáceis de alcançar. No fim das contas, uma combinação infeliz de biologia e matemática favorece a degradação do mundo humano. 
As mensagens mais horríveis e mais paranoicas recebem mais atenção, e as emoções crescem de maneira desordenada como um subproduto do engajamento que cresce descontroladamente.  
Unidades de guerra de informação influenciam eleições, grupos de ódio recrutam e niilistas obtêm um incrível retorno de investimento quando tentam derrubar a sociedade.
A natureza não planejada da transformação da propaganda em modificação de comportamento direta causou uma amplificação explosiva da negatividade em assuntos humanos. Retornaremos muitas vezes à maior potência das emoções negativas na mudança comportamental à medida que explorarmos os efeitos pessoais, políticos, econômicos, sociais e culturais de plataformas como o Facebook". 
Nos últimos anos, Turquia, Áustria, Estados Unidos, Índia e outras democracias elegeram líderes de tendência autoritária cujo poder se apoia em tribalismo. Os eleitores estão escolhendo votar contra eles mesmos. Em cada caso, a Bummer exerceu um papel proeminente.
Um detalhe interessante que veio à tona um ano depois da eleição é que o Facebook oferecera às campanhas de Clinton e Trump equipes presenciais para ajudá-los a maximizar o uso da plataforma, mas só a campanha do republicano aceitou a oferta. Se houvesse concordado em ter funcionários do Facebook em seu escritório, talvez Clinton tivesse vencido. A eleição foi tão apertada que qualquer coisinha que pendulasse para sua direção poderia ter modificado o resultado. 
Pode ser que, antes de uma eleição, você tenha sido alvo de postagens estranhas que se provaram capazes de trazer à tona o interior cínico de pessoas semelhantes a você, a fim de reduzir suas chances de ir votar. 
As plataformas Bummer têm relatado com orgulho experimentos em que deixam as pessoas tristes, influenciam a participação eleitoral e reforçam a lealdade a marcas. De fato, esses são alguns dos exemplos mais conhecidos de pesquisas que foram revelados nos tempos da formação da máquina Bummer
Nem preciso falar do presidenciavel do Whatsapp que nem precisou comparecer em debates e têm seus cachorrinhos à disposiçao para atacar quando necessario, nao é mesmo?

Outras idiotizaçoes em voga: complô das vacinas, a terra é plana e outros absurdos...

Os ultimos suspiros do jornalismo:
Este nao esta preocupado em narrar os fatos, mas em criar clickbaits para se adaptar a vontade da bummer
Enquanto isso, há muitos problemas com a submissão do jornalismo ao deus das estatísticas. Algumas críticas são conhecidas: o excesso de conteúdo apenas para garantir cliques (o chamado clickbait) diminui o nível do discurso público; jornalistas não têm espaço para assumir riscos.

Gamergate:
Mulheres que falavam sobre games foram atacadas de maneiras cruéis que se tornaram, desde então, uma rotina pavorosa. Elas foram bombardeadas com imagens falsas delas próprias e de suas famílias sendo assassinadas, estupradas e assim por diante.Suas informações pessoais foram divulgadas, forçando algumas mulheres a se esconder.
Pesquisas mostram um mundo que não está mais conectado, em vez disso, sofre de uma sensação maior de isolamento.

Swatting:

Este termo nao esta no livro, vi em um documentario. Gamers de Call of Duty ligam para SWAT invadir a casa de outros gamers, alegando que ha bombas ou drogas na casa deles. Nessa 'brincadeira', a policia atirou e matou um deles, acreditando que era um criminoso.


Rede paga:
O autor declara que redes sendo gratuitas, para obter alguma forma de lucro sao necessarias as propagandas. Pagando, a gente nao teria este inconveniente e nossos dados nao seriam usados para a nossa propria manipulaçao.

Apesar do titulo clickbait do livro, o autor nao quer que você apaga suas redes, mas que você esteja ciente da gravidade, dos perigos, das manipulaçoes e dos enganos que você esta exposto.

Eu ja postei como sou a pior usuaria de Instagram e de blog, este completará uma década em 2019. Promessa de ano novo: So vou entrar uma vez por mês no Insta. Sera um ano regido por Marte, deus da guerra e eu nao sou afrontosa, sou da paz, quero manter distância de gente ruim e manipuladora. Também nao vou clicar em nenhuma recomendaçao.

É uma paz quando a gente fecha os aplicativos todos, recomendo! Sobra tempo pra ler, pra dançar, pra ouvir musica, desenhar, escrever, estudar, raciocinar, pensar por si proprio e por ai vai... Viajei duas vezes e nao postei nenhuma foto sobre isso, estou evoluindo.




Um comentário:

  1. já vou indicar esse texto. uma das minhas vitórias de 2019 foi apagar meu facebook. absolutamente não sinto falta!

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