segunda-feira, 30 de outubro de 2017

como ser a pior usuaria de Instagram do mundo

Ja falei aqui como ser a pior blogueira, hoje vou ensinar como ser a pior instagrammer.
Com o tal dos algoritmos, as pessoas sao obrigadas a curtir o maximo de fotos, comentar, ver os stories, usar hashtags e ter o perfil aberto. Se você nao fizer tudo isso, sua foto nao vai aparecer para os outros ou vai aparecer depois de 3 dias.

Bem-vindo ao episodio Nosedive, de Black Mirror:


Dar like/comentar para ganhar audiência: Eu so dou like sincero, se nao me interessa o que esta sendo mostrado eu vou curtir so pra fazer média? Not me, Satan! Comentar menos ainda.

Ficar puxando saco de digital influencer: Nao sigo, nao curto, nao me interessa a vida de Dorians Gray modernos que vivem de aparências.
"Uma pessoa definida pela ansiedade de ser curtida, temos uma pessoa sem integridade, sem um centro, um narcisista incapaz de tolerar que sua autoimagem seja manchada pela possibilidade de não ser curtido.
Se uma pessoa, no entanto, dedica sua existência a ser curtível e passa a encarnar um personagem bacana qualquer para atingir tal fim, isso sugere que perdeu a esperança de ser amado por aquilo que realmente é." (Jonathan Franzen - Como ficar sozinho)


Além de ficar curtindo e interagindo tem que postar conteudo, quanto mais futil, melhor. Tipo a poha de uma xicara de café. “Insignificance, my friend, is the essence of existence” (The Festival of Insignificance - Milan Kundera)


Como meu Insta funciona:
  • Tem cadeadinho, nao é perfil publico
  • Eu so dou like ou comento quando eu quero, quando acho relevante
  • Tenho preguiça de stories, eu até posto quando estou de bom humor, mas raramente vejo, às vezes no fim-de-semana e so de algumas pessoas.
  • Nao uso mais hashtags por ter um perfil privé.
  • A maioria das fotos é sobre livros que ninguém leu e so interessa a mim mesma, ainda por cima livros de biblioteca ou e-books e isso nao chama atençao, porque nao ostento uma estante e nao tenho parcerias. Ou seja, minha pontuaçao ta la embaixo. Se interessa so a mim mesma, qual a necessidade de jogar on-line? Melhor escrever um diario.


O que farei para reverter minha impopularidade? Absolutamente nada. Acho que os algoritmos refletem na vida virtual o que eu sou na vida real: introspectiva, sem graça e sem glamour.
Como disse Baudelaire: "Ninguém imagina o esforço sobre-humano que eu tenho que fazer para parecer com todo mundo". Portanto, prefiro ser eu mesma e não sou obrigada a me esforçar on-line, tenho mais o que fazer além de ficar dando likes o dia inteiro, só dou quando quero e não vou postar café para ganhar likes, vou continuar postando minhas fotos nonsense de coisas que me interessam e não de coisas para agradar o público. 
Ser eu mesma é resistência, contracultura? A  que ponto chegamos! 
Minha vida real é bem simples, trabalho 8 horas por dia, moro sozinha e tenho que por ordem no barraco: lavar, limpar, cozinhar. Sou de poucos amigos, quase um fantasma que entra e sai dos lugares sem ser notada. Tenho vida social sozinha. Sou arquivista, trabalho com documentos, tenho pouco contato com gente no trabalho. Sempre fui assim desde criança, interagir com humanos é muito dificil para mim, tenho crises de ansiedade e só me sinto bem quando sou eu mesma no meu canto ou com pouquissimas pessoas do meu convivio com quem me sinto à vontade.
Nao tenho Facebook, nem Whatsapp e nao vejo necessidade nenhuma em tê-los. Talvez eu nao dure muito tempo no Insta, talvez eu morra virtualmente ou apareça de temps en temps. O excesso de (des)informaçao cansa!


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