Em 2025, decidi ler livros de autores dos primeiros cinco países que formam o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Hoje há nove países e vários outros mostraram interesse em fazer parte, mas vou me concentrar nos cinco primeiros.
Índia e China têm culturas milenares, com os livros mais antigos do mundo, como os épicos sânscritos Mahabharata e Ramayana, compostos na Índia, entre os séculos IX-IV a.C. Na China, entre XII-VII séculos a.C., poemas líricos baseados em antigas canções populares, orações e hinos são compilados no “Clássico da Poesia” ou “Livro de Odes” e tem também o Livro das Mutações (I Ching).
Em 1185, as forças armadas de Igor Sviatoslavich, príncipe de Novgorod-Seversk e filho do príncipe Sviatoslav de Chernigov, foram completamente derrotadas pelos nômades polovtsianos (kumans). Este evento histórico levou um autor anônimo a escrever uma das primeiras obras-primas literárias da cultura russa chamada “O Conto de Igor” ou Slovo o polku Igoreve, é o único conto épico do gênero que chegou até nós do período de Kiev. Igor foi derrotado e capturado, mas mais tarde conseguiu escapar e retornar para casa. O conto sobreviveu em um único manuscrito que evidentemente datava do século XVI. Foi publicado pela primeira vez em 1800, cerca de uma década após sua descoberta, o manuscrito original foi destruído durante a ocupação napoleônica de Moscou, em 1812.
O Prof. Antonio Candido, no livro “Iniciação à Literatura Brasileira” diz:
“como toda a cultura dominante no Brasil, a literatura culta foi aqui um produto da colonização, um transplante da literatura portuguesa, da qual saiu a nossa como prolongamento.
A história da literatura brasileira é em grande parte a história de uma imposição cultural que foi aos poucos gerando expressão literária diferente, embora em correlação estreita com os centros civilizadores da Europa.
Esta imposição atuou também no sentido mais forte da palavra, isto é, como instrumento colonizador, destinado a impor e manter a ordem política e social estabelecida pela Metrópole, através inclusive das classes dominantes locais”.
Você sabia que houve invasão portuguesa em 3 países do BRICS? Além do Brasil, invadiram Macau, na China e criaram o Estado Portugues da Índia nos territórios de Goa, Damão e Diu.
Em 1494, o rei D. Manuel I, de Portugal, começou uma campanha de expulsão dos judeus que não quiseram se converter ao catolicismo e muitos foram parar na Russia.
Os portugueses foram os primeiros europeus a pisar na África do Sul, em 1487, liderados por Bartolomeu Dias, foi ele que chamou o Cabo de Cabo das Tormentas, depois o rei João II o rebatizou de Cabo da Boa Esperança. Essa “aventura" na África do Sul e na Índia ficou registrada no mais famoso poema épico português, "Os Lusíadas”, de Luís Camões.
A literatura sul-africana é como a brasileira, começou como um produto da colonização. O país tem 12 idiomas oficiais, foi colonizado pelos holandeses, ingleses, alemães, franceses, etc. As obras literárias mais conhecidas foram escritas em inglês e em afrikaans, ou seja, por brancos.
Ironicamente o lema do país é Verskillende mense verenig (em africâner), em português significa: "Diversos povos se unem". Se unem a que preço, não é mesmo? Todos se unem, mas só uma raça teve privilégios saqueando as minas de ouro e diamantes, como fez o pai daquele bufão que é o mais rico do mundo hoje.
Dos 5 países do BRICS, o Brasil é o único que não ganhou o prêmio Nobel de Literatura ainda. A África do Sul foi laureada duas vezes, Nadine Gordimer, em 1991 e John Maxwell Coetzee, em 2003. A Índia foi laureada uma vez, com Rabindranath Tagore, em 1913. Mo Yan, da China, recebeu o prêmio em 2012 e Gao Xingjian no ano 2000. A Rússia foi a mais laureada, Boris Pasternak em 1958, Mikhail Sholokhov em 1965, Aleksandr Solzhenitsyn em 1970 e Joseph Brodsky em 1987.
Eu vou estudar essas culturas, não só através da literatura, mas também de livros didáticos, através do teatro e do cinema, quero muito rever o cinema soviético, o cinema chinês sempre foi muito bom, já comecei a rever alguns filmes brasileiros também, já vi filmes de Bollywood, o país que menos vi filmes foi os da África do Sul.
O Brasil tem uma cultura teatral riquíssima, assim como a Rússia, mas sei pouco sobre o teatro da Índia, da África do Sul e da China. Descobri uma peça chinesa contemporânea que estou traduzindo do inglês, logo disponibilizarei o link aqui para quem tiver interesse em baixar.
A culinária também muito interessa, gosto de cozinhar e de colecionar receitas. À medida que eu fizer um prato de algum desses países, farei uma resenha e disponibilizarei a receita aqui para quem tiver interesse.
Achei muitos arquivos interessantes e como arquivista irei publicar algumas coisas aqui. Lembrando que os arquivos são, na maioria das vezes, do ponto de vista do invasor, eles documentaram os horrores que eles cometeram como se fosse uma conquista. Porém, do ponto de vista cultural, também temos muitos tesouros escondidos, muita arte, muita vestimenta, etc.
Esses cinco países passaram por muitos desafios na história da humanidade: invasões, guerras, revoluções, golpes de estado, perda de território, imposição religiosa, massacres, extermínios, corrupção, sanções internacionais, crises econômica e política, escravidão, racismo, xenofobia, classismo, misoginia, homofobia, etc. Porém, se até no concreto sai flor, das atrocidades saem a esperança, a manifestação artística, a dança, o canto, a poesia e tudo o que nos torna criativos e sobretudo humanos.
Quero explorar essas culturas, mesmo sabendo da dificuldade de ter acesso, a maioria dos autores que tem as obras disponiveis ou que foram traduzidos, sao autores que imigraram para um outro pais na Europa ou na América que é o caso de muitos russos e chineses. É mais facil achar um livro do Cotzee do que um de uma autora sul-africana negra que escreve na lingua Xossa, o mercado editoral não tem interesse na tradução com receio de nao gerar lucro.
Para terminar, deixo uma musica de cada país:
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