quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
O mundo de Sofia
É um livro do escritor norueguês Jostein Gaarder, para mim, é leitura obrigatória para todos que estão entrando na adolescência, eu li com 15 anos e já estou lendo com meu filho de 13 anos, também foi o livro que escolhi para reler no mês de janeiro, pelo Desafio Literário 2010. A proposta do Desafio para janeiro era um livrinho de banca, facinho de ler, mas eu, teimosa, li esse de 553 págs e com assuntos que requer muita atenção e pesquisa.
O mundo de Sofia é um jeito fácil e descomplicado para entender um pouco da história da filosofia. O livro começa com Sofia recebendo cartas anônimas, cheias de perguntas sobre a vida, como por exemplo: Quem é você? De onde vem o mundo? Vou postar alguns fragmentos:
O que é filosofia?
Qual é a coisa mais importante da vida? Se fazemos essa pergunta a uma pessoa de um país assolado pela fome a resposta será: a comida. Se fazemos a mesma pergunta a quem está morrendo de frio a resposta será: o calor. E quando perguntamos a alguém que está e isolado, certamente a resposta será: a companhia de outras pessoas.
Mas, satisfeitas todas as necessidades, será que ainda resta alguma coisa que o mundo precise? Os filósofos acham que sim. Eles acham que o ser humano não vive apenas de pão. É claro que todo mundo precisa comer. E precisa de amor e de cuidado. Mas ainda há uma coisa que precisamos. Nós temos a necessidade de descobrir quem somos e porque vivemos.
Mitos
Um mito é a história dos deuses e tem por objetivo explicar que a vida é assim como é
Filósofos da natureza
Os primeiros filósofos gregos são chamados de filósofos da natureza, porque interessavam sobretudo pela natureza e pelos processos naturais.
O destino
Você acredita no destino?
As doenças são castigo dos deuses?
Que forças governam o curso da história?
Oráculo de Delfos
No templo de Delfos havia uma famosa inscrição: Conhece-te a ti mesmo! E ela ficava ali para lembrar aos homens que passavam de meros mortais e que nenhum homem pode fugir do seu destino.
Sócrates e Jesus
Jesus e Sócrates eram considerados pessoas enigmáticas no tempo em que viveram. Nenhum dos dois deixou qualquer registro escrito de suas idéias. Assim não nos resta outra saída senão confiar na imagem deles que nos foi legada pelos seus discípulos. Além disso, ambos tinham autoconfiança no que diziam que podiam tanto arrebatar como irritar seus ouvintes. Para completar, ambos acreditavam falar em nome de uma coisa maior do que eles mesmos.
Não estou querendo colocar um sinal de igual entre os dois. Quero dizer que ambos tinham uma mensagem a transmitir e que esta mensagem estava indissoluvelmente associada à sua coragem pessoal.
Sócrates dizia que a única que sabia era que não sabia de nada.
Os que questionam são sempre os mais perigosos. Responder não é perigoso. Uma única pergunta pode ser mais explosiva que mil respostas.
Aristóteles
Aristóteles acreditava em três formas de felicidade:
1) Vida de prazeres e satisfações
2) Ser cidadão livre e responsável
3) Vida como pesquisador e filósofo.
Os cínicos [corrente de filósofos, não o significado que conhecemos hoje]
Diziam que a verdadeira felicidade não dependem de fatores externos como o luxo, o poder político e boa saúde. Para eles, a verdadeira felicidade em se libertar dessas coisas casuais e efêmeras.
Misticismo
Significa sentir-se só com Deus ou com a “alma do universo”.
Dramaturgia
O mundo é um palco e homens e mulheres não são mais que meros atores. Entram e saem de cena e durante a sua vida não fazem mais do que desempenhar alguns papéis. (Shakespeare)
O que é a vida? Fúria. O que é a vida? Espuma oca! Um poema, uma sombra quase! E a sorte não pode dar senão pouco: pois a vida é sonho e os sonhos, sonho... (Calderón de La Barca)
Descartes
Cogito, ergo sum (Penso, logo existo)
Agnóstico
È uma pessoa que não sabe se Deus existe.
Arquimedes
"Dê-me um ponto fixo e eu faço a Terra mover-se".
Marx
“O trabalhador se aliena em relação ao seu trabalho, e ao mesmo tempo, em relação a si mesmo. Ele perde sua dignidade humana”.
Scrooge
“Só existe justiça entre iguais”.
Darwin
“A seleção natural é responsável pela sobrevivência dos mais fortes, ou dos que melhor se adaptam ao seu meio”.
Freud
A expressão inconsciente significa para Freud, é tudo que reprimimos.
Ato falho é algo que dizemos ou fazemos espontaneamente e que um dia tínhamos reprimido.
Nossos sonhos não são meros acasos. Por meio dos sonhos, nossos pensamentos inconscientes tentam se comunicar com nosso consciente
Criatividade
A razão sufoca a imaginação; e isto é ruim, pois sem imaginação não é possível produzir nada de novo.
Sartre
O sentimento do homem de ser um estranho no mundo leva a uma sensação de desespero, tédio, náusea e absurdidade.
Simone de Beauvoir
Na nossa cultura, a mulher tinha se tornado em um “segundo sexo”. Só o homem aparecia como sujeito dessa cultura. A mulher, ao contrário, fora transformada em objeto do homem.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Fernando Pessoa - Parte 2
Postei a parte 1 aqui e agora a parte 2, com fragmentos dos poemas de Fernando Pessoa:
Esse vou publicar completo:
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje não faço anos
Duro
Somam-se-me dias.
(Aniversário)
Podemos imaginar tudo do que nada sabemos.
Estou parado física e moralmente: não quero imaginar nada.
(Realidade)
Esse vou publicar completo:
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
(Poema em linha reta)
Odes de Ricardo Reis
Quer pouco: terás tudo
Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.
Não só quem nos odeia ou nos inveja
Nos limita e oprime; quem nos ama
Não menos nos limita.
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
Tenho mais almas que uma.
Há mais eu do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente de todos
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Onde fica a casa do meu amigo?
Filme do diretor iraniano Abbas Kiarostami, relata a história de um menino que pegou por engano o caderno do colega de classe, pois as capas eram idênticas. O professor já tinha chamado a atenção de seu amigo por esquecer o caderno outras vezes e prometeu castigá-lo se esquecesse de novo. Sabendo disso, o menino tenta entregar o caderno a qualquer custo para o colega que mora bem longe, na verdade ele nem sabe onde fica, ele tem que desafiar sua própria família para achar a casa, pergunta para as pessoas na rua, vai à caça mesmo. O final é lindo, mostra a preocupação pelo o outro. É tão legal quando você tem com quem contar, ter alguém que não te deixa na mão no momento que você mais precisa e mesmo pequeno, ele tem esse coração solidário. Amei muito!
Não tenha medo de mim
É um filme dinamarquês, com temática psiquiátrica, relata a história de um homem que tirou licença médica do trabalho porque estava sobrecarregado. Fica em casa o tempo inteiro, seu cunhado fala de um experimento que está fazendo com antidepressivos e usa cobaias. Ele quer entrar no programa e fazer parte do experimento, começa anotar tudo o que ele sente de mudanças após a ingestão do remédio, ele acha que
ficou mais relaxado, mais alegre e tem um pouco mais de liberdade para fazer o que quer, começa agir de forma exagerada e usa como desculpa o uso do medicamento.Muitas vezes as pessoas bebem ou usam alguma droga e acham que isso explica suas "más" atitudes, mas será mesmo?
Esse filme mostra um lado interesante que quando sua mente acha que está você está dopado, você realmente fica nessa condição.
Recomendo para quem gosta da temática.
domingo, 3 de janeiro de 2010
Fernando Pessoa Parte 1
Viajei um pouco entre natal e ano novo, levei 4 livros para ler e reler, entre eles um de poesia do Fernando Pessoa, então transcrevi apenas fragmentos das poesias e vou dividir este post em duas partes. Coloquei no final o nome do poema que foi extraído porque, como sabem, há muitas frases na internet que dizem ser determinado autor e não é, para facilitar a busca na bibliografia do Fernando Pessoa, coloquei o nome para provar a autenticidade.
Parte 1:
Parte 1:
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce
(O infante)
Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena
(Mar português)
Tenho a alma feita pequena, livre de mágoa e de dó;
Sonho sem quase já sr, perco sem nunca ter tido,
E comecei a morrer muito antes de ter vivido.
[...]
Sono de ser, sem remédio,
Vestígio do que não foi,
Leve mágoa, breve tédio,
Não sei se pára, se flui;
Não sei se existe ou se dói.
(Marinha)
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada
Estudar é nada
O sol doira
Sem literatura.
[...]
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse uma biblioteca...
(Liberdade)
E afinal o que quero é fé, é calma,
E não ter estas sensações confusas
Deus que acabe com isto! Abra as eclusas
E basta de comédias na minh'alma
(Opiário)
Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
(Lisbon revisited)
Não sou nada
Não serei nada
Não posso querer ser nada
À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo
[...]
Que sei do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
[...]
Não, não creio em mim
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu que não tenho tanta certeza sou mais certo ou menos certo?
[...]
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo,
ainda que tenha razão
(Tabacaria)
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