domingo, 3 de janeiro de 2010

Fernando Pessoa Parte 1

Viajei um pouco entre natal e ano novo, levei 4 livros para ler e reler, entre eles um de poesia do Fernando Pessoa, então transcrevi apenas fragmentos das poesias e vou dividir este post em duas partes. Coloquei no final o nome do poema que foi extraído porque, como sabem, há muitas frases na internet que dizem ser determinado autor e não é, para facilitar a busca na bibliografia do Fernando Pessoa, coloquei o nome para provar a autenticidade.

Parte 1:

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce
(O infante)

Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena
(Mar português)

Tenho a alma feita pequena, livre de mágoa e de dó;
Sonho sem quase já sr, perco sem nunca ter tido,
E comecei a morrer muito antes de ter vivido.
[...]
Sono de ser, sem remédio,
Vestígio do que não foi,
Leve mágoa, breve tédio,
Não sei se pára, se flui;
Não sei se existe ou se dói.
(Marinha)

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada
Estudar é nada
O sol doira
Sem literatura.
[...]
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse uma biblioteca...
(Liberdade)


E afinal o que quero é fé, é calma,
E não ter estas sensações confusas
Deus que acabe com isto! Abra as eclusas
E basta de comédias na minh'alma
(Opiário)

Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
(Lisbon revisited)

Não sou nada
Não serei nada
Não posso querer ser nada
À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo
[...]
Que sei do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
[...]
Não, não creio em mim
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu que não tenho tanta certeza sou mais certo ou menos certo?
[...]
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo,
ainda que tenha razão
(Tabacaria)

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