sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Mulheres na direçao: Céline Sciamma (França)



Primeiramente uma salva de palmas para esta mulher porque ela merece, nao so palmas, mas o Tocantins inteiro. Bicha destruidora mesmo! Ela consegue falar de assuntos dificeis (que convenhamos, nem deveriam ser dificeis assim em 2016!!) de maneira simples, honesta e tocante e na minha humilde opiniao, so uma mulher mesmo para conseguir esta proeza, porque precisa de altas doses de sensibilidade, de empatia e de tolerância.


Assisti aos 3 filmes dela: Garotas (Bande de filles / Girlhood), Tomboy e Lirios d'agua (Naissance de pieuvre/ Water Lilies)

"Garotas" é sobre Marieme, ela tem 16 anos e tenta sobreviver no mundo caotico, vai mal na escola, vive naqueles conjuntos habitacionais de Paris que sao super perigosos (vi em uma reportagem que quem mora nesse tipo de apartamento nem poe no curriculo porque ninguem contrata), vive na pobreza, tem um irmao mais velho e machista que bate nela e uma mae que trabalha de faxineira o dia inteiro. Sem perspectiva nenhuma de vida, ela entra numa gangue de meninas, muda seu nome para Vic e para sobreviver tem que saber bater, ela é apaixonada por um carinha, mas nao quer casar e ter filhos antes dos 18 anos como acontece muito ao redor dela, ela também entra na gangue de rapazes, enfaixa os seios, usa calças largas para nao sofrer assédio, mas quem disse que nao sofre, nao é?
Tem uma cena linda das meninas em um quarto de hotel cantando Diamonds, da Rihanna. (Veja a diretora falando dessa cena aqui (em francês)).
E ha quem acredita em meritocracia. Nao sabe de nada, inocente!



O outro filme lindo de morrer é o Tomboy, a gente consegue se colocar na pele dx Laure/ Michael. É um filme sobre transgênero, a menina nao se sente confortavel sendo menina, ela gosta de se vestir e agir como menino. E esse elenco infanto-juvenil, minha gente? Deu um show de atuaçao, melhor que muita gente grande. A atriz Zoé Héran foi brilhante, dificil imagina-la nao sendo menino. Isso é graças à diretora que soube conduzir o elenco da maneira mais justa possivel.
Tomboy é o termo utilizado para definir meninas que agem como meninos.


Por ultimo, mas nao menos importante, o filme Lirios d'agua. Narra a historia de 3 meninas, Anne, Floriane e Marie, de 15 anos que fazem parte da equipe de nado sincronizado e estao descobrindo a sexualidade: aquela historia de fulando que ama sicrano que ama beltrano. Sabe aquelas primeiras dores de amor que a gente tem na vida? A gente se apaixona de um tanto a ponto de achar que vai morrer daquilo? A pobre Marie estava apaixonada e ficava atras do seu amor que nem cachorrinho sem dono, fazendo todas as vontades da amada, era obcecada. Da até do da bichinha...
A Floriane gostava de um garoto popular, mas ela era gordinha e sem-graça e ele so abusava dela e maltrava-a. Ja a Anne, todo mundo a amava, mas ela nao amava ninguém, jogava com todo mundo.




Os filmes da Céline falam de uma fase dificil das nossas vidas: a adolescência. As descobertas, a sexualidade e as dificuldades em lidar com tudo isso. Sao filmes sem aqueles dramalhoes hollywodianos, sem sentimentalismos baratos (franceses nao gostam disso), sao historias acontecendo como se estivessemos na janela de casa vendo as coisas acontecendo do lado de fora, mas ao mesmo tempo somos tocados pelas situaçoes, porque sao coisas cotidianas que vemos na vizinhança, na escola e na familia. Filmografia recomendadissima!

Veja também: 
Mulheres na direçao: Nancy Meyers (EUA)
Mulheres na direçao: Alice Guy-Blaché (França)

sábado, 23 de janeiro de 2016

Mulheres na direçao: Nancy Meyers (EUA)


Nancy Meyers é americana e rainha dos filmes fofos de "sessao da tarde". Ainda temos algo em comum: fazemos aniversario no mesmo dia. Ela deve ser a pessoa mais aparentemente "normal" que nasceu em 8 de dezembro, quem nasce nessa data tende a ser autodestrutivo, pessimista, caotico e criativo, vide Jim Morrison, Camille Claudel, Diego Rivera, Florbela Espanca, Sinéad O'Connor, etc. Ela é a diferentona lol.
Claro que ja vi toda sua filmografia ao longo dos anos, incluindo o filme mais recente, "O senhor estagiario"(The Intern) que vos falarei a seguir:


Jules (Anne Hathaway) é um emprendedora, criou um e-commerce de moda, em pouco a empresa cresceu muito e ela anda sobrecarregada. Seu marido abdicou da carreira para cuidar da filha e da casa para que ela conquistasse o sucesso (o famoso american dream).
Ben (Robert De Niro) é um viuvo aposentado de 70 anos que entediado em casa decide candidatar-se à vaga de estagiario sênior na empresa de Jules. Como a empresa é composta de funcionarios jovens, eles queriam alguém com uma certa experiência de vida para equilibrar um pouco.
Ao meu ver, Ben torna-se o paizao de todo mundo, dando conselhos para galera.

O proximo filme é o meu favorito de todos os dirigidos pela Nancy Meyer, um daqueles filminhos mamao com açucar que gosto de assistir na época de Natal, "O amor nao tira férias" (The Holiday)

Amanda (Cameron Diaz) é empresaria nos EUA e produz trailers de filmes, descobre que foi traida pelo namorado.
Iris (Kate Winslet) é jornalista no Reino Unido, é apaixonada por um colega de trabalho e descobre que ele vai casar com outra.
Amanda e Iris entram em um site de intercâmbio de casas e uma vai para casa da outra para ficarem sozinhas e esquecerem os problemas, mas como diz o titulo em português, o amor nao tira férias.

"Simplesmente complicado" (It's complicated) é sobre um casal divorciado, Jane (Meryl Streep) e Jake (Alec Baldwin), pais de 3 filhos e por isso têm uma relaçao cordial um com outro. Jake a deixou por uma mulher mais nova, mas acabam tendo uma recaida e passam a se ver com mais frequência. A mulher é boba, mas nao é besta, uma hora ela acorda para vida. Tem hora que cansa fazer papel de trouxa, nao é?  É mais uma filme que fala da sexualidade na terceira idade.

O outro que fala de sexualidade na terceira idade é o "Alguém tem que ceder". Harry (Jack Nicholson) é um executivo do ramo musical que so fica com meninas com idade de serem suas filhas. Nunca tinha ficado com uma mulher da idade dele. Vai passar o fim de semana na casa de sua namorada, tem um ataque cardiaco e acaba ficando sob cuidados da mae de sua namorada, a dramaturga Erica (Diane Keaton) e do médico Julian (Keanu Reeves). Aff, so tive olhos para o Keanu Reeves, meu crush eterno.


"Do que as mulheres gostam". Nick (Mel Gibson) é um executivo da area de propaganda e marketing, machista e egoista, leva um choque e começa a ler o pensamento das mulheres e usa isso para se dar bem, mas depois vai ficando mais compreensivo com elas.
Foi o primeiro filme dirigido por uma mulher mais rentavel da historia.

Operaçao cupido é uma refilmagem, o primeiro filme foi feito em 1961 com muito sucesso de bilheteria e depois a Disney relança esta versao em 1998, dirigido por Nancy Meyers e o sucesso se repetiu.
Narra a historia de duas meninas, interpretadas pela Lindsay Lohan, que se encontram em um acampamento de férias e notam que sao muito semelhantes, entao elas descobrem que sao gêmeas e foram separadas, uma mora com a mae em Londres e outra mora com o pai nos EUA. O filme mostra duas crianças que forçam uma situaçao para aproximar os pais.




Os filmes dela sao do tipo gracinha que agrada a familia tradicional-conservadora, classe média "do bem". Convenhamos que esses filmes nao tem diversidade, nem etnicidade, tao branco quanto os concorrentes do White-Skinny-Oscar 2016.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Mulheres na direçao: Alice Guy-Blaché (França)


Alice Guy foi a primeira mulher a dirigir e a produzir um filme (1896), foi a unica durante 17 anos. Ela trabalhava como secretaria na empresa de fotos e filmes Gaumont, a mais antiga sociedade cinematografica do mundo. Ela pediu permissao para seu chefe se podia fazer umas filmagens por hobby, ele autorizou desde que fosse fora do expediente. 
Alice Guy dirigiu em torno de 700 filmes, infelizmente sobraram poucos, a maioria desapareceu durante as guerras. Ela imigrou para os Estados Unidos e criou uma produtora la. Seu marido deixou-a para ficar uma das atrizes e ela acabou voltando para França com os filhos.
Ao chegar na França, o cinema tinha mudado, seu nome caiu no esquecimento e ela passou o resto da sua vida tentando recuperar seus filmes e ser reconhecida como a primeira diretora.
Achei alguns filmes no Internet Archives e no Youtube, eis aqui:

A cola

Folhas caindo
Uma jovem esta doente e o médico diz que quando todas as folhas das arvores cairem no outono, ela morreria, entao sua irmazinha começa a tentar colocar as folhas de volta nas arvores. Own! Muito fofo!

A mulher esta com desejo

Na barricada

O resultado do feminismo

A pequena heroina

Ela também dirigiu A paixao de Cristo, o primeiro filme com mais de 30 min.

Foi a primeira vlogueira também, filmou sua viagem para Espanha


Tem um documentario sobre ela, chamado "Jardim esquecido", no site National Fim Bord (em francês).

Veja também:

sábado, 9 de janeiro de 2016

Mulheres na direçao: Rebecca Zlotowski (França)

Rebecca Zlotowski tem 35 anos e faz parte da nova geraçao cinematografica feminina francesa.
Ela dirigiu três filmes: Belle épine, Grand Central e Planetarium, este ultimo ainda nao foi lançado, mas ja assisti aos dois primeiros.

Belle épine (2010) - drama

No final dos anos 70, Prudence (Lea Seydoux) acaba de perder sua mae, seu pai pede demissao e viaja, deixando-a sozinha na casa. Em seguida ela fica proxima de uma estudante "rebelde" do lycée, chamada Marilyne, que a leva para o circuito de motoqueiros. Ela acha tudo aquilo libertador, afinal ela sai um pouco do marasmo, conhece gente, corre perigo, pois muitos morreram apostando corrida e também acaba se envolvendo com um deles, foi o jeito que ela encontrou para lidar com o luto e a solidao.


Grand Central (2013)

Gary (Tahar Rahim ♥) sempre trabalhou em subempregos e viu uma oportunidade de ganhar melhor trabalhando numa usina nuclear. Apos um tempo ele conhece Karole, esposa de um colega e eles passam a ter um caso.
Achei interessante ver dentro de uma usina nuclear. Para entrar, os empregados passam por uma higiniezaçao e usam roupas proprias para evitar o contato com a radiaçao e para sair é a mesma coisa. É uma forma sensivel de falar sobre o lixo atômico, a contaminaçao do meio-ambiente, das pessoas e dos animais.

Planetarium (2016)

O proximo filme sera sobre duas irmas espiritas (Natalie Portman e Lily-Rose Depp) que fazem contatos com fantasmas, nos anos 30. Um produtor propoe a elas um contrato de um ano para fazer um filme experimental, mas parece que ele tinha outras intençoes mais osbscuras. 
A Lily-Rose é filha do Johnny Depp e da Vanessa Paradis.
Estou ansiosa para ver!


Consideraçoes finais:

Os filmes da Rebecca Zlotowski sao mais introspectivos, meio paradao para o publico mais Blockbuster, nao é do tipo que agrada todo mundo, mas eu achei bem interessante, assista com a mente aberta.

Veja também:
Mulheres na direçao: Malgorzata Szumowska (Polônia)
Escritora e diretora: Virginie Despentes (França)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Escritora e diretora: Virginie Despentes (França)

Fotografo: JEAN-FRANÇOIS PAGA
Virginie Despentes (pseudônimo), é escritora, diretora de cinema, tradutora, punk-rockeira, entre outras coisas.
Ela teve um adolescência problematica, aos 15 anos foi internada em um hospital psiquiatrico, aos 17 foi estuprada ao pegar carona, tudo isso foi um choque para ela e é sobre as dores pelas quais passou que serao os temas de suas obras literarias e cinematograficas.
Nos anos 80/90 ela se envolve com o movimento punk, gosta de Joy Division e de Bukowski, abusa do alcool, drogas e sexo, sendo este na forma de prostituiçao e de relaçoes homo e héteroafetivas.
Suas obras sao classificadas como literatura marginal, ou cultura trash, ou contra-cultura, como queira. Os temas recorrentes sao sobre violência, sexo, drogas e muito punk rock.

Cinema

O filme "Baise-moi" foi classificado em alguns paises como pornografico, talvez porque as duas atrizes principais foram atrizes pornôs e porque tem algumas cenas de sexo explicito, mas nada que a gente ja nao tenha visto em filmes como os de Gaspar Noé ou de Pasolini. É um filme underground "road movie", à la Thelma e Louise, as personangens principais sao uma prostituta e uma atriz pornô que pegam um carro e saem por ai fazendo estrago por onde passam, usando a lei da viuva-negra: trepa depois mata.
Achei a premissa bem interessante e diferente, mas acho que o baixo orçamento e as atrizes que nao eram tao boas, deixou o filme meio caseiro, faltou qualidade nas cenas de açao e na interpretaçao.

Em seguida assisti ao filme "Bye bye blondie", tem uma qualidade técnica melhor, atrizes brilhantes como a Emmanuelle Béart, a Béatrice Dalle e a cantora Soko. Sem falar no figurino e nas musicas otimas de punk rock. O filme é baseado no livro homônimo, fala de duas meninas que se apaixonaram nos anos 80 e se reencontram 25 anos mais tarde. Sugiro começar assistir por esse que é bem mais leve que o primeiro.


Ela também dirigiu o documentario "Mutantes: Punk, Porn, Feminism", composto por cerca de 20 entrevistas gravadas nos Estados Unidos, França e Espanha, dá a palavra às ativistas pró-sexo e acompanha a evolução do movimento dos anos 80 até hoje. Infelizmente nao o achei em nenhuma biblioteca daqui, nem em streaming, mas quero muito assistir. Como é dificil achar documentarios e alguns filmes feitos por mulheres, viu. Tem tanta coisa boa que descobri, mas onde encontrar? Nao se acha nem para comprar.


Virginie escritora

Ela tem varios livros publicados, alguns deles viraram filmes, pretendo lê-los mais para frente, mas no momento vou falar do unico que li, o ensaio autobiografico "King Kong Theorie".

Se for para indicar apenas um obra da Virginie Despentes, com certeza é este ensaio. Muitas pessoas nao conseguem ver cenas fortes de violência ou de sexo nos filmes, nao se interessam por literatura underground, nem pelo movimento punk, mas se você se interessam por livros sobre a condiçao feminina, tais como: "O segundo sexo", da Beauvoir ou "Um quarto so seu", da Virginia Woolf, recomendo também este livro, ela nao fala de mulheres que querem ser escritoras, filosofas, intelectuais, ela fala da mulher comum, da mulher do submundo, da mulher indesejavel que esta fora dos "normal standards",  como ela escreveu nas primeiras linhas:
"Eu escrevo no meio das feias, para as feias, as velhas, as caminhoneiras, as frigidas, as mal-comidas, as  "incomiveis", as histéricas e todas as excluidas do grande mercado da mulher gostosa".


Em 2010 eu escrevi aqui o post " Mulher e os monstros" em que eu queria entender a razao pela qual a sociedade em geral odeia os monstros, o porquê dos homens e dos deuses quererem nos afastar deles e por ironia do destino, 6 anos depois, leio neste ensaio o capitulo King Kong Girl que responde ao meu questionamento. O universo nunca nos deixa sem resposta, ela tarda, mas chega melhor do que esperavamos.

Musicas
Criei uma lista no Spotify de algumas musicas tocadas nos filmes da Virginie Despentes. Minhas preferidas sao: Diamanda Galas (canta parecendo que ta possuida), Soko e a Lydia Lunch.


Consideraçoes finais:

Quando comecei a participar dos projetos "Mulheres na direçao" e "Leia Mulheres", nao tinha ideia onde isso me levaria, foi como abrir um novo mundo, posso ouvir outras vozes que quase nunca sao ouvidas. Virginia Despentes me levou a conhecer a mulher no movimento punk, a mulher na literatura underground, o feminismo pro-porn, a conhecer um monte de musicas legais, a conhecê-la como a mulher que faz filmes sangrentos, violentos e eroticos, um campo no cinema explorado majoritariamente pelos homens, mas ela esta ai provando que também pode fazer. É uma voz que precisa ser ouvida e respeitada.

Veja também:
Mulheres na direçao: Malgorzata Szumowska (Polônia)

sábado, 2 de janeiro de 2016

Mulheres na direçao: Malgorzata Szumowska (Polônia)


Bendita hora ociosa que inventei de criar a lista "Mulheres na direçao" no Filmow, 3 anos atras. Coloquei algumas diretoras que ja conhecia, pesquisei outras, outros usuarios fofos tb foram indicando e hoje ja tem mais de 1300 filmes cadastrados, dos quais assisti apenas 9,5% por enquanto.

O primeiro filme da Malgorzata Szumowska que vi foi "Elas" (Elles), nao sei se passou na Mostra de Cinema de Sao Paulo ou na Reserva Cultural, lembro-me de ter amado o filme, mesmo sem saber se era uma mulher que dirigia, so descobri que era na hora de fazer a lista mesmo. 

Estou apaixonada pelos filmes dela, depois de "Elles", ainda assisti "Em nome de..." e "Body". Gosto do jeito que ela retrata temas dificeis de uma forma sutil e bela.


Em "Elles", Anne (Juliette Binoche) é uma jornalista, mae, esposa e vive uma vida burguesa em Paris. Ela decide escrever um artigo sobre prostituiçao de estudantes e marca encontros com essas prostitutas para entrevista-las. Conforme essas meninas vao contando o que fazem com os clientes ela ela passa a questionar nao apenas seu papel de mulher, mas também sobre dinheiro, familia e sexo. Ela sente vontade de ser mais sexy, de fazer coisas com o marido, mas ele é puritano demais para aceitar isso. Mostra que esses homens que endeusam as esposas, recusam fazer sexo picante com elas, sao os que procuram as prostitutas para preencher esta lacuna, um tipo de respeito bem hipocrita, convenhamos. 
Interessante como Anne passa a compreender e até se solidarizar com essas meninas que vivem uma vida tao diferente da dela. A partir do momento que a gente entende melhor uma situaçao a gente passa a ser mais tolerante.
Ha aquela discussao sobre "mulheres para casar e mulheres para fazer sexo", tratada de uma forma muito sutil e brilhante. Juliette Binoche da um show de interpretaçao como sempre.


"Em nome de..." é um filme muito lindo e sensivel, é o primeiro filme de tematica homossexual da Polônia. Narra a historia do padre Adam que foi transferido para um cidadezinha do interior, organiza um centro comunitario para meninos problematicos e acaba se apaixonando por um morador local. Tem uma boa fotografia e uma boa trilha sonora. Também tem muitas moscas zumbindo, um recurso que ela utilizou e achei otimo, afinal onde ha mosca, ha merda, nao é? Sem falar no nome do padre que é Adao e tem uma personagem chamada Eva que gosta dele. A negaçao de Eva foi outro recurso sensacional, renegar a tradicional criaçao homem x mulher, o primeiro casal heterossexual biblico que deveria servir de exemplo para o padre, mas so que nao, né? Gosto de tematicas que falam de dogmas/sexo x religiao. 
Fiz até um gif para o padre, o ator Andrzej Chyra, que para mim é um dos melhores atores da Polônia.



Por ultimo, assisti "Body", eu queria falar tanta coisa sobre esse filme, mas nao sei nem por onde começar. Vou tentar ser rapida e concisa, sera que consigo? Este filme usa o corpo para expressar como a gente lida com a vida e a morte. Ha corpos mortos, corpos magros, corpos gordos, corpos velhos, corpos jovens.
Janusz é um perito criminal, seu trabalho é relatar as circunstâncias em que se encontravam os corpos na cena dos crimes. Ele é viuvo e pai da Olga, um jovem que sofre de anorexia, eles mal se falam.
Janusz interna Olga em uma clinica psiquiatrica para fazer terapia e curar sua anorexia, sua terapeuta é a Anna, uma mulher solitaria que acredita em vida apos a morte, é médium, acredita no "espiritismo brasileiro" e cita frases do Divaldo Franco.
A personagem de Anna é bem intrigante, a gente costuma imaginar terapeutas como pessoas capazes de lidar com problemas dificeis da vida. Ela é uma otima profissional, mas fora do trabalho ela é o tipo de pessoa que se a gente vê na rua, logo imagina que ela precisa de um psicoterapeuta urgente. A dualidade esta entre a ciência/ medicina x espiritualidade, apegar-se às coisas do além para conseguir lidar com os problemas e as perdas do dia-a-dia.



Conclusao:

Foi um imenso prazer conher o trabalho desta diretora, ela expoe as fraquezas e as angustias humanas sem vitimizar, sem cair no piegas, mas de forma justa, coerente e tocante. Os primeiros filmes de sua carreira nao assisti porque nao achei em lugar nenhum, mas se achar, vou atualizando aqui no blog. Super recomendo!