Mostrando postagens com marcador cinema. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador cinema. Mostrar todas as postagens

sábado, 30 de julho de 2016

Mulheres na direçao: Haifaa Al-Mansour (Arabia Saudita)

Haifaa Al-Mansour, primeira mulher cineasta da Arabia Saudita
Assisti ao filme O Sonho de Wadjda (2012), dirigido pela  cineasta Haifaa Al Mansour. Trata-se de uma menina de 10 anos que luta contra o patriarcado fundamentalista na Arabia Saudita. Nem vou escrever muito para nao deixar a emoçao falar no lugar da razao, porque o mundo esta longe de ser um lugar seguro as mulheres e isso me deprime.


O sonho de Wadjda era ter uma bicicleta, ela vai tentar juntar dinheiro para compra-la. Passa a vender pulserinhas na escola, mas a diretora confisca-as. Depois participa de um concurso de leitura do corao para ganhar o prêmio em dinheiro. O problema é que la mulher nao pode dirigir, muito menos andar de bicicleta, dizem que elas correm o risco de perder a virgindade ou de serem estéreis.
É muita opressao e pressao, mulher nao pode rir, o homem nao pode ouvir a voz de uma mulher, a mulher tem que se esconder quando vê um homem, tem que usar burka preta. Existe uma policia religiosa que fica de olho no que as pessoas vestem e como se comportam na rua, etc.
O pai dela deixa a mae porque ela tinha problemas para engravidar e quando conseguiu, nasceu uma menina, ou seja, nasceu a Wadjda. Entao ele casa com outra para poder ter filhos homens, pois so eles que herdam bens e fazem parte da genealogia da familia. Tem uma hora que a Wadjda escreve o nome dela na arvore genealogica do patriarcado. Yes, sista!
A mae dela faz de tudo pela familia, nao corta o cabelo porque o marido nao quer, fica fazendo chapinha porque ele gosta de cabelo liso, cozinha, se arruma para ele, mas para variar, ele é um babaca.
Wadjda gosta de tênis all star surrado, de correr com os meninos, de escutar musica, odeia portar o veu, odeia as oraçoes, odeia a obediência cega.
Recomendadissimo! Lembre-se: Nunca vote em politicos religiosos porque ninguém é obrigado a seguir uma religiao imposta. Estado laico sempre!

Minha lista "Mulheres na direçao" no Filmow ja tem 1747 filmes cadastrados e 178 assistidos até o momento.

Veja também:

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Mulheres na direçao: Paula van der Oest (Holanda)


Assisti a dois filmes da diretora Paula van der Oest: "Lucia de B." e "Black Butterflies"

Lucia de B. (2014)



Baseado em fatos reais, narra a historia de uma enfermeira holandesa que foi condenada injustamente à prisao perpétua por de ter cometido 7 assassinatos no hospital em que trabalhava, sendo as vitimas bebês e idosos. 
Os advogados dos acusaçaos nao tinham nenhuma prova concreta que ligava-a às mortes, tentaram incrimina-la de acordo com seu perfil psicologico e suas atitudes, pois ela era uma pessoa muito reservada, nao comia com as outras enfermeiras, teve uma infância muito dificil, sua mae obrigava-a a se prostituir, escrevia umas coisas estranhas em seu diario, lia livros sobre psicopatas e baseado neste seu historico, apos a morte de um bebê na UTI e um laudo errôneo da médica, tudo levou a crer que o bebê tinha tido uma overdose de remédios, quando na verdade ele tinha morrido por complicaçoes no seu estado clinico. As outras mortes que quiseram incrimina-la aconteceram em horarios ou dias que ela nem estava la. Como se defender com a imprensa massacrando e ja condenando? Filmaço! Pra quem gosta de filmes sobre erros judiciarios, fica a dica!


Black Butterflies (2011)


É um filme sobre a vida da poetisa sul-africana, Ingrid Jonker. Vivia em uma familia conservadora, seu pai era membro do parlamento, deputado do Partido Nacional, a favor do Apartheid e presidente da comissao de censura. Apos um casamento fracassado, ela ficou sozinha com sua filha, nao tinha como se manter financeiramente, passou a se auto-destruir, sofria assédio psicologico do seu pai que odiava tanto o seu comportamento como sua poesia. Assim como toda mulher que se rebelava na época, foi internada em um hospital psiquiatrico e tratada com eletrochoques, acaba se suicidando aos 31 anos.
Um de seus poemas "Die Kind" (abaixo) foi lido por Nelson Mandela em sua posse. Preciso urgente encontrar o livro dela.


The child is not dead  

The child is not dead
The child lifts his fists against his mother
Who shouts Afrika ! shouts the breath
Of freedom and the veld
In the locations of the cordoned heart
The child lifts his fists against his father
in the march of the generations
who shouts Afrika ! shout the breath
of righteousness and blood
in the streets of his embattled pride
The child is not dead not at Langa nor at Nyanga
not at Orlando nor at Sharpeville
nor at the police station at Philippi
where he lies with a bullet through his brain
The child is the dark shadow of the soldiers
on guard with rifles Saracens and batons
the child is present at all assemblies and law-givings
the child peers through the windows of houses and into the hearts of mothers
this child who just wanted to play in the sun at Nyanga is everywhere
the child grown to a man treks through all Africa
the child grown into a giant journeys through the whole world
Without a pass
Veja também:

domingo, 19 de junho de 2016

Mulheres na direçao: Léa Pool (Québec)


Léa Pool nasceu na Suiça, mas vive no Québec, Canada. Gosto bastante da tematica de seus filmes. Até o momento assisti a 3 deles:

Maman est chez le coiffeur (2008). É verao, década de 60, uma mulher jornalista descobre que seu marido a trai com um homem, ela pede para ser correspondente em Londres e deixa sua casa e os três filhos com o pai. É um filme bem bonito e sensivel. De um lado, o pai que nao pode se assumir. Do outro a mae, que se sente humilhada com a situaçao. O filme é mostrado pelo ponto de vista das crianças.


The Blue Butterfly (2004). Baseado em um historia real, um garoto chamado Pete, de 10 anos, com tumor cerebral, recebe a noticia dos medicos que tem apenas alguns meses de vida. Ele adora borboletas, seu sonho é capturar a borboleta azul, ele e sua mae tenta convencer um biologo entomologista Georges Brossard, apresentador de um programa sobre insetos na TV e fundador do insectario de Montreal, a leva-lo na floresta tropical, no habitat natural da borboleta.
É um filme sobre realizaçao do sonho, pois sonhar era tudo o que restava para ele,  fé na natureza, poder da mente, esperança, cura e superaçao. Talvez ter fé numa borboleta ainda é melhor do que nao ter fé em nada (meu caso).
A fotografia é muito bonita, imagens bem estilo National Geographic,  mostra insetos e animais na floresta, curandeiros, cultura indigena, cachoeiras e rios.



Lost and Delirious (2001). Duas meninas (Victoria e Paulie) se apaixonam no internato onde estudam e moram, até que a irma mais nova da Victoria flagra as duas na cama. Como a familia de Victoria é muito conservadora, ela termina a relaçao com Paulie, mesmo amando-a e passa a namorar um garoto.
Paulie é adotiva e esta em busca de sua mae biologica, mas a mesma recusou encontra-la. Sentindo-se rejeitada pela mae, por Paulie, sofrendo humilhaçoes na escola por causa de sua sexualidade, ela passa a ter um comportamento agressivo e auto-destrutivo.

É um filme muito triste sobre sexualidade na adolescência. Eu chorei muito e fui dormir, no dia seguinte meus olhos ficaram inchados toute la journée. Pensei que o choro fosse por causa da minha deprê, com a historia do filme, com o atentado em Orlando, peguei as dores e senti raiva desse mundo homofobico, mas fui no filmow dar nota no filme e todo mundo nos comentarios tinha chorado, entao nao é so minha emoçao que esta falando, realmente toca todo mundo.


Minha lista "Mulheres na direçao" no Filmow ja tem 1744 filmes cadastrados e 173 assistidos até o momento.

Veja também:

domingo, 12 de junho de 2016

Ultimas leituras: Victor Hugo, Fitzgerald, Arthur Miller e Annie Proulx

« Le dernier jour d’un condamné » (O ultimo dia de um condenado), de Victor Hugo.

« O bom juiz condena um crime sem ter odio do criminoso ». (Sêneca)


Gostei bastante, nao pela historia do condenado em si, mas pelo contexto historico da França nos sécs. XVIII e XIX, na era napoleônica.
Victor Hugo lutava contra as desigualdades sociais e contra a politica austera de Napoleao. Elegeu-se como deputado, fazia discursos inflamados denunciando a pobreza, as leis marciais, a escravidao e a pena de morte. Tenta convencer o povo a lutar contra a ditadura napoleônica. Com o golpe de estado, Victor Hugo foi expulso da França e ficou exilado na Bélgica durante 19 anos.
Três dias antes de morrer ele escreveu « Aimer, c’est agir » (amar é agir), ou seja, ele nao so escrevia sobre os problemas sociais e politicos, ele se engajava nos movimentos de resistência, entrou na politica, foi exilado.
Victor Hugo acreditava que a França, por ser o pais do Iluminismo e da Revoluçao, deveria servir de modelo às outras naçoes civilizadas e banir todo tipo de barbarie e crimes contra a humanidade.
Este livro é bem humanista, relata a historia de um homem que cometeu um crime e foi condenado à pena de morte. Sua mae e esposa estao doentes e ele tem uma filha pequena que vai tornar-se orfa dos pais. Mostra em grandes detalhes todo o sofrimento dele e tudo o que acontece ao seu redor, a imprensa, a massa de manobra gritando do lado de fora, a hipocrisia do padre que vai dar a bençao e fazer a ultima oraçao, a hipocrisia daquela gente da prisao que realiza os ultimos desejos dos condenados, sentimento de mea culpa, como se isso fizessem com que eles fossem mais humanos que carrascos.
O condenado foi levado à prisao no château de Bicêtre, construido no séc. XV pelo cardeal de Winchester (o mesmo que levou Joana D’Arc à fogueira), para em seguida ser guilhotinado.
Aprendi que guilhotina (fr. guillotine) vem do nome do seu inventor, Joseph-Ignace GUILLOTIN (1738-1814), médico, professor de Anatomia e deputado de Paris. Segundo ele e seu colaborador Antoine Louis, este instrumento é o mais rapido, seguro, digno  e menos barbaro para a execuçao de um condenado à morte. Porém, o condenado replica : « Eles têm certeza disso? Quem disse que nao ha sofrimento? Jamais um sem cabeça voltou para dizer : É verdade, nem doeu! Muito bem inventado! O mecanismo é muito bom.” (Esse humor noir francês… ahaha).
Aprendi também que a familia Samsom era a responsavel por fazer as cabeças rolarem, ou seja, a fazer o trabalho sujo. Eles guilhotinaram 2918 cabeças entre 1675 à 1847, entre elas, a de Maria Antonieta e seu marido Louis Capet, de Louis-Charles, de Danton, de Lavoisier e de Robespierre.

A morte do caixeiro viajante, de Arthur Miller

Fazia tempo que eu nao lia uma peça teatral, aproveitei e peguei essa que estava na minha wish list.
Arthur Miller foi um dramaturgo americano que esta entre os principais autores teatrais do séc. XX.
Off-topic : Eu sempre confundo o Arthur Miller com o Henry Miller, nao tem jeito, quando quero falar de um, falo do outro e vice-versa…
O caixeiro viajante é Willy Loman, um homem que trabalhou 36 anos na mesma empresa para conseguir comprar uma casa, educar os filhos e dar uma vida digna à esposa. Esta com 60 anos, cansado de tanto viajar e trabalhar, ao pedir ao patrao para trabalhar apenas na cidade, é despedido « para seu proprio bem », para poder descansar depois de tantos anos na labuta, seu trabalho na rende mais como deveria.
É triste ver a anulaçao e alienaçao do individuo por causa do trabalho, buscar um minino de reconhecimento depois de tantos anos de empresa e ser despedido sem receber nem um « obrigado », pelo contrario, percebe que nao passa de uma pedra de tropeço para aqueles que nao viam a hora de bota-lo pra fora na primeira oportunidade.
WILLY : Trabalhei a vida inteira para comprar uma casa e quando finalmente consegui, nao resta ninguém para morar nela. 
LINDA : A vida consiste em ir perdendo coisas, sempre foi assim…
O meu maior medo era ser Willy, ele parece com meu pai que também passou a vida trabalhando no mesmo lugar enquanto construia uma casa para morar, tipico da geraçao baby-boomers, ser capacho de patrao, ainda achar que era grande vantagem ter mil anos na mesma empresa e ter uma casa propria. Esse medo me fez  ser instavel e mudar de emprego constantemente, mas agora juro que quero um emprego estavel, cansei de ser vidaloka. Tenho medo também de ter uma casa propria, como se isso me obrigasse a ter que ficar no mesmo lugar para o resto da vida, sou sagitariana com alma cigana, preciso circular e mudar de ares.
Willy tem dois filhos que nao se esforçaram nos estudos, nao têm um emprego decente e ele se sente culpado pelo fracasso deles, estao na casa dos 30 anos, sao dois ingratos, irresponsaveis e parasitas, mas ao mesmo tempo entendi o porquê deles serem assim. Até concordo com Biff quando diz : « Padecemos 50 semanas do ano trabalhando, atendendo telefones, tendo sempre que superar os outros, para ter apenas duas semanas de férias, quando o que você realmente deseja é estar ao ar livre sem camisa. »
Ao pagar o seguro de vida Willy me solta essa : « é curioso, depois de tantos anos trabalhando nas estradas, a gente acaba valendo mais quando esta morto do que quando esta vivo. » Sinto o mesmo quando olho meu hollerith e meu seguro de vida.
Essa peça me deixou triste e reflexiva. De um lado o Willy se matando de trabalhar, sendo fiel à mesma empresa, tentando fazer tudo certinho e no fim so se ferrou. Os filhos se viravam como podiam, eram instaveis e losers, mas nao eram tao pior que o pai. Ser responsavel ou irresponsavel, se no fim acaba todo mundo ferrado? Nao tem escapatoria, sabe… Life sucks.
Este ano me programei para ler e reler ao menos 10 peças teatrais. 

A montanha Brokeback, de Annie Proulx

Li para para o meu projeto “Literatura na sétima arte” que consiste em ler o livro e ver o filme baseado no mesmo. Ja tinha visto o filme (2005), que é muito bom, dirigido por Ang Lee, so me faltava ler o livro.
É um conto sobre a historia de amor entre Ennio del Mar e Jack Twist, dois homens rusticos que trabalham nos ranchos com gados, ovelhas e cavalos. Em 1963, os dois nao tinham nem 20 anos, foram trabalhar durante o verao na montanha Brokeback cuidando dos rebanhos.
"Não sou bicha", e Jack respondeu com um "Nem eu". Isso é só uma vez ou outra.
Eles negam até o fim que nao sao gays, casam com mulheres para tentar provar o que nao precisa ser provado, mas sao cabeças-duras. Entendo que para eles naquela época, em um lugar cheio de testosterona, o trabalho braçal de roça, que homem tem que ser homem, era muito dificil sair do armario.
É uma historia lindissima e triste.

O grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald


Li para o Clube dos Classicos Vivos, do Goodreads e para o meu projeto “Literatura na sétima arte”.
Fitzgerald denuncia a vida futil dos ricos americanos dos anos 20. Ele mesmo frequentava festas, viajava para Europa e ostentava como ninguém.
A historia é narrada por Nick Carraway, vizinho de Gatsby e primo da Daisy. Gatsby era um zé ninguém que de repente ficou milionario, dava festas em sua casa que so ia gente importante : atores de Hollywood, musicos, politicos, mafiosos, etc. Era tudo ostentaçao. Tem uma historia de amor tragica como pano de fundo que se a gente nao tiver cuidado, a gente acaba que nem o Nick, tendo dozinha do Gatsby, como se ele fosse um santo e tudo que fazia era por amor. Nesse mundo ha gente que transforma amor em maquiavelismo, acha que por amor pode tudo, os fins justificam os meios, inclusive ha até homicidio por amor (crime passional). WTF humanos!
Algumas pessoas nessa época ou eram herdeiras ou enriqueciam ilicitamente vendendo de bebidas alcoolicas que eram proibidas, na corrupçao que rolava solta, na troca de favores, etc. E a ingênuos que acreditam que é trabalhando em escritorio que se vence na vida. Sabe de nada, inocente! Milionario nao precisa disso, so precisa saber fazer lobby com governo, empregar mao-de-obra barata ou escrava no terceiro mundo, explorar tudo (meio-ambiente inclusive) e todos, investir na bolsa de valores, ser corrupto e voilà la recette du succès.
Aquele Tom Buchanam, marido da Daisy, um rico, branco, conservador, defensor da familia e dos bons costumes, racista e machista (mas tinha amantes e andava em lugares nao condizentes com sua crença porque essa gente que mais fala é a que mais apronta).
Era muito comum nessa época, inclusive entre o meio acadêmico e cientifico, a crença em uma raça superior, isso nao era coisa so de Hitler nao, ele so se apropriou de uma ideia que eram bem difundida na época e Tom era um dos defensores dessa crença.
- A civilização está caindo aos pedaços – interrompeu Tom. – Eu me transformei em um terrível pessimista a respeito de tudo. Você leu A ascensão dos impérios de cor, desse tal de Goddard?
  – Não, não li – respondi, muito surpreso com seu tom de voz.  – Bem, é um ótimo livro e todo mundo deveria lê-lo. A ideia geral é a de que, se não tivermos cuidado, a raça branca vai ser... ora, vai ser totalmente subjugada. Tudo isso é uma questão científica, foi tudo provado.  – Bem, esses livros são todos científicos – insistiu Tom, lançando-lhe um olhar impaciente. – Este camarada estudou o tema a fundo. A responsabilidade é nossa, porque somos nós que pertencemos à raça dominante. Temos de ficar de olhos bem abertos e ter cuidado com todas essas outras raças, caso contrário eles vão assumir o controle das coisas. Sei muito bem que as pessoas hoje em dia estão fazendo troça da vida em família e das instituições familiares. A próxima coisa que vão fazer é jogar tudo para o alto e permitir o casamento de negros com brancos.
Tom sendo machista :
Meu Deus, posso ter ideias um tanto conservadoras, mas realmente as mulheres têm excesso de liberdade hoje em dia. Liberdade demais para o meu gosto. Elas ficam conhecendo um monte de gente maluca.
Bateu na amante :
"Com um único movimento, rápido e ágil, Tom Buchanan quebrou-lhe o nariz com a mão aberta. Então surgiram toalhas ensanguentadas no chão do banheiro, vozes de mulheres fazendo recriminações e, bem alto, acima de toda a confusão, longos e entrecortados gemidos de dor.”
Conselho do pai do Nick :
“Sempre que tiver vontade de criticar alguém – recomendou-me –, lembre primeiro que nem todas as pessoas do mundo tiveram as vantagens que você teve"
Esse conselho foi meio castrador e isso impedia Nick de criticar o estilo de vida de seu vizinho, pois achava que por Gatsby ter tido uma vida dificil na infância, explica o que ele tinha se tornado na idade adulta.

Filme


Apos ter lido o livro, passei na biblioteca e peguei o filme  « The Great Gatsby », dirigido por Baz Luhrmann (o mesmo que dirigiu Moulin Rouge e Romeo + Juliet), com Leozinho DiCaprio, a fofa da Carey Mulligan e o Tobey Maguire nos papeis principais. Figurino e cenario dos anos 20 que sao a coisa “marlinda”. A trilha sonora é magnifica, mistura musica dos anos 20 com hip hop e pop atual, tem “Young and Beautiful” da Lana Del Rey, “Crazy in Love”, da Beyoncé, “Back to Black”, da Amy Winehouse, "Kill and run", da Sia, entre outras. A fotografia também é lindissima. Resumindo: É um deslumbre! Perfeito! Fiz uns gifs.

Gatsby e Daisy ♥
Festas da ostentaçao
Esse maldito carro amarelo....

Esses olhos que tudo vê...
Trouble....
Quero um telefone vintage desse....
Algumas musicas da trilha estao disponiveis no Spotify

sábado, 19 de março de 2016

Livro + filme: A Cor Purpura, de Alice Walker

Este livro ja estava na minha lista "Literatura na sétima arte" e também foi o escolhido para o mês de fevereiro no grupo de leituras feministas "Our Shared Shelf", do Goodreads (ja somos mais de 120.000 no mundo inteiro, yeah!)

Alice Walker
"A Cor Purpura" é um romance epistolar que sempre entra na lista dos 100 livros mais censurados dos EUA por causa da linguagem "nao-apropriada", da violência e da sexualidade explicita retratada.

A historia é situada no interior da Georgia (EUA), acompanha a vida de Celie, uma jovem negra, pobre e sem acesso à educaçao, entre os anos 1900 a 1930. Aos 14 anos ela foi estuprada pelo homem que ela considerava ser o pai (ela chamava-o de Pa) e teve dois filhos com ele. Porém os filhos foram retirados dela. Por volta dos 20 anos, casa contra sua vontade com um homem violento, Albert Johnson, que estava interessado na sua irma mais nova Nettie. Ela nem sabia o nome dele, chama-o de Mr. (senhor), é espancada, estuprada e nao passa de uma empregada doméstica na casa, cuidando dos filhos do primeiro casamento dele.
Nettie gosta de estudar e apos ser expulsa da casa do Mr., vai acompanhar uma familia missionarios que estavam indo para Africa. Nettie prometeu a Celie que sempre escreveria cartas para ela, porém o Mr. nunca as entregou para Celie. Como nao podia escrever para sua irma, ela passa a escrever para Deus, mas depois questionou isso:
"O Deus a quem eu rezava e escrevia é um homem. E faz tudo o que fazem os outros homens que eu conheço. Engana, faz-se esquecido e não é honesto. 
Deus era branco e homem, perdi o interesse."
Com o passar do tempo, chega na casa do Mr. sua ex-amante, Shug Avery, uma mulher que ele sempre amou e respeita, ela é cantora e livre, faz o que quer. Ao conhecer Celie, elas passam a ser boas amigas, confidentes e Shug começa a empoderar Celie que até entao sempre sofreu tudo calada, sempre foi obediente. 
"Eu nao sei lutar, apenas sei manter-me viva".
Outra personagem feminina forte é a Sofia, esposa do filho do Mr. Ela nao leva desaforo para casa, nunca apanhou sem revidar, batia até em homens, de igual para igual.

É um livro sobre a condiçao da mulher negra nos EUA, sobre sororidade, sobre como cada mulher tinha sua maneira de sobreviver, sobre sexualidade feminina, violência doméstica, desigualdades sociais, colonizaçao na Africa, etc. É muito bom! Dei nota 5/5, no Goodreads. 
Uma dica: Se você lê em inglês é melhor, pois é escrito do jeito que os negros sulistas falavam na época e lido em outro idioma, perde-se essa riqueza literaria.

O Filme

O filme homonimo, de 1985, foi dirigido por Steven Spielberg, tendo a Whoopi Goldberg no papel de Celie, a Oprah no papel de Sofia e o Danny Glover foi o Mr. Johnson.
O livro é mais profundo, nos leva à reflexao, temos um sentimento de revolta. Ja o filme é mais melodramatico, nos leva às lagrimas, coisa que Spielberg sabe fazer muito bem. Resumindo: os dois sao otimos, cada um à sua maneira.


Shug e Celie ♥

sábado, 23 de janeiro de 2016

Mulheres na direçao: Nancy Meyers (EUA)


Nancy Meyers é americana e rainha dos filmes fofos de "sessao da tarde". Ainda temos algo em comum: fazemos aniversario no mesmo dia. Ela deve ser a pessoa mais aparentemente "normal" que nasceu em 8 de dezembro, quem nasce nessa data tende a ser autodestrutivo, pessimista, caotico e criativo, vide Jim Morrison, Camille Claudel, Diego Rivera, Florbela Espanca, Sinéad O'Connor, etc. Ela é a diferentona lol.
Claro que ja vi toda sua filmografia ao longo dos anos, incluindo o filme mais recente, "O senhor estagiario"(The Intern) que vos falarei a seguir:


Jules (Anne Hathaway) é um emprendedora, criou um e-commerce de moda, em pouco a empresa cresceu muito e ela anda sobrecarregada. Seu marido abdicou da carreira para cuidar da filha e da casa para que ela conquistasse o sucesso (o famoso american dream).
Ben (Robert De Niro) é um viuvo aposentado de 70 anos que entediado em casa decide candidatar-se à vaga de estagiario sênior na empresa de Jules. Como a empresa é composta de funcionarios jovens, eles queriam alguém com uma certa experiência de vida para equilibrar um pouco.
Ao meu ver, Ben torna-se o paizao de todo mundo, dando conselhos para galera.

O proximo filme é o meu favorito de todos os dirigidos pela Nancy Meyer, um daqueles filminhos mamao com açucar que gosto de assistir na época de Natal, "O amor nao tira férias" (The Holiday)

Amanda (Cameron Diaz) é empresaria nos EUA e produz trailers de filmes, descobre que foi traida pelo namorado.
Iris (Kate Winslet) é jornalista no Reino Unido, é apaixonada por um colega de trabalho e descobre que ele vai casar com outra.
Amanda e Iris entram em um site de intercâmbio de casas e uma vai para casa da outra para ficarem sozinhas e esquecerem os problemas, mas como diz o titulo em português, o amor nao tira férias.

"Simplesmente complicado" (It's complicated) é sobre um casal divorciado, Jane (Meryl Streep) e Jake (Alec Baldwin), pais de 3 filhos e por isso têm uma relaçao cordial um com outro. Jake a deixou por uma mulher mais nova, mas acabam tendo uma recaida e passam a se ver com mais frequência. A mulher é boba, mas nao é besta, uma hora ela acorda para vida. Tem hora que cansa fazer papel de trouxa, nao é?  É mais uma filme que fala da sexualidade na terceira idade.

O outro que fala de sexualidade na terceira idade é o "Alguém tem que ceder". Harry (Jack Nicholson) é um executivo do ramo musical que so fica com meninas com idade de serem suas filhas. Nunca tinha ficado com uma mulher da idade dele. Vai passar o fim de semana na casa de sua namorada, tem um ataque cardiaco e acaba ficando sob cuidados da mae de sua namorada, a dramaturga Erica (Diane Keaton) e do médico Julian (Keanu Reeves). Aff, so tive olhos para o Keanu Reeves, meu crush eterno.


"Do que as mulheres gostam". Nick (Mel Gibson) é um executivo da area de propaganda e marketing, machista e egoista, leva um choque e começa a ler o pensamento das mulheres e usa isso para se dar bem, mas depois vai ficando mais compreensivo com elas.
Foi o primeiro filme dirigido por uma mulher mais rentavel da historia.

Operaçao cupido é uma refilmagem, o primeiro filme foi feito em 1961 com muito sucesso de bilheteria e depois a Disney relança esta versao em 1998, dirigido por Nancy Meyers e o sucesso se repetiu.
Narra a historia de duas meninas, interpretadas pela Lindsay Lohan, que se encontram em um acampamento de férias e notam que sao muito semelhantes, entao elas descobrem que sao gêmeas e foram separadas, uma mora com a mae em Londres e outra mora com o pai nos EUA. O filme mostra duas crianças que forçam uma situaçao para aproximar os pais.




Os filmes dela sao do tipo gracinha que agrada a familia tradicional-conservadora, classe média "do bem". Convenhamos que esses filmes nao tem diversidade, nem etnicidade, tao branco quanto os concorrentes do White-Skinny-Oscar 2016.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Mulheres na direçao: Alice Guy-Blaché (França)


Alice Guy foi a primeira mulher a dirigir e a produzir um filme (1896), foi a unica durante 17 anos. Ela trabalhava como secretaria na empresa de fotos e filmes Gaumont, a mais antiga sociedade cinematografica do mundo. Ela pediu permissao para seu chefe se podia fazer umas filmagens por hobby, ele autorizou desde que fosse fora do expediente. 
Alice Guy dirigiu em torno de 700 filmes, infelizmente sobraram poucos, a maioria desapareceu durante as guerras. Ela imigrou para os Estados Unidos e criou uma produtora la. Seu marido deixou-a para ficar uma das atrizes e ela acabou voltando para França com os filhos.
Ao chegar na França, o cinema tinha mudado, seu nome caiu no esquecimento e ela passou o resto da sua vida tentando recuperar seus filmes e ser reconhecida como a primeira diretora.
Achei alguns filmes no Internet Archives e no Youtube, eis aqui:

A cola

Folhas caindo
Uma jovem esta doente e o médico diz que quando todas as folhas das arvores cairem no outono, ela morreria, entao sua irmazinha começa a tentar colocar as folhas de volta nas arvores. Own! Muito fofo!

A mulher esta com desejo

Na barricada

O resultado do feminismo

A pequena heroina

Ela também dirigiu A paixao de Cristo, o primeiro filme com mais de 30 min.

Foi a primeira vlogueira também, filmou sua viagem para Espanha


Tem um documentario sobre ela, chamado "Jardim esquecido", no site National Fim Bord (em francês).

Veja também:

sábado, 9 de janeiro de 2016

Mulheres na direçao: Rebecca Zlotowski (França)

Rebecca Zlotowski tem 35 anos e faz parte da nova geraçao cinematografica feminina francesa.
Ela dirigiu três filmes: Belle épine, Grand Central e Planetarium, este ultimo ainda nao foi lançado, mas ja assisti aos dois primeiros.

Belle épine (2010) - drama

No final dos anos 70, Prudence (Lea Seydoux) acaba de perder sua mae, seu pai pede demissao e viaja, deixando-a sozinha na casa. Em seguida ela fica proxima de uma estudante "rebelde" do lycée, chamada Marilyne, que a leva para o circuito de motoqueiros. Ela acha tudo aquilo libertador, afinal ela sai um pouco do marasmo, conhece gente, corre perigo, pois muitos morreram apostando corrida e também acaba se envolvendo com um deles, foi o jeito que ela encontrou para lidar com o luto e a solidao.


Grand Central (2013)

Gary (Tahar Rahim ♥) sempre trabalhou em subempregos e viu uma oportunidade de ganhar melhor trabalhando numa usina nuclear. Apos um tempo ele conhece Karole, esposa de um colega e eles passam a ter um caso.
Achei interessante ver dentro de uma usina nuclear. Para entrar, os empregados passam por uma higiniezaçao e usam roupas proprias para evitar o contato com a radiaçao e para sair é a mesma coisa. É uma forma sensivel de falar sobre o lixo atômico, a contaminaçao do meio-ambiente, das pessoas e dos animais.

Planetarium (2016)

O proximo filme sera sobre duas irmas espiritas (Natalie Portman e Lily-Rose Depp) que fazem contatos com fantasmas, nos anos 30. Um produtor propoe a elas um contrato de um ano para fazer um filme experimental, mas parece que ele tinha outras intençoes mais osbscuras. 
A Lily-Rose é filha do Johnny Depp e da Vanessa Paradis.
Estou ansiosa para ver!


Consideraçoes finais:

Os filmes da Rebecca Zlotowski sao mais introspectivos, meio paradao para o publico mais Blockbuster, nao é do tipo que agrada todo mundo, mas eu achei bem interessante, assista com a mente aberta.

Veja também:
Mulheres na direçao: Malgorzata Szumowska (Polônia)
Escritora e diretora: Virginie Despentes (França)

sábado, 2 de janeiro de 2016

Mulheres na direçao: Malgorzata Szumowska (Polônia)


Bendita hora ociosa que inventei de criar a lista "Mulheres na direçao" no Filmow, 3 anos atras. Coloquei algumas diretoras que ja conhecia, pesquisei outras, outros usuarios fofos tb foram indicando e hoje ja tem mais de 1300 filmes cadastrados, dos quais assisti apenas 9,5% por enquanto.

O primeiro filme da Malgorzata Szumowska que vi foi "Elas" (Elles), nao sei se passou na Mostra de Cinema de Sao Paulo ou na Reserva Cultural, lembro-me de ter amado o filme, mesmo sem saber se era uma mulher que dirigia, so descobri que era na hora de fazer a lista mesmo. 

Estou apaixonada pelos filmes dela, depois de "Elles", ainda assisti "Em nome de..." e "Body". Gosto do jeito que ela retrata temas dificeis de uma forma sutil e bela.


Em "Elles", Anne (Juliette Binoche) é uma jornalista, mae, esposa e vive uma vida burguesa em Paris. Ela decide escrever um artigo sobre prostituiçao de estudantes e marca encontros com essas prostitutas para entrevista-las. Conforme essas meninas vao contando o que fazem com os clientes ela ela passa a questionar nao apenas seu papel de mulher, mas também sobre dinheiro, familia e sexo. Ela sente vontade de ser mais sexy, de fazer coisas com o marido, mas ele é puritano demais para aceitar isso. Mostra que esses homens que endeusam as esposas, recusam fazer sexo picante com elas, sao os que procuram as prostitutas para preencher esta lacuna, um tipo de respeito bem hipocrita, convenhamos. 
Interessante como Anne passa a compreender e até se solidarizar com essas meninas que vivem uma vida tao diferente da dela. A partir do momento que a gente entende melhor uma situaçao a gente passa a ser mais tolerante.
Ha aquela discussao sobre "mulheres para casar e mulheres para fazer sexo", tratada de uma forma muito sutil e brilhante. Juliette Binoche da um show de interpretaçao como sempre.


"Em nome de..." é um filme muito lindo e sensivel, é o primeiro filme de tematica homossexual da Polônia. Narra a historia do padre Adam que foi transferido para um cidadezinha do interior, organiza um centro comunitario para meninos problematicos e acaba se apaixonando por um morador local. Tem uma boa fotografia e uma boa trilha sonora. Também tem muitas moscas zumbindo, um recurso que ela utilizou e achei otimo, afinal onde ha mosca, ha merda, nao é? Sem falar no nome do padre que é Adao e tem uma personagem chamada Eva que gosta dele. A negaçao de Eva foi outro recurso sensacional, renegar a tradicional criaçao homem x mulher, o primeiro casal heterossexual biblico que deveria servir de exemplo para o padre, mas so que nao, né? Gosto de tematicas que falam de dogmas/sexo x religiao. 
Fiz até um gif para o padre, o ator Andrzej Chyra, que para mim é um dos melhores atores da Polônia.



Por ultimo, assisti "Body", eu queria falar tanta coisa sobre esse filme, mas nao sei nem por onde começar. Vou tentar ser rapida e concisa, sera que consigo? Este filme usa o corpo para expressar como a gente lida com a vida e a morte. Ha corpos mortos, corpos magros, corpos gordos, corpos velhos, corpos jovens.
Janusz é um perito criminal, seu trabalho é relatar as circunstâncias em que se encontravam os corpos na cena dos crimes. Ele é viuvo e pai da Olga, um jovem que sofre de anorexia, eles mal se falam.
Janusz interna Olga em uma clinica psiquiatrica para fazer terapia e curar sua anorexia, sua terapeuta é a Anna, uma mulher solitaria que acredita em vida apos a morte, é médium, acredita no "espiritismo brasileiro" e cita frases do Divaldo Franco.
A personagem de Anna é bem intrigante, a gente costuma imaginar terapeutas como pessoas capazes de lidar com problemas dificeis da vida. Ela é uma otima profissional, mas fora do trabalho ela é o tipo de pessoa que se a gente vê na rua, logo imagina que ela precisa de um psicoterapeuta urgente. A dualidade esta entre a ciência/ medicina x espiritualidade, apegar-se às coisas do além para conseguir lidar com os problemas e as perdas do dia-a-dia.



Conclusao:

Foi um imenso prazer conher o trabalho desta diretora, ela expoe as fraquezas e as angustias humanas sem vitimizar, sem cair no piegas, mas de forma justa, coerente e tocante. Os primeiros filmes de sua carreira nao assisti porque nao achei em lugar nenhum, mas se achar, vou atualizando aqui no blog. Super recomendo!