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sábado, 26 de novembro de 2016

Mulheres na direçao: Margarethe von Trotta (Alemanha)

Apos mais de 4 meses sem falar de filmes dirigidos por mulheres, senti a urgência de falar do trabalho da atriz, produtora e diretora alema, Margarethe von Trotta. Assisti à 7 filmes dela e vou fazer resuminho de cada um deles, recomendo-os muito, principalmente os filmes sobre as personalidades femininas alemas.

A honra perdida de Katharina Blum (1975)


Katharina, na semana de carnaval, saiu com um homem que estava sendo monitorado pela policia por envolvimento em atividades criminais. Eles passaram a noite juntos e logo de manha a policia chegou no apartamento dela procurando por ele, mas ele ja tinha fugido. 
Este filme é uma critica à imprensa sensacionalista que por se beneficiar da "liberdade de imprensa e de expressao", usa os métodos mais sujos para tornar publica a vida privada e as informaçoes confidenciais de uma pessoa que nao tem nem o direito de se defender. O jornalista passou a publicar coisas sobre ela questionando seu envolvimento com o criminoso, acusando-a de cumplice, de comunista, de prostituta e varios outros adjetivos dados principalmente às mulheres.


Anos de chumbo (1981)

Conta a historia de duas irmas, filhas de um pastor autoritario na Alemanha Nazista e que na adolescência rebelaram-se e passaram a lutar contra as injustiças. Mariane virou militante e acabou sendo presa e Juliane trabalhava em uma revista feminista e participava de manifestaçoes pelo direito da mulher poder decidir o que fazer com seu proprio corpo.
Mencionei quando li o livro "Ser Mulher no III Reich", de que Hitler tinha todo um conceito romântico de maternidade, dava medalhas para as maes que tinham mais filhos, etc. Este filme mostra com imagens da época como era exatamente esta propaganda de procriaçao.
Mariane teve um filho, mas nao pôde cuidar dele e Juliane a principio também nao podia. O filme fala de varios assuntos: familia, maternidade, trabalho, justiça, envolvimento em causas politico-sociais, militância, tratamento dado aos presos-politicos, papel da imprensa, entre outros.

Rosa de Luxemburgo (1986)


Sobre a vida de militância da judia de origem polonesa, Rosa de Luxemburgo. Ela trabalhou como jornalista e tradutora na impressa socialista, falava alemao, russo, francês, polonês e idiiche fluentemente. Era contra o nacionalismo, pois ja previa o que veio depois, os regimes totalitarios nacionalistas. Também foi contra a Primeira Guerra, queria que a implantaçao do socialismo fosse pacifico e democratico. Foi uma das fundadoras do Partido Comunista da Alemanha, do Partido Social-Democrata da Polônia e criticou severamente a politica dos bolcheviques na Revoluçao Russa. Fazia discursos inflamados e era sempre ovacionada ou odiada. Foi presa 9 vezes e depois assassinada juntamente com seu colega Wilhelm Pieck, em 1919.

Rosenstrasse (2003)


Narra os eventos ocorridos em 1943, na rua Rosen, onde um prédio foi usado como prisao de judeus durante o Nazismo. Mulheres alemas que eram casadas com judeus faziam vigilias no local esperando algum pronunciamento das autoridades da SS, queriam saber se eles estavam bem, tinham esperanças de vê-los ao menos pela janela.

Eu sou a outra (2006)


É um thriller psicologico sobre uma mulher com multiplas personalidades, ora era Alice, ora era Carlota e ora era Carolin. Uma dessas personalidades era mulher de negocios, outra saia à noite para se prostituir e a outra tinha complexo de Elektra, mantinha um relacionamento incestuoso com o pai. "Somos varias pessoas tentando ser uma".

Visao: A vida de Hildergard von Bingen (2009)


Hildergard foi uma religiosa do séc. XII que tinha visoes e escrevia sobre elas. Criou um convento para mulheres (antes padres e freiras viviam sob o mesmo teto e algumas freiras apareciam gravidas apos serem estupradas, entao ela pediu um espaço so para elas). Inventou a Lingua Ignota, uma lingua que so ela falava e escrevia. Foi médica e deixou varios escritos sobre Medicina e farmacia. Compôs mais de 70 cantos liturgicos, hinos e um musical intitulado Ordo virtutum. Alguns destes cantos estao disponiveis no Spotify para quem tiver interesse.


Preciso falar de mulheres religiosas neste blog. Em breve falarei de uma para começar esta série aqui.

Hannah Arendt (2012)


Hannah Arendt, judia-alema, foi a aluna preferida de Heidegger, escritora, filosofa, professora universitaria, poetisa, jornalista, etc. Durante a era Nazista ela se exilou nos EUA, perdeu a nacionalidade alema por ser judia, viveu 14 anos como apatrida e finalmente obteve a nacionalidade americana.
O filme narra o periodo pos-guerra em que ela foi convidada pela revista The New Yorker para escrever uma materia sobre julgamento de Adolf Eichmann e que foi um dos artigos mais controversos da historia, causando revolta na comunidade judaica. Enquanto todos estavam sedentos de vingança e de justiça, querendo a morte de Eichmann, ela disse que ele nao era um monstro, era apenas um burocrata do governo que estava apenas fazendo seu trabalho sem refletir. Ele fazia o controle/relatorios de pessoas que entravam nos trens para serem levadas aos campos de concentraçao, era um "laranja" que fazia "o que tinha de ser feito", so "cumpria ordens" e queria "mostrar serviço". Eu tenho pavor de gente que usa essas desculpas para justificar o trabalho de merda que fazem, pensando que podem ser isentos de condenaçao.
Os judeus acharam que ela estava defendendo ele, enquanto ela queria que ele fosse mesmo julgado e condenado, mas queria também deixar claro que estava sendo julgado mais por ser um ignorante que nao pensava, porque era um "pau-mandado" do que por ter cometido crimes, ele pessoalmente nao matou ninguém, mas controlava a saida dos trens que levavam pessoas para camaras de gas.

Minha lista "Mulheres na direçao" no Filmow (1762 filmes cadastrados e 182 assistidos até o momento).

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sábado, 30 de julho de 2016

Mulheres na direçao: Haifaa Al-Mansour (Arabia Saudita)

Haifaa Al-Mansour, primeira mulher cineasta da Arabia Saudita
Assisti ao filme O Sonho de Wadjda (2012), dirigido pela  cineasta Haifaa Al Mansour. Trata-se de uma menina de 10 anos que luta contra o patriarcado fundamentalista na Arabia Saudita. Nem vou escrever muito para nao deixar a emoçao falar no lugar da razao, porque o mundo esta longe de ser um lugar seguro as mulheres e isso me deprime.


O sonho de Wadjda era ter uma bicicleta, ela vai tentar juntar dinheiro para compra-la. Passa a vender pulserinhas na escola, mas a diretora confisca-as. Depois participa de um concurso de leitura do corao para ganhar o prêmio em dinheiro. O problema é que la mulher nao pode dirigir, muito menos andar de bicicleta, dizem que elas correm o risco de perder a virgindade ou de serem estéreis.
É muita opressao e pressao, mulher nao pode rir, o homem nao pode ouvir a voz de uma mulher, a mulher tem que se esconder quando vê um homem, tem que usar burka preta. Existe uma policia religiosa que fica de olho no que as pessoas vestem e como se comportam na rua, etc.
O pai dela deixa a mae porque ela tinha problemas para engravidar e quando conseguiu, nasceu uma menina, ou seja, nasceu a Wadjda. Entao ele casa com outra para poder ter filhos homens, pois so eles que herdam bens e fazem parte da genealogia da familia. Tem uma hora que a Wadjda escreve o nome dela na arvore genealogica do patriarcado. Yes, sista!
A mae dela faz de tudo pela familia, nao corta o cabelo porque o marido nao quer, fica fazendo chapinha porque ele gosta de cabelo liso, cozinha, se arruma para ele, mas para variar, ele é um babaca.
Wadjda gosta de tênis all star surrado, de correr com os meninos, de escutar musica, odeia portar o veu, odeia as oraçoes, odeia a obediência cega.
Recomendadissimo! Lembre-se: Nunca vote em politicos religiosos porque ninguém é obrigado a seguir uma religiao imposta. Estado laico sempre!

Minha lista "Mulheres na direçao" no Filmow ja tem 1747 filmes cadastrados e 178 assistidos até o momento.

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sexta-feira, 22 de julho de 2016

Mulheres na direçao: Paula van der Oest (Holanda)


Assisti a dois filmes da diretora Paula van der Oest: "Lucia de B." e "Black Butterflies"

Lucia de B. (2014)



Baseado em fatos reais, narra a historia de uma enfermeira holandesa que foi condenada injustamente à prisao perpétua por de ter cometido 7 assassinatos no hospital em que trabalhava, sendo as vitimas bebês e idosos. 
Os advogados dos acusaçaos nao tinham nenhuma prova concreta que ligava-a às mortes, tentaram incrimina-la de acordo com seu perfil psicologico e suas atitudes, pois ela era uma pessoa muito reservada, nao comia com as outras enfermeiras, teve uma infância muito dificil, sua mae obrigava-a a se prostituir, escrevia umas coisas estranhas em seu diario, lia livros sobre psicopatas e baseado neste seu historico, apos a morte de um bebê na UTI e um laudo errôneo da médica, tudo levou a crer que o bebê tinha tido uma overdose de remédios, quando na verdade ele tinha morrido por complicaçoes no seu estado clinico. As outras mortes que quiseram incrimina-la aconteceram em horarios ou dias que ela nem estava la. Como se defender com a imprensa massacrando e ja condenando? Filmaço! Pra quem gosta de filmes sobre erros judiciarios, fica a dica!


Black Butterflies (2011)


É um filme sobre a vida da poetisa sul-africana, Ingrid Jonker. Vivia em uma familia conservadora, seu pai era membro do parlamento, deputado do Partido Nacional, a favor do Apartheid e presidente da comissao de censura. Apos um casamento fracassado, ela ficou sozinha com sua filha, nao tinha como se manter financeiramente, passou a se auto-destruir, sofria assédio psicologico do seu pai que odiava tanto o seu comportamento como sua poesia. Assim como toda mulher que se rebelava na época, foi internada em um hospital psiquiatrico e tratada com eletrochoques, acaba se suicidando aos 31 anos.
Um de seus poemas "Die Kind" (abaixo) foi lido por Nelson Mandela em sua posse. Preciso urgente encontrar o livro dela.


The child is not dead  

The child is not dead
The child lifts his fists against his mother
Who shouts Afrika ! shouts the breath
Of freedom and the veld
In the locations of the cordoned heart
The child lifts his fists against his father
in the march of the generations
who shouts Afrika ! shout the breath
of righteousness and blood
in the streets of his embattled pride
The child is not dead not at Langa nor at Nyanga
not at Orlando nor at Sharpeville
nor at the police station at Philippi
where he lies with a bullet through his brain
The child is the dark shadow of the soldiers
on guard with rifles Saracens and batons
the child is present at all assemblies and law-givings
the child peers through the windows of houses and into the hearts of mothers
this child who just wanted to play in the sun at Nyanga is everywhere
the child grown to a man treks through all Africa
the child grown into a giant journeys through the whole world
Without a pass
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domingo, 10 de julho de 2016

Mulheres na direçao: Solveig Anspach (Islandia)

Solveig Anspach faleceu ano passado (2015) de cancer.
Assisti ao filme "Louise Michel, la rebelle", dirigido pela cineasta islandesa Solveig Anspach.
Antes de falar do filme vou esclarecer algumas coisas: Um breve conceito de anarquia e em seguida, a apresentaçao da Louise Michel.
A anarquia é uma ideologia que vem da Grécia antiga (anarkhia) e significa ausência de governo. Esta ideologia foi retomada nos séculos 18 e 19 por William Godwin e por Max Stirner. Em grosso modo, significa que a sociedade pode se organizar sem governos e sem autoridades dando ordens. Nem preciso dizer, pois quem conhece um pouco de historia sabe que esse movimento foi rapidamente censurado, foi uma verdadeira caça às bruxas, muitos pensadores e militantes foram perseguidos, mortos, torturados e exilados.

Louise Michel foi uma militante anarquista francesa, nasceu em 1830 e desde pequena roubava comida na casa para dar aos miseraveis. Era fascinada por Voltaire, estudou para ser professora e escrevia poesias. Lutou por uma educaçao para todos, independente de gênero (homens tinham uma educaçao diferente das mulheres e as escolas eram separadas), lutou por orfanatos laicos, visto que era a igreja catolica que os comandava na época. Além disso, lutou na Comuna de Paris e teve que se render porque sequestraram sua mae. Foi deportada para Nova Caledonia junto com outros combatentes da Comuna.
O filme começa com esta historia da deportaçao, la ela conhece mais a fundo a ideologia anarquista. Também tenta se comunicar com os Kanaks, os nativos desta regiao isolada do mundo, apoiando-os na revolta de 1878.
Em 1900 houve a anistia para os presos politicos e ela pode retornar à França onde orquestrou varios protestos, saqueou padarias juntamente com os desempregados e famintos, foi presa varias vezes, levou um tiro na cabeça, nao morreu e ainda pedoou o atirador. Foi a primeira pessoa a levantar a bandeira negra, simbolo do movimento anarquista até hoje. Trocava cartas com Victor Hugo. Faleceu em 1905 e a populaçao de Paris fez um cortejo funebre, foi um dos funerais mais marcantes da França.
A atriz Sylvie Testud atou brilhantemente no papel da Louise Michel, eu adoro esta atriz e todos os filmes que ela faz. Recomendo a todxs que se interessam pela historia do anarquismo e pela historia da luta feminina. Tantas mulheres que lutaram por varias causas ao longo da historia, mas quase nunca sao citadas nos livros, entao temos que aproveitar o pouco do material disponivel para conhecê-las melhor. Fica a dica!
Outro filme sobre anarquia, "Les Anarchistes" que citei aqui, a personagem representada pela atriz Adèle Exarchopoulos foi baseada em uma outra mulher anarquista francesa, a Rirette Maîtrejean.

Minha lista "Mulheres na direçao" no Filmow ja tem 1744 filmes cadastrados e 175 assistidos até o momento.

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domingo, 3 de julho de 2016

Mulheres na direçao: Nanouk Leopold (Holanda)


Nanouk Leopold é uma cineasta holandesa. Assisti a dois filmes dela: “Movimento Browniano” e “É tudo tao calmo”. O tema recorrente em seus filmes é a sexualidade humana. Uma das coisas que tem chamado minha atençao assistindo filmes dirigidos por mulheres, é o modo que elas abordam assuntos como sexualidade, maternidade, familia, costumes, religiao e problemas de saude mental. Discutem de uma forma mais madura, mais realista e sem fantasias. Assistir filmes dirigidos por mulheres foi um dos melhores projetos que abracei e vou levar para vida.

Movimento Browniano

Assisti ao filme « Movimento Browniano », graças à indicaçao de uma pessoa no Filmow. Segundo as leis da fisica e da matematica, este movimento é instavel, aleatorio e caotico. O filme trata de um assunto que estou ha um tempo lendo sobre, seja na realidade ou na ficçao, como vocês podem constatar nos ultimos posts : mulheres com problemas de saude mental.
O filme é divido em três partes : A primeira parte mostra um mulher casada, mae, médica e aparentemente bem sucedida na vida pessoal e profissional, alugando um apartamento. Em seguida, homens começam a frequentar o apê. Embora tenha um marido jovem e bonitao, ela sofre de um transtorno sexual, sente-se atraida por homens considerados repugnantes na aparência: obesos, peludos, velhos, sao pacientes  que ela encontra no hospital onde trabalha.
Na segunda parte, apos um evento traumatico, ela começa fazer analise, terapia de casal, passa a ser medicada e a vida pessoal e profissional começa entrar em declinio.
Na terceira parte, seu marido vai trabalhar na India e ela torna-se mae de gêmeos, além do filho que ja tinha. O filme termina meio em aberto, como a maioria dos filmes europeus, dando ao expectador o direito de tirar suas proprias conclusoes. O final é bonito, mas sem criar expectativas, afinal o titulo do filme explica tudo.
O que mais me chamou atençao foi o marido compreensivo, porque de tudo que li e vi até agora, seja na ficçao ou na realidade, os homens caem fora o mais rapido que podem ou mandam internar as mulheres em instituiçoes psiquiatricas, mas Max (nome do personagem), mesmo nao sabendo quem ela era mais, estava ao seu lado.
É um filme com poucos dialogos, falados ora em inglês, ora em francês. Porém, as imagens, o cenario, as expressoes corporais e faciais, o silêncio, o vazio interior da personagem ilustram bem a situaçao.

É tudo tao calmo

« É tudo tao calmo » é um filme baseado em um romance homônimo, escrito por Gerbrand Bakker. Narra a historia de um homem que trabalha na fazenda familial e cuida do pai idoso que nao anda mais.
Como diz o titulo, a vida parece bem calma, como no poema do Drummond :
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.

Ao decorrer da trama vamos captando o que ha por detras daquela calmaria toda. Agora vou recontar o que eu disse no paragrafo anterior com mais detalhes : Narra a historia de um homem frustrado sexualmente por nao poder expressar seus sentimentos por pessoas do mesmo sexo. Se nao bastasse, é o unico que ficou  para cuidar do pai, mesmo tendo sofrido violencia fisica, ou seja, apanhava do mesmo, nao sei se ele foi sempre violento com o filho ou foi porque descobriu sua homossexualidade.
No começo do filme tem o velho fragil na cama, é de sentir pena. Às vezes a gente tem esse olhar de compaixao pelos velhos, mas mal sabemos que eles podem ter sido pessoas odiaveis em outras épocas.

Paralelamente, tem o homem que vai na fazenda pegar o leite e que gosta dele, foi morar com a irma e depois voltou com a cara machucada. O outro moço que vai trabalhar com ele… Três homens discretos, com desejos reprimidos, tentando levar uma vida normal na roça. O filme é meio um quebra-cabeça que a gente vai juntando as peças. Tem o mesmo ritmo do Movimento Browniano, poucos dialogos e imagens que vao revelando a historia de um jeito intimista. O mais interessante é que em nenhum momento as palavras gay, homossexualidade ou sexo foram mencionadas. Ha coisas que nao precisam ser ditas, apenas observadas.

Minha lista "Mulheres na direçao" no Filmow ja tem 1744 filmes cadastrados e 175 assistidos até o momento.

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domingo, 19 de junho de 2016

Mulheres na direçao: Léa Pool (Québec)


Léa Pool nasceu na Suiça, mas vive no Québec, Canada. Gosto bastante da tematica de seus filmes. Até o momento assisti a 3 deles:

Maman est chez le coiffeur (2008). É verao, década de 60, uma mulher jornalista descobre que seu marido a trai com um homem, ela pede para ser correspondente em Londres e deixa sua casa e os três filhos com o pai. É um filme bem bonito e sensivel. De um lado, o pai que nao pode se assumir. Do outro a mae, que se sente humilhada com a situaçao. O filme é mostrado pelo ponto de vista das crianças.


The Blue Butterfly (2004). Baseado em um historia real, um garoto chamado Pete, de 10 anos, com tumor cerebral, recebe a noticia dos medicos que tem apenas alguns meses de vida. Ele adora borboletas, seu sonho é capturar a borboleta azul, ele e sua mae tenta convencer um biologo entomologista Georges Brossard, apresentador de um programa sobre insetos na TV e fundador do insectario de Montreal, a leva-lo na floresta tropical, no habitat natural da borboleta.
É um filme sobre realizaçao do sonho, pois sonhar era tudo o que restava para ele,  fé na natureza, poder da mente, esperança, cura e superaçao. Talvez ter fé numa borboleta ainda é melhor do que nao ter fé em nada (meu caso).
A fotografia é muito bonita, imagens bem estilo National Geographic,  mostra insetos e animais na floresta, curandeiros, cultura indigena, cachoeiras e rios.



Lost and Delirious (2001). Duas meninas (Victoria e Paulie) se apaixonam no internato onde estudam e moram, até que a irma mais nova da Victoria flagra as duas na cama. Como a familia de Victoria é muito conservadora, ela termina a relaçao com Paulie, mesmo amando-a e passa a namorar um garoto.
Paulie é adotiva e esta em busca de sua mae biologica, mas a mesma recusou encontra-la. Sentindo-se rejeitada pela mae, por Paulie, sofrendo humilhaçoes na escola por causa de sua sexualidade, ela passa a ter um comportamento agressivo e auto-destrutivo.

É um filme muito triste sobre sexualidade na adolescência. Eu chorei muito e fui dormir, no dia seguinte meus olhos ficaram inchados toute la journée. Pensei que o choro fosse por causa da minha deprê, com a historia do filme, com o atentado em Orlando, peguei as dores e senti raiva desse mundo homofobico, mas fui no filmow dar nota no filme e todo mundo nos comentarios tinha chorado, entao nao é so minha emoçao que esta falando, realmente toca todo mundo.


Minha lista "Mulheres na direçao" no Filmow ja tem 1744 filmes cadastrados e 173 assistidos até o momento.

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domingo, 24 de abril de 2016

Mulheres na direçao: Catherine Corsini (França)

Catherine Corsini tem 56 anos, é atriz, produtora e diretora francesa, seus filmes variam entre drama e comédia, eu particularmente prefiro os dramas. Eis os que assisti até o momento:

La belle saison (A Bela Estaçao), 2015 - Drama

Este filme é o meu preferido desta diretora, é lindo, triste e outros turbilhoes de emoçoes ao mesmo tempo. O trailer e o cartaz dao a entender que é um filme de amor entre meninas bem bonitinho, mas esta longe disso. A historia se passa nos anos 70 onde acontecia a segunda onda do feminismo, as mulheres se reuniam para lutar por seus direitos. As protagonistas sao: Delphine, uma camponesa que vai para Paris trabalhar, é lésbica, mas sua familia é tradicional e ela tem que "viver no armario", sacrificar seus amores, guardar as dores para si mesma para ser aceita em casa. Ao ir às reunioes feministas, percebe como sua vida e a vida de sua mae era injusta no campo, pois trabalhavam dia e noite sem receber nenhum salario, todo dinheiro do roçado ia apenas para o pai, so os homens participavam das reunioes da cooperativa, etc. A outra é Carole, uma estudante parisiense engajada nos movimentos sociais, até entao hetero, convida Delphine para se engajar na causa feminista e acabam se apaixonando. 
Outro assunto abordado foi sobre o tratamento dado aos homossexuais que eram internados em clinicas psiquiatricas, medicados a ponto de ficarem vegetando na cama e babando.
Uma das cenas mais lindas, as mulheres cantando o hino do MLF (Movimento de Liberaçao das Mulheres, criado pela Simone de Beauvoir). Chorei! A letra é muito poderosa.


Nous, qui sommes sans passé les femmes,
nous qui n'avons pas d'histoire,
depuis la nuit des temps, les femmes,
nous sommes le continent noir.
refrain :
Levons nous, femmes esclaves
Et brisons nos entraves,
Debout! Debout !
Asservies, humiliées, les femmes
Achetées, vendues, violées ;
Dans toutes les maisons, les femmes,
Hors du monde reléguées
(refrain)
Seules dans notre malheur, les femmes
L'une de l'autre ignorée,
Ils nous ont divisées, les femmes,
Et de nos sœurs séparées.
(refrain)
Reconnaissons-nous, les femmes,
Parlons-nous, regardons-nous,
Ensemble on nous opprime, les femmes,
Ensemble révoltons-nous.
(refrain)
Le temps de la colère, les femmes
Notre temps est arrivé
Connaissons notre force, les femmes
Découvrons-nous des milliers
Trois mondes (Três mundos), 2012 - Drama

Al foi promovido a gerente da concessionaria do seu futuro sogro, saiu para comemorar com os colegas, atropela um homem e foge sem prestar socorro. Juliette esta gravida, vê o acidente pela janela de seu apartamento e passa a ser a ponte entre o Al e a esposa do atropelado, uma imigrante ilegal vinda da Moldavia.
Juliette tem empatia, coloca-se no lugar do outro, talvez porque esteja gravida e tenha que aprender a lidar com um ser humano, apesar dos pesares. Ela se compadece da situaçao do Al, pois vê que ele nao é uma pessoa má, nao é um monstro, foi uma fatalidade. Também fica tocada com a viuva que vive ilegal, nao tem dinheiro e é controlada pelos homens conterrâneos que querem tirar vantagem da situaçao.

Partir, 2009 - Drama

Suzanne, depois de abdicar sua vida pelo casamento e maternidade, cansada de ser bela, recatada e do lar, retoma sua carreira de fisioterapeuta e passa a ter um caso com um peao de obras, um cara nada confiavel, que ja tinha sido preso, mas mesmo assim a sede era tanta que ela se aventurou.

Les ambitieux, 2006 - Comédia

Judith é editora de livros e Julien é um escritor que quer ser publicado e vai fazer de tudo para amansar a fera e conquista-la. É muito engraçado!

La nouvelle Eve, 1999 - Comédia


Camille, uma professora de nataçao, na casa dos trinta anos, solteira, espera o grande amor de sua vida, enquanto isso aventura-se com alguns parceiros ocasionais. Encontra acidentalmente Alexis, um homem casado, médico, pai de duas filhas e responsavel local do Partido Socialista. Ela tenta de tudo para tê-lo como amante, entra como militante no partido, passa a frequentar a casa dele, entre outras artimanhas. Tipico da comédia francesa nada "politicamente correta".

Minha lista "Mulheres na direçao" no Filmow (1738 filmes cadastrados e 170 assistidos até o momento).

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