sábado, 2 de janeiro de 2016

Mulheres na direçao: Malgorzata Szumowska (Polônia)


Bendita hora ociosa que inventei de criar a lista "Mulheres na direçao" no Filmow, 3 anos atras. Coloquei algumas diretoras que ja conhecia, pesquisei outras, outros usuarios fofos tb foram indicando e hoje ja tem mais de 1300 filmes cadastrados, dos quais assisti apenas 9,5% por enquanto.

O primeiro filme da Malgorzata Szumowska que vi foi "Elas" (Elles), nao sei se passou na Mostra de Cinema de Sao Paulo ou na Reserva Cultural, lembro-me de ter amado o filme, mesmo sem saber se era uma mulher que dirigia, so descobri que era na hora de fazer a lista mesmo. 

Estou apaixonada pelos filmes dela, depois de "Elles", ainda assisti "Em nome de..." e "Body". Gosto do jeito que ela retrata temas dificeis de uma forma sutil e bela.


Em "Elles", Anne (Juliette Binoche) é uma jornalista, mae, esposa e vive uma vida burguesa em Paris. Ela decide escrever um artigo sobre prostituiçao de estudantes e marca encontros com essas prostitutas para entrevista-las. Conforme essas meninas vao contando o que fazem com os clientes ela ela passa a questionar nao apenas seu papel de mulher, mas também sobre dinheiro, familia e sexo. Ela sente vontade de ser mais sexy, de fazer coisas com o marido, mas ele é puritano demais para aceitar isso. Mostra que esses homens que endeusam as esposas, recusam fazer sexo picante com elas, sao os que procuram as prostitutas para preencher esta lacuna, um tipo de respeito bem hipocrita, convenhamos. 
Interessante como Anne passa a compreender e até se solidarizar com essas meninas que vivem uma vida tao diferente da dela. A partir do momento que a gente entende melhor uma situaçao a gente passa a ser mais tolerante.
Ha aquela discussao sobre "mulheres para casar e mulheres para fazer sexo", tratada de uma forma muito sutil e brilhante. Juliette Binoche da um show de interpretaçao como sempre.


"Em nome de..." é um filme muito lindo e sensivel, é o primeiro filme de tematica homossexual da Polônia. Narra a historia do padre Adam que foi transferido para um cidadezinha do interior, organiza um centro comunitario para meninos problematicos e acaba se apaixonando por um morador local. Tem uma boa fotografia e uma boa trilha sonora. Também tem muitas moscas zumbindo, um recurso que ela utilizou e achei otimo, afinal onde ha mosca, ha merda, nao é? Sem falar no nome do padre que é Adao e tem uma personagem chamada Eva que gosta dele. A negaçao de Eva foi outro recurso sensacional, renegar a tradicional criaçao homem x mulher, o primeiro casal heterossexual biblico que deveria servir de exemplo para o padre, mas so que nao, né? Gosto de tematicas que falam de dogmas/sexo x religiao. 
Fiz até um gif para o padre, o ator Andrzej Chyra, que para mim é um dos melhores atores da Polônia.



Por ultimo, assisti "Body", eu queria falar tanta coisa sobre esse filme, mas nao sei nem por onde começar. Vou tentar ser rapida e concisa, sera que consigo? Este filme usa o corpo para expressar como a gente lida com a vida e a morte. Ha corpos mortos, corpos magros, corpos gordos, corpos velhos, corpos jovens.
Janusz é um perito criminal, seu trabalho é relatar as circunstâncias em que se encontravam os corpos na cena dos crimes. Ele é viuvo e pai da Olga, um jovem que sofre de anorexia, eles mal se falam.
Janusz interna Olga em uma clinica psiquiatrica para fazer terapia e curar sua anorexia, sua terapeuta é a Anna, uma mulher solitaria que acredita em vida apos a morte, é médium, acredita no "espiritismo brasileiro" e cita frases do Divaldo Franco.
A personagem de Anna é bem intrigante, a gente costuma imaginar terapeutas como pessoas capazes de lidar com problemas dificeis da vida. Ela é uma otima profissional, mas fora do trabalho ela é o tipo de pessoa que se a gente vê na rua, logo imagina que ela precisa de um psicoterapeuta urgente. A dualidade esta entre a ciência/ medicina x espiritualidade, apegar-se às coisas do além para conseguir lidar com os problemas e as perdas do dia-a-dia.



Conclusao:

Foi um imenso prazer conher o trabalho desta diretora, ela expoe as fraquezas e as angustias humanas sem vitimizar, sem cair no piegas, mas de forma justa, coerente e tocante. Os primeiros filmes de sua carreira nao assisti porque nao achei em lugar nenhum, mas se achar, vou atualizando aqui no blog. Super recomendo!

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