quinta-feira, 3 de novembro de 2011

L'histoire d'Adèle H.

Contemplação da 7ª Arte: A história de Adèle H.
Esta coisa incrível, de que uma jovem deva atravessar o oceano, passar do velho mundo para o novo e se juntar ao seu amante isso eu cumprirei.
É lindo ver a história da Adèle H. representada pela belle Isabelle Adjani que fala inglês e francês com a maior naturalidade, no filme dirigido por Truffaut.
A Adèle que não queria apenas ser filha de poeta, mas tentou sair da teoria e colocar na prática o significado do amor, transformar a poesia em vivência, cruzou o oceano até chegar em Halifax, em busca do tenente que disse que a amava.
Mesmo que você não me ame,
deixe que eu te ame.
Só que o amor dela não exigia nada em troca, nem fidelidade, nem mudanças de hábito. Esqueceu-se de quem era filha, seu amor passou a ser obsessão e loucura, começou a seguir os passos do amado onde quer que ele fosse, indo longe, chegou à Barbados.
Eu tenho a religião do amor: Não dou meu corpo sem minha alma, nem minha alma sem meu corpo.
Sempre escrevendo cartas, diários, compulsivamente, vivendo na pele o que seu pai colocava nos livros, o amor teórico não é amor de verdade, é necessário sentir, chorar, suar, desesperar-se. Ah, se o poeta soubesse quão terrível era o amor para as suas filhas, talvez renegasse sua poesia! Se soubesse que o amor nem sempre é correspondido, que as desilusões são arrebatadoras para alma. teria protegido suas filhas de tamanho sofrimento.
Já dizia seu pai, em "Les miserables": "O futuro pertence ainda mais aos corações do que aos espíritos.
Amar é a única coisa que pode ocupar a eternidade.
Ao infinito é necessário o inesgotável"
.
E para terminar, vou colocar dois vídeos da outra Adèle, a inglesa, que canta tão melancolicamente o amor, começa com "Someone like you" e termina com "Set fire to the rain". Cantora rara hoje em dia, não precisa ter um corpo escultural, nem dançarinos fazendo striptease, nem iluminação e cenários exagerados, ela só precisa ter a voz para cantar lindamente.



Never mind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you, too
Don't forget me, I beg, I remember you said
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead



When I lay, with you, I could stay there,
Close my eyes, feel you here forever,
You and me together, nothing is better!
Cause there's a side, to you, that I never knew, never knew.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Pequenas Felicidades da semana: 22 a 28/10

Esta semana está tão corrida que nem tive tempo para ser feliz, só resolvendo pepinos dos grandes, mas tudo por boas causas, não temos como evitar as burocracias.
Tô viajando de mochileira "cazamigas" ali na tierra de los hermanos [este post foi programado], ainda bem que elas são psicólogas, vai que eu tenha uma crise emocional/ psicótica rsrs.
Na quarta fui convidada pelo escritório de imigração do Quebec para participar de um encontro intitulado "A contribuição da imigração no crescimento do Quebec". Adorei o lugar que vou morar, a Ville de Quebec, fiquei sabendo que posso abrir conta bancária ainda estando aqui, que um aluguel de uma casa com 2 quartos custa em torno de $750 e para comprar uma casa financiada só vou pagar 3% de juros ao ano. A licença maternidade é de um ano e pode ser compartilhada com o pai e com a mãe, saúde e educação são gratuitos e faculdade custa $2500,00 por ano, o salário mínimo é $9,65 a hora, mas quase ninguém ganha salário mínimo, o máximo que se trabalha é 40h semanais, a maioria trabalha entre 30h ou 35h, os meios de transportes são decentes, a nºde mortes por homicídio no ano passado foi de 6 pessoas e já teve ano que não morreu ninguém desta forma. Segurança, qualidade de vida e tranquilidade é tudo que estou precisando, AMO o Brasil, não vou sair daqui reclamando como muitos fazem, vou sentir falta da minha família, dos meus amigos, lá faz um frio de lascar, mas bola pra frente, é uma oportunidade boa e a vida é feita de escolhas, sei que lá tem seus problemas, não é nenhum paraíso na terra, mas vou curtir...
O vídeo da semana será este: Fico feliz pelo Emmanuel, mas fico triste por outras crianças que não teve a mesma sorte que ele no Iraque, no Afeganistão e em vários outros países com guerras.



Pequenas Felicidades é uma blogagem coletiva proposta pela Rita do Botõezinhos

Meme Literário de um mês:28º dia



Dia 28 – O que você faz quando encontra uma palavra que não conhece durante a leitura? Para para procurar no dicionário? Anota para procurar depois? Ou tenta deduzir seu significado pelo contexto?
Se estou em casa, leio sempre com o dicionário por perto, agora se estou lendo no ônibus, eu anoto a palavra na contra-capa para consultar depois. Algumas palavras dá para deduzir, mas é sempre bom ter certeza se eu deduzi direito.
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É isso por hoje! [Post programado por motivo de viagem]

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Meme Literário de 1 mês: 27º dia

27ª pergunta: Você costuma fazer anotações enquanto lê? Se sim, onde? A ideia de fazer anotações no próprio livro lhe assusta?
Anoto, meus livros são todos rabiscados, grifo as palavras que tenho que consultar no dicionário, faço meus próprios comentários, grifo frases ou um assunto que acho interessante. Tem que ser no próprio livro mesmo, já pensou eu ter que escrever em um papel separado, aí perco o papel com tudo que anotei? Assim não dá... rsrs

*PS: Vou viajar hoje e volto na semana que vem, mas vou deixar os posts do Meme programados e se der tempo de eu acessar a internet por lá, linko no Happy Batatinha e libero os comentários.
Au revoir, mes chéries!

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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Meme Literário de 1 mês: 26ª dia





A pergunta de hoje é: Qual o maior (em número de páginas) livro que você já leu? Quanto tempo demorou? Fale sobre ele


Foi o maior livro em número de páginas e o mais difícil de compreender, a Bíblia, fiz um curso de 1 ano e meio de Teologia antes, porque tem que entender perfeitamente os fatos históricos, o povo hebreu, os patriarcas, os profetas, como a sociedade vivia, as genealogias, a criação de leis e regras para conviver na sociedade, entender as regiões geograficamente e que até hoje são palcos de grandes conflitos, o judaísmo, o nascimento de Cristo, o surgimento do cristianismo, os apóstolos até chegar na última profecia: o apocalipse.  Foi um dos melhores cursos que fiz na vida, nunca aprendi tanto em pouco tempo, não tenho religião, mas sou muito curiosa em estudar sobre religiões o que leva tantas pessoas a acreditar em algo, como um dia eu quis acreditar, só para sair da mesmice, eu gosto de misticismo, mas não sou boa fiel, de frequentar igrejas ou qualquer outra coisa que o valha, ter um comprometimento, uma vida cheia de regras, meio que aliena, sem falar nos mercenários e charlatões que tem nessa área, isto não é para mim. O meu segundo passo será ler o alcorão, tinha programado para este ano, mas como estou em via de mudanças, esperando meu visto que nunca sai, estou ansiosa, por isso achei melhor começar quando estiver mais tranquila, quem sabe nos próximos 3 anos, aí vou ter que achar um grupo de estudos de mulheres islâmicas para elas me explicarem como funciona as regras.
O tempo que demorou para eu ler a Bíblia foi de um ano, entrei em um desafio proposto por umas pessoas com o mesmo interesse. No site da Sociedade Bíblica  tem umas tabelinhas de como lê-la durante um ano.
Este desafio é só para gente louca, não tente fazer isso em casa rsrsrs
Amanhã tem mais!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Meme Literário de um mês: 25º dia

Dia 25 – Tem algum livro que você tenha mais de uma edição do mesmo? Se sim, por que?
Nós temos alguns repetidos, principalmente aqueles que eram leituras obrigatórias para o Vestibular, o fato de ser repetido é porque quando juntei as minhas coisas com as coisas do Yari, eu tinha um e ele tinha um, então ficaram dois... rsrs. É nessas horas que a música "Eu vou estar", do Capital Incicial faz sentido:
"Vou estar em tudo em que você vê:
Nos seus livros, nos seus discos
Vou entrar na sua roupa
E onde você menos esperar
Eu vou estar"



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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Meme Literário de 1 mês: 24º dia

24ª pergunta: Você lê um livro por vez ou gostar de alternar a leitura em dois ou mais livros?



Sempre leio dois livros ao mesmo tempo, mas sempre dois, não mais que isso, na ida ao trabalho leio um e na volta leio outro.

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domingo, 23 de outubro de 2011

meme literário de 1 mês: 23º dia





 A 23ª pergunta é: Você costumar ler e-books?
Meu sonho de consumo: ter um e-book reader

Costumo sim, acho bem legal, vou deixar os sites que adoro, pois tem acervos magníficos:
1. Brasiliana USP, tem um acervo digitalizado de muitas obras raras.
2. Domínio Público (acho que esse é o mais conhecido no Brasil)
3.Arquivo Público do Estado de São Paulo, tem documentos, fotos, cartas e revistas antigas
4. Biblioteca Digital de Fernando Pessoa Este site português "Casa de Fernando Pessoa" é um dos melhores do mundo, tem toda a obra dele disponível, além de todos os livros da biblioteca dele digitalizados, show de bola!
5. Biblioteca Digital de Portugal
6. Biblioteca Digital Camões
7. The European Library, vc tem acesso às bibliotecas da Europa
8. Gallica, é uma biblioteca digital francesa, mas tem páginas em português, você acessa, além de livros, tem músicas, partituras, documentos, muito bom!
Um e-book reader cabe mais de 1000 livros sem ocupar nenhum espaço e nem gastar papel, esta semana tenho que vender todos os meus livros e minha casa vai ficar vazia. É tão triste! Ainda bem que a nova geração vai aproveitar mais com menos, achei lindo essa menininha que não consegue folhear a revista de papel, só consegue no iPad.




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É isso por hoje!

sábado, 22 de outubro de 2011

Meme Literário de um mês: 22º dia


Dia 22 – Cite um ou dois livros com títulos que você acha interessante. Você costuma escolher livros pelo título?




Dois títulos que acho interessante, além de serem muito bons:
1. A casa dos budas ditosos, do João Ubaldo Ribeiro
2. Memórias de minhas putas tristes, do Gabriel Garcia Marquez

Não costumo ler livros pelo título, sou mais interessada no(a) autor(a).

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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Meme Literário de 1 mês: 21º dia


Dia 21 – Quanto tempo em média você demora para ler um livro?




Depende de quantas páginas tem o livro e da complexidade do texto, alguns livros exigem que você faça pesquisa, consulte o dicionário e outras fontes para que você possa ter uma melhor compreensão e interpretação do que o autor quer dizer. O tempo máximo que levei para ler um livro foi de um ano (vou falar dele dia 26), levei 3 meses para ler o "Crime e Castigo", de Dostoiévski, com mais de 900 págs. O nº de páginas não é o único fator determinante, o tempo que tenho disponível para ler às vezes é curto, então depende se estou muito ou pouco atarefada no período.

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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Meme Literário de 1 mês: 20º dia


Florbela Espanca
A 20ª pergunta é: Você gosta de poesias? Qual o seu poeta ou poema favorito?
Adoro poesias! Já postei várias aqui no blog de diversos autores. Agora tenho um carinho muito grande pela portuguesa Florbela Espanca, ela nasceu no mesmo dia que eu (óbvio que em anos diferentes! rsrs), parece que eu compreendo toda a ânsia e a decepção que ela tinha na vida. Eu já fiz um post explicando sobre quem nasce no mesmo dia que eu, são todos pertubados e incompreendidos, leia lá.
Mas voltando cá, Florbela tem fama de transgressora, casou-se três vezes (em uma época que ninguém se divorciava), frequentava a boemia, fumando e bebendo (mulher 'de família' não fazia isso!), entrou na Faculdade de Direito que era majoritariamente espaço masculino, amava em demasia, acho que ela amava mais o amor do que a pessoa amada, mas nunca cedia demais, tinha temperamento forte, só fazia o que lhe agradava. Ela se cobrava demais, é difícil conquistar além do que o mundo tem para nos oferecer, ainda mais em uma época que só homens tinham direitos. Nem imagino como era difícil nascer em uma época sem Prozac ou outro remedinho para acalmar a ansiedade ou a depressão.

Vou deixar 4 poemas, dois sobre mulher, um sobre saudade e outro sobre ódio.


A MULHER I  
Um ente de paixão e sacrifício,
De sofrimento cheio, eis a mulher!
Esmaga o coração dentro do meu peito,
E nem te doas coração, sequer!

Sê forte, corajoso, não fraquejes
Na luta; sê em Vênus sempre Marte;
Sempre o mundo é vil e infame e os homens
Se te sentem gemer hão de pisar-te!

Se às vezes tu fraquejas, pobrezinho,
Essa brancura ideal de puro arminho
Eles deixam pra sempre maculada;
E gritam então os vis: “Olhem, vejam
É aquela a infame! ” e apedrejam
A pobrezita, a triste, a desgraçada!  
A MULHER II  
Ó mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!

Quantas morrem saudosas duma imagem
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca ri alegremente!

Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doces almas de dor e sofrimento!
Paixão que faria a felicidade
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!   
SAUDADES  
Saudades! Sim... talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais doidamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!   
ÓDIO  
Ódio por Ele? Não... Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei todo o encanto,

Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Com um soturno e enorme Campo Santo!

Nunca mais o amar já é bastante!
Quero senti-lo doutra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!
Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda!
Ódio por Ele? Não... não vale a pena...  


Já postei algumas poesias dela aqui e aqui, mas se quiser e-books é só ir lá no Domínio Público que tem gratuitamente.


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Até amanhã!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Meme Literário de 1 mês: 19º dia


A 19ª pergunta é a seguinte: Qual é o livro que você leu, gostou e recomenda para todo mundo ler também?
Como gosto é uma coisa subjetiva e os meus gostos são um pouco controversos, fica meio difícil responder, ainda mais tendo que escolher um, então vou dividir por faixa etária:
Crianças: tem que ler "O Pequeno Príncipe"
Adolescentes: "O Mundo de Sofia"
Mulheres: Todos da Jane Austen, da Clarice Lispector e  "O Segundo sexo", da Simone de Beauvoir
Homens e mulheres: Literatura russa, principalmente Tolstoi e Dostoiévski. Literaturas japonesa, francesa e latino-americana, incluindo Brasil (Gabriel Garcia Marquez, Mario Vargas Llosa, Jorge Luiz Borges, Pablo Neruda, Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Manuel Bandeira,etc) .

Por hoje é só! T+!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

meme literário de 1 mês: 18º dia


A 18ª pergunta é: Você lê livros que não são para sua idade?
Le Petit Nicolas, ilustração de Jean-Jacques Sempé
C'mon! Claro que sim. Um dos meus livros preferidos é "O Pequeno Príncipe", falo dele direto por aqui, veja minha declaração de amor por ele. Também acho fofo o "Le Petit Nicolas" escrito por René Goscinny, peguei gosto por livros infantis franceses porque quando comecei estudar francês, eu lia para treinar e acabei tendo muito carinho por eles.

Voltando ao tema do Pequeno Príncipe, na minha declaração de amor por ele, disse que queria fazer tattoos com frases do livro, como adoro tattoos, acompanho o Tattoo Friday do site "Follow the colours", olha que lindo o especial de tattoos do Pequeno Príncipe, gamei! Também quero!

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T+, povo! Por hj é só.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Meme Literário de 1 mês: 17º dia

Dia 17 – Cite um livro que você achou que iria gostar e acabou não gostando. Fale sobre ele.
Eu já falei dele quando falei sobre abandonar a leitura de algum livro aqui. Paulo Coelho não desce redondo, mas eu não desisti, ainda vou ler suas obras e falar bem dele, vocês vão ver.... Primeiro estou procurando a serenidade e a paz de espírito, quando eu atingir o Nirvana, terei a capacidade intelectual e espiritual para entendê-lo. Todas as vezes que fui resistente, mas dei uma segunda chance, eu me surpreendi, para certas coisas, temos que estar abertos para receber, talvez a primeira vez não era o momento certo.

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domingo, 16 de outubro de 2011

Meme Literário de 1 mês: 16º dia


Dia 16: Cite um livro que você achou que não iria gostar e acabou adorando. Fale sobre ele.
Eu tinha um receio que não iria gostar, mas adorei, foi o "1984", do George Orwell, falei dele aqui. Super indico para todo mundo. Leiam!

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sábado, 15 de outubro de 2011

Meme Literário de 1 mês: 15º dia


Perguntinha do dia 15: Qual é o seu vilão literário favorito? Por quê?


Ele não é bem um vilão, só uma vítima da sociedade repressora e de sua vida atormentada que o levou a cometer um crime, eu me simpatizo muito com o Raskólnikov, do livro "Crime e Castigo", do Dostoiévski.

Por hoje é só!

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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Pequenas Felicidades da semana- 8 a 14/10

Entrei na blogagem coletiva, criada pela Rita do Botõezinhos. Eu decidi mudar um pouco meu jeito de ser e começar a ver o lado bom da vida, chega de ser cri-cri e ficar só resmungando, tenho que agradecer pelas coisas legais que acontecem e deixar documentado aqui para todas as vezes que eu estiver triste, eu possa ler e me animar um pouquinho. Já que não existe jornal de boas notícias, vamos fazer o nosso diário às sextas-feiras, néam?
  • No sábado assisti ao filme "Melancholia", do diretor Lars von Trier, como é um dos meus diretores preferidos, fiquei muito feliz em ver mais um trabalho dele.
clique na imagem para ver as comidinhas em tamanho maior
  • No domingo fiz pepino japonês e gengibre agridoces em conserva, adoro! Fiz logo dois potões, se guardado na geladeira, dura por até 6 meses. Fiz vinho quente à noite, mesmo não sendo festa junina, eu tomo quando me dá vontade porque é tão gostoso! Sem falar na batata-doce rústica com alecrim, nham, nham, nham!
  • Quarta, foi dia das crianças, vcs viram o post que fiz com fotos das crianças da minha vida? Veja aqui.  Além disso, os 3 crianções da casa (mamãe, papai, filhinho) fizemos almoço mexicano, tortillas, tacos e guacamole em homenagem à seleção que ganhou de virada de los mexicanos. Só faltou a tequila. 
show do Eric Clapton - Morumbi
  • Pensa que a festa acabou? Que nada! Ainda fomos ao show do Eric Clapton. Se vc me perguntar se Deus existe, respondo: Sim! Se Deus está nas coisas mais belas, eu encontrei-o na guitarra do Eric Clapton, nunca chorei ouvindo alguém tocando guitarra, primeira vez, é lindo! Sem falar que ele é um Lord inglês, começa o show na hora, adorei as meninas do backing vocal, o organista, ele tem uma banda ótima.
  • As capas de revistas mais legais da banca:

Rolling Stone com o bom e velho Chico, é como vinho, cada vez melhor, vou comprar. Estão anunciando uma nova turnê dele (leia aqui), datas para São Paulo, só em março de 2012, minha última chance de vê-lo antes de partir.
A Marie Claire, gostei da capa, depois de ver só loira de cabelo liso nas outras, uma morena de cabelos enrolados e bagunçados me chamou a atenção, identifiquei com a capa, tem mais cara de mulher brasileira, tem mais a minha cara.
Por hoje é só! Sorte do dia: Hoje é sexta!!!! Até a próxima!

Meme Literário de 1 mês: Dia 14



14ª pergunta: Se você pudesse fazer uma pergunta para o seu escritor preferido (vivo ou morto), qual seria o escritor e qual seria a pergunta?


Eu queria muito conversar com Fernando Pessoa, ele era muito excêntrico, gostava de ocultismo e era místico, acreditava em horóscopo, talvez conversaríamos sobre signos, afinal ele era de Gêmeos e eu sou de Sagitário, os dois signos combinam como feijão e arroz ou goiabada com queijo. Também sou curiosa a respeito dos seus heterônimos, porque ele precisava ser mais de um na Literatura? Ser só Fernando não era suficiente? Tinha que ser Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis? Será que ele tinha múltiplas personalidades na vida vida real ou só na ficção? Eu, que sou tão curiosa, ficaria 'abestada' igual o carteiro, de "O Carteiro e o Poeta". Está perto de quem você admira é como estar perto de Deus, você fica sem reação.
Já postei poesias dele aqui e aqui.

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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Melancolia

me.lan.co.li.a sf (gr melagkholía) 1 Psicose maníaco-depressiva. 2 Estado de humor caracterizado por uma tristeza vaga e persistente. 3 pop O mesmo que vitiligem. [Dicionário Michaelis]

É um filme apocalyptico-dramatique*, do diretor dinamarquês Lars Von Trier .O planeta Melancolia está prestes a invadir a Terra. Narra os últimos momentos vivido por uma família, no dia do casamento da Justine (Kirsten Dunst). Um noivo lindo, simpático e super atencioso, a festa super organizada pela irmã e paga pelo cunhado, um emprego bem-sucedido na área da publicidade, ainda ganha uma promoção do patrão como presente. Parece uma vida perfeita, um conto de fadas, não? Afinal, tanta mulher sonha com um momento desses... Só que Justine se sente culpada por não conseguir estar contente, nada vai estar bom o suficiente para ela, porque como diz na descrição do dicionário, é um estado de humor caracterizada de uma tristeza vaga e persistente.
A melancolia pode ser o mal do século, o motivo que levará o homem ao apocalipse (fim de todas as coisas), o ser humano não vê mais prazer em nada, na há tato, não há feeling, as pessoas querem se odiar, enclausurar-se, cortar os relacionamentos, ninguém consegue ficar mais junto, ninguém tem paciência com ninguém. Já dizia Sartre, um melancólico declarado: "O inferno são os outros"! Sim, parece que os outros nasceram só para nos infernizar.

O ELO ENTRE IRMÃS
Justine. Significa "A justa"
Claire. Significa "Alva, brilhante, iluminada"
A origem dos dois nomes é francesa.

A Justine, a ovelha negra da família, que conseguiu constranger a todos no dia do casamento, era sincera, realista beirando ao pessimismo, estava conformada com o fim do mundo, como ela mesma diz: Eu sei de tudo. Para ela, não adianta fantasiar, a verdade é nua e crua, não tem escapatória, sem esse negócio de fazer média. Levava a vida se arrastando, como se estivesse presa e enraizada (uma das cenas mais lindas!), mas no fim do mundo estava tranquila e serena, como se estivesse esperando por este momento a vida inteira.
A Claire (Charlotte Gainsbourg), a irmã bondosa, sonhadora, tentava controlar a situação, via sempre o lado bom das pessoas, tinha medo do fim do mundo, desesperava-se por causa disso, ela fantasiava demais, tentava criar um cenário de normalidade, mesmo tudo estando caótico. Era casada com um cientista que fez muitos cálculos para prever se o planeta iria atingir a Terra, mas de que vale cálculos na hora que o mundo está acabando, não é mesmo? Claire, mesmo morrendo de medo, correndo desesperada de um lado para o outro, tendo que lidar com a irmã maluquete e o marido, quer proteger o filho, tentando encontrar uma forma de poupá-lo de ver a catástrofe, não quer que ele seja invadido pela melancolia.
Apesar de serem tão diferentes, a cumplicidade das duas irmãs era o que dava forças uma para outra, Justine sabia que sempre podia contar com a Claire e vice-versa.
Lá em casa somos em duas irmãs, somos muito grudadas, eu sou a mais realista e minha irmã mais fantasiosa, explorar o relacionamento fraterno é o que me comoveu muito.

O PLANETA AZUL

Eu queria falar mais sobre o fim do mundo, sobre a mãe das meninas, tão desgostosa da vida, sobre o planeta azul, em inglês, "blue" pode ser azul ou tristeza, sobre a melancolia que nos invade de vez em quando, de não ter contentamento, já que nada nos empolga, tanto que estou sem empolgação para postar, embora tenha adorado o filme, levei quase um semana com esse texto no rascunho do blog. A trilha sonora é bem legal, principalmente a "Tristão e Isolda", de Wagner, tem tudo a ver.
Ainda assisti a outro filme meio down com a Charlotte, "The Cement Garden", rola umas relações incestuosas, o filme é meio tenso, ou seja, fui invadida pelo planeta melancolia.
Chega por hoje! Amanhã estarei feliz

apocalyptico-dramatique* é o nome da música da banda francesa Tryo, escute aqui.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Desafio Literário: Capitães da Areia - Jorge Amado

O tema do Desafio Literário para o mês de setembro foi ler um livro de autores regionais. Imediatamente escolhi Jorge amado, o escritor que fala sobre a Bahia. Li o livro "Capitães da Areia". Eu, achando que poderia armar uma rede, tomar uma água de coco e sentir-me como se estivesse em Itapuã, ledo engano, "Capitães da Areia" não é "Gabriela, cravo e canela", muito menos "Dona Flor e seus dois maridos", a coisa é um pouco mais tensa e não dá para entrar no clima da Bahia. Narra a história de crianças de rua, sem famílias que se juntam para cometer crimes, os pequenos delinquentes que vivem em trapiches, não têm nomes, apenas apelidos como: Sem-Pernas, Pedro Bala, João Grande, Gato, Boa-Vida, Professor, Zé-Fuinha, Pirulito, Volta-Seca, entre outros. O livro fala de desigualdade social, da intolerância do governo e da sociedade em relação à pobreza e à vida destes jovens.
Este livro foi um dos apreendidos e queimados em praça pública por autoridades da ditadura, pois segundo eles, fazia apologia ao credo comunista. O livro começa com uma reportagem do jornal denunciando o bando de crianças ladronas, em seguida, mostra as cartas para a redação do chefe de polícia, do juiz de menores, do padre, do diretor do reformatório e da mãe de um menor que ficou no reformatório e sofreu maus tratos. O Padre José Pedro e a mãe-de-santo Don'Aninha eram as únicas pessoas que os meninos confiavam, pois tratavam-os bem, ajudavam em momentos de dificuldade ou doença. Não posso deixar de mencionar a Dora, a única menina que fez parte do bando, segundo Pedro-Bala, ela foi mãe, irmã, foi noiva e esposa e como toda mulher valente, ela viraria uma santa no candomblé. Nunca existiu mulher coo Dora, que era uma menina.
Narra a história até a adolescência deles, mostra o fracasso do estado em lidar com a situação, a arrogância da igreja em boicotar o padre que quer se dedicar às crianças pobres, na forma brutal e violenta que esses jovens são tratados nos reformatórios. Embora o livro seja de 1934 o assunto ainda é bem atual e nada mudou. Vamos relembrar dos 7 meninos da Candelária-RJ que foram mortos a sangue frio e um dos sobreviventes era o Sandro que sequestrou do ônibus 174, recomendo que vejam o documentário "Ônibus 174", feito pelo José Padilha (diretor de Tropa de Elite), mostra a vida do Sandro que viu a mãe morrer a facadas no bar em que ela trabalhava, ele teve uma vida dura, de desprezo e incompreensão. A coisa não acontece só na terra brasilis não, mais recentemente teve os protestos em Londres, tudo começou quando a polícia inglesa atirou em um jovem dentro de um taxi, conhecemos bem a polícia inglesa, a mesma que matou o brasileiro Jean Charles suspeitando que ele fosse um terrorista, os jovens fizeram uma manifestação, no começo pacífica, depois começaram a saquear, a queimar e transformar aquele país em um caos, são jovens que não conseguem emprego e nem estudo, muitos são migrantes e pobres, não tão pobre quanto os meninos da Candelária ou os Capitães da Areia. A sociedade ficou indignada ao saber que eles não saqueavam comida, queriam eletrônicos, iPad e todos os outros i's da Apple ou video-games, etc. Agora cá entre nós, em um país capitalista, onde ter é mais importante que ser, claro que a juventude vai querer ter para se sentir realizada ou aceita na sociedade, a melhor resposta para esta questão, foi dada pelo Mr. Dowe, um senhor que está lá há mais de 50 anos, como ele disse, o que aconteceu não foi uma revolta, foi uma insurreição popular, vejam o vídeo:
Quando postei este vídeo no Facebook, coloquei  um verso do Augusto dos Anjos, do poema "Versos Íntimos"
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
 Enquanto estes meninos forem tratados como feras, enjaulados, sofrendo todo mau trato do mundo, eles vão responder do mesmo modo, como feras, não terão piedade se precisar matar alguém, não terão pena porque ninguém teve pena deles, não sabe o que é ser amado ou compreendido. A âncora deste maldito jornal vai perceber um dia que o tratamento que os policiais dão a esses jovens, vai ser o tratamento que os jovens vão dar à sociedade, é o efeito boomerang.

Para terminar: Adorei a leitura, fez meu sangue fervilhar por causa das injustiças.256 péginas, 104ª Edição, Editora Record. Jorge Amado rocks!

sábado, 17 de setembro de 2011

Um pouco de Augusto dos Anjos

Minha sombra
Monólogo de uma sombra

Sou uma Sombra! Venho de outras eras,
Do cosmopolitismo das moneras...
Pólipo de recônditas reentrâncias,
Larva de caos telúrico, procedo
Da escuridão do cósmico segredo,
Da substância de todas as substâncias!
[...]

Idealismo

Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor da Humanidade é uma mentira.
É. E por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.

Eterna mágoa

O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do Mundo, o homem que é triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!
Não crê em nada, pois, nada há que traga
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste.
Quer resistir, e quanto mais resiste
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.
Sabe que sofre, mas o que não sabe
É que essa mágoa infinda assim, não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda
Transpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando esse homem se transforma em verme
É essa mágoa que o acompanha ainda!

Queixas noturnas

[...]
Bati nas pedras dum tormento rude
E a minha mágoa de hoje é tão intensa
Que eu penso que a Alegria é uma doença
E a Tristeza é minha única saúde.
[...]
O amor tem favos e tem caldos quentes
E ao mesmo tempo que faz bem, faz mal;
O coração do Poeta é um hospital
Onde morreram todos os doentes.
[...]
Melancolia! Estende-me a tu’asa!
És a árvore em que devo reclinar-me...
Se algum dia o Prazer vier procurar-me
Dize a este monstro que eu fugi de casa!

Suprême convulsion

[...]
Sonho, - libertação do homem cativo -
Ruptura do equilíbrio subjetivo,
Ah! foi teu beijo convulsionador
Que produziu este contraste fundo
Entre a abundância do que eu sou, no Mundo,
E a nada do meu homem interior!

Homo Infimus

Homem, carne sem luz, criatura cega,
Realidade geográfica infeliz,
O Universo calado te renega
E a tua própria boca te maldiz!
[...]
Deixa a tua alegria aos seres brutos,
Porque, na superfície do planeta,
Tu só tens um direito: - o de chorar!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

filmes da semana



Kontakt. Macedônia. Um ex-presidiário, sai da prisão e vai trabalhar na casa de uma mulher que estava internada em um hospital psiquiátrico. Um romance às avessas. Gostosinho de assistir, é cômico e sensível.
♥♥♥
Barney's version. EUA. Sou fã do ator Paul Giamatti, ele é ótimo, este filme narra a versão do amor do personagem dele. Ele só se metia em enrascada, até que conheceu a mulher da sua vida no dia do seu próprio casamento com outra pessoa (doideira! rsrs). Aí começa a aventura, o que a gente não faz por amor, não é? A gente se declara, se humilha, entra na 'mó' deprê. rsrs ♥♥♥

The Human Resources Manager. Israel. É um filme que mostra a alienação nas empresas, o setor de Recursos Humanos que deveria conhecer e ter controle do pessoal, mas nem isso. Morre uma funcionária romena em um atentado suicida, ninguém reclama o corpo até que descobrem onde ele trabalhava, na verdade ela já tinha saído, mas recebia um dinheiro. Um jornalista pedante disse que iria denunciar no jornal a empresa panificadora se o gerente não tomasse as providências do reconhecimento do corpo, do traslado para Romênia, do enterro e de toda parte burocrática. Lá vai o tal do gerente para via crucis, nesta viagem ele conhece a vida da funcionária, a família dela, as dificuldades que ela enfrentava. Bem bacana! É, minha gente, dependendo de onde a gente trabalha, lá tem é Recursos (Des)umanos. Abafa o caso! ♥♥♥♥

O grande chefe. Dinamarca. Uma comédia de humor negro, do diretor Lars von Trier. Um empresário não quer dizer que é dono da empresa, então inventa um presidente fictício, depois de um tempo, ele contrata um ator desempregado para assumir o papel do presidente e ouvir as reclamações dos funcionários, aos poucos o ator se envolve com a situação e se perde entre a atuação e a realidade, tenta interferir, ajudar, escutar, mesmo não entendendo patavinas do que os gerentes dizem. O filme é uma denúncia sobre trabalhos para empresas e trabalhos para arte. O artista, mesmo tendo talento, tem que se vender para as empresas
Aqui temos um ator eficiente e desempregado que miraculosamente conseguiu um trabalho.
O ator segue a linha do dramaturgo Gambini (fui pesquisar p/ ver se existia ,já que nunca tinha ouvido falar, mas Antonio Stavro Gambini  é fictício, segundo Lars von Trier, foi  inspirado no Ibsen). Adorei  "O monólogo dos limpadores de chaminés", da peça "A cidade sem chaminés",  e "O gato enforcado" de Gambini. Ser um limpador de chaminé em uma cidade sem chaminés, é a mesma coisa de ser ator em uma cidade sem teatro, sem incentivo à cultura (minha opinião!).
Também tem uma rixa entre islandeses e dinamarqueses, um quer se mostrar melhor que o outro, os islandeses acham os dinamarqueses sem graça, emotivos demais, enrolam e fazem piada com tudo. Tanto que o islandês diz:
Aquele que negocia com homens sem caráter negocia com ninguém.
Achei interessante quando ele fala do cinema dentro do cinema, na literatura a gente fala intertextualidade para texto dentro de outro texto, desconheço a palavra para o cinema. Ele mencionou o Dogma 95, movimento cinematográfico que ele ajudou a criar. A frase é do ator/presidente no ambiente de trabalho.

A vida é como um filme de Dogma. É difícil escutar o que eles dizem, mas as palavras continuam importante.

Sou suspeita para falar do cinema do Lars, sempre que vejo um filme dele, sou instigada a fazer pesquisas, ler sobre determinado assunto abordado no roteiro, sempre me deixa pensando por horas a fio.
Não, ainda não vi Melancolia, vou tentar ver esta semana, estava muito melancólica semana passada, poderia cometer um suicídio se eu fosse vê-lo (brincadeira, não me internem! rsrs). ♥♥♥♥



*   ♥ gosto pouco | ♥♥ gosto +/- | ♥♥♥ é bom! | ♥♥♥♥ é muito bom!  | ♥♥♥♥♥ maravilhoso!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Desafio Literário: Memórias Póstumas de Brás Cubas

Para o Desafio Literário, o tema de agosto era ler um clássico da Literatura brasileira, escolhi "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, li a primeira vez aos 14 ou 15 anos, meu livro está até amareladinho de tão velho, eu grifava as palavras que eu não entendia e depois procurava no dicionário.
Este livro é um marco do "Realismo", mostra o interior dos personagens, suas contradições e problemáticas existenciais. Foi escrito sob forma de um epitáfio, é um defundo autor que tinha morrido de pneumonia, contando detalhes do seu funeral:
"E foi assim que cheguei a cláusula dos meus dias, pausado e trôpego, como quem se retira tarde do espetáculo. Tarde e aborrecido."
Antes de morrer estava inventando um medicamento sublime, o Emplasto Brás Cubas
"Emplasto anti-hipocondríaco, destinado a aliviar nossa melancólica humanidade".
Em seguida narra sua vida desde a infância, moleque serelepe, judiava do escravo, fazia o que queria. Sua primeira paixão foi Marcela, gastou uma grana preta comprando joias para adorná-la:
"Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis."
É mandado para estudar em Coimbra - Portugal, a contra gosto. Volta e enamora de Eugênia, a coxa de nascença:
"Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca, uma compostura tão senhoril; e coxa! Esse contraste faria suspeitar que a natureza às vezes é um tremendo escárnio. Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita?"
O pai dele tenta arranjar um casamento com a filha de um político, a Virgília. No entanto, ela casa com um político mais influente e bem-sucedido e torna-se amante de Brás Cubas.
Ele reencontra Quincas Borba, colega dos tempos de escola, tinha virado mendigo, depois retorna como grande pensador que apresenta uma doutrina filosófica que criara, o Humanitismo. Quincas enlouquece e morre.
Briga com a irmã Sabina por causa de herança, mas depois fazem as pazes.
Tentou mais uma vez casar, agora com Eulália que faleceu aos 19 anos.
O resumo deste livro, encontra-se no último capítulo "Das negativas":
"Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não conheci o casamento. Coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto.
Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria".
O interessante deste livro também é o recurso da metalinguagem, o autor interage com o leitor. Também usa muito de ironia e gosta de quebrar o gelo entre um capítulo e outro, como mostra o capítulo da foto, "Inutilidade" e em seguida, o capítulo "Parentesis"

Este livro é casto, ao menos na intenção [M.de A.]
Capítulo 119: Parêntesis
Suporta-se com paciência a cólica do próximo.
Crê em ti; mas nem sempre duvide dos outros.
Não te irrites se te pagarem mal um benefício, antes cair das nuvens que de um terceiro andar.

As virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o deficit.

Curiosidade: O Woody Allen disse que este livro está entre um dos seus preferidos, leia aqui.

PS: Machado de Assis é um dos orgulhos que tenho em ser brasileira! Ah, se esse país estimulasse a leitura e a escrita, talvez teríamos muitos Machados por aí.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O pagador de promessas - Dias Gomes

Como notaram, estou super empolgada com o tema do Desafio Literário. Peças teatrais são textos curtos, por isso dá para ler bastante, tenho várias peças em casa, mas só lia Shakespeare e Samuel Beckett, estou 'desenterrando' as outras, além de Brecht, estou consumindo a dramaturgia brasileira: Nelson Rodrigues, Chico de Assis, Dias Gomes e na próxima semana, Plínio Marcos. O que falta para os brasileiros descobrir o Brasil? Incentivo, porque estes textos tem em qualquer livraria, estão lá empoeirados, mas não temos professores ou pais motivados que incentivam os alunos/ filhos a terem acesso a esta arte. Sempre digo, se alguns de nossos autores tivessem nascido na Europa, as obras seriam melhor difundidas. Por isso faço questão, se conseguir convencer poucas pessoas que leem este blog a levar a obra destes autores adiante, já fiz a minha parte.

O pagador de promessas é um espetáculo que virou filme, o primeiro filme brasileiro que concorreu ao Oscar e ganhou o prêmio no Festival de Cannes.
O pagador de promessas é, talvez a mais importante obra do saudoso Dias Gomes. Não é simplesmente o aspecto da intolerância religiosa que importa, nem tampouco o dogmatismo religioso. Num país como o nosso, onde o sincretismo das religiões convive cotidianamente em quase todas as atividades, a simbologia do Zé do Burro é um grito contra a engrenagem desumana que sufoca que sufoca e limita anseios de liberdade [José Renato - Diretor teatral]
Principais personagens:
Zé do Burro: o homem que faz uma promessa a Santa Bárbara, se ele alcançasse a graça, daria metade de sua propriedade aos pobres e levaria uma cruz até o altar da igreja de Santa Bárbara que fica a 42 km, trajeto que ele e sua esposa fizeram a pé. Ele além de ser religioso, é supersticioso, procura o santo que possa ajudá-lo, independente de ser fiel apenas ao catolicismo.
Rosa: Esposa do Zé do Burro, uma mulher bonita, sexy e que de uma certa forma sente-se enclausurada e sem perspectiva de ser feliz.
Bonitão: Um cafetão que vê o casal chegando de madrugada na porta da igreja e propõe a Rosa que vá descansar em um hotel, pois o Zé, obcecado pela promessa, não arreda o pé enquanto a igreja não abrir.
Padre: O padre é um homem bem austero, não aceita que o Zé entre na igreja para cumprir a promessa, primeiro que a promessa era para que seu burro fosse curado, ele não concordava com isso. Segundo, a promessa foi feita a Iansã, no Candomblé; mas Iansã e Santa Bárbara tem a mesma função, são a mesma pessoa. O padre proibe a entrada do Zé com a cruz na igreja, isso causou burburinho na cidade.
Repórter: Em busca de uma boa pauta para o jornal, ele conta a história do Zé de uma forma totalmente distorcida, Zé nem entende o que o repórter está dizendo, mas coopera e tira até fotos para a matéria do jornal.
Zé na sua ingenuidade falando com o padre sobre fazer uma promessa pelo burro:
Nicolau não é um burro como os outros. É um burro com alma de gente. E faz isso por amizade, por dedicação. Eu nunca monto nele, prefiro andar a pé ou a cavalo. Mas de um modo ou de outro ele vem atrás. Se eu entrar numa casa e demorar duas horas, duas horas ele espera por mim, plantado na porta. Um burro desses, seu padre, não vale uma promessa?
[Padre] A igreja é de Deus, candomblé é do diabo
Repórter com suas perguntas comprometedoras e capiciosas.
Repartir o sítio... diga-me, o senhor é a favor da reforma agrária?
[Zé] Reforma agrária? O que é isso?
[Repórter] É o que o senhor acaba de fazer em seu sítio. Redistribuição de terras entre aqueles que não as possuem..
É contra a exploração do homem pelo homem. O senhor pertence a algum partido político?
Notícia publicada na gazeta:
O novo Messias prega a revolução
Sete léguas carregando uma cruz, pela reforma agrária e contra a exploração do homem pelo homem. Para o vigário da paróquia de Santa Bárbara, é satanás disfarçado. Quem será afinal Zé do Burro? Um místico ou um agitador?
[Rosa] Não entendi muito bem o que botaram na gazeta, mas uma coisa me diz que isso não é bom.

Depois de um tempo, a polícia já estava no caso, por fim, o homem que só queria pagar uma promessa, já era acusado de ser líder comunista, terrorista, de ter ameçado o padre e querendo invadir a igreja. Fim de gente assim, morte em praça pública. Virou mártir
Assim termina a história de Zé, um zé-ninguém que virou ameaça para políticos e religiosos. Parece absurdo? Não, há muitos que sofrem injustiças, não são compreendidos, a imprensa deturpa as informações, o marketing político e religioso oprimem as mentes, mas estamos muito ocupados e cegos para dar conta de tudo isso.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A peça didática de Baden-Baden sobre o acordo - Brecht

"A peça didática de Baden-Baden sobre o acordo" é como uma continuidade do "Voo sobre o oceano", por isso recomendo, para quem não acompanha o blog e não leu, vai lá ler primeiro o "Voo"  e depois volta para cá.
Para quem já leu, continuemos então:
São três mecânicos e um aviador acidentados, eles estão contentes em saber que os aviões estão melhores, apesar dos acidentes que acontecem de vez em quando, eles não querem morrer, mas ninguém está preocupado com eles e sim com a continuação em criar máquinas ainda mais potentes e seguras.

INQUÉRITO PARA SABER SE O HOMEM AJUDA O HOMEM

Primeiro inquérito

O lider do coro se adianta - Um de nós atravessou o mar e descobriu um novo continente, mas muitos depois dele. Lá construíram grandes cidades com muito esforço e inteligência.
Coro retruca - Nem por isso o pão ficou mais barato.
O lider do coro - Muitos de nós meditaram sobre o movimento da Terra ao redor do Sol, sobre o mais íntimo do homem, as leis gerais, a composição do ar e sobre os peixes abissais. E descobriram grandes coisas.
Coro retruca - Nem por isso o pão ficou mais barato. Pelo contrário, a miséria aumentou em nossas cidades, e já há muito tempo ninguém sabe o que é um homem. Por exemplo: Enquanto vocês voavam, rastejava pelo chão algo semelhante a vocês, não como um homem!
O lider do coro dirigindo-se à multidão - Então o homem não ajuda o homem?
A multidão responde - Não!


A RECUSA DA AJUDA



Multidão lê para si mesmo - Certamente vocês já observaram a ajuda em mais de um lugar, sob diferentes formas, gerada por um estado de coisas que ainda não conseguimos dispensar: A violência. Contudo, nós aconselhamos a enfrentar a cruel realidade com uma crueldade ainda maior. E, abandonando o estado de coisas que gera a necessidade, abandone a necessidade. Portanto, não contem com ajuda: Recusar a ajuda supõe violência. Enquanto a violência impera, a ajuda poderá ser recusada. Quando não mais imperar a violância, a ajuda não será mais necessária. Por isso, em vez de reclamar ajuda, é preciso abolir a violência. Ajuda e violência constituem um todo, e é este todo que é preciso transformar.

O ACORDO
O coro dirigindo- se aos três mecânicos acidentados - Morram sua morte como têm realizado seu trabalho, revolucionando uma revolução. Morrendo, não se preocupe com a morte, mas recebam de nós a tarefa de reconstruir nosso avião. Comecem! A fim de voarem para nós, aonde precisarmos de vocês e no momento em que for necessário.
E lhe pedimos: Transformem o nosso motor e aperfeiçoem-no, façam aumentar a segurança e a velocidade.

Como mencionado no comentário que fiz sobre a peça "Voo sobre o oceano", o homem não se preocupa com o homem, se os mecânicos estão acidentados, quem se importa? O importante é saber se o voo vai continuar com mais segurança. É muito visível nos dias de hoje, se um trem descarrilha, ninguém quer saber se tem pessoas feridas, começam a xingar porque o próximo trem não virá, a pessoa terá que procurar outro meio de transporte. A vida hoje não vale um tostão, o imediatismo está em se orgulhar do progresso, da rapidez, do valorizar as coisas e humilhar as pessoas. talvez Brecht quisesse que seus textos fossem um meio de reflexão e mudança, mas infelizmente tenho uma má notícia, não tenho esperança de ver a valorização da raça humana, pelo contrário, a cada dia as pessoas estão mais egoístas, intolerantes e solitárias. Já cantava Lulu Santos:
Assim caminha a humanidade
Com passos de formiga
E sem vontade...

sábado, 18 de junho de 2011

O voo sobre o oceano - Bertold Brecht

Escolhi mais uma peça de Brecht para o Desafio Literário, "Voo sobre o oceano" é uma peça radiofônica, baseada no voo de Lindbergh, um fascista que manteve estreitas relações com os nazistas e desempenhou um papel bastante ambíguo nos EUA. Brecht omitiu o nome de Lindbergh por: "Meu nome não interessa", pois ele queria mesmo mostrar o homem alcançando alturas, construindo máquinas potentes e esquecendo de olhar para o próximo que está rastejando.



IDEOLOGIA

Os aviadores

Muitos dizem que os tempos são velhos, mas eu sempre soube que vivemos num tempo novo. [...]
Corre a notícia: o imenso e temível oceano não passa de um pequeno lago.
Agora sou o primeiro a sobrevoar o Atlântico, mas estou convencido que amanhã mesmo vocês rirão do meu voo.

mas esta é uma batalha contra o que é primitivo e um esforço para melhorar o planeta, semelhante à economia dialética que transformará o mundo desde sua base. Portanto, lutemos contra a natureza até nos tornarmos naturais.

[...] Pois a humanidade se divide em duas: Exploração e Ignorância [...]

Mesmo nas cidades melhoradas ainda prevalece a desordem, que nasce da ignorância e se parece com Deus. Porém, as máquinas e os operários a combaterão. E vocês devem participar da luta contra o que é primitivo.

DURANTE O VOO OS JORNAIS AMERICANOS NÃO CESSAM DE FALAR SOBRE A SORTE DOS AVIADORES

Quando aquele que tem sorte sobrevoa o mar, as tempestades se retraem,
se as tempestades não se retraem, o motor aguenta,
se o motor não aguenta, o homem aguenta,
se o homem não aguenta, a sorte aguenta.
Por isso acreditamos que o homem de sorte chegará

Quem espera alguém?
E mesmo aquele que ninguém espera precisa chegar. A coragem não é nada, chegar é tudo.

RELATÓRIO SOBRE O QUE AINDA NÃO FOI ALCANÇADO

RÁDIO E AVIADORES - No tempo que a humanidade começava a se conhecer, nós construímos veículos com madeira, ferro e vidro, e atravessamos os ares voando. Por sinal, a uma velocidade superior em mais de um dobro de um furacão. E na verdade, os nossos motores eram mais fortes que cem cavalos, mas menores que cada um deles.
Durante mil anos, tudo caiu de cima para baixo, com exceção dos pássaros. Nem mesmo nas antigas pedras encontramos qualquer indício de algum homem tenha atravessado os ares voando, mas nós erguemos, próximo ao fim do 3º milênio de nossa era, ergue-se ingenuidade de aço, mostrando o que é possivel, sem nos deixar esquecer: O QUE AINDA NÃO FOI ALCANÇADO.  A isto dedico este relato.

PS: Depois do voo sobre o oceano, o homem já foi à lua, conquistou o universo, os voos estão mais longínquos e ainda estamos nos esquecemos do que precisa ser alcançado, a igualdade, a fraternidade, a tolerância, a igualdade social. A ciência evolui  a passos tão rápidos quanto a velocidade da luz, mas ainda o homem não entende o homem, o homem massacra o homem, o homem odeia o homem. Gasta-se milhões para descobrir o que há espaço sideral, milhões para financiar guerras, mas nunca tem dinheiro para matar a fome da criança, erradicar doenças curáveis, salvar o meio ambiente da destruição. Se o governo propõe ajuda financeira aos miseráveis, os pagadores de impostos não se conformam, quer mais que o miserável morra, investir em estradas, carros, trens, meios que transportam o homem mais rápido para onde ele nem sabe se quer ir, isso sim é levado em consideração.

domingo, 5 de junho de 2011

Desafio literário: Peça teatral - Missa Leiga - Chico de Assis

Escolhi essa peça porque admiro profundamente o Chico de Assis, sagitariano, rebelde, de esquerda, alguém que quando abre a boca, te hipnotiza, fiz aulas de dramaturgia com ele no Teatro Sérgio Cardoso, não tinha pretensão de escrever para teatro, mas adorava as aulas só para ouvir "os causos" do grande mestre. Para mim, ele é um grande gênio brasileiro que o Brasil não reconhece, pois não não valoriza o teatro, muito menos quem escreve para teatro.
Missa Leiga, nas palavras do Chico, é uma oração pelo destino do homem e do mundo. Entre conhecer o homem e Deus, temos mais oportunidade de conhecer a humanidade. Eu assisti à peça, mas não tinha lido o texto ainda. Segue abaixo alguns fragmentos que me deu preguiça de digitar, mas valeu a pena.

Cena 4: Despojamento 
Corifeu
É possivel que o homem fosse criado para ser abandonado?
É possivel que o criador deixasse o homem de lado por causa do pecado?
É possível que o sofrimento esteja nos planos de Deus?
É possivel que a angústia seja um mandado divino?
É possível que a violência seja um acordo entre Jeová, Senhor dos exércitos, e a humilde condição humana?
É possivel que a dor e a fome sejam um legado da onipotência?

Cena 5: O sacrifício
Ator 1: Quem está disposto a ser traído? Não por um estranho, mas pelo seu melhor amigo?

Cena 20: Encerramento

Corifeu
Sermão secular e leigo que procede o encerramento dessa missa. Nos acostumamos à morte e ao genocídio como adquirimos vícios gerais, como fumar e beber. Estamos resistentes e intoxicados a qualquer notícia. Esperamos, como num jogo, ser personagem da tragédia. Aí então, nos desesperamos e tomamos providências. Aí então, gritamos, mas ninguém nos ouve porque o ar está poluído de berros lancinantes. Aí então, tentamos explicar o mal do mundo, mas ninguém nos ouve, ninguém tem ouvido para essas coisas.
Somos vítimas sintomáticas do nosso desinteresse pela vida, pela nossa apropriação sôfrega das migalhas e farrapos da alegria, sobradas do contínuo festim da violência.
A solidariedade humana é uma doutrina de condenados à morte, imediatos. O amor é o privilégio dos que vivem sob o risco da vida, nos andaimes do mundo, sob a marca da fatalidade planejada, marginal, debaixo das ordem de guerra e destruição. Quem entende de perigos é o equilibrista.
Quem sabe da felicidade é o recem-afogado no mar. Certas facilidades de sobreviência egoístas e pessoais castram no homem sua sensibilidade geral. A notícia do mundo é tão tragicamente forte que a humanidade devia chorar e se afogar num antidilúvio de lágrimas ou então refletir em formas de tortura, repensar as várias modalidades de assassinato, mastigar a fome e engolí-la sem água. O homem está calmo e feliz à esperam que invadam a sua casa, atirem sobre seu filho e violentem sua mulher.
Isso já aconteceu, só falta perceber esta humanidade contraditória, esta procura por seres abandonados à sua própria sorte por entre pedaços de corpos. Vamos escolhendo veredas que nos levem a todos, ao encontro do melhor lugar, onde será feita a nossa seara de sangue. É preciso começar alguma coisa que liberte a vida, que não limite o conhecimento pelas grades dos sentidos: olhos, ouvidos, olfato, tato e sonho.
Só uma consciência em cacos entende um mundo despedaçado. Só um ser inacabado e abandonado tem terror do finito e do infinito. É preciso seres desiguais e concordantes ao invés de iguais e discordantes. E isso já basta para uma nova forma de amor.

Corifeu
Deixa que eu seja como a flor do mato, semeada pelo vento ao sabor do acaso, Senhor!
Deixa que eu seja como o riacho louco que desenha em curvas inúteis sua própria estrada, Senhor!
Deixa que eu seja como a ave que acaba de aprender a usar as asas, mas não sabe para onde voar, apenas voa, Senhor!
Deixa que eu viva em constante amor sem poder saber nunca o que é o amor.

GRUPO 1: Vamos afastar do altar divino
GRUPO 2: Com as mãos limpas e lavadas e no rosto uma aparência de paz!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Desafio Literário: 1984 - George Orwell

Para o Desafio Literário do mês de abril, escolhi a leitura do livro 1984. de George Orwell. Não sei o por quê ainda não tinha lido esse livro, é muito bom! Tem que constar no top 10 you must read. Já tinha lido o "A Revolução dos bichos" do mesmo autor e gostado bastante, mas esse superou minhas expectativas.
O cartaz acima: "Big Brother is watching you", estava espalhado por toda parte. Local: Londres. Ano: talvez em 1984. O helicóptero da Patrulha da Polícia descia beirando os telhados, espiando  as janelas do povo, mas eles não eram dos males o pior, pois tinha a Polícia do Pensamento. Idioma: Novilíngua. Lema do Partido: "Guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância e força". Winston (personagem principal) apaixona-se por Júlia, ela fazia parte de Liga Juvenil Anti-sexo. Obs: Era proibido apaixonar-se ou casar por amor, fazer sexo era apenas com intuito de procriação.
É um livro distopico, político, existencialista, provocador, reflete sobre direitos humanos, direito do indivíduo, abuso de poder, repressão, lavagem cerebral, torturas e poder da mídia.

Fragmentos do livro:

Eram as sedes dos quatro Ministérios que entre si dividiam todas as funções do governo: o Ministério da Verdade, que se ocupava das notícias, diversões, instrução e belas artes; o Ministério da Paz, que se ocupava da guerra; o Ministério do Amor, que mantinha a lei e a ordem; e o Ministério da Fartura, que acudia às atividades econômicas. Seus nomes, em Novilíngua: Miniver, Minipaz, Miniamo e Minifarto.

Quase todas as crianças eram horríveis. O pior de tudo é que, com auxílio de organizações tais como os Espiões, eram sistematicamente transformadas em pequenos selvagens incontroláveis, e no entanto nelas não se produzia qualquer tendência de se rebelar contra a disciplina do Partido. Ao contrário, adoravam o Partido, e tudo quanto tinha ligação com ele. As canções, as procissões, as bandeiras, as caminhadas, a ordem unida com fuzis de madeira, berrar palavras de ordem, adorar o Grande Irmão - era para elas uma espécie de jogo formidável. Toda sua ferocidade era posta para fora, dirigida contra os inimigos do Estado, contra os forasteiros, traidores, sabotadores, ideocriminosos. Era quase normal que as pessoas de mais de trinta tivessem medo dos próprios filhos. E com fartos motivos, pois rara era a semana em que o Times não publicasse um tópico contando como um pequeno salafrário - "herói infantil" era a expressão usada- ouvira alguma observação comprometedora e denunciara os pais à Polícia do Pensamento.

Havia toda uma série de departamentos autônomos que tratavam de literatura, música, teatro e divertimentos proletários em geral. Neles eram produzidos jornalecos ordinários que continham pouca coisa mais que notícias de esporte, polícia e astrologia, sensacionais noveletas de cinco centavos, filmes transbordando de sexo, e cançonetas sentimentais compostas inteiramente por meios mecânicos numa espécie de caleidoscópio especial denominado versificador. Havia até uma sub-seção inteira - a Pornosec, como a chamavam em Novilíngua - dedicada à produção da pornografia mais reles, embalada em envelopes fechados, e que nenhum membro do Partido, além dos que nela trabalhavam, tinha licença de ver.

- Os proles não são seres humanos, - disse ele, descuidado. - Por volta de 2050, ou antes, todo o conhecimento da Antiglíngua terá desaparecido. A literatura do passado terá sido destruida, inteirinha. Chaucer, Shakespeare, Milton, Byron - só existirão em versões Novilíngua, não apenas transformados em algo diferente, como transformados em obras contraditórias do que eram.
Até a literatura do Partido mudará. Mudarão as palavras de ordem. Como será possível dizer "liberdade é escravidão" se for abolido o conceito de liberdade?
Todo o mecanismo do pensamento será diferente. Com efeito, não haverá pensamento, como hoje o entendemos. Ortodoxia quer dizer não pensar... não precisar pensar. Ortodoxia é inconsciência.

Nosso pior inimigo, refletiu, é o sistema nervoso. A qualquer momento a tensão que há dentro da gente pode-se traduzir num sintoma visível.

Todas as crianças deveriam nascer por inseminação artificial (insemart) e educadas em instituições públicas. Isto, Winston sabia, não era para se levar de todo a sério, mas de certo modo se encaixava na ideologia geral do Partido. O Partido estava tentando matar o instinto sexual, ou, se não fosse possível matá-lo, torcê-lo e torná-lo indecente. Ele não sabia o porque dessa conduta, mas assim era, e lhe parecia natural que assim fosse.

Winston escreveu em seu diário secreto: Não se revoltarão enquanto não se tornarem conscientes, e não se tornarão conscientes enquanto não se rebelarem.

O Partido procura o poder por amor ao poder. Não estamos interessados no bem-estar alheio; só estamos interessados no poder. Nem na riqueza, nem no luxo, nem em longa vida de prazeres: apenas no poder, poder puro.