segunda-feira, 19 de julho de 2010

Harold and Maude


Que filme mais doido esse! Em português o filme foi traduzido como "Ensina-me a viver", narra a história de duas pessoas muito excêntricas, o jovem Harold com 20 anos e a Maude prestes a fazer 80. Harold é obcecado pela morte, seu passatempo é simular suicídio, comprou um carro funerário e sempre vai a enterros, nessa de ir a enterros, encontra a Maude, uma velhinha doida de pedra, rouba carros, mora em um vagão de trem, posa para artistas, tem um passado de militante,etc. Eles são o oposto, enquanto ela tenta viver ao máximo, ele tenta morrer.
Harold tem uma mãe dondoca, que quer as coisas certinhas, tenta arrumar uma esposa para ele, leva-o para fazer terapia, compra carro luxo para tentar agradá-lo. Ele tem um tio militar que tenta ingressá-lo na carreira, conta vantagens sobre a guerra.
Olha o que a Maude falou para o policial depois de roubar um carro, uma pá e uma árvore:
Não seja tão profissional.Você deixa de ser você mesmo quando está sendo profissional demais. Essa é a maldição de quem tem um emprego no governo.
E quando ela serve bebida para o Harold, ele diz:
Com certeza estou descambando para os vícios.
Maude: Vício, virtude. É melhor não ser tão rigoroso assim.Você sabota a si mesmo pela sua vida afora. Veja isso por cima da moralidade. Se você aplicar isso para a vida, então você estará se privando de viver isso completamente.
Harold: Eu não tenho vivido. Eu tenho morrido umas vezes.

Queria muito ter uma avó ou uma vizinha como a Maude ou aquela velhinha do Tomates Verdes Fritos que acaba despertando em você a vontade de viver e de se arriscar. Teve a Semana da Diversidade Sexual, no canal GNT, em um dos episódios era sobre homossexuais de Jerusalém, a terra santa. Lá tem uma menina palestina que namora com uma judia (corajosas!), a palestina disse que é melhor viver morrer vivendo que viver morrendo, ou seja é preferivel morrer fazendo o que quer/ gosta a viver uma vida morta sem sentido.
A trilha sonora do filme á muito boa também, foi feita pelo Cat Stevens.Segue abaixo o vídeo com a música "Trouble" + cenas do filme.


O filme é mórbido, hilário, ácido, confronta personagens da sociedade, tais como: militarismo e a necessidade da guerra, a psicanálise, a igreja, o que é certo ou errado, etc. Amodorei!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Dia internacional do Homem e Feminicídio

A Eliza era uma puta, aproveitadora, maria chuteira, atriz pornô
O Bruno é um jovem trabalhador, ganha seu dinheiro honestamente, venceu na vida

Não, não concordo com as afirmações acima, mas elas são citadas nas mídias descaradamente ou disfarçadamente, são capazes de transformar a vítima em culpada e o agressor em bonzinho.
As escolhas profissionais e os interesses de Eliza na visão ocidental-cristã-machista pode não ser boas, mas o mesmos que a criticam são os mesmos que usam os serviços prestados por ela e por outras. Enquanto houver demanda, haverá prestação de serviço, isso é lei máxima de mercado do sistema capitalista (lei da oferta e procura).
A "aproveitadora" engravidou para tirar grana dele, concluem por aí, mas o "aproveitador" é tão tosco que nem usa camisinha para se livrar da paternidade, ou seja, estão empatados no quesito "não nos protegemos sexualmente"
Ele é o mesmo que disse no dia internacional da mulher, em defesa do seu amigo e também agressor Adriano, disse:“Quem nunca saiu na mão com a mulher?” Parece que mesmo com a pouca idade já tinha experiência em agressões.
Por quê as putas têm que ir para fogueira e os consumidores de puta não? Até me lembra  aquela história da bíblia sobre a mulher adúltera que o povo, já com as pedras na mão para apedrejá-la, pergunta para Jesus o que deveriam fazer com ela. Até o "suposto" filho de Deus achou um absurdo e disse: Quem não tem pecado que atire a primeira pedra. Aí como todos saíram de fininho, ele disse para ela: se ninguém te condenou, eu tampouco. É uma sociedade hipócrita e ponto.
Mulher sempre vai sair em desvantagem, serão sempre aqueles milhares de rostos apagados que aparecem no final do filme Anticristo, serão as mulheres do Congo, do texto da Eve Ensler que a Yuna postou no Stoa, das mulheres da África do Sul que em medidas desesperadas usam uma camisinha com dentes anti-estupro. Das Elizas que morrem a cada 2 horas no Brasil, assassinadas são por seus "companheiros".
E até agora estou sem entender para quê serve o dia do homem....

E essa crise dos 30 que não passa?

Alguém já superou a crise dos 30 anos? Comigo tá dificil isso, nunca me aconteceu de ficar tão perdida na vida, em todas as áreas. Vou explicar: Na casa dos 20 eu já era mãe, fazia faculdade, era motivada, usava jeans, camiseta, all star ou havaianas, não me preocupava com o que comer, morava perto dos meus pais e da minha irmã, tinha um monte de amigas, etc.
Hoje meu filho já não depende de mim, vai e volta sozinho da escola, faz o curso de baixo, tem seus amigos e sair com a mamãe é cafona (entendo pq passei essa fase tb!).
Meus pais foram morar longe, minha irmã casou, teve filho e mal a gente se vê. Minhas amigas também casaram ou foram morar fora do país ou estão trabalhando muito e não têm tempo para trocar ideias.Tô sozinha!
Eu me olho no espelho e me sinto a Princesa Fiona, do Shrek, depois que virou "ogra". Antes eu comia um monte de porcaria, levava uma vida sedentária e não engordava. Hoje eu percebo que preciso maneirar na comida, fazer algum tipo de exercício físico, parar de fumar para não murchar e despencar de vez. E na hora de se vestir? Acho ridículo gente de 30 que se veste como se tivesse 15, mas só percebo isso nos outros, nunca sei se estou me vestindo adequadamente para idade, então na hora de sair é aquele sufoco, nunca sei o que vestir.
No trabalho eu não mostro mais atitudes proativas, só faço o que me pedem. Antes eu me metia nas comissões, participava de um monte de coisa, mas isso só era chateação, não ganhava um centavo a mais por isso e nada mudava, pelo contrário, você só descobre o lado podre.
Fiz uma faculdade difícil e trabalho ganhando quase a mesma coisa que ganhava antes de entrar nela.
Eu era ingênua, acreditava nas coisas e nas pessoas, pensava que com esforço tudo ia melhorar, hoje percebo que nada melhora e isso é um choque. Percebi também que quando você passa por uma situação difícil, você até supera, mas nunca esquece o trauma.
Tô perdidaça,  não sei o que quero da vida, escolhi mal minha carreira, achei que aos 30 eu seria bem-sucedida e faria o que eu gostava. Hoje ser bem sucedido e fazer o que gosta é tão difícil quanto ganhar na loteria, eu sei do que gosto, já é um começo, agora vou ver o que faço para que dê certo e nem sempre fazer o que gosta é ser bem-sucedido (financeiramente falando), eu só gosto de coisa que não rende nada.
Sem falar que eu perdi a paciência, não tenho saco para enrolação, respondo na lata, não me traga problemas se não pensou na solução, não me faça esperar, não venha com história mal contada ou meias-palavras porque não sou boa entendora, tem gente que te convida e depois não sabe se vai (se prontifica, te convida e não pode ir, é muito para minha cabeça!) ou quer marcar alguma coisa e não sabe quando, onde e nem por quê, eu não sei se sou muito prática e já tenho todas as informações na cabeça e acho que todo mundo tinha que ser igual. É o stress + TPM que me ataca. Não tô podendo, entende?
Fazer terapia é legal, vou continuar, quem sabe eu me acho, porque eu me sinto estranha por dentro e por fora.

Quero me encontrar, mas não sei onde estou
Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita
Tenho quase certeza que eu não sou daqui

[Meninos e Meninas - Legião Urbana]

terça-feira, 6 de julho de 2010

Frida - O filme



 "pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade". [Frida Kahlo]

Em comemoração aos 103 anos de Frida Kahlo (apesar de já não estar entre nós fisicamente, temos o seu legado que a mantém viva). Ela cansou da vida que não foi nem um pouco generosa com ela. Aos 6 anos teve poliomelite o que causou sequelas, ficou com defeito no pé e mancava. Aos 18 sofreu um acidente no bonde que acarretou problemas na coluna, inúmeras cirurgias e dores crônicas até o fim de sua vida. Vira comunista (não sei se o comunismo era bom, mas quem era bom era comunista!) e conhece o Diego Rivera (já tinha dito aqui que ele nasceu no mesmo dia que eu, em anos diferentes, claro! ). Diego sempre deixou claro que não seria fiel, ela sabia que seria difícil, mas achava que ia endireitar o rapaz, não deu certo. Ela engravidou, ficou muito feliz, mas não conseguiu levar a gravidez adiante devido aos problemas sérios de saúde e sofreu um aborto. Pegou o Diego no bem bom com a irmã dela. Também teve seus casos extraconjugais, inclusive com pessoas do mesmo sexo. Hospedou Leon Trotski em sua casa e teve um caso com ele. A vida dela foi muito intensa, embora demonstrasse fragilidade física, ela tinha uma força espiritual extrema para aguentar os baques da vida. Fez do seu sofrimento uma arte.
"Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar"

O filme era um sonho que a atriz mexicana Salma Hayek queria realizar, lutou pelos direitos das obras, contou com a ajuda de amigos e atuou brilhantemente no papel de Frida, o Alfred Molina no papel de Diego e Geoffrey Rush (adoro! desde o filme "Contos proibidos do Marquês de Sade") no papel de Trotski, sem palavras. Salma era conhecida por fazer a gostosa de comédia romântica ou mulher de pistoleiro, surpreendeu a todos, além de gostosa é inteligente e atua muito, pena que Hollywood não dá o devido valor a la chica latina.
Não assistiu ainda? Corra para locadora, infeliz! Vai que o mundo acaba, morrer sem ver esse filme é um sacrilégio.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Anna Karenina - Leon Tolstoi

"Todas as famílias felizes são iguais. As infelizes o são cada uma à sua maneira".

Nº de páginas: 654 (algumas publicações tem mais de 900 págs)
Para quem acha que é mais um romance de mulher adúltera, pode estar enganado. Esse livro conta toda a situação política da Rússia no século XIX. Anna só aparece lá pela página 60 e some bem antes do témino do livro.
A 1ª vez que tive contato com Tolstoi foi quando eu fiz um curso de Teologia e li "O reino de Deus está em vós", ele prega o cristianismo pacífico, é tipo de uma anarquia, já que recusa o governo dos homens, o poder da igreja e principalmente a estupidez da guerra. No livro "Anna Karenina" é fácil identificar as ideias descritas no "O reino de Deus está em vós", atráves do personagem Liêvnin, que é o próprio Tolstói, seu alter-ego.
Era leitura do desafio literário do mês de março, mas, pelo menos para mim, literatura russa não dá para ler direto em um mês sem ao menos fazer uma pesquisa sobre a situação naquela época, se for para eu ler e não entender, prefiro não ler. Foi por isso que eu fiz Teologia, inventei de ler a Bíblia e não entendi nada, fiz o curso, além de depois conseguir ler a Bíblia, tive uma das maiores experiências da minha vida.Teologia significa estudos sobre Deus, não quer dizer que é sobre religião, embora esteja totalmente ligada uma coisa com a outra, é a busca do homem por algo superior. Tanto que a palavra religião vem do latim religare, ou seja ligar o homem a Deus, o tal do elo perdido. Ironicamente eu sou cética que é diferente de ser ateu, ser cético é não ter certeza se Deus existe porque não tem como provar, já ateu significa negação de Deus, ele não acredita de jeito nenhum.
Voltando ao "Anna": É um livro que precisei pesquisar um pouco, portanto não é uma leitura fácil. Tolstói é extremamente detalhista na descrição física e psicológíca dos personagens, também a descrição do ambiente: a casa, os móveis, os empregados, a cidade, os amigos, a política, os ricos, os camponeses, é possível criar um filme na sua cabeça com todas as informações que ele passa sobre tudo.
Anna era uma mulher influente na sociedade, tinha sua vida normal com seu marido e filho, tudo transcorria muito bem, era bem tratada pelo marido (isso me lembrou muito "Casa de bonecas") e até que algo a tirou de sua vidinha rotineira, algo despertou dentro dela e viu que as coisas não estavam tão bem como ela imaginava, de repente ela percebeu que era capaz de amar outra pessoa além do marido e que para ter esse amor ela deveria abdicar sua vida confortável, estar à margem da sociedade, ao invés de ser influente, agora seria motivo de escândalo. Mas até que ponto somos capazes de suportar insultos, rejeição por defender o nosso amor ou nossas crenças? O quanto se suporta por amar mais o outro que si próprio? Tudo isso traz a própria anulação, humilhação, todas as nossas verdades são confrontadas. Ela tinha ido salvar o casamento do irmão e destruiu o seu próprio. Ela era linda, perfeita, simpática, até dar um basta e mostrar que não sabia o que era capaz de fazer até perceber que vivia uma ilusão, obedecia regras pré-estabelecidas pela sociedade, fazia o que era para o bem geral e não o bem para ela mesma, mas infelizmente Anna não conseguiu ser forte o suficiente para suportar tudo. Anna representa a Rússia. Seu marido representa os nobres que prezam a aparência, a boa vida e a hipocrisia, seu amante representa o militarismo, a guerra. Os costumes da época são um tanto curiosos, por exemplo: a família para ser chic, falavam em francês entre si, para ser cult falavam em alemão, era como uma negação da própria cultura, é achar que o estrangeiro é mais evoluído. Anna quebrou paradigmas, a Rússia também deveria sair da zona de conforto e romper com o conformismo e lutar com amor, o amor que Anna demonstrou quebrando todas as barreiras sociais, não com armas, mas com ações. O nome Anna significa, em hebraico, cheia de graça. Graça significa "favor não merecido", amar sem esperar nada em troca porque o outro nem merece tanto. É o amor doador. Por exemplo: Graças a Deus! quer dizer: mesmo não merecendo esse amor de Deus, foi-me concedido!
Ai que vontade de falar muito e de mais personagens e de todas as ideias que passam na minha cabeça, mas cada dia falamos menos, tudo está se resumindo a 144 caracteres (twitter), ninguém tem mais paciência para grandes reflexões.
Agora estou pronta para ler Guerra e Paz, dizem que é o melhor livro dele.

O FILME


Embora haja 3 ou 4 filmes, vi o mais recente com  Sophie Morceau, Sean Bean e Alfred Molina, enfoca mais a história da Anna, é  fiel ao livro, atores, figurino, cenário e trilha sonora, perfeitos. Muito bom!