Este livro foi o escolhido do mês de maio para o grupo Our Shared Shelf, comprei o e-book na Kobo Store por $11,00 dolares. O bom de participar de grupos, é que eu saio da minha zona de conforto e leio coisas que nunca descobriria sozinha. Infelizmente a maioria dos livros deste grupo nao tem traduçao para o português nem para o francês, como ja mencionei em posts anteriores, se ja é dificil para uma mulher publicar, ser traduzida é mais dificil ainda. Cabe a nos estudarmos outros idiomas para nao ficarmos de fora de toda riqueza literaria. Ultimamente ando lendo as obras no idioma original porque além de ser interessante, evita uma traduçao mal feita.
"The Argonauts" (Os Argonautas), é um livro de memorias nao-convencional, escrito de maneira nao-convencional. A autora narra em forma de pequenas anotaçoes, como se estivesse escrevendo em um blog ou diario. Porém, essas anotaçoes sao feitas com muitos questionamentos e posicionamentos. Parece uma leitura facil, mas nao é, tive que parar algumas vezes para refletir e também para pesquisar. Ela, por ser professora universitaria, às vezes tem esses insights de escrita acadêmica, cita muitos filosofos, professores, escritores, artistas e poetas que eu desconhecia e tive que googlear para nao me perder. Na hora que ela falou dos argonautas da mitologia grega + Roland Barthes + Sedgwick tudo junto e misturado ao mesmo tempo, fiz uma pausa para me inteirar do assunto e em seguida, retomar a leitura.
A grosso modo, ela narra sua experiência em ser esposa de Harry Dodger, um transgender man (mulher que fez a transiçao para tornar-se masculina, por isso vou utilizar o pronome pessoal "ele"). Também optou por ser mae via inseminaçao artificial e era madastra, ja que seu companheiro tinha um filho do casamento anterior. É uma redefiniçao do termo familia.
Apesar dos insights filosoficos, o texto tem suas partes simples, narrando seu dia-a-dia sendo mae (gravidez, parto, amamentaçao), esposa (vida sexual), madrasta e profissional, que deveria nao ser muito diferente do resto das mulheres do mundo. Porém, o mundo nao esta preparado para isso, é cada coisa desnecessaria que ela tem que passar que olha....
Fala também de corpo, as mudanças fisicas com o passar do tempo, o corpo da mae, seu proprio corpo, o corpo do Harry em transformaçao, o corpo do bebê.
Fala de gênero, sexualidade, homossexualidade. Como é ser lesbica, feminista e feminina ao mesmo tempo.
É um otimo livro para entender que o mundo nao é binario, que entre o branco e preto tem toda uma escala de cinza no meio que deve ser considerada. Nao adianta querer colocar as pessoas em caixinhas como se todas fossem iguais.
O proprio titulo me fez pensar no Argos (barco) em que estamos, para onde estamos indo, por quê estamos indo, quem esta indo junto, onde aportaremos. Às vezes a gente leva nossa vidinha no nosso barquinho e esquecemos que ha outros barcos, com outras pessoas, com outros propositos.
Eis alguns fragmentos (nao traduzo, pois é apenas para meu arquivo pessoal):
Sobre ser madrasta
Apesar dos insights filosoficos, o texto tem suas partes simples, narrando seu dia-a-dia sendo mae (gravidez, parto, amamentaçao), esposa (vida sexual), madrasta e profissional, que deveria nao ser muito diferente do resto das mulheres do mundo. Porém, o mundo nao esta preparado para isso, é cada coisa desnecessaria que ela tem que passar que olha....
Fala também de corpo, as mudanças fisicas com o passar do tempo, o corpo da mae, seu proprio corpo, o corpo do Harry em transformaçao, o corpo do bebê.
Fala de gênero, sexualidade, homossexualidade. Como é ser lesbica, feminista e feminina ao mesmo tempo.
É um otimo livro para entender que o mundo nao é binario, que entre o branco e preto tem toda uma escala de cinza no meio que deve ser considerada. Nao adianta querer colocar as pessoas em caixinhas como se todas fossem iguais.
O proprio titulo me fez pensar no Argos (barco) em que estamos, para onde estamos indo, por quê estamos indo, quem esta indo junto, onde aportaremos. Às vezes a gente leva nossa vidinha no nosso barquinho e esquecemos que ha outros barcos, com outras pessoas, com outros propositos.
Eis alguns fragmentos (nao traduzo, pois é apenas para meu arquivo pessoal):
How does one get across the fact that the best way to find out how people feel about their gender or their sexuality—or anything else, really—is to listen to what they tell you, and to try to treat them accordingly, without shellacking over their version of reality with yours?
The presumptuousness of it all. On the one hand, the Aristotelian, perhaps evolutionary need to put everything into categories—predator, twilight, edible—on the other, the need to pay homage to the transitive, the flight, the great soup of being in which we actually live. Becoming, Deleuze and Guattari called this flight: becoming-animal, becoming-woman, becoming-molecular. A becoming in which one never becomes, a becoming whose rule is neither evolution nor asymptote but a certain turning, a certain turning inward, turning into my own / turning on in / to my own self / at last / turning out of the / white cage, turning out of the / lady cage / turning at last.
Nuptials are the opposite of a couple. There are no longer binary machines: question-answer, masculine-feminine, man-animal, etc. This could be what a conversation is—simply the outline of a becoming. —Gilles Deleuze/Claire Parnet
Sobre ser madrasta
When you are a stepparent, no matter how wonderful you are, no matter how much love you have to give, no matter how mature or wise or successful or smart or responsible you are, you are structurally vulnerable to being hated or resented, and there is precious little you can do about it, save endure, and commit to planting seeds of sanity and good spirit in the face of whatever shitstorms may come your way. And don’t expect to get any kudos from the culture, either: parents are Hallmark-sacrosanct, but stepparents are interlopers, self-servers, poachers, pollutants, and child molesters.Identifiquei-me com isso
I didn’t have a baby then, nor did I have any designs on having one. Nor have I ever been what you might call a baby person (nor an animal person, nor a garden person, not even a house-plant person; even urgings toward “self-care” often irritate or mystify me). But I was enough of a feminist to refuse any knee-jerk quarantining of the feminine or the maternal from the realm of intellectual profundity.E com isso:
Shame-spot: being someone who spoke freely, copiously, and passionately in high school, then arriving in college and realizing I was in danger of becoming one of those people who makes everyone else roll their eyes: there she goes again. It took some time and trouble, but eventually I learned to stop talking, to be (impersonate, really) an observer. This impersonation led me to write an enormous amount in the margins of my notebooks— marginalia I would later mine to make poems.Sobre ser mae lésbica nos EUA
[Single or lesbian motherhood] can be seen as [one] of the most violent forms taken by the rejection of the symbolic … as well as one of the most fervent divinizations of maternal power—all of which cannot help but trouble an entire legal and moral order without, however, proposing an alternative to it.
Given that one-third of American families are currently headed by single mothers (the census doesn’t even ask about two mothers or any other forms of kinship—if there is anyone in the house called mother and no father, then your household counts as single mother), you’d think the symbolic order would be showing a few more dents by now.
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