Peguei esse livro na biblioteca, pois precisava de umas dicas de escritores do séc.20. É composto de 45 obras que fizeram sucesso neste periodo, algumas inauguraram um novo estilo literario, outras falam de assuntos que até entao eram considerados tabus, improprios, pervertidos ou contra a moral e os bons costumes.
Como é de se esperar, nao tem muita diversidade, 40 autores sao homens e apenas 5 sao mulheres, todos sao brancos, europeus ou norte-americanos, o unico latino-americano que apareceu foi o Gabriel Garcia Marquez, nao tem nenhum africano, nem asiatico.
Dei 3 estrelas no Goodreads porque tem uns probleminhas de revisao de texto, datas erradas, informaçao truncada que deixou algumas coisas mal explicadas e tive que consultar outras fontes para entender melhor.
Alguns eu ja li, mas so mencionei nos balanços de leitura que faço quinzenalmente. Deixarei o link no titulo dos livros que li e fiz posts. Muitos deles fazem parte dos projetos de leituras que participo, entao terao posts posteriormente.
Deixei o titulo no idioma original de algumas obras, pois nao achei a versao em português. Esta por ordem de ano de publicaçao que vai de 1907 a 1984, fiz um resuminho com palavras-chaves que definiram o sucesso de cada um, sao eles:
- Arsène Lupin, gentleman - cambrioleur (1907), de Maurice Leblanc
Melhor série de romance policial francês e também a mais vendida.
- Le Grand Meaulnes (1913), de Alain-Fournier
Foi considerado pelos franceses como um dos quatro romances do século junto com O Pequeno Principe, O Velho e o Mar e O Estrangeiro. Um dos mais importantes da categoria young-adult. O autor narra de forma tocante suas impressoes sobre a infância e a adolescência. Ele morre aos 28 anos, em combate na Primeira Guerra Mundial.
- Morte em Veneza (1913), de Thomas Mann
Romance autobiografico com tematica homossexual: Homem de 50 anos que se apaixona por um jovem em um hotel na Italia. O autor ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1929. Teve uma versao cinematografica, em 1971, dirigida por Luchino Visconti.
- Em busca do tempo perdido (1913 a 1927), de Marcel Proust
Heptalogia que virou o centro dos debates literarios e revolucionou a literatura francesa e mundial.
- La Symphonie pastorale (1919), de André Gide
O autor gosta de provocaçao e escândalo. Este livro foi escrito em forma de diario, fala de amor e moralidade: Pastor que se apaixona por uma menina orfa e cega que ele acolhe em sua casa. Os japoneses adaptaram para o cinema em 1938. O autor ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1947.
- The Mysterious Affair at Styles (1920), de Agatha Christie
Seu primeiro romance foi recusado por varias editoras. Revoluciona o gênero policial com a investigaçao psicologica do detetive Poirot.
- The Age of Innocence (1920), de Edith Wharton
Romance historico. Ganha o Prêmio Pulitzer em 1921. Foi adaptado para o teatro e encheu as salas da Broadway durante um ano. Também foi adaptado para o cinema, em 1993, pelo Martin Scorsese.
- Ulysses (1920), de James Joyce
É considerado a epopeia do séc.20, uma versao burlesca e irônica da Odisseia de Homero, centrada na interiorizaçao fisica e mental dos personagens.
- Babbitt (1922), de Sinclair Lewis
Satiriza o "American way of life", a classe média materialista que nao se contenta com nada. Também é considerado o carro-chefe da linguistica, pois é escrito no modo de falar do americano comum. O autor recusa o prêmio Pulitzer, em 1926. Foi o primeiro americano a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, em 1930.
- La Coscienza di Zeno (1923), de Italo Svevo
Romance psicoanalitico, o autor é cohecido como Proust italiano, ele tem uma personalidade unica e isolada dos outros autores do circulo literario italiano do começo do séc. 20.
- The Great Gatsby (1925), de Francis Scott Fitzgerald
Foi considerado imoral, pois tem relatos de adulterios, amantes e corrupçao. Romance historico, narra a ascençao e a decandência dos ricos americanos na década de 20.
- O Processo (1926), de Franz Kafka
Romance impecavel e avant-gardiste. É um grande marco na historia da literatura. Seu tradutor declarou que é uma obra unica que nao se assemelhava a nada de conhecido até entao. Hoje o termo "kafkaniano" significa uma situaçao absurda e opressora criada por um mecanismo no qual o individuo é enganado.
- Verwirrung der Gefuhle (1927), de Stefan Zweig
Romance com tematica homossexual. O narrador conta em forma de flashbacks sua paixao pelo seu professor. O autor austriaco de origem judaica, refugiou-se no Brasil durante a Segunda Guerra, viveu em Petropolis, agradeceu ao governo e ao povo brasileiro pela receptividade, mas ele estava muito deprimido e cansado de ver tanta barbaridade na guerra que se suicidou.
- O Amante de Lady Chatterley (1928), de DH Lawrence
Adulterio, tabus sexuais e diferença de classes. O romance foi censurado nos EUA e Inglaterra até os anos 60. Circulou clandestinamente entre o publico leitor durante 30 anos.
- Im Weften nichts Neues (1929), de Erich Maria Remarque
Romance sobre a Primeira Guerra. Enquanto a maioria dos romances sobre guerra que apareceram na Alemanha exaltavam os feitos dos soldados considerados herois nacionais, este livro é mais realista e fala de forma mais humana do soldado no front, seus medos, os combates, as mortes, os bombardeios, a camaradagem, o treinamento militar, a disciplina, etc. Os livros deste autor foram queimados pelos nazistas, ele perdeu a cidadania alema, foi expulso do pais e se exilou nos EUA.
- Pietr-le-Letton (1931), de Georges Simenon
Romance policial. Cria o personagem comissario Maigret, um homem bem comum, nao tem malicia, nao é muito inteligente e nem culto, mas sabe farejar o interior das pessoas, é o "médico da alma", usa o bordao: "Entender antes de julgar". O editor duvidava que um heroi tao simples pudesse agradar aos leitores, mas ele se enganou, pois foi um sucesso imediato.
- Voyage au bout de la nuit (1932), de Louis Ferdinand Céline
O autor viveu uma infancia pobre, era mau aluno, foi para guerra, um dos primeiros soldados a voltar mutilado. Torna-se autodidata, passa no teste para cursar Medicina. Escreve o livro aos 38 anos, completamente desconhecido no mundo das letras, sua obra é inclassificavel na literatura. O personagem é um soldado que vai para guerra e aos poucos vai perdendo o entusiasmo em relaçao aos ideais patrioticos. Ao voltar, retoma sua carreira de medico, mas fica desencantado com isso também.
- Admiravel Mundo Novo (1932), de Aldous Huxley
Sociedade distopica; ficçao cientifica; remédios para o controle de humor e de controle social; fertilizaçao em laboratorio.
- A Condiçao Humana (1933), de André Malraux
Godard disse que o personagem é o mais fascinante da literatura contemporânea. O autor inventa a pseudo-reportagem, todos pensavam que ele tinha participado dos eventos narrados no livro, pois eles de fato aconteceram (A Revoluçao Chinesa), mas o autor nao estava la. É um estilo inovador e muito convincente, porém falso.
- E o vento levou (1936), de Margaret Mitchell
Romance historico. Guerra de Secessao; personagem feminina forte, corajosa e determinada.
- Of Mice and Man (1937), de John Steinbeck
O autor foi ao México e viu uns homens agricultores que sonhavam em ter uma terra para plantar, mas o autor sabia que eles nunca possuiriam. Também observa seus compatriotas durante a Grande Depressao. Ele pega emprestado a vida dessas pessoas cheia de sonhos e fantasias e da aos personagens George e Lennie. Ele escreve o livro com intuito de adapta-lo ao teatro. Ha varios dialogos e descriçoes simples e sucintas, imagens claras e frases curtas. O titulo vem do poema de Robert Burns escrito em 1781: "Os melhores planos concebidos pelos homens e pelos ratos raramente se realizam". O autor ganhou os prêmios Pulitzer e o National Award em 1940 e o Nobel de literatura em 1962.
- A Nausea (1938), de Jean-Paul Sartre
Escrito em forma de diario, é narrado em primeira pessoa por um solitario e melancolico. É um romance literario e filosofico. Sartre recusou o Premio Nobel de Literatura em 1964.
- The Power and the Glory (1940), de Graham Greene
A trama se passa no Mexico em 1920. Sobre um padre alcoolatra e pecador que durante o batismo de seu filho, estava bêbado e ainda colocou um nome de menina nele. Policia idiota e corrupta; revolucionarios que confiscam as igrejas. Ele joga com dualismos: bem-mal, santo-pecador, reacionario-revolucionario, etc.
- L'Étranger (1942), de Albert Camus
Filosofia do absurdo. Roland Barthes classificou-o como sendo o primeiro classico pos guerra. Surpreendente ficçao e reflexao sobre a condiçao humana. O que choca no personagem é sua indiferença em relaçao às situaçoes, ele é condenado por nao fazer parte do jogo. É um estranho para si proprio e para os outros. Camus ganhou o Premio Nobel de Literatura em 1957.
- Le silence de la mer (1942), de Vercors
Vercors é o pseudônimo de Jean Bruller. Este livro foi escrito, impresso e distribuido na clandestinidade durante a ocupaçao da França pelos nazistas. As pessoas nao sabiam quem era o autor que preferiu o anonimato. O personagem é um soldado alemao francofilo, inteligente e sensivel, como civil é um musico. Ao chegar na França, ele viu que a vitoria da Alemanha dependia da derrota da França, a cultura que ele amava tanto, entao ele decide deserdar. É um livro que fala sobre a recusa de colaboraçao e da vontade de conservar a dignidade em tempos adversos. Foi um bafafa porque os franceses nao gostaram desta resistência pacifica de defender o inimigo, os alemaes obviamente também nao gostaram, nem os comunistas. Achavam que era uma propaganda gaulista, pois do General de Gaulle defendia a resistência interna nao-violenta.
- O Pequeno Principe (1943), de Antoine de Saint-Exupéry
O menino que cativou os adultos. O recital ilustrado é espontaneo, engraçado e ingênuo, porém muito realista e que esconde uma filosofia poética e terna.
- L'Écume des jours (1947), de Boris Vian
O livro foi incompreendido no primeiro momento, pois é uma mistura de cultura classica revisitada pelo cinema, o jazz, historias em quadrinhos e ficçao cientifica. So sera reconhecido pela geraçao de 1968.
- The Naked and the Dead (1948), de Norman Mailer
É considerado o maior romance de guerra do século 20. O autor foi para Segunda Guerra e passava o tempo observando os soldados, perguntando quais eram as impressoes deles sobre o que estava acontecendo, suas angustias, sua sexualidade. Era tachado de pervertido e de voyeur. Ao voltar, ele escreve o livro sem ao menos se dar o trabalho de mudar o nome dos soldados que passaram a ser personagens. No geral, sao homens de linguagem chula, machoes, antissemitas, covardes, apesar de quererem passar uma imagem de heroismo, numa guerra futil e selvagem.
- 1984 (1949), de George Orwell
Foi escrito durante a Guerra Fria, é um livro de ficçao-politica, distopico, descreve um mundo controlado pelo totalitarismo.
- Il Visconti dimezzato (1952), de Italo Calvino
Obra inclassificavel na literatura, foi considerada como uma das representantes do neorrealismo italiano. As alusoes historicas se manifestam em formas alegoricas e simbolicas.
- O Velho e o Mar (1952), de Ernest Hemingway
Um velho pescador, depois de meses tentando pescar alguma coisa, parte em alto-mar, pesca um enorme peixe, a luta dura três dias e no fim ele consegue mata-lo. O peixe morto atrai os tubaroes que o devoram. O pescador retorna ao porto com a ossada desencarnada do peixe. Tanta luta, tanto trabalho em vao. Reflita!
- Bonjour tristesse (1954), de Françoise Sagan
Foi escrito por uma menina de 17 anos, de boa familia, escreve um livro que causa escândalo. A personagem, uma menina também de 17 anos, orfa de mae, vive com o pai rico e bon vivant. Eles vao passar férias na Côte d'Azur, ela tenta afastar todas as amantes dele e ao mesmo tempo quer ter aventuras sexuais sem se casar. Um absurdo esse tipo de pensamento para uma moça na década de 50, antes mesmo da Revoluçao Sexual dos anos 60.
- Trilogia O Senhor dos Anéis (1954), de J.R.R. Tolkien
Epopeia mitologica. Professor na Oxford, o autor era fascinado por idiomas, sabia latim, grego, hebraico, findanlês e galês, mas sua lingua favorita era imaginaria, a lingua dos elfos. Em 1917, ele escreveu o dicionario elfo Qenyaqetsa. Na trilogia, ele recriou um mundo, inventou costumes de varios povos, linguas, crenças, sagas cavalescas, criaturas fantasticas com uma grande precisao cartografica e linguistica.
- Lolita (1955), de Vladimir Nabokov
Pedofilia, perversao sexual. Um professor de literatura apaixona-se por uma menina de 12 anos e casa com a mae para ficar proximo dela.
- On the road (1957), de Jack Kerouac
A biblia do movimento beatnik, conquista a geraçao "paz e amor" e leva muitos jovens à estrada. Narra a aventura de jovens que atravessam os EUA de carro até chegarem no México.
- La Gloire de mon père (1957), de Marcel Pagnol
Romance autobiografico, memorias da infância. "Nestas lembranças eu nao falo nem mal, nem bem. Nao é de mim que eu falo, mas de uma criança que eu nao sou mais". Além de escritor, Pagnol foi dramaturgo e cineasta.
- Doutor Jivago (1957), de Boris Pasternak
Censurado no Russia e best-seller no resto do mundo. Foi considerado um livro anticomunista. Ele recusa o Premio Nobel de Literatura em 1958.
- Le Lion (1958), de Joseph Kessel
Inspirado por uma viagem ao Quênia, o autor escreve um romance insolito e tragico sobre uma menina de 10 anos que fala com os animais e que criava um leao.
- The Naked Lunch (1959), de William Burroughs
Abuso de drogas, pornografia e subversao. O narrador é toxicomaniaco que nos leva em lugares reais ou ficticios, vemos o mundo pelo seu olhar alucinado, esquizofrênico e paranoico. Ele inventa identidades e missoes delirantes, umas engraçadas, outras macabras. É uma metafora da sociedade moderna e seu sistema de exploraçao, manipulaçao e dominaçao. Foi proibida a publicaçao nos EUA até 1966 e a capa foi censurada com uma tarja preta na França.
- Une journée d'Ivan Denissovitch (1962), de Alexandre Solienitsyne
Livro bombastico sobre os campos do Goulag, na URSS. O autor foi expulso da Russia e perdeu sua nacionalidade. Ganhou o Premio Nobel de Literatura em 1970.
- The Spy Who Came in From the Cold (1963), de John Le Carré
Espionagem, serviço secreto. Enquanto Hollywood mostrava o agente 007 como um espiao sedutor, John Le Carré apresenta um personagem diferente, um agente que faz um serviço sujo, cheio de cinismo e manipulaçoes, tendo como fundo a Guerra Fria.
- Cem Anos de Solidao (1967), de Gabriel Garcia Marquez
Realismo fantastico. Pablo Neruda afirma que a maior revelaçao em lingua espanhola apos Dom Quixote. Ganhou o Premio Nobel de Literatura em 1982.
- Belle du Seigneur (1968), de Albert Cohen
Adultério, amantes, suicidio. Relaçao intensa de autodestruiçao e ciumes, vida luxuosa, entediante e futil.
- O Nome da Rosa (1980), de Umberto Eco
Romance policial medieval. O livro foi recusado por alguns editores por causa das imensas frases em latim. Tornou-se uma obra atipica, inesperada e fora do comum. Teve uma versao cinematografica em 1986, dirigida por Jean-Jacques Annaud.
- O Amante (1984), de Marguerite Duras
Romance autobiografico, colonialismo, exotismo e erotismo. Amor entre um chinês rico e a menina branca de 15 anos e meio.
- A Insustentavel Leveza do Ser (1984), de Milan Kundera
Romance anti-ideologico, exilio. Thomas, um médico sedutor, ama sua profissao e as mulheres. A esposa Tereza representa a dureza e a amante Sabina representa a leveza do ser.
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