- Good Neighbours - Filme canadense. Acontece em um prédio com vizinhos estranhos, um cadeirante, um recém-chegado no local e que as pessoas desconfiam, uma menina que adora gatos e odeia gente, uma louca que grita com o marido, odeia os gatos da outra, além de um psicopata feminicida que estupra e mata mulheres na redondeza.
- Amorosa Soledad é um filme fofo argentino, com a mesma atriz que fez o filme XXY (sobre uma criança hermafrodita que no inicio é tratada como menina, mas na adolescência tem desejos sexuais, mas o sexo é indefinido, os pais concordam em deixá-la decidir qual sexo quer ter ou quer continuar sendo os dois, é um filme tenso, mas ao mesmo tempo delicado). Tá, mas o Amorosa Soledad, é sobre a Soledad, acabou de perder o namorado, está super na fossa, trabalha em uma loja de decoração, é hipocondríaca, vive indo ao médico, mede a pressão todos os dias, tem o sonho de conhecer o Brasil e se apaixona por outro cara fofo que mora em frente ao melhor hospital da região, é tudo o que ela precisava, não é?
- Inception (A origem). EUA. É um filme sci-fi, sobre o poder do inconsciente, dos sonhos, da memória e como uma pessoa pode ser capaz de manipulá-los. Eu gostei bastante porque me interessa muito este tema.
- Burn Palms. EUA. São 5 contos de humor ácido punk, politicamente incorretos, você ri dos absurdos e clichês, mas se for parar para pensar bem, é até pecado rir destes assuntos lol
- Gigante. É um filme uruguaio bem bonitinho também, o gigante é segurança de balada e de supermercado, ouve metal, gosta de jogar vídeo-game com o sobrinho, parece um bruto, mas o coração dele também é gigante. Ele trabalha monitorando as câmeras no supermercado e se apaixona por Julia, a menina que faz a limpeza do local, ele observa-a pela tela, depois começa segui-la pelas ruas, mas não tem coragem de se declarar, afinal ela nem sabe sobre ele.
- Les soeurs fâchées. É um filme francês, com a diva Isabelle Huppert, sobre duas irmãs, uma realista, pé no chão, da cidade, estressada e mal humorada. A outra, mora no interior, é boazinha, sonhadora, ingênua, brejeira. A boazinha vai para casa da irmã para resolver uns negócios em Paris, mesmo elas se gostando muito, as diferenças de opinião e de vida fazem com que elas tenham muitos atritos. Parece eu e minha irmã, eu sou realista/ pessimista e ela, a sonhadora. Dá vontade de dar uns petelecos e dizer: Acorda pra vida, mujer! Sonho não enche a barriga não, só o da padaria. Ela quer escolher trabalho, fazer o que gosta. Helllloooou! Back to reality, sista!
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Filmes do fim-de-semana
terça-feira, 26 de julho de 2011
Desafio Literário: novos autores nacionais
Para o Desafio Literário do mês de julho, cujo o tema era "novos autores nacionais", escolhi um chick lit da autora Stella Florence, "Hoje acordei gorda", 144 págs, Editora Rocco. Narra várias situações engraçadas de personagens neuróticas com o peso, submetem-se a regimes malucos, a situações cômicas, principalmente as pseudo-gordas que já estão magras e querem ser mais magras, as gordas que emagrecem, as magras que engordam, as anoréxicas e toda essa guerra que gira em torno do peso.
Já tinha falado neste post "A mulher e a imagem" da dificuldade das mulheres em querer ser aceitas pela sociedade, fazem loucuras de dietas e plásticas tentando alcançar a perfeição e não respeitando a própria saúde, os limites do corpo, etc. Mostrei que nem as mulheres da capa de revistas são perfeitas, precisam contar com uma boa equipe de maquiadores e do garoto do Photoshop.
Confesso que também tenho algumas neuroses em relação ao peso, eu nem me peso, odeio balança, tanto que esses dias fui ao médico e a enfermeira quis me pesar, eu fiquei de costas para balança e falei para ela não me dizer. Estou melhorando, já fui bem pior, isso porque nunca fui gorda, agora na era balzaquiana que estou pegando alguns quilinhos, mas não faço muitas dietas e também sou sedentária total, odeio clima de academia.
Mudando de assunto, mas continuando no mesmo tema, vocês viram a Vogue Itália com modelos plus size? Eu achei as fotos lindas e de bom gosto
A foto eu surrupiei do blog DasBancas, mas vão lá para ver mais fotos desta revista e ver os comentários dos meninos.
E como gordo só faz gordice, não tem como não amar a Beth Ditto? Ela não tá nem aí para os fashionistas/ esteticistas de plantão, chuta logo o pau da barraca e mostra todo o corpitcho no palco. Ela pode tudo, é Diva e canta muito.
O que mais me interessa ultimamente é respeitar as pessoas como elas são, não quero julgá-las pela aparência, mas pela essência. Uma hora a beleza se vai, a idade chega, o metabolismo fica lento, a lei da gravidade não coopera, o que restará é a amizade, o companheirismo, a inteligência, as lembranças. Eu não vou perder a oportunidade de sair para comilança com os amigos ou família para ficar em casa de dieta, não vou perder os bons momentos da vida com as pessoas que gostam de mim do jeito que eu sou e nesta altura do campeonato, estou mais segura e que se dane as opiniões que os outros venham a ter a meu respeito. Quem dita a minha moda sou eu! É uma encheção de saco: Não coma isso! Não beba! Não fume! Emagreça! Faça ginástica! Psiu, eu não quero nada disso no momento, dá licença? Não se preocupe, se eu morrer por causa desta desobediência civil, é menos um feio que vc vai ter que esbarrar, deixe-me apenas viver a minha "ordinary life", pois são esses os pequenos prazeres que ainda tenho na vida: comer,rezar e amar.
Já tinha falado neste post "A mulher e a imagem" da dificuldade das mulheres em querer ser aceitas pela sociedade, fazem loucuras de dietas e plásticas tentando alcançar a perfeição e não respeitando a própria saúde, os limites do corpo, etc. Mostrei que nem as mulheres da capa de revistas são perfeitas, precisam contar com uma boa equipe de maquiadores e do garoto do Photoshop.
Confesso que também tenho algumas neuroses em relação ao peso, eu nem me peso, odeio balança, tanto que esses dias fui ao médico e a enfermeira quis me pesar, eu fiquei de costas para balança e falei para ela não me dizer. Estou melhorando, já fui bem pior, isso porque nunca fui gorda, agora na era balzaquiana que estou pegando alguns quilinhos, mas não faço muitas dietas e também sou sedentária total, odeio clima de academia.
Mudando de assunto, mas continuando no mesmo tema, vocês viram a Vogue Itália com modelos plus size? Eu achei as fotos lindas e de bom gosto
A foto eu surrupiei do blog DasBancas, mas vão lá para ver mais fotos desta revista e ver os comentários dos meninos.
E como gordo só faz gordice, não tem como não amar a Beth Ditto? Ela não tá nem aí para os fashionistas/ esteticistas de plantão, chuta logo o pau da barraca e mostra todo o corpitcho no palco. Ela pode tudo, é Diva e canta muito.
O que mais me interessa ultimamente é respeitar as pessoas como elas são, não quero julgá-las pela aparência, mas pela essência. Uma hora a beleza se vai, a idade chega, o metabolismo fica lento, a lei da gravidade não coopera, o que restará é a amizade, o companheirismo, a inteligência, as lembranças. Eu não vou perder a oportunidade de sair para comilança com os amigos ou família para ficar em casa de dieta, não vou perder os bons momentos da vida com as pessoas que gostam de mim do jeito que eu sou e nesta altura do campeonato, estou mais segura e que se dane as opiniões que os outros venham a ter a meu respeito. Quem dita a minha moda sou eu! É uma encheção de saco: Não coma isso! Não beba! Não fume! Emagreça! Faça ginástica! Psiu, eu não quero nada disso no momento, dá licença? Não se preocupe, se eu morrer por causa desta desobediência civil, é menos um feio que vc vai ter que esbarrar, deixe-me apenas viver a minha "ordinary life", pois são esses os pequenos prazeres que ainda tenho na vida: comer,
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Adeus à Amy
Eu fiquei muito sentida com a morte da Amy, com a forma em que ela era ridicularizada em vida por pessoas sem noção que sequer nunca parou para prestar a atenção nas músicas que ela compunha ou na voz linda que ela tinha, apenas esperava o próximo barraco, riam das desgraças e fragilidades dela. O CD que mais escutei aqui no trampo ano passado foi o "Back to black".
Eu gostava de curtir o lado bom da Amy, as roupas, cabelos e makes estilo anos 60, as tattoos, ela me inspirou colocar um piercing acima do lábio superior.
A música que eu menos gostava era Rehab, ela expôs sua fragilidade, riu de si mesma, disse que neste lugar não tem nada que possa aprender e saindo de lá não iria se recuperar, pior que concordo e explico. Eu que já tive que internar uma pessoa em uma rehab no Brasil, sei que é o pior lugar do mundo para estar, os psiquiatras dopam a pessoa que passa maior parte do tempo dormindo ou tremendo, são transformados em zumbis ambulantes, tratados como vagabundos, quando você vê esse tipo de tratamento com a pessoa que você mais ama, é muito complicado. Pessoas assim são como cristal, são criativas, inteligentes, mas não vêem a vida como nós, muitas vezes a vida foi injusta, parece que já nascem com a predisposição de serem auto-destrutivos, inconformados, insaciáveis. Aí vem os moralistas conformistas afirmando que ela tinha tudo, como se bens capitalistas fossem sinônimo de felicidade e bem-estar, a única coisa que o capitalismo não conseguiu vender foi a paz de espírito, boas companhias, como diz uma frase do "Choose life" que já postei anteriormente do filme Transpotting, para quê eu queria uma coisa dessa? Quem disse que todo mundo quer ter filhos, família, trabalho, video-games, seguro de vida, carros, apartamento, colesterol baixo, viver muito?
Amy, espero que você consiga na morte o que não conseguiu em vida, a paz de espírito e o descanso para sua alma atormentada, enquanto isso I go back to black (volto para o luto).
Para terminar, uma foto PB linda, uma pin-up maluquete, com seu melhor figurino, make e cabelo bolo de noiva, sem falar na vitrolinha fofa no cenário.
Eu e a Amy |
Eu gostava de curtir o lado bom da Amy, as roupas, cabelos e makes estilo anos 60, as tattoos, ela me inspirou colocar um piercing acima do lábio superior.
A música que eu menos gostava era Rehab, ela expôs sua fragilidade, riu de si mesma, disse que neste lugar não tem nada que possa aprender e saindo de lá não iria se recuperar, pior que concordo e explico. Eu que já tive que internar uma pessoa em uma rehab no Brasil, sei que é o pior lugar do mundo para estar, os psiquiatras dopam a pessoa que passa maior parte do tempo dormindo ou tremendo, são transformados em zumbis ambulantes, tratados como vagabundos, quando você vê esse tipo de tratamento com a pessoa que você mais ama, é muito complicado. Pessoas assim são como cristal, são criativas, inteligentes, mas não vêem a vida como nós, muitas vezes a vida foi injusta, parece que já nascem com a predisposição de serem auto-destrutivos, inconformados, insaciáveis. Aí vem os moralistas conformistas afirmando que ela tinha tudo, como se bens capitalistas fossem sinônimo de felicidade e bem-estar, a única coisa que o capitalismo não conseguiu vender foi a paz de espírito, boas companhias, como diz uma frase do "Choose life" que já postei anteriormente do filme Transpotting, para quê eu queria uma coisa dessa? Quem disse que todo mundo quer ter filhos, família, trabalho, video-games, seguro de vida, carros, apartamento, colesterol baixo, viver muito?
Amy, espero que você consiga na morte o que não conseguiu em vida, a paz de espírito e o descanso para sua alma atormentada, enquanto isso I go back to black (volto para o luto).
Para terminar, uma foto PB linda, uma pin-up maluquete, com seu melhor figurino, make e cabelo bolo de noiva, sem falar na vitrolinha fofa no cenário.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Meu amor pelo Alejandro González Iñarritu
Tem diretores que sou seguidora fiel, gosto sempre de acompanhar o trabalho deles, todo ano fico na expectativa de uma estreia, os filmes do cineasta mexicano Iñarritu tem algumas peculiaridades interessantes que vou comentar ao longo da postagem.
Amores Perros
21 gramas
Três personagens principais. Um ex- presidiário que buscou refúgio na fé para conseguir a redenção, um homem com problemas cardíacos e no casamento, uma mulher que perde sua família perfeita.
Babel
Este filme tem muito a ver com a teoria do "efeito borboleta", qualquer ação que a pessoa faça em um lugar, pode ter consequências desastrosas em outro canto do planeta.
Teologicamente, a história bíblica de Babel é que os homens queriam construir uma torre para chegar aos céus e como castigo, Deus confundiu-os de tal modo a linguagem deles que não conseguiram compreender uns aos outros. Uma das traduções de "Babel", é a do hebraico que significa "confusão" e também "Portal de Deus".
No filme, a trama acontece em 4 países simultaneamente, EUA, México, Marrocos e Japão, dois países do ocidente e dois do oriente, dois ricos e dois pobres e com culturas totalmente diferente um do outro. No Marrocos, um homem ganha uma arma de um japonês e vende para outro senhor matar os chacais que invadem seu rebanho, a turista americana é vítima de bala perdida no Marrocos, deixou seus filhos com a empregante, imigrante ilegal mexicana que precisa ir ao México para o casamento do filho.
Biutiful
O que pensávamos ser "trilogia do caos", virou "tetralogia", Biutiful segue o mesmo esquema dos três. Uxbal é um médium, está com câncer, é casado com uma mulher alcoólatra e bipolar, pai de duas crianças, trabalha controlando e subornando os imigrantes chineses que fabricam produtos falsificados e os africanos que vendem os mesmos produtos nas ruas (camelôs).
Considerações finais:
Quem assiste aos filmes de Iñarritu sabe que os personagens tem uma vida difícil, mesmo quando querem se redimir, tentar fazer as coisas direito, sempre algo dá errado, a gente até torce para que Octavio fique com Susana em "Amores Perros", que Jack ao encontrar Deus, fique longe do mundo do crime em "21 gramas", que a mexicana consiga ir e vir dos EUA para o México, entre outras dificuldades que outros personagens tem também.
Também gosto da sacada de personagens completamente diferentes um do outro, mas no final suas vidas se interligam. Algumas cenas se repetem de um filme para outro, implicância do pai à mesa, na hora da comida em 21 Gramas, Biutiful e marido/mulher em "Amores perros". Acidentes de carro em "Amores Perros" e "21 gramas". Vida de imigrantes ilegais em "Biutiful" e "Babel", entre outros. Relata sobre pessoas comuns, sem perspectivas ou com expectativas frustradas, os ambientes são claustrofóbicos, a classe média é infeliz no casamento ou vítimas de tragédias, como o casal Jones em "Babel", a família de Christina em "21 gramas", o homem que deixa uma vida tranquila com esposa e filhas para viver com uma modelo que depois sofre um acidente em "Amores Perros", em "Babel" a família japonesa que a mãe se suicida, a filha é muda, discriminada por isso e acha que o sexo pode resolver a vida dela, mas ela não consegue encontrar ninguém que a deseja. Já os pobres, por mais que tenham boa vontade só se lascam. É um tipo de cinema mais realista, retrata a miséria e a carência humana.
Eu gosto do trabalho dele em torno do caos, até porque meu blog leva o caos no nome, ao menos isso temos algo em comum. Tem gente que não gosta de gastar dinheiro para ver filme realista no cinema, preferem gastar com algo mais light, quer se divertir, não sofrer. Eu, como sou do contra, só gasto dinheiro com filmes assim. Tenho que terminar este post, quero dizer um monte de coisa, sai tudo atropelado, declarar amor e mostrar isso de um jeito ordenado é bem difícil. Então é isso!
Amores Perros
[Suzana fala para Octavio] Minha avó dizia, se quiser fazer Deus rir, conte a ele seus planos.Em português foi traduzido como "Amores brutos", mais uma vez a tradução tirando o significado do filme, porque os três personagens principais são donos de cães (perros) e sofrem por amor. Octavio tem um cão de rinha e é apaixonado pela cunhada e quer fugir com ela, a modelo Valeria tem o cachorrinho Ritchie, gosta de um homem casado que deixa a família. O mendigo Chivo, ex-presidiário que tem um monte de cachorros e ama sua filha, mas foi impedido de conviver com ela.
21 gramas
"Quantas vidas vivemos? Quantas vezes morremos? Dizem que todos nós perdemos 21 gramas no momento exato de nossa morte. Todos. Quanto cabe em 21 gramas? Quanto é perdido? Quando perdemos 21 gramas? Quanto se vai com eles? Quanto é ganho? Quanto é ganho? 21 gramas. O peso de cinco moedas de cinco centavos, o peso de um beija-flor. Uma barra de chocolate. Quanto pesam 21 gramas?"
Três personagens principais. Um ex- presidiário que buscou refúgio na fé para conseguir a redenção, um homem com problemas cardíacos e no casamento, uma mulher que perde sua família perfeita.
Babel
Este filme tem muito a ver com a teoria do "efeito borboleta", qualquer ação que a pessoa faça em um lugar, pode ter consequências desastrosas em outro canto do planeta.
Teologicamente, a história bíblica de Babel é que os homens queriam construir uma torre para chegar aos céus e como castigo, Deus confundiu-os de tal modo a linguagem deles que não conseguiram compreender uns aos outros. Uma das traduções de "Babel", é a do hebraico que significa "confusão" e também "Portal de Deus".
No filme, a trama acontece em 4 países simultaneamente, EUA, México, Marrocos e Japão, dois países do ocidente e dois do oriente, dois ricos e dois pobres e com culturas totalmente diferente um do outro. No Marrocos, um homem ganha uma arma de um japonês e vende para outro senhor matar os chacais que invadem seu rebanho, a turista americana é vítima de bala perdida no Marrocos, deixou seus filhos com a empregante, imigrante ilegal mexicana que precisa ir ao México para o casamento do filho.
Biutiful
- Papai, como se escreve "beautiful"?
- Como se fala.
- Com "i"?
- Biu-ti-ful.
O que pensávamos ser "trilogia do caos", virou "tetralogia", Biutiful segue o mesmo esquema dos três. Uxbal é um médium, está com câncer, é casado com uma mulher alcoólatra e bipolar, pai de duas crianças, trabalha controlando e subornando os imigrantes chineses que fabricam produtos falsificados e os africanos que vendem os mesmos produtos nas ruas (camelôs).
Considerações finais:
Quem assiste aos filmes de Iñarritu sabe que os personagens tem uma vida difícil, mesmo quando querem se redimir, tentar fazer as coisas direito, sempre algo dá errado, a gente até torce para que Octavio fique com Susana em "Amores Perros", que Jack ao encontrar Deus, fique longe do mundo do crime em "21 gramas", que a mexicana consiga ir e vir dos EUA para o México, entre outras dificuldades que outros personagens tem também.
Também gosto da sacada de personagens completamente diferentes um do outro, mas no final suas vidas se interligam. Algumas cenas se repetem de um filme para outro, implicância do pai à mesa, na hora da comida em 21 Gramas, Biutiful e marido/mulher em "Amores perros". Acidentes de carro em "Amores Perros" e "21 gramas". Vida de imigrantes ilegais em "Biutiful" e "Babel", entre outros. Relata sobre pessoas comuns, sem perspectivas ou com expectativas frustradas, os ambientes são claustrofóbicos, a classe média é infeliz no casamento ou vítimas de tragédias, como o casal Jones em "Babel", a família de Christina em "21 gramas", o homem que deixa uma vida tranquila com esposa e filhas para viver com uma modelo que depois sofre um acidente em "Amores Perros", em "Babel" a família japonesa que a mãe se suicida, a filha é muda, discriminada por isso e acha que o sexo pode resolver a vida dela, mas ela não consegue encontrar ninguém que a deseja. Já os pobres, por mais que tenham boa vontade só se lascam. É um tipo de cinema mais realista, retrata a miséria e a carência humana.
Eu gosto do trabalho dele em torno do caos, até porque meu blog leva o caos no nome, ao menos isso temos algo em comum. Tem gente que não gosta de gastar dinheiro para ver filme realista no cinema, preferem gastar com algo mais light, quer se divertir, não sofrer. Eu, como sou do contra, só gasto dinheiro com filmes assim. Tenho que terminar este post, quero dizer um monte de coisa, sai tudo atropelado, declarar amor e mostrar isso de um jeito ordenado é bem difícil. Então é isso!
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Clube da Luta
Lembro que quando fui assistir a esse filme, achei que fosse filme de "macho", só porrada e excesso de testosterona, ainda bem que não era só isso. Fui mesmo por causa do Brad Pitt, Edward Norton e da Helena Bonham Carter, porque adoro os três, mas me surpeendi. É um dos melhores filmes de cunho psicológico e de comportamento que já vi, mas tenho que estar mais inspirada para falar sobre os personagens e as situações, só vou deixar uma fala que curti muito:
“Você compra móveis. E pensa, este é o último sofá que vou comprar na vida. Compra o sofá, e por um par de anos fica satisfeito porque, aconteça o que acontecer, ao menos tem o seu sofá. Depois precisa de um bom aparelho de jantar. Depois de uma cama perfeita. De cortinas. E de tapetes. Então cai prisioneiro de seu adorável ninho e as coisas que antes lhe pertenciam passam a possuir você.”
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Dia do amigo
Não sei exatamente o real motivo para que 20 de julho seja comemorado o dia do amigo, tem o recurso para googlear e descobrir, mas estou com preguiça, pelo menos me serviu para alguma coisa, refletir sobre amizade. O meu nº de amigos dá para contar nos dedos de uma mão, sim, são bem poucos, mas eu sei que se eu estiver no perrengue e precisar de um SOS às 3h da madrugada, eu sei que me acudiriam.
Fui ao dicionário ver a origem da palavra amizade
sf (lat amicitate) 1 Sentimento de amigo; afeto que liga as pessoas. 2 Reciprocidade de afeto. 3 Benevolência. 4 Amor.Antôn: inimizade, ódio, oposição.
Afeto que liga as pessoas, mesmo quando você está chato, o amigo gosta de você mesmo assim. Só que hoje as pessoas não tem paciência para criar laços. O mundo está competitivo, vê-se o outro como rival, ou como ouvi de um cara machista que eu tive o desprazer de trabalhar, ele dizia que não sabia ser amigo de mulher, ele puxava papo só com interesse meramente sexual, se a mulher não se mostrava interessada, ele caía fora. Sem comentários!
É fácil também confundir amizade com coleguismo, a vizinhança, colegas de faculdade, do trabalho pode até vir a ser seus amigos, mas são colegas, você pode contar com eles quando se tem interesses em comum, unir para fazer trabalhos, resolver pendências do condomínio, falar de futebol ou de outras coisas úteis ou fúteis.
O coleguismo é algo bom, pois de uma certa forma há um relacionamento, um pouco mais superficial que a amizade, mas dá pra se divertir bastante.
Estava assistindo no canal francês TV5 Monde, uma reportagem sobre a solidão, as pessoas passam anos na Europa sem dar um abraço, sem ter com quem contar, tem até ONG para aproximar as pessoas que se sentem só, a solidão é uma das causas que levam muitos ao suicídio, ao divã e às religiões. Psicólogo é um profissional capacitado para ouvir as lamúrias que os pais, o cônjuge não teve paciência de ouvir. As pessoas vão ao psiquiatra pegar remédio para anestesiar o vazio, a falta de companhia.
Na reportagem mostrava uma mãe que tinha duas crianças e seus filhos eram as únicas pessoas que ela convivia. Outro estudante universitário que morava sozinho, ia da facul para casa e não conversava com ninguém. Eu que trabalho com gringos, comentei isso com um francês e ele me disse que tinha estudado 4 anos na faculdade e depois encontrou uma colega do curso na biblioteca, então ele cumprimentou a menina. Ela não gostou, perguntou o que ele estava querendo. Aí uma menina suíça reforçou a conversa e me disse que na terra dela você tem que ficar numa distância de mais de um braço da outra pessoa, senão você pode ser acusado de assédio.
A solidão já virou caso de saúde pública, no Japão existe o termo "Hikikomori" quer dizer "isolado em casa", lá tem jovens que se isolam em seus quartos e não sabem ter vida social, nem demonstrar sequer um pouco de afeto, tanto que quando eles precisam ter contato com alguém, eles tem tremedeiras, taquicardia, quase uma síndrome do pânico. O ser humano está se robotizando, cada vez mais sozinho, por isso as pessoas se identificam tanto com o personagem do Tumblr, ForeverAlone.
Até entre família e entes queridos a amizade está desaparecendo, os filhos não podem contar com os pais, ninguém tem paciência com ninguém. Se você está sendo simpático, acham que você está dando mole, se você não está no padrão de beleza imposto, não terá amigos. As pessoas tornaram-se arrogantes, prepotentes e solitárias. Que este dia possa ser de reflexão, precisamos rever o conceito de sociedade, comunidade e fraternidade, sem união, altruísmo e benevolência, a raça humana só tem a perder.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Gainsbourg: Vie Heroïque
Hoje é Dia do Homem! Nem procurei googleiar para saber o por quê desta comemoração, sexta-feira e estou sem homem em casa, o Yari vai jogar e volta só lá pelas tantas da madruga, o Sam foi à estreia de mais um Harry Potter com os amigos e a mamãe aqui na solitudine, resolveu ir sozinha mesmo passar duas horinhas com o Gainsbourg, um homem que j'adore, já falei dele em alguns posts aqui, procure no marcador "cinema francês" e "letra de música". Saí correndo do trampo para pegar a sessão das 18h50 no cinema que eu mais adoro, o Reserva Cultural, gosto porque passa muito filme francês lá e é tranquilo para ir só, porque ngm curte muito cinema francês mesmo, dá para escolher lugar.
O nome original do filme em francês é Gainsbourg: Vie heroïque (vida heróica) e traduziram na versão brasileira "O homem que amava as mulheres", seria melhor traduzir: O homem que toda mulher amava, essa que é a verdade, até eu tenho amor póstumo por ele, por isso o melhor jeito de comemorar o dia do homem, foi ver a história do homem mais polêmico da França.
Achava que o filme ia avacalhar, mostrar ele pegando todas, só bebendo e fumando, mas o filme foi lindo, suave, tocante, mostrou o lado criativo do artista, desde sua infância, de família judia, quando ele surpreendia os adultos com seus desenhos, o ingresso precoce na escola de artes. O filme tem desenhos gráficos bem elaborados representando o lado criativo e corajoso dele.
Brigitte Bardot, Jane Birkin e outras, não foram atrás dele só por causa do sucesso, até porque elas eram lindas, ricas e também faziam sucesso até mais que ele, era porque o cara era bom mesmo. Inteligente, criativo, polêmico. Era judeu e apoiou o nazi rock, inventou em transformar o hino nacional francês "La marseillaise" em reggae, o que causou um furor sem tamanho dos ufanistas.
E o ator que é a cópia fiel dele? Nunca vi parecer tanto. O filme foi bem dirigido, o figurino está divino, as canções bem executadas. Tudo de bom, dá vontade de sair do cinema gritando Vive la France!
Ele ao menos deixou uma boa herança: a Charlotte Gainsbourg, já falei dela trocentas vezes aqui.
Agora eu quero porque quero o CD da trilha sonora deste filme.
O nome original do filme em francês é Gainsbourg: Vie heroïque (vida heróica) e traduziram na versão brasileira "O homem que amava as mulheres", seria melhor traduzir: O homem que toda mulher amava, essa que é a verdade, até eu tenho amor póstumo por ele, por isso o melhor jeito de comemorar o dia do homem, foi ver a história do homem mais polêmico da França.
Achava que o filme ia avacalhar, mostrar ele pegando todas, só bebendo e fumando, mas o filme foi lindo, suave, tocante, mostrou o lado criativo do artista, desde sua infância, de família judia, quando ele surpreendia os adultos com seus desenhos, o ingresso precoce na escola de artes. O filme tem desenhos gráficos bem elaborados representando o lado criativo e corajoso dele.
Brigitte Bardot, Jane Birkin e outras, não foram atrás dele só por causa do sucesso, até porque elas eram lindas, ricas e também faziam sucesso até mais que ele, era porque o cara era bom mesmo. Inteligente, criativo, polêmico. Era judeu e apoiou o nazi rock, inventou em transformar o hino nacional francês "La marseillaise" em reggae, o que causou um furor sem tamanho dos ufanistas.
E o ator que é a cópia fiel dele? Nunca vi parecer tanto. O filme foi bem dirigido, o figurino está divino, as canções bem executadas. Tudo de bom, dá vontade de sair do cinema gritando Vive la France!
Ele ao menos deixou uma boa herança: a Charlotte Gainsbourg, já falei dela trocentas vezes aqui.
Agora eu quero porque quero o CD da trilha sonora deste filme.
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Porque hoje é o Dia do Rock
Apesar dos meus heróis terem morrido de overdose, de tédio dessa vie de mèrde ou pelo simples prazer de suicidar, alguns ainda sobrevivem, cantando as mesmas coisas há 10 ou 20 anos.
Eu gosto de ouvir o som deprê do "Joy Division", o som desesperado do "The Doors" ou o som grunge underground do "Nirvana" e do "Pearl Jam". "Smashing Pumpkins" adoro os clipes surreais e a voz do Billy Corgan. Tem outras bandas que curto uma música ou outra, mas não vou dizer que sou total Rock 'n Roll, até porque eu sou do samba, bossa e MPB. Rock para mim tem que ser em inglês, não consigo digerir em outro idioma, é uma esquisitice minha. Rock em espanhol ou italiano, bizarro! Alemão e nas línguas nórdicas fica até bacana, mas não soa tão bem como em inglês.
Já no Brasil, eu curto Legião Urbana, Nenhum de Nós, Plebe Rude, Cazuza, lembro que na adolescência não tínhamos acesso às letras de música como hoje, a gente tinha que comprar a revistinha da banda que vinha com pôster e cifras, a gente ouvia a música sem saber como era a cara da banda, alguém gravava no K7 e te mostrava as novidades. Eu tenho saudades desta época. O presente que mais adorava era uma fitinha desta, com lado A e lado B, às vezes a música era interrompida porque acaba a fita, às vezes tinha uma mensagem gravada e personalizada só para mim. Era tão bom essa época que a gente ainda tinha amigo(a)s que compartilhava a vida, tanto que muitos são até hoje, claro que com menos intensidade.
Só gosto de rock quando estou down, quando quero chegar no fundo do abismo, quando quero chorar, embriagar-me e morrer, deve ser por isso que falam que rock é coisa do diabo. Eu não acho, todo ser humano tem o direito de curtir a fossa de vez em quando e como tudo na vida precisa de um trilha sonora, eu escolho o rock triste. Porque existe rock meigo, rock agressivo, rock para todos os momentos tristes e felizes, mas eu só curto rock deprê. Também tenho um amor de tiete enrustida pelos vocalistas destas bandas, são/eram lindos por fora, mas total dark soul por dentro.
Agora a parte mais difícil, escolher uma música das bandas que eu gosto, escolhi a que mais se parece comigo quando escuto rock, "She's lost control" do Joy Division:
Eu gosto de ouvir o som deprê do "Joy Division", o som desesperado do "The Doors" ou o som grunge underground do "Nirvana" e do "Pearl Jam". "Smashing Pumpkins" adoro os clipes surreais e a voz do Billy Corgan. Tem outras bandas que curto uma música ou outra, mas não vou dizer que sou total Rock 'n Roll, até porque eu sou do samba, bossa e MPB. Rock para mim tem que ser em inglês, não consigo digerir em outro idioma, é uma esquisitice minha. Rock em espanhol ou italiano, bizarro! Alemão e nas línguas nórdicas fica até bacana, mas não soa tão bem como em inglês.
Já no Brasil, eu curto Legião Urbana, Nenhum de Nós, Plebe Rude, Cazuza, lembro que na adolescência não tínhamos acesso às letras de música como hoje, a gente tinha que comprar a revistinha da banda que vinha com pôster e cifras, a gente ouvia a música sem saber como era a cara da banda, alguém gravava no K7 e te mostrava as novidades. Eu tenho saudades desta época. O presente que mais adorava era uma fitinha desta, com lado A e lado B, às vezes a música era interrompida porque acaba a fita, às vezes tinha uma mensagem gravada e personalizada só para mim. Era tão bom essa época que a gente ainda tinha amigo(a)s que compartilhava a vida, tanto que muitos são até hoje, claro que com menos intensidade.
Só gosto de rock quando estou down, quando quero chegar no fundo do abismo, quando quero chorar, embriagar-me e morrer, deve ser por isso que falam que rock é coisa do diabo. Eu não acho, todo ser humano tem o direito de curtir a fossa de vez em quando e como tudo na vida precisa de um trilha sonora, eu escolho o rock triste. Porque existe rock meigo, rock agressivo, rock para todos os momentos tristes e felizes, mas eu só curto rock deprê. Também tenho um amor de tiete enrustida pelos vocalistas destas bandas, são/eram lindos por fora, mas total dark soul por dentro.
Agora a parte mais difícil, escolher uma música das bandas que eu gosto, escolhi a que mais se parece comigo quando escuto rock, "She's lost control" do Joy Division:
Confusion in her eyes that says it all | She's lost control
And she's clinging to the nearest passer by | She's lost control
And she gave away the secrets of her past
And said I've lost control again
And of a voice that told her when and where to act
She said I've lost control again
And she turned to me and took me by the hand
And said I've lost control again
And how I'll never know just why or understand
She said I've lost control again
And she screamed out, kicking on her side
And said I've lost control again
And seized up on the floor, I thought she'd die
She said I've lost control
She's lost control again | She's lost control
She's lost control again | She's lost control
Well I had to phone her friend to state her case
And say she's lost control again
And she showed up all the errors and mistakes
And said I've lost control again
But she expressed herself in many different ways
Until she lost control again
And walked upon the edge of no escape and laughed
I've lost control
She's lost control again | She's lost control
She's lost control again | She's lost control
I could live a little better with the myths and the lies
When the darkness broke in, I just broke down and cried
I could live a little in a wider line
When the change is gone, when the urge is gone
To lose control when here we come
segunda-feira, 11 de julho de 2011
La tête en friche
Assisti ao filme "La tête en friche" (cabeça ociosa), foi traduzido para o português como "Minhas tardes com Margueritte. Tem o 'ursão' no filme, apelido carinhoso que dei ao Gerard Dépardieu, porque a cada ano que passa, mais urso ele se parece. :)
É uma comédia sobre um homem simples, Germain, rústico, faz trabalhos pesados, filho de mãe solteira, acha que a mãe não gosta dele, até que encontra a Margueritte, uma senhora de 95 anos que fica observando os pombos e lendo livros na praça, super atenciosa e sábia. Ela apresenta o universo literário, começa a ler em voz alta o livro "Peste", de Albert Camus e o 'cabeça oca' começa a refletir, de repente cita trechos do livro nas conversas com os colegas tão broncos quanto ele, depois passa a procurar palavras no dicionário e a ter um vocabulário mais rebuscado, ao ler "La promesse de l'aube" (A promessa da aurora), de Romain Gary, um romance autobiográfico sobre a relação mãe e filho, Germain se identifica com o texto e cita a frase para Margueritte.
Eu, mãe de um menino, fiquei preocupada, parece que quando o filho não tem um bom relacionamento com a mãe, não consegue ter com mulher nenhuma. Há estudos na área da psicologia que tenta decifrar este fenômeno, mas nem vou entrar neste campo porque definitivamente não é da minha alçada. Acho que meu filho não tem esse problema, ele se sente super à vontade no meio da mãe, das tias, das avós, das minhas amigas, não detectei nenhum tipo de misoginia ou desconforto em relação ao sexo oposto (a louca!).
Eu, leitora compulsiva, sempre falo por aqui de filmes que mencionam de livros (franceses adoram isso, principalmente Jean-Luc Godard, tem sempre um ou mais personagens lendo trechos ou falando sobre escritores), sempre propago que a literatura liberta, esclarece, preenche o oco da cabeça. A tradução do filme para o português acabou tirando a essência, porque as tardes com Margueritte é o que move o filme, mas o nome no original dá mais atenção aquilo que o diretor vê como importante: a mudança de pensamento do personagem, o universo que se abriu para uma pessoa que a sociedade não dá e nem espera nada.
A amizade de uma senhora, que fica claro que foi abandonada pela família e 'adotada' pelo Germain, é uma relação muito interessante, duas pessoas que a sociedade rejeita, uma senhora e um brucutu. Porque hoje em dia está difícil, se você não é jovem, linda, alta, rica e loira, ninguém quer nem saber se você é inteligente ou tem boas ideias ou intenções, você é julgado pela aparência.
Tem uma frase do Pequeno Príncipe que ele fala para raposa:
Super recomendo o filme, é leve, cômico, mas cheio de verdades e ideias iluministas (como grande parte dos livros e filmes franceses).
Um dos filmes que já falei aqui e que fala sobre literatura é "O Leitor". Lindo!
É uma comédia sobre um homem simples, Germain, rústico, faz trabalhos pesados, filho de mãe solteira, acha que a mãe não gosta dele, até que encontra a Margueritte, uma senhora de 95 anos que fica observando os pombos e lendo livros na praça, super atenciosa e sábia. Ela apresenta o universo literário, começa a ler em voz alta o livro "Peste", de Albert Camus e o 'cabeça oca' começa a refletir, de repente cita trechos do livro nas conversas com os colegas tão broncos quanto ele, depois passa a procurar palavras no dicionário e a ter um vocabulário mais rebuscado, ao ler "La promesse de l'aube" (A promessa da aurora), de Romain Gary, um romance autobiográfico sobre a relação mãe e filho, Germain se identifica com o texto e cita a frase para Margueritte.
"Sempre se retorna ao túmulo da mãe para uivar como um cão abandonado"Ele ficava matutando, lembrava da mãe dele, de uma certa forma, foi 'curado' desta mania de achar que sua mãe não tivesse instinto materno.
Eu, mãe de um menino, fiquei preocupada, parece que quando o filho não tem um bom relacionamento com a mãe, não consegue ter com mulher nenhuma. Há estudos na área da psicologia que tenta decifrar este fenômeno, mas nem vou entrar neste campo porque definitivamente não é da minha alçada. Acho que meu filho não tem esse problema, ele se sente super à vontade no meio da mãe, das tias, das avós, das minhas amigas, não detectei nenhum tipo de misoginia ou desconforto em relação ao sexo oposto (a louca!).
Eu, leitora compulsiva, sempre falo por aqui de filmes que mencionam de livros (franceses adoram isso, principalmente Jean-Luc Godard, tem sempre um ou mais personagens lendo trechos ou falando sobre escritores), sempre propago que a literatura liberta, esclarece, preenche o oco da cabeça. A tradução do filme para o português acabou tirando a essência, porque as tardes com Margueritte é o que move o filme, mas o nome no original dá mais atenção aquilo que o diretor vê como importante: a mudança de pensamento do personagem, o universo que se abriu para uma pessoa que a sociedade não dá e nem espera nada.
A amizade de uma senhora, que fica claro que foi abandonada pela família e 'adotada' pelo Germain, é uma relação muito interessante, duas pessoas que a sociedade rejeita, uma senhora e um brucutu. Porque hoje em dia está difícil, se você não é jovem, linda, alta, rica e loira, ninguém quer nem saber se você é inteligente ou tem boas ideias ou intenções, você é julgado pela aparência.
Tem uma frase do Pequeno Príncipe que ele fala para raposa:
se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...Foi isso que aconteceu com Margueritte e Germain, um precisava do outro, acrescentava algo de novo na vida do outro e é o que a gente precisa, cativar e ser cativado.
Super recomendo o filme, é leve, cômico, mas cheio de verdades e ideias iluministas (como grande parte dos livros e filmes franceses).
Um dos filmes que já falei aqui e que fala sobre literatura é "O Leitor". Lindo!
segunda-feira, 4 de julho de 2011
As melhores coisas do mundo
Eu assisti a esse filme com o Samuca, é voltado para o público adolescente e toca em temas interessantes, a sexualidade dos pais, a separação, o primeiro amor, traição, suicídio, morte, a sexualidade do adolescente, os preconceitos, a paixão da menina pelo professor, os medos, as inseguranças típicas da idade, a perda do primeiro amor, masturbação, vida escolar, a música. O filme é feito com atores de Malhação acho que para atrair a galerinha, mas toca em assuntos que eu queria conversar com o Sam e a partir daí tive mais abertura. Ele está de namorinho, descobrindo que a vida não é o faz-de-conta da infância, é hora de descobrir a realidade e as frustrações da vida, ele tem que aprender que não é porque ele é a pessoa mais importante para mim, isso não quer dizer que o mundo dará a mesma atenção que eu dou, pelo contrário, vai ter que apanhar da vida porque cada vez mais as pessoas tem menos paciência com os outros. A partir do momento que optei por ser mãe, tive que abdicar de muitas coisas, tive que fazer escolhas certas e seguras porque ele é o meu porto seguro, quando estou na pior eu penso nele, penso que tenho que ser forte para suportar, tenho que ajudá-lo a fazer escolhas melhores que as minhas. Ultimamente ele tem mais confiança em mim, tudo que aconselho, vou munida de provas que é o melhor, ele adorou o filme e me agradeceu, não tem nada mais gratificante no mundo quando o filho te faz um elogio, te agradece. Eu tenho que aprender a separar a maternidade da amizade, ele não é meu amigo, é meu filho, tem coisas que ele vai ocultar de mim, assim como ocultei da minha mãe, isso aprendi em terapia. A mãe é um ser sozinho, ama sem pedir nada em troca, está com os filhos em qualquer circunstância, ninguém nunca vai entender uma mãe, ninguém entende o por quê vou sair de um país em que tenho emprego estável para ir a um de "primeiro mundo" para que meu filho tenha oportunidades acadêmicas e profissionais, além de ter acesso a outras culturas e idiomas, mesmo que lá eu não seja nada, tenha subemprego ou sei lá o que a vida me preparou.Tô virando mãe neurótica. Eu sei que ele pode vir a ser um ingrato que nunca vai reconhecer tudo o que fiz, um dia ele vai embora, como eu também fui da casa de mamãe, mas eu nunca vou me arrepender de dizer que eu fui mãe, que amei e que sofri, mas foi o maior amor do mundo que pude dar a alguém, depois que fui mãe comecei valorizar muito a minha mãe, a pedir perdão por ter sido tão insensível com ela, de às vezes ignorar seus conselhos, de brigar por coisas banais, de engravidar precocemente, de passar por situações difíceis e nunca contar para ela para não ouvi-la dizer: Eu te avisei! Agradeço a Deus todos os dias por meu filho ser bem mais tranquilo do que eu fui na idade dele, por me obedecer, todos acham ele uma graça, ele é muito carinhoso, atencioso, trata muito bem a namoradinha, eu sempre digo a ele, nunca magoe alguém que diz que te ama, não precisa jurar amor eterno, nem manter um relação que não funciona, mas tenha consideração, nunca maltrate quem teve a humildade de declarar algum tipo de sentimento, pois isso é o que nos diferencia dos outros animais.Vivemos o amor em tempo da cólera (raiva) e achar uma pessoa que te valoriza, te elogia é raridade, vai encontrar mais pessoas querendo acabar com você, te menosprezar, por isso seja sempre bondoso. Nunca despreze a menina que escreveu isso no seu caderno:
Coincidentemente, esses dias na aula estávamos discutindo sobre músicas que falam de amor de infância, falamos de "João e Maria" do Chico Buarque que começa "Agora eu era herói", um jeito que só criança fala, porque o 'agora' eu sou (presente), 'agora' não é um fato que aconteceu no passado, mas as crianças misturam o presente com os contos de fada, o "Era uma vez", também falamos da música "Bang, bang" da Nancy Sinatra que está na trilha sonora de Kill Bill e quem tem a mesma historinha do João e Maria, o herói e o bandido, as mulheres são sempre vítimas (bandidas) porque quando a brincadeirinha vira coisa séria quem sofre no "bang, bang" são elas, por isso dei o conselho para o Sam, 'respect the girl'. Para terminar deixo a música da Nancy.
capa e 1ª folha do caderno do Sam |
Coincidentemente, esses dias na aula estávamos discutindo sobre músicas que falam de amor de infância, falamos de "João e Maria" do Chico Buarque que começa "Agora eu era herói", um jeito que só criança fala, porque o 'agora' eu sou (presente), 'agora' não é um fato que aconteceu no passado, mas as crianças misturam o presente com os contos de fada, o "Era uma vez", também falamos da música "Bang, bang" da Nancy Sinatra que está na trilha sonora de Kill Bill e quem tem a mesma historinha do João e Maria, o herói e o bandido, as mulheres são sempre vítimas (bandidas) porque quando a brincadeirinha vira coisa séria quem sofre no "bang, bang" são elas, por isso dei o conselho para o Sam, 'respect the girl'. Para terminar deixo a música da Nancy.
sábado, 2 de julho de 2011
Meu amor pelo teatro
Meu primeiro contato foi na escola quando tive que apresentar uma peça, depois o meu primeiro emprego que fiquei por 7 anos, foi na administração de um teatro. O que aprendi com o teatro? Respeitar o próximo porque para o teatro acontecer você tem que depender das pessoas. Para um monólogo acontecer, em um cenário que tem apenas um ator e uma cadeira no palco, sabe quantas pessoas estão por trás disso?
1) o dramaturgo: alguém que teve que escrever a peça
2) o diretor: alguém para guiar o trabalho do ator no palco
3) o cenógrafo: que teve que pensar em como seria a única cadeira no palco
4) o figurinista: que pensa em como será a roupa deste ator
5) costureira: a pessoa que vai costurar a roupa pensada pelo figurinista
6) o maquilador: que vai envelhecer, embelezar ou modificar o rosto do ator ou vai criar cicatrizes, deformações, etc.
7) o divulgador: é necessário um assessor de imprensa que vai divulgar a peça nos meios de comunicação.
8) o design gráfico: vai cuidar de folders, cartazes, páginas na internet, etc.
9) o produtor: vai contratar todas as pessoas acima e vai atrás de todas as coisas que precisam comprar para acontecer o espetáculo.
9) o iluminador: que vai cuidar de todas as luzes que vão aparecer no palco
10) o cara do som: que é responsável por música e efeitos sonoros.
11) o bilheteiro: que vai cobrar as entradas e lidar com o público
12) o público: as pessoas mais importantes, por causa deles é que o espetáculo acontece.
13) o ator: ele que está apresentando tudo o que os outros trabalharam.
14) limpeza: sim, aquele que limpa todo o palco, cenário e camarim.
15) Administração: Cuida de toda parte burocrática, além de atender reclamações, sugestões e críticas do público e da crítica.
16) Patrocinador: Alguém tem que repassar a verba para que todas as pessoas envolvidas recebam pelo seu trabalho
Para um simples espetáculo, é necessária a cooperação de todos, tem prazos, timelines, todos precisam fazer a sua parte, todos são importantes, embora sejam pessoas invisíveis para o público.
Além da cooperação, eu aprendi a amar qualquer manifestação artística, a ter pensamento crítico, a conhecer muitos grupos de teatro do Brasil e do mundo, a ler e assistir belíssimas obras, participar de eventos históricos para arte, aprendi a entender a fraqueza, o descontentamento e qualquer outro tipo de sentimento do ser humano. Conheci teatros, aprendi a andar na cidade atrás das coisas para as produções, lugares para hospedar atores, além das amizades que fiz para vida inteira, também aprendi a fazer drama rsrs. É um lugar que você tem que ter maturidade para lidar com egos inflados, muitos querem ser estrelinhas, dificultam seu trabalho, mas eles são minoria, nada que um bom jogo de cintura não resolva.
Eu fiz curso de dramaturgia com o Chico de Assis, não porque queria escrever para teatro, mas porque eu adorava ouvi-lo falar, ele tinha tantas ideias, tantas histórias da época da ditadura, tanta sabedoria saindo de uma única boca. Também fiz um curso de Figurino para teatro com o Fausto Viana, ele me incentivou a amar musicais, explicava que a cor escolhida para a roupa do ator, misturada com a iluminação do palco, poderia virar outra cor, como criar roupas para antagonistas e protagonistas.
Eu saí do teatro, mas ele nunca sai de mim, quando vi que para o Desafio Literário do mês de junho era para ler peças, empolguei-me, senti quera hora de divulgar esta arte, era hora de mostrar a cara de quem escreve o que a ator representa. O teatro no Brasil é muito complicado, é difícil a formação de público, tem espetáculos gratuitos e o povo não vai, a burguesia ainda frequenta os teatros caros com atores globais, mas atores que nunca apareceram na TV e nem por isso são maus atores, nunca terão sucesso merecido na carreira, mas o teatro me permitiu a entender o público, os mais pobres não vão gastar dinheiro com cultura, classe média não tem tempo para lazer, são workaholics, aí sobram aqueles, sempre os mesmos que a gente encontra nas filas do teatro, são os sonhadores, os que acreditam que a arte pode mudar o mundo, aproximar pessoas e ajudar a refletir, a pensar.
Esses dias na USP eu olhava para FFLCH e ECA, faculdades de humanas, filosofia, sociologia, história, letras, artes no geral e vi que elas são as que tem menos apoio financeiro e da sociedade, não há apoio para quem quer ir para área do ensino, para área das luzes, do pensamento, da arte, já as faculdades que colocam alunos no mercado de trabalho, essas sim são valorizadas, em um país capitalista, movido pelo consumo, dinheiro, quem prega o conhecimento filosófico/artístico/ histórico vai viver a margem da sociedade.
Sou tão sonhadora que sonho em voltar para o backstage de algum teatro, foi o único trabalho que me sentia realizada, era divertido. Meu grupos preferidos são: Grupo Galpão, Teatro da Vertigem, Cia do Latão e Parlapatões. Também adoro alguns atores/atrizes que sei que só farão personagens marcantes, mas quando comento sobre eles com alguém, ninguém conhece, ô frustração! rs
Segue a retrospectiva teatro deste blog: Quando as máquinas páram - Plinio Marcos, O pagador de promessas - Dias Gomes, Baden-Baden sobre o acordo, O voo sobre o oceano, A ópera dos três vintens - Brecht, Valsa nº 6 e Vestido de Noiva - Nelson Rodrigues, Missa Leiga - Chico de Assis, Esperando Godot - Samuel Beckett, Casa de Bonecas - Ibsen, Trilogia Tebana - Sófocles e não acaba por aqui. Enquanto eu tiver esse blog, dedicarei um tempo para falar do teatro, afinal ainda não falei de Shakespeare, talvez eu faça um mês especial para ele.