sábado, 21 de dezembro de 2013

Ai de ti, Sarajevo..

Fime Twice born
Ai de ti, Sarajevo,
que plantava minas no lugar de alimento, cada pisada pelos campos era uma vida a menos, uma perna a menos, uma criança a menos, um cachorro a menos.
Ai de ti que matava os artistas, os atletas, os professores e os alunos.
Ai de ti, que nao gostava das adolescentes que escutavam Nirvana, sempre mandava seus soldados para estuprá-las e engravidá-las.
A Bósnia está longe, a Bósnia está perto, a Bósnia é o mundo todo
A Bósnia superou a guerra e hoje as mulheres cuidam dos seus filhos que tb sao filhos dos soldados inimigos, elas nao escutam mais rock, o Kurt Cobain está morto assim como está morta a esperança delas.

Something in the Way / Endless, Nameless by Nirvana on Grooveshark



sábado, 17 de agosto de 2013

Desafio literário: V de vingança



"Ideias sao à prova de balas"
O tema do desafio deste mês é ler um livro cujo o tema central seja "Vingança", aproveitei para ler a HQ "V de vingança", escrito por Allan Moore e a arte é de David Lloyd, publicado pela Panini Brasil.
O filme é um pouco diferente da HQ, uma das diferenças é a história da Evey (a menina interpretada pela atriz Natalie Portman), o filme foi mais moralista ao mudar a situaçao em que ela conheceu o V. O final do filme também tem uma versao diferente, mas achei as duas interessantes mesmo assim.
No prefácio, David Lloyd deixa claro que "em V de Vingança nao há muitos personagens alegres e descontraídos, é pra gente que nao desliga a TV na hora do noticiário", ou seja, para quem gosta de ver a realidade dura e crua.
V é um homem inteligente, culto e vingativo, preserva um grande acervo de livros e discos, toca piano, foi vítima da repressao do estado fascista (fictício) na Inglaterra, foi levado para um campo de readaptaçao onde também eram levados os estrangeiros, os radicais e os homossexuais, muito semelhante aos campos de concentraçao nazistas. Ele também foi vítima de experiência médica, sendo o único sobrevivente.
"A felicidade é a mais insidiosa das prisoes"
Evey Hammond, de 16 anos, é órfã. Quando criança, viu seu pai sendo levado pelos soldados, depois ela mesma foi vítima do trabalho infantil. Como na maioria das HQs, contos de fadas e jogos de vídeo-games, ela é a demoiselle en détresse, ou seja, a dama em perigo que será salva por um herói, neste caso, o V que a tira das garras de policiais corruptos e violentos e a leva para sua casa, protege-a dos perigos, mostra sua biblioteca e seu jukebox, além de prepará-la para a revoluçao.
A Inglaterra, após uma crise política, econômica e social, consequentemente, o enfraquecimento do governo, o grupo fascista "Nordica Chama" toma o poder e instala a barbárie. O V. arquiteta uma vingança contra esse novo governo autoritário.
"Lembrem, lembrem o cinco de novembro. Que traiçao! Que artimanha! Por isso, nao há que esquecer uma traiçao tamanha."
5 de novembro de 1605, foi a data que Guy Fawkes, um soldado inglês e fanático religioso católico, tentou sem sucesso explodir o parlamento com o rei e todos os parlamentares protestantes lá dentro. O evento ficou conhecido como a "Conspiração da pólvora". Apesar de V. utilizar a máscara de Guy Fawkes e usar o 5 de novembro para colocar seu plano em açao, os ideais e os propósitos que levam à destruiçao do Parlamento nao sao os mesmos. V. só quer conseguir a façanha que Guy nao foi capaz de executar.
"Boa noite, Londres! Acho q é hora de conversarmos. Estao todos confortáveis? Entao eu começarei"...
O nome V. tem vários significados, além da letra V, é também o n° 5 em algarismos romanos. Significa o 5 de novembro, uma citaçao  em latim do Dr Fausto, da peça de Christofer Marlowe: vi veri veniversum vivus vici  (pelo poder da verdade, eu, enqto vivo, conquistei o universo), o n° de sua cela no campo de reabilitaçao, etc.
"Nao é curioso como tudo termina em drama?"
Pensamento do líder fascista Adam Susan- clique na imagem para aumentar

V. tinha uma visao anarquista, ele cita Proudhon : "anarquia significa sem líderes, nao sem ordem". Ele queria trazer um pouco de ordem já que os sistemas político, judiciário, religioso e da mídia estavam corrompidos e ninguém podia questioná-los.
"A autoridade, quando detecta o caos pela primeira vez em seus calcanhares, fará as coisas mais vis para preservar a fachada de ordem".
"Nao se deve contar com a maioria silenciosa, pois o silencio é algo fragil, um ruido alto e esta tudo acabado".
PS: A HQ é uma história de ficçao, nao pode ser considerada como uma cartilha revolucionária, se vc quiser fazer uma revoluçao, seja inteligente, conheça de história geral e história local, antropologia, filososofia, ciências sociais, geografia. Faça um plano perfeito, nao seja o indignado de internet que lê uma mensagem revoltada do Facebook sem citar fontes e acha que já conhece toda a verdade sobre o tema e sai quebrando tudo que vê pela frente. Tenha um propósito justo e de interesse geral, visando a diminuir as desigualdes sociais porque se for pra defender seus próprios interesses, já é fascismo.

Autores citados ou livros disponíveis na biblioteca do V.:

Várias obras de Shakespeare, A divina comédia - Dante Alighieri, Ivanhoe - Walter Scott, As viagens de Gulliver - Jonathan Swift, Odisseia -Homero, Frankstein - Mary Shelley, Poemas de William Blake, Magic faraway tree - Énid Blyton, The roots of coincidence- Arthur Koestler, Les confessions d'un revolutionnaire - Pierre-Joseph Proudhon, William Bluter Yeats, Jacob Bronowski, The book of the Law - Aleister Cowley, October country - Ray Bradbury

Para ouvir (criei uma pasta no Deezer com as músicas que V. gostava)



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

BC Musical: Um grupo antigo

Hoje é quinta! Dia de blogagem coletiva musical. E o tema pra hoje é relembrar um grupo antigo, tinha que ser mais antigo que eu, ter começado e acabado antes de eu nascer  rsrs. Imediatamente lembrei de um grupo que influenciou a banda americana Kiss na maquilagem.

  • O grupo é brasileiro
  • Fizeram sucesso na década de 70 
  • Um dos integrantes seguiu carreira solo e até hoje é um dos melhores intérpretes da MPB, tem uma ótima presença de palco e é muito performático. Chocou a sociedade
Já descobriu que banda é? Quer que eu facilite mais um pouco? Ok. O que seguiu carreira solo é o Ney Matogrosso. Chega de suspense! Escolhi o "Secos e Molhados", a letra da primeira música é bem curtinha, mas muito psicodélica.


Flores Astrais
Um grito de estrelas vem do infinito
E um bando de luz repete o grito
Todas as cores e outras mais
Procriam flores astrais
O verme passeia na lua cheia


O vira, homem, vira, vira...


Essa BC musical é uma iniciativa da Dani Moreno, confira lá as músicas escolhidas por outras participantes

sábado, 29 de junho de 2013

5 broken cameras, o documentário

Lembra quando eu só falava de filmes neste blog? Pois é, nao assisto mais filmes como antes, apesar de sentir muita falta, ao mudar de vida, tenho que contar com certos inconvenientes, entre eles, nao ter mais a mesma dedicaçao e tempo que eu tinha para certos hobbies.


Já faz um tempo que eu assisti ao documentário "5 broken cameras", foi no inverno. O filme foi exibido na universidade que estudo e no final da exibiçao houve um debate com a presença de um professor que é expert em Oriente Médio e de um senhor exilado palestino.
Cinéma Politica é o nome dessas sessoes na universidade, com projeçoes de filmes alternativos, de cunho político ou marginal e com debates. Estou evitando aparecer por lá, como sabem tenho uma veia revolucionária, certos assuntos me faz subir o sangue, eu peço a palavra e solto o verbo. Eu vim pra cá pra tentar me acalmar, tem uma expressao daqui, "voir le monde à travers des lunettes roses", que quer dizer "ver o mundo pelos óculos cor de rosa", ou seja, tentar enxergar só o lado bom da vida, é isso que estou tentando, quero fingir que está tudo bem no mundo, mesmo xingando muito no twitter ;) . Enturmar-me com a galera desse cinema nao vai dar certo. Estou evitando até de falar coisas aqui no blog só pra tentar ter paz, ando postando só coisa light, lendo só coisa light.
 O filme é dirigido por Emad Burnat e Guy Davidi, mostra a resistência pacífica do povo palestino contra as construçoes desenfreadas de moradias israelenses em seus terrritórios. Emad Burnat filma essas manifestaçoes que sao pacíficas de um lado, mas de outro, a resposta vem de forma extremamente violenta e até mortal, a ponto de ele ter 5 câmeras destruídas pelo exército.
Este documentário concorreu ao Oscar, como se nao bastasse ser proibido de circular em sua própria terra, ao chegar nos EUA, o cineasta e sua família ficaram detidos na imigraçao, duvidaram que eles eram convidados para o evento, o Michael Moore teve que intervir para liberá-los.

Emad, sua esposa e seu filho mais novo no Oscar
Nunca chorei tanto em uma sala de cinema, fiquei mal por semanas. Ver os soldados invadindo as casas das pessoas a qualquer hora, inclusive de madrugada, prendendo crianças é muita injustiça pra minha cabeça. Se eu estivesse escrito este post após o filme, escreveria com muito ódio, evitei nao falar nele até agora.
Uma das coisas tocantes para mim, brasileira, é que a esposa do Emad ficou refugiada no Brasil durante a infância e adolescência, entao na casa deles tem bandeiras do Brasil, os meninos usam a camiseta da seleçao, bonés, na época da copa o vilareijo todo torcendo pelo Brasil, em uma das cameras tem um adesivo com a bandeira, nao aguentei.

O pai do Emad sentado no carro do exército tentando impedir que levassem um de seus filhos.
Depois que vc souber da história deste rapaz, sua vida nunca mais será a mesma
Veja o trailer, está com a legenda em inglês, mas as imagens falam por si só



É triste, sofrido, um assunto delicadíssimo, nem sabemos se um dia terá alguma soluçao que beneficiará o lado mais fraco, mas é aquele choque que a gente precisa para "acordar pra vida" e ficar mais antenado nos problemas do mundo, ou nao, há quem prefira mettre les lunettes roses.

O que o Canadá tem a ver com isso?
Imagine a minha cara de espanto ao escutar:
No debate, o professor falou que as empresas de construçao que estao construindo nos assentamentos palestinos sao de Montréal, ou seja, estao lucrando muito e estao pouco se lixando com a miséria dos outros. Inclusive veio uma comitiva da Palestina para o Canadá pedindo para que essas empresas nao fizessem negócio com os israelenses, mas nao adiantou muita coisa.
O Canadá e mais 9 países nao reconheceram o estado palestino observador na ONU.
Participou da criaçao do estado de Israel.
Abafa o caso!

Quanto aos israelenses, nem todos sao a favor da invasao, tanto que muitos vao para as manifestaçoes junto com os palestinos, alguns até morreram tentando ajudar. O outro diretor e produtor do filme, Guy Davidi, é israelense. Nao podemos culpar o povo pela política autoritária de seu respectivo país, povo é povo. Só podemos lamentar porque quem governa o mundo nao sao esses presidentes que a gente elege, sao as grandes corporaçoes, a indústria bélica, o buraco é bem mais embaixo.

Mais um motivo para perder a fé em deus e na humanidade. Sim, segundo alguns, deus compactua com essa injustiça toda e estao fazendo essas barbaridades em nome dele.
Sem mais.


quarta-feira, 12 de junho de 2013

BC musical: Música de amor


O tema da BC musical desta semana é escolher uma música de amor. Como sou desajeitada para falar deste assunto, passo a palavra para o mestre, Chico Buarque, esse homem com jeito tímido e um belo par de olhos verdes, lindo e inteligente, canta sobre política, futebol, mas (en)canta melhor as mulheres.O único que a avó, a mae e a filha vao juntas ao show e se divertem, ele consegue agradar várias geraçoes de mulheres.

Eu faço samba e amor até mais tarde e tenho muito sono de manhã ♫
Chico fritando ovo e com avental, so sexy....Gente como a gente
Eu e o Chico, diz aí se a gente nao formaria um lindo casal. Ah, se eu tivesse nascido uns 30 anos antes... lol

A música que escolhi foi "O meu amor", é romântica e muito sensual. Adoro!



Letra:
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que me deixa maluca, quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz


Essa BC musical é uma iniciativa da Dani Moreno, confira lá as músicas escolhidas por outras participantes. Até semana que ve. Beijo com açucar e com afeto, desta chicólatra que vos fala.

domingo, 9 de junho de 2013

Há quem tenha medo que o medo acabe

Alguém postou este vídeo no twitter, marquei para assisti-lo mais tarde no Youtube e gostei muito, tanto que transcrevi alguns trechos que achei interessante, fala sobre o medo e de quem lucra com ele.
O grito - Edvard Munch
"O medo foi um dos meus primeiros mestres, antes de ganhar confiança em celestiais criaturas, aprendi a temer monstros, fantasmas e demônios. Os anjos, quando chegaram, já era para me guardar, os anjos atuavam como uma espécie de agentes de segurança privada das almas.
(...) Na realidade, a maior parte da violência contra as crianças sempre foi praticada, nao por estranhos, mas por parentes e conhecidos.
(...) O medo foi o mestre que mais me fez desaprender...
Para fabricar armas é preciso fabricar inimigos. A manutençao deste alvoroço requer um dispendioso aparato e um batalhao de especialistas que em segredo tomam decisoes em nosso nome. Para superar as ameaças domésticas precisamos de mais polícia, mais prisoes, mais segurança privada e menos privacidade.
Citando Euardo Galeano: Os que trabalham têm medo de perder o trabalho; os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho; quando não têm medo da fome, têm medo da comida; os civis têm medo dos militares; os militares têm medo da falta de armas e as armas têm medo da falta de guerras e, se calhar, acrescento agora eu, há quem tenha medo que o medo acabe".
Mia Couto - Escritor

Veja o discurso completo: