terça-feira, 23 de junho de 2015

Vida de exilado

Estou lendo o livro "A alma imoral", do rabino Nilton Bonder, que uma ex-profa me indicou ha muito tempo. Gostei da parte que ele fala da saida do povo hebreu do Egito e da propria definiçao de Egito. Acho que todo imigrante se identifica com isso.

 É muito tensa essa sensaçao dos portoes do passado fechados e os do futuro que ainda nao estao abertos. Os dois estao fechados e vc ali no meio inclausurado, encurralado, acampado.

Nem te conto em qual acampamento eu me encaixo, quem me conhece na vida real vai saber logo de cara...

Para finalizar:

O sair do Egito nao serve so para imigraçao, serve para vida pessoal, profissional, entre outras.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Si maman si...


Si, maman, si 
Si, maman, si 
Maman, si tu voyais ma vie 
Je pleure comme je ris 
Si, maman, si 
Mais mon avenir reste gris 
Et mon cœur aussi


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Orphan Black + A ilha do Dr. Moreau

Amo séries e amo livros e quando a série que eu adoro fala de um livro, claro que ja li porque sou altamente influenciavel neste sentido.

A série

Orphan Black é uma série canadense de ficçao cientifica. Tudo começa quando Sarah vê uma mulher igualzinha a ela se jogando nos trilhos do metrô, entao ela pega os pertences da suicida e passa a viver com a sua identidade. Sarah descobre que existem outros clones iguais a ela pelo mundo que estao sendo perseguidas por uma organizaçao.


Minha clone favorita é a Cosima, uma geek, cientista biologa, mas na terceira temporada estou gostando bastante da Alison que era uma dona de casa songa-monga e agora sua personagem esta muito hilaria.
Momento ostentaçao e twerk da Alison e Donnie (melhor cena dos dois)
A Helena também nao tem como nao amar essa criatura com sotaque esquisito e toda esquisita, né sestra?
Helena
Outra personagem que amo de paixao é a doutora Delphine Cormier (francesa) que trabalha com a Cosima no Instituto Dyad.

Tem os clones do projeto Castro, mas nao consigo me simpatizar com eles, mesmo adorando o ator, acho que ele esta sendo mal aproveitado,os roteiristas deveriam melhorar a historia deles, principalmente do Mark que é o mais humano (nao sei se ser humano é vantagem) simpatico dos irmaos.



O livro "A ilha do Dr. Moreau"

É um livro de ficçao cientifica, escrito pelo H.G.Wells, em 1896. Edward Prendrick é um naufrago que foi resgatado em alto-mar pelo Montgomery que estava em um navio indo para uma ilha tropical com um monte de animais no cargueiro. 
Montgomery era assistente do Dr. Moreau, um cientista sadico que fazia experiências com animais através de cirurgias, hipnose e vivissecçao (dissecaçao de animais vivos, no caso dele, sem anestesia). 
Pendrick relata como era a vida na ilha, as experiências com todos aqueles animais monstros "humanizados", criados pelo Dr. Moreau. Sim, ele tentava transformar animais em humanos.

trecho do livro falando da vida dos bichos antes e depois
"Um animal pode ser feroz e sagaz, mas so um homem pode mentir"

Gostei bastante do livro, li a versao em francês, ele é meio aterrorizante, faz uma espécie de denuncia contra a falta de ética nas pesquisas e o que tudo isso pode desencadear.

O livro na série Orphan Black





Na série, pode ser que a cura da Cosima esteja nas paginas deste livro, em forma de codigos escritos pelo Professor Duncan, criador dos clones. Professor Duncan e Dr. Moreau sao bem parecidos, nao?
Na época do Dr. Moreau, os estudos eram direcionados para a cirurgia e o transplante, criavam Franksteins. Hoje a preocupaçao é com a decodificaçao genética e os clones. Ja criaram uma orelha humana nas costas de um rato, ja fizeram ovelhas que brilham como vagalumes ou mesmo clonadas (Dolly) e alimentos geneticamente modificados.

Meu desgosto pelo H.G.Wells

Eu tenho um dilema na minha vida: como separar o profissional do pessoal? Eu admiro muito alguns cineastas, escritores, artistas, mas sao pessoas que eu nao suporto, criei antipatia por eles, mas nao pela criatividade e o trabalho deles, como: Woody Allen, Charles Bukowski, Roman Polanski, Charles Chaplin e agora pelo H.G.Wells que era contra a falta de ética na ciência, mas parece que na literatura ele nao tinha a mesma opiniao.
Uma coisa sempre leva a outra, a série me levou ao livro, que me levou ao autor, que me levou a conhecer uma das 100 mulheres mais influentes do Canada, Florence Deeks.
H.G. Wells era um escritor britânico bem conhecido, vendia bastante suas obras, tinha uma equipe de assessores que trabalhava com ele.
Quem leu o ensaio da Virginia Woolf, "Um quarto so seu", sabe como era dificil ser uma escritora. Segundo ela, a mulher nao tinha nem um quarto so dela para dedicar à escrita, muito menos recursos financeiros para se manter enquanto escrevia. Muitas mulheres trabalhavam na area de pesquisa e educaçao e o salario delas iam para o marido ou pai e até para consultar os arquivos em uma biblioteca tinham que ter uma autorizaçao por escrito do marido ou do professor.
Do outro lado do mundo, nos cafundos do Canada, tinha uma escritora e professora desconhecida, a Florence Deeks, que escreveu um livro chamado "The web". É um livro que conta a historia da humanidade e a contribuiçao das mulheres na historia. Ela passsou quatro anos de sua vida pesquisando e escrevendo o tal livro, mandou-o para uma editora britânica (na terra do sr. Wells), ele foi devolvido à autora um ano depois, a editora indeferiu e ele nunca foi publicado.
Para surpresa de Florence, no ano seguinte H.G.Wells lança um livro pela mesma editora, com o titulo "The Outline of History", neste livro tem muita coisa parecida com o seu proprio livro. Inconformada, ela apela para a Corte Suprema de Ontario, que nao deu em nada. Em seguida, apela para um comitê juridico de Londres, ela nao tinha nem dinheiro para contratar um advogado e alguns custos foram pagos pelo seu irmao. Ela acusou o Wells de plagio, na época nao tinha leis que protegiam a propriedade intelectual, direito autoral, etc. O juiz disse que os livros eram parecidos porque as pesquisas dos dois foram feitas na mesma fonte e nao tinha como provar que Wells ou sua equipe teve acesso ao livro da Florence. Quem era a mulher na fila do pao, né? Uma desconhecida contra um poderoso, uma luta de Davi e Golias que diferente da biblia, na vida real so Golias ganha. Leia mais sobre esta historia aqui (em inglês)
Nao tiro o mérito do Wells como escritor (se é que ele escrevia mesmo, talvez o mérito seja mais dos seus assessores, vai saber). Melhorando o raciocinio: nao tiro o mérito dos livros publicados no nome dele, sao obras muito interessantes que valem a pena ler, mas ele caiu muito no meu conceito.
Pior que esse negocio de plagio nao é coisa antiga nao, lembram do babado dos livros "A vida de Pi" e o "Max e os felinos"? O autor canadense se dando bem em cima da ideia do autor brasileiro Moacyr Scliar? 


As imagens usadas no post sao do Pinterest e do melhor Tumblr da série, The clone club.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Quando o francês era uma ameaça ao português

A Biblioteca Brasiliana, da Universidade de Sao Paulo, tem um rico acervo de obras digitalizadas e que podem ser consultadas on-line. Entre estas obras, achei o livro "Gallicismos, palavras e phrases da lingua franceza introduzidas por descuido, ignorancia ou necessidade na lingua portugueza : estudos e reflexões", de Joaquim Norberto de Souza e Silva, publicado em 1877 (consulte-o aqui). O intuito deste livro era de denunciar os excessos do francês na lingua portuguesa. Como vocês sabem, os letrados, estudiosos da lingua nao poupam no vocabulario, muitas vezes sao prepotentes e preconceituosos ao demonstrarem o descontentamento em relaçao à intrusao de neologismos e os "idiotismos" na nossa lingua. Lendo este livro, percebi que a ideia preconceituosa que "francês é coisa de viado (maricas)" vem dessa época ai. Seguem alguns trechos:


 Ler os classicos era um privilégio para poucos, os que nao tinham acesso aos bons livros, nao poderiam zombar (escarnecer) dos que tinham e estudavam a fundo o português:



Este livro, apesar dos pesares, ainda é muito interessante, pude reter o que é bom, na terceira parte tem um glossario de palavras que vieram do francês para o português, ha algumas explicaçoes sobre as origens das palavras, entre outras curiosidades. O unico defeito é que esses homens eram muito esnobes, querem te fazer sentir um lixo por nao fazer o bom uso da propria lingua-mae.

O francês tinha uma grande influência nas artes, literatura, diplomacia, nas guerras, na enfermagem. Era o idioma facilitador entre as naçoes, assim como o inglês é hoje.
O português escrito mudou bastante em 138 anos, nao escrevemos mais assim como eles escreviam, ou seja, a lingua é mutavel e flexivel, tanto na escrita quanto na fala, ela sofre influência de varios outros idiomas, dos neologismos, das girias, das expressoes, etc.

"Eu nao sou nada, eu sei, mas eu formo o meu nada com um pedacinho de tudo"

De um lado, entendo a preocupaçao dos linguistas em defender o idioma, em criar regras gramaticais, mas também entendo as pessoas, afinal sou uma delas, que acabam deturpando a lingua, ora por ignorancia, ora por facilidade. Infelizmente nao tive o privilégio de ler os classicos, nao estudei latim, nem grego, tenho prefêrencia por linguas modernas, falo e escrevo porcamente algumas delas.
Em um mundo globalizado, prefiro falar mais ou menos varias linguas do que ser obcecada em falar perfeitamente o português. Para mim, é uma questao de sobrevivência saber comunicar-me com o mundo atual. Confesso que nao me esforço o suficiente para defender o português.
Se antes ja era dificil controlar os estrangeirismos, imagine hoje com a internet, com a tecnologia que cria novos vocabularios técnicos tao rapidos que nao da nem tempo de fazer a traduçao.
Por ironia do destino, hoje sao os francofonos que tentam se defender do anglicismo, vejam esta campanha: (aff, cara chato, mas às vezes me pego falando como ele).





PS: Faltam alguns acentos no meu teclado (que é francês! rsrs), Peço desculpas antecipadas aos que se sentiram ofendidos ao me ver escrever em português sem acentuar algumas palavras, reconheço o despautério. 

terça-feira, 9 de junho de 2015

Sense 8

Às vezes me pego pensando: Quem sao essas pessoas que aparecem nos meus sonhos? A gente interage tao bem, mas na vida real eu nunca as vi. Sera que elas existem? Por que estamos conectados com elas?
De repente, damos um suspiro profundo do nada, como se estivessemos sentido algo que nao estamos.
E a sensaçao de déjà-vu? Aquela impressao de reconhecer um lugar que nunca estivemos antes ou de um rosto parecer tao familiar, de querer comer algo que temos a sensaçao de ter comido antes.
Sabe aquele momento que você esta com um problema enorme e nao sabe como resolver e do nada você tira forças para lutar e consegue resolvê-lo misteriosamente e rapidamente?
Apesar do progresso da ciência, ha mais mistérios desconhecidos que conhecidos. Enquanto a ciência nao responde, a gente se contenta com a ficçao cientifica respondendo de um jeito magico.
Sense8 (é um jogo de palavras com sensate= atento e tb significa 8 sensiveis) é uma série de ficçao cientifica, lançada no Netflix, dirigida pelos irmaos Lana et Andy Wachowski (diretores de Matrix). Tudo começa quando oito pessoas sensiveis, de oito lugares diferentes do mundo têm o mesmo sonho com a Angel (Daryl Hannah), ela esta em uma igreja em ruinas sendo ameaçada por uns homens de uma certa organizaçao perigosa. 
Estas pessoas estao ligadas mentalmente e sao capazes de se comunicar como se estivessem no mesmo lugar.


Tem o perueiro e fa dos filmes do Van Dame que cuida da mae soropositiva no Quênia, a empresaria e lutadora de artes marciais da Coreia (interpretada pela a atriz Bae Doona que atuou nos filmes em Air Doll e Sympathy for Mr. Vengeance), a hacker e o policial americanos, o ator mexicano, a farmacêutica indiana, a Dj islandesa que mora em Londres e o criminoso alemao (interpretado pelo ator Max Riemelt que atuou no filme "A onda"). Tem também a participaçao do Naveen Andrews (Lost e O Paciente Inglês), seu personagem Jonas, eu nao sei muito bem qual é a dele, porque ele nao faz parte dos oito sensiveis, mas consegue se comunicar com eles e ajuda-los, como se fosse um guia.

Trailer:

Eu adoro a diversidade nesta série, os personagens dos paises pobres como o africano que tem lutar para conseguir os remédios pra mae, denuncia a industria farmacêutica, os remédios falsos que sao vendidos a um preço alto e que nao fazem nenhum efeito, denuncia a guerra, a pobreza e tudo o que as pessoas fazem para sobreviver. Na India, fala sobre o casamento arranjado, das classes sociais, da religiao, etc. No México, fala da violência contra as mulheres e os gays. Na Coreia, fala do machismo nas corporaçoes, tem uma cena otima na cadeia em que as mulheres so estao la porque precisaram se defender dos homens. Tem a personagem americana que é uma transexual, gosta de ser mulher e se relaciona com mulher, mostra toda violência que ela sofreu pra ser o que ela é hoje. Tem a personagem que vive em Londres, no mundo das drogas, sempre fragil. Sao historias de gente comum, que lutam pra sobreviver em um mundo caotico e preconceituoso, mas sao sensiveis à dor do outro, como diz no cartaz da série, "I am we", eu sou nos.
Eu, como amante de ficçao cientifica, adorei. Espero ansiosamente pela segunda temporada, enquanto ela nao vem, vou assistindo em looping esta cena linda, quando todos começam a cantar What's up, 4non blonds, cada um no seu pais, mas conectados como se estivessem juntos.