domingo, 26 de dezembro de 2010

A casa das belas adormecidas

Aproveitei meus dias de "dolce far niente" e estou mergulhando em filmes e livros. Hoje li mais uma obra do Yasunari Kawabata, ganhou prêmio Nobel de Literatura, já tinha falado do livro "Contos da palma da mão", agora terminei "A casa das belas adormecidas". Todos sabem meu fetiche por tudo que vem do oriente, de preferência da terra do sol nascente. O autor, como muitos outros artistas de sua terra, tão sensíveis à realidade e inconformados, procuraram, por meio do suicídio, terminar sua passagem pela vida.
Este livro incentivou Gabriel Garcia Marquez escrever Memórias de minhas putas tristes.
Narra a história do Sr. Eguchi, ele descobriu uma casa onde as meninas eram sedadas e ficavam como mortas ao lado dos velhos que não eram mais viris, conforme as seguintes descrições:
Veja você, inventaram mulheres que passam a noite adormecidas e não acordam.

O fato de poder deitar-se ao lado de uma garota como aquela, equivalia, sem dúvida, à felicidade de se encontrar no paraíso. Já que a menina não acordava, o cliente idoso não precisava envergonhar-se do complexo de senilidade, e ganhava permissão de perseguir livremente suas fantasias a respeito das mulheres e mergulhar em recordações. Talvez por isso não hesitassem em pagar mais caro pela garota adormecida do que por uma mulher acordada.

O Sr. Eguchi passou a ser cliente assíduo da casa, ao lado da meninas adormecidas ele recordava de todas as mulheres que fizeram parte de sua vida: sua mãe doente, sua esposa, seu primeiro amor, as prostitutas, suas três filhas, também tentava decifrar a vida daquelas meninas deitadas imóveis ao seu lado. Todas as obras do autor é sempre no intuito de revelar o universo feminino, a sexualidade e a morte. A forma que ele narra o corpo e a alma da mulher é muito sensível. Um exemplo:
[..] o velho divagava, refletindo como era possível que, dentre todos os animais, somente a forma dos seios da mulher tenha adquirido, após longa evolução, um formato tão belo.
A leitura é bem envolvente e fácil, li em 1 dia. 124 pág. Editora: Estação Liberdade.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Paulo Leminski - Parte I

O Paulo Leminski, suas obras levarei na minha bagagem, ele é o pedaço do Brasil que adoro, que exalto, que me deixa orgulhosa de ser brasileira. Escreveu haikais que leio e releio, decoro, colo nas paredes, quero tatuar, blogar.



Sua autodefinição:

O pauloleminski
é um cachorro louco
que deve ser morto
a pau a pedra
a fogo a pique
senão é bem capaz
o filhodaputa
de fazer chover
em nosso piquenique

Um pouco de sua obra:

Objeto
de meu mais desesperado desejo
não seja aquilo
por quem ardo e não vejo
seja estrela que me beija
oriente que me reja
azul amor beleza
faça qualquer coisa
mas pelo amor de deus
ou de nós dois
seja
___________________________

"Entre a dívida externa
e a dúvida interna
meu coração
comercial
alterna. "
__________________________

coração
PRA CIMA
escrito embaixo
FRÁGIL
__________________________

en la lucha de clases
todas las armas son buenas
piedras
noches
poemas
__________________________ 
Confira
tudo que
respira
conspira
___________________________
 sossegue coração
ainda não é agora
a confusão prossegue
sonhos afora

calma calma
logo mais a gente goza
perto do osso
a carne é mais gostosa
__________________________
acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só não fazia sentido
__________________________

ano novo
anos buscando
um ânimo novo
__________________________ 
isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além 
__________________________
Era uma vez
o sol nascente
me fecha os olhos
até eu virar japonês



E como diz o título de uma de suas obras: Distraídos venceremos

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Desafio literário: Perto do coração selvagem - Clarice Lispector

 Sinceramente, eu vivo. Quem sou? Bem, isso já é demais (...) Perco a consciência, mas não importa, encontro a maior serenidade na alucinação. É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.”

Último livro do desafio 2010. O primeiro romance publicado de Clarice, ela tinha entre 19 e 20 anos, de caráter existencialista, narra a história de Joana desde sua infância até o fim de seu casamento, sua relação com o pai, o professor, o marido, a amante do marido e seu amante. Joana é introspectiva, reflete muito, mas não consegue falar ou relacionar e quando fala os ouvintes ignoram, não entendem, na verdade nem ela compreende a si mesma.
Eu fico muito perturbada quando leio Clarice, pego as dores dos personagens para mim, acho que toda mulher de alguma forma se identifica com alguns hábitos e pensamentos dessas personagens, aquela sensação que só o sexo feminino entende. Ela tem todos os sentimentos, sonha em realizá-los, mas está sempre só, tem muitos questionamentos, mas não encontra as respostas. Ela de alguma forma perde todo mundo que ela tem uma ligação por diversos motivos, morte, doença, incompreensão, etc.

Fragmentos:

"Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.”

"A tragédia moderna é a procura vã de adaptação do homem ao estado de coisas que ele criou."
"Por isso é que vemos multiplicarem-se os remédios destinados a unir o homem às idéias e instituições existentes — a educação, por exemplo, tão difícil — e vemo-lo continuar sempre fora do mundo que ele construiu. O homem levanta casas para olhar e não para nelas morar".

"(...) eu nunca sei o que fazer das pessoas ou das coisas de que eu gosto, elas chegam a me pesar, desde pequena. Talvez se eu gostasse realmente  com  o corpo... Talvez me  ligasse mais... — São confidencias, Deus meu".

"É que tudo o que eu tenho não se pode dar. Nem tomar. Eu mesma posso morrer de sede diante de mim. A solidão está misturada à minha essência..."

“Sobretudo um dia virá em que todo meu movimento será criação, nascimento, eu romperei todos os nãos que existem dentro de mim, provarei a mim mesma que nada há a temer, que tudo o que eu for será sempre onde haja uma mulher com meu princípio, erguerei dentro de mim o que sou um dia, a um gesto meu minhas vagas se levantarão poderosas, água pura submergindo a dúvida, a consciência, eu serei forte como a alma de um animal e quando eu falar serão palavras não pensadas e lentas, não levemente sentidas, não cheias de vontade de humanidade, não o passado corroendo o futuro! O que eu disser soará fatal e inteiro!”
 Sou suspeita em dar nota para Clarice, para mim ela é a melhor escritora que o Brasil já teve e quiçá uma das melhores do mundo.
 Agora "vamo-que vamo" para o desafio de 2011. Estou orgulhosa de mim mesma, li todos os livros, não falhei em nenhum mês.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Desafio literário novembro: Caim, de José Saramago

Pela fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor do que o de Caim. Por causa da sua fé, Deus considerou-o seu amigo e aceitou com agrado as suas ofertas. E é pela fé que Abel, embora tenha morrido, ainda fala.
(Hebreus, 11,4) LIVRO DOS DISPARATES

Quando estava fazendo a lista dos livros do desafio 2010, não imaginava que perderíamos neste ano, um dos maires escritores de língua portuguesa, José Saramago. Li Caim, mais um livro anti-bíblico do autor. Começa narrando sobre a criação do homem e a mulher, Adão e Eva. O castigo de Deus, após o casal terem comido do fruto proibido, a expulsão do paraíso e a maldição rogada aos dois:
agora acabou-se-lhes a boa vida, tu, eva, não só sofrerás todos os incómodos da gravidez, incluindo os enjoos, como parirás com dores, e não obstante sentirás atracção pelo teu homem, e ele mandará em ti [...]
só à custa de muitas bagas de suor conseguirás arranjar o necessário para comer, até que um dia te venhas a transformar de novo em terra, pois dela foste formado, na verdade, mísero adão, tu és pó e ao pó um dia tornarás.
Os filhos de Eva foram Caim, Abel e Set, Caim trabalhava na agricultura e Abel na pecuária, na hora do sacrifício de seus trabalhos ao senhor, este preferiu o incenso das oferendas de Abel:
Estava claro, o senhor desdenhava caim. Foi então que o verdadeiro carácter de abel veio ao de cima. Em lugar de se compadecer do desgosto do irmão e consolá-lo, escarneceu dele, e, como se isto ainda fosse pouco, desatou a enaltecer a sua própria pessoa, proclamando-se, perante o atónito e desconcertado caim, como um favorito do senhor, como um eleito de deus.
Caim, cansando da soberba do irmão, mata-o. Deus vem tirar satisfação e amaldiçoa Caim:
não absolve a tua, terás o teu castigo, Qual, Andarás errante e perdido pelo mundo, Sendo assim, qualquer pessoa me poderá matar, Não, porque porei um sinal na tua testa, ninguém te fará mal
 Torna-se errante pelo mundo e chega na terra de Nod, como sempre foi lavrador, mas lá não tinha plantação, aceitou o serviço de amassador de barro, mas chamou a atenção de Lilith ( No folclore popular hebreu medieval, ela é tida como a primeira esposa de Adão, que o abandonou, partindo do Jardim do Éden por causa de uma disputa sobre igualdade dos sexos, chegando depois a ser descrita como um demônio.De acordo com certas interpretações da criação humana em Gênesis, no Antigo Testamento, reconhecendo que havia sido criada por Deus com a mesma matéria prima, Lilith rebelou-se, recusando-se a ficar sempre em baixo durante as suas relações sexuais. Na modernidade, isso levou a popularização da noção de que Lilith foi a primeira mulher a rebelar-se contra o sistema patriarcal. Ref. Wikipédia).
Caim e Lilith tiveram um romance tórrido e geraram um filho, Caim, como era errante, foi embora de Nod, assistiu a tentativa de sacrifício de Aarão contra seu único filho amado, Isaque:
o senhor ordenou a abraão que lhe sacrificasse o próprio filho, com a maior simplicidade o fez, como quem pede um copo de água quando tem sede
 Depois vê a construção e a destruição da torre de Babel:
decidimos construir uma cidade com uma grande torre, essa que aí está, uma torre que chegasse ao céu, Para ficarmos famosos, E que aconteceu, por que está a construção parada, Porque o senhor veio vê-la e não gostou, Chegar ao céu é o desejo de todo o homem justo, o senhor até deveria dar uma ajuda à obra, por isso confundiu-nos as línguas e a partir daí, como vês, deixámos de entender-nos, destruí-la, e o que o senhor diz, faz, O ciúme é o seu grande defeito, em vez de ficar orgulhoso dos filhos que tem, preferiu dar voz à inveja, está claro que o senhor não suporta ver uma pessoa feliz, Tanto trabalho, tanto suor, para nada.
 A história dos homens é a história dos seus desentendimentos com deus, nem ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a ele.
 Depois presenciou a destruição de Sodoma e Gomorra, achou injusto a morte da mulher de Lot:
Quanto à mulher de lot, essa olhou para trás desobedecendo à ordem recebida e ficou transformada numa estátua de sal. Até hoje ainda ninguém conseguiu compreender por que foi ela castigada desta maneira, quando tão natural é querermos saber o que se passa nas nossas costas. É possível que o senhor tivesse querido punir a curiosidade como se se tratasse de um pecado mortal.
 Viu Moisés a andar com o povo no deserto, o incesto das filhas de Lot ao engravidarem do próprio pai e ficava mais cabreiro com Deus e com as atitudes de seus escolhidos.
Lúcifer sabia bem o que fazia quando se rebelou contra deus, há quem diga que o fez por inveja e não é certo, o que ele conhecia era a maligna natureza do sujeito.
Presenciou guerras dos hebreus com outros povos, saqueavam, queimavam cidades, matavam seus habitantes, estupravam as mulheres. Viu o sofrimento de Jó e sua fé inabalável:
job não pode saber que foi alvo de um acordo de jogadores, entre deus e o diabo, A mim não me arece limpo da parte do senhor.
O senhor não ouve, o senhor é surdo, por toda parte se lhe levantam súplicas, são pobres, infelizes, desgraçados, todos a implorar o remédio que o mundo lhes negou.
o mais certo é que satã não seja mais que um instrumento do senhor, o encarregado de levar cabo aos trabalhos sujos que não pôde assinar em seu nome.
 E por último, participou da construção da arca de Noé.
Resumindo: Caim viveu para presenciar todos os genocídios e injustiças cometidas por um deus vingativo, que coloca à prova as pessoas que o amam, ele mesmo foi vítima de rejeição por parte de deus ao escolher seu irmão e causar discórida, separação e morte na família. Gosto da forma peculiar que Saramago escreve, como podem ler nos fragmentos acima, ele não costuma colocar letra maiúscula em nomes próprios, nem interrogação em questões, é tudo separado por vírgulas, de vez em quando aparece um ponto final.
Li em dois dias, leria em um se não tivesse mais o que fazer, prende muito a atenção. 142 págs. Editora: Companhia das Letras. Nota 10

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Meu amor pelo "O Pequeno Príncipe"


Alguns anos atrás, uma Miss Brasil declarou que estava lendo "O Pequeno Príncipe", isso foi motivo de chacota, como uma adulta pode declarar que está lendo um livro de criança?  Não sei se é porque sou sempre do contra ou porque sou kidult, eu gostei de saber que ela estava lendo, para mim, se ela captou a mensagem, ela seria uma pessoa solidária, amável e agradável.
Já li livros de 900 páginas, muitos escritores famosos de diversas nacionalidades, dos clássicos aos contemporâneos, mas se me pedirem para fazer um top 5 de livros, eu incluiria "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry, valorizo acima de tudo a mensagem que um livro quer passar, e esse, com uma linguagem ingênua, simples e com poucas páginas, você se emociona com a profundidade da mensagem. Ler em várias fases da vida é importante para entender uma obra, quando eu li aos 10, achei bonitinho, encantei pela viagem aos planetas, pela flor solitária, mas não entendi a mensagem sobre o essencial, aos 20 eu era muito prepotente e egoísta para valorizar os sentimentos, aos 30, quando você já apanhou mais da vida,você está tão sozinho quanto o príncipezinho quando chegou no deserto, você entende o que é cativar e ser cativado, entende o que é essencial.

Dedicatória:

eu dedico então esse livro à criança que essa pessoa grande já foi. Todas as pessoas grandes foram um dia crianças (mas poucas se lembram disso).

O bloqueio e a frustração logo na infância impostos pelos pais, parentes próximos e professores:

As pessoas grandes aconselharam-me deixar de lado os desenhos de jibóias abertas ou fechadas, e dedicar-me de preferência à geografia, à história, ao cálculo, à gramática. Foi assim que abandonei, aos seis anos, uma esplêndida carreira de pintor. Eu fora desencorajado pelo insucesso do meu desenho número 1 e do meu desenho número 2. As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando.

Quando o ter é mais importante que o ser:

As pessoas grandes adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: "Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que ele coleciona borboletas? "Mas perguntam:
"Qual é sua idade? Quantos irmãos tem ele? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?" Somente então é que elas julgam conhecê-lo.
Se dizemos às pessoas grandes: "Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado. . . " elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma idéia da casa. É preciso dizer-lhes: "Vi uma casa de seiscentos contos". Então elas exclamam: "Que beleza!"

Quando a seriedade sobrepõe aos sentimentos:

- Eu conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão somas. E o dia todo repete como tu: "Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!" e isso o faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem; é um cogumelo!

Cuidar de flor é igual cuidar de gente:

"Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava ... Não devia jamais ter fugido. Deveria ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar."

Conselho do rei solitário:

Tu julgarás a ti mesmo, respondeu-lhe o rei. É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues julgar-te bem, eis um verdadeiro sábio.

Sobre O homem vaidoso:

Os vaidosos só ouvem os elogios

Encontro com a raposa no planeta Terra:

Príncipe: Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços".
Raposa: Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros.
Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste. Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos, Se tu queres um amigo,cativa-me!
Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.
Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.

Conselho do guarda-chaves:

- Só as crianças sabem o que procuram, disse o principezinho. Perdem tempo com uma boneca de pano, e a boneca se torna muito importante, e choram quando a gente a toma ...
- Elas são felizes ... disse o guarda-chaves.

PS: As frases em rosa eu vou tatuá-las na versão original em francês para nunca esquecer.

Não é fofo? Eu adoro!

sábado, 18 de setembro de 2010

Desafio Literário: Romance histórico - Lolita

Filme Lolita - Stanley Kubrick

É um assunto tão delicado, a sociedade e muito menos eu, na condição de mulher, temos alguma opinião e uma solução concreta e justa para esse assunto: pedofilia.
Para o Desafio Literário - mês de setembro, escolhi "Lolita", do russo Vladimir Nobokov. No prefácio tem a seguinte descrição:
Como caso clínico, Lolita por certo será visto como um clássico nos meios psiquiátricos. Como obra de arte, transcende seu aspecto expiatório. Todavia mais importante do que sua relevância científica ou valor literário é o impacto ético que o livro deve exercer sobre o leitor sério, pois nessa dolorosa trajetória pessoal transparece uma lição de cunho genérico: a criança desobediente, a mãe egoísta, o maníaco ofegante não são apenas vívidos personagens de um drama excepcional. Eles nos advertem sobre tendências perigosas, apontam para gravíssimos males.

Descrição de ninfetas, segundo o personagem:
Entre os limites de idade de nove e catorze anos, virgens há que revelam a certos viajores enfeitiçados, bastante mais velhos do que elas, sua verdadeira natureza - que não é humana, mas nínfica (isto é, diabólica). A essas singulares proponho dar o nome de ninfetas.

Será que todas as meninas entre esses limites de idade são ninfetas? Claro que não.
Tampouco a beleza serve como critério; e a vulgaridade, ou pelo menos aquilo que determinados grupos sociais entendem como tal, não é necessariamente incompatível com certas características misteriosas, a graça preternatural, o charme imponderável, volúvel, insidioso e perturbador que distingue a ninfeta das meninas de sua idade.

Descrição do criminoso:
[...] precisa haver um intervalo de muitos anos - a meu juízo nunca menos de dez, geralmente quarenta ou cinquenta, chegando a noventa em alguns poucos casos que se tem registro - entre a menina e o homem para que este caia sob o feitiço da ninfeta.
[...] quase todos os pervertidos sexuais que anseiam por uma latejante relação com alguma menininha são seres inofensivos, inadequados, passivos e tímidos, que apenas pedem à comunidade que lhes permitam entregar ao seu comportamento supostamente aberrante, mas praticamente inócuo, que lhe deixam executar seus pequenos, úmidos e sombrios atos  de desvio sexual sem que a polícia e a sociedade os persigam. Não somos tarados! Não cometemos estupros, como fazem muitos bravos guerreiros! Somos seres infelizes, meigos, de olhar canino, suficiente bem integrados para saber controlar os nossos impulsos na presença de adultos, mas prontos a trocar anos e anos de vida pela oportunidade de acariciar uma ninfeta

Descrição do futuro da ninfeta:
A propósito: frequentemente me pergunto o que acontece depois com essas ninfetas, será que o oculto espasmo que delas furtei não lhes teria afetado o futuro? Afinal de contas, eu as possuíra - embora, verdade seja dita, elas não houvessem desconfiado de nada.

Humbert é um homem que sai da Europa, vai para os EUA, conhece Lolita e se torna obcecado a ponto de casar com sua mãe para ficar próximo dela. Ele tem problemas psiquiátricos já tinha sido internado algumas vezes. Para conquistá-la, realiza todos caprichos e vontades da guria, compra doces, roupas, revistas de artistas de cinema, etc.
O livro é simples de ler, exceto as partes que os escritores russos tem mania de manter em francês e nunca são traduzidas, quem não tem conhecimento nenhum no idioma pode ter essa dificuldade, como disse o personagem: "Esses clichês em francês são sintomáticos", é um tic nerveux. Veja a quantidade de frases em meia folha do livro, quando me perguntam porque faço francês, falo que é para ler os russos e as pessoas não entendem a relação, também faço porque adoro a sonoridade, a literatura, os pensadores, cineastas, etc.
Esse assunto é bem pesado para mim, considero um tabu, mas é uma obra literária muito boa, 319 págs. O meu é o da Coleção Folha. Não vou dar nota, quem sou eu para ratear um autor clássico...
Aprendi que: Sempre dizem para as crianças não pegarem doces ou caronas com estranhos, mas na verdade quem comete a maioria desses crimes nem sempre é um estranho, é gente que frequenta a casa: o amigo da família, o pai, o tio, o padre, etc. Bizarro!

Filmes sobre o assunto:
Lolita (1962)- Stanley Kubrick
Lolita  (1997) -  Adrian Lyne
O Lenhador (2004) - Nicole Kassell

Para visualizar leituras anteriores clique aqui

Meme de um mês: Dia 18 – Um poema

Os ombros suportam o mundo
(Carlos Drummond de Andrade)

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

domingo, 1 de agosto de 2010

Eu, ela e minha alma

 "A alma localiza-se em uma pequena glândula no centro do cérebro".
[René Descartes - Paixões da alma, 1649]

"A alma é a sua própria fonte de descobertas". [Heráclito]

Eu, ela e minha alma (Tráfico de almas) ou o nome original, Cold Souls é um filme americano de ficção científica, sobre um ator, Paul Giamatti (é o nome do personagem e o nome real do ator que interpreta)  está ensaiando a peça Tio Vânia, do Tchecov, tio Vânia é um homem muito perturbado, na casa dos 40, mas que não suporta a vida. O ator começa a sentir as mesmas aflições do personagem a ponto de não conseguir lidar com isso. Seu agente avisa-o sobre uma clínica que você pode depositar sua alma por algum tempo.
O ator deposita sua alma no cofre, sua alma materializada parece um grão-de-bico, ele perde seus sentimentos, o ensaio da peça ficou algo bem mecânico, até porque atores não podem deixar de ser sensíveis. Ele vai a um jantar com a esposa e alguns amigos, uma colega menciona que alguém da família está doente, ligado aos aparelhos e ele, insensível, falou: Por quê não desligam os aparelhos? Todos ficaram pasmos. Ele estava sentindo um vazio e voltou à clínica para reaver sua alma, mas existe uma máfia russa que faz tráfico de almas e uma "mula", mulher responsável por trazer a alma da Rússia para os EUA, rouba a alma do ator para emprestar a mulher do mafioso que é uma loura-burra, aspirante à atriz, mas sem nenhum talento. Como ele ficou sem alma, ele pede emprestado a alma de um poeta russo (que na verdade é de uma poetisa, mas os russos doam as almas anonimamente, elas são identificadas pelas profissões que a pessoa exercia, não por gênero). Engraçado foi durante uma conversa da máfica russa que eles estavam pensando em traficar almas do EUA para Rússia e um deles fala: Mas quem na Rússia quer alma de americano? Eu ri.
O filme é muito bom, às vezes dramático, com umas pitadas de humor, misturados com a peça de Tchecov.
 Refletindo sobre alma: Dizem que a alma é eterna, onde habita a vida, os sentidos, é o nosso lado não palpável, do latim anima, do grego psiquê, há explicações psicológicas, religiosas, mas nada que explica muito bem como lidar com ela.
Ah, se eu pudesse depositar minha alma durante uns dias em algum lugar (desde que nenhum traficante roubasse!), tem dias que a gente precisa ser frio e calculista para resolver algum pepino, ser forte quando alguém da família está doente, fingir que está tudo bem quando termina um relacionamento, se nessas situações perdêssemos a alma, não ia doer tanto. Como diz Carlos Drummond de Andrade:
Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo

Fernando Pessoa também diz:
Não sou nada
Não serei nada
Não posso querer ser nada
À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo


Também tenho todos sentimentos do mundo: amor, piedade, fraternidade, desejos, sonhos, ódio, egoísmo, impaciência, culpa, mágoa, desejos de vingança ou de perdão.  Alguns sentimentos são bons, outros são doloridos, às vezes os bons quando acabam se tornam maus, é nessa hora que eu quero perder a alma ou não, se acaso aparecer um colo quientinho, uma mão que me afague e um lábio bom que me beije, talvez eu me aquiete e perceba que vale a pena manter a alma em seu lugar.
O mal do século são as doenças da alma: o medo, a solidão, a depressão, síndrome do pânico. Queremos gritar S.O.S (save our souls), mas ninguém escuta, eles só buscam a cura do corpo, mas a dor da alma é infinitamente mais intensa, não há remedio que cure, não há ferida que cicatrize.

Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? [Salmos 42:5]

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Harold and Maude


Que filme mais doido esse! Em português o filme foi traduzido como "Ensina-me a viver", narra a história de duas pessoas muito excêntricas, o jovem Harold com 20 anos e a Maude prestes a fazer 80. Harold é obcecado pela morte, seu passatempo é simular suicídio, comprou um carro funerário e sempre vai a enterros, nessa de ir a enterros, encontra a Maude, uma velhinha doida de pedra, rouba carros, mora em um vagão de trem, posa para artistas, tem um passado de militante,etc. Eles são o oposto, enquanto ela tenta viver ao máximo, ele tenta morrer.
Harold tem uma mãe dondoca, que quer as coisas certinhas, tenta arrumar uma esposa para ele, leva-o para fazer terapia, compra carro luxo para tentar agradá-lo. Ele tem um tio militar que tenta ingressá-lo na carreira, conta vantagens sobre a guerra.
Olha o que a Maude falou para o policial depois de roubar um carro, uma pá e uma árvore:
Não seja tão profissional.Você deixa de ser você mesmo quando está sendo profissional demais. Essa é a maldição de quem tem um emprego no governo.
E quando ela serve bebida para o Harold, ele diz:
Com certeza estou descambando para os vícios.
Maude: Vício, virtude. É melhor não ser tão rigoroso assim.Você sabota a si mesmo pela sua vida afora. Veja isso por cima da moralidade. Se você aplicar isso para a vida, então você estará se privando de viver isso completamente.
Harold: Eu não tenho vivido. Eu tenho morrido umas vezes.

Queria muito ter uma avó ou uma vizinha como a Maude ou aquela velhinha do Tomates Verdes Fritos que acaba despertando em você a vontade de viver e de se arriscar. Teve a Semana da Diversidade Sexual, no canal GNT, em um dos episódios era sobre homossexuais de Jerusalém, a terra santa. Lá tem uma menina palestina que namora com uma judia (corajosas!), a palestina disse que é melhor viver morrer vivendo que viver morrendo, ou seja é preferivel morrer fazendo o que quer/ gosta a viver uma vida morta sem sentido.
A trilha sonora do filme á muito boa também, foi feita pelo Cat Stevens.Segue abaixo o vídeo com a música "Trouble" + cenas do filme.


O filme é mórbido, hilário, ácido, confronta personagens da sociedade, tais como: militarismo e a necessidade da guerra, a psicanálise, a igreja, o que é certo ou errado, etc. Amodorei!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Dia internacional do Homem e Feminicídio

A Eliza era uma puta, aproveitadora, maria chuteira, atriz pornô
O Bruno é um jovem trabalhador, ganha seu dinheiro honestamente, venceu na vida

Não, não concordo com as afirmações acima, mas elas são citadas nas mídias descaradamente ou disfarçadamente, são capazes de transformar a vítima em culpada e o agressor em bonzinho.
As escolhas profissionais e os interesses de Eliza na visão ocidental-cristã-machista pode não ser boas, mas o mesmos que a criticam são os mesmos que usam os serviços prestados por ela e por outras. Enquanto houver demanda, haverá prestação de serviço, isso é lei máxima de mercado do sistema capitalista (lei da oferta e procura).
A "aproveitadora" engravidou para tirar grana dele, concluem por aí, mas o "aproveitador" é tão tosco que nem usa camisinha para se livrar da paternidade, ou seja, estão empatados no quesito "não nos protegemos sexualmente"
Ele é o mesmo que disse no dia internacional da mulher, em defesa do seu amigo e também agressor Adriano, disse:“Quem nunca saiu na mão com a mulher?” Parece que mesmo com a pouca idade já tinha experiência em agressões.
Por quê as putas têm que ir para fogueira e os consumidores de puta não? Até me lembra  aquela história da bíblia sobre a mulher adúltera que o povo, já com as pedras na mão para apedrejá-la, pergunta para Jesus o que deveriam fazer com ela. Até o "suposto" filho de Deus achou um absurdo e disse: Quem não tem pecado que atire a primeira pedra. Aí como todos saíram de fininho, ele disse para ela: se ninguém te condenou, eu tampouco. É uma sociedade hipócrita e ponto.
Mulher sempre vai sair em desvantagem, serão sempre aqueles milhares de rostos apagados que aparecem no final do filme Anticristo, serão as mulheres do Congo, do texto da Eve Ensler que a Yuna postou no Stoa, das mulheres da África do Sul que em medidas desesperadas usam uma camisinha com dentes anti-estupro. Das Elizas que morrem a cada 2 horas no Brasil, assassinadas são por seus "companheiros".
E até agora estou sem entender para quê serve o dia do homem....

E essa crise dos 30 que não passa?

Alguém já superou a crise dos 30 anos? Comigo tá dificil isso, nunca me aconteceu de ficar tão perdida na vida, em todas as áreas. Vou explicar: Na casa dos 20 eu já era mãe, fazia faculdade, era motivada, usava jeans, camiseta, all star ou havaianas, não me preocupava com o que comer, morava perto dos meus pais e da minha irmã, tinha um monte de amigas, etc.
Hoje meu filho já não depende de mim, vai e volta sozinho da escola, faz o curso de baixo, tem seus amigos e sair com a mamãe é cafona (entendo pq passei essa fase tb!).
Meus pais foram morar longe, minha irmã casou, teve filho e mal a gente se vê. Minhas amigas também casaram ou foram morar fora do país ou estão trabalhando muito e não têm tempo para trocar ideias.Tô sozinha!
Eu me olho no espelho e me sinto a Princesa Fiona, do Shrek, depois que virou "ogra". Antes eu comia um monte de porcaria, levava uma vida sedentária e não engordava. Hoje eu percebo que preciso maneirar na comida, fazer algum tipo de exercício físico, parar de fumar para não murchar e despencar de vez. E na hora de se vestir? Acho ridículo gente de 30 que se veste como se tivesse 15, mas só percebo isso nos outros, nunca sei se estou me vestindo adequadamente para idade, então na hora de sair é aquele sufoco, nunca sei o que vestir.
No trabalho eu não mostro mais atitudes proativas, só faço o que me pedem. Antes eu me metia nas comissões, participava de um monte de coisa, mas isso só era chateação, não ganhava um centavo a mais por isso e nada mudava, pelo contrário, você só descobre o lado podre.
Fiz uma faculdade difícil e trabalho ganhando quase a mesma coisa que ganhava antes de entrar nela.
Eu era ingênua, acreditava nas coisas e nas pessoas, pensava que com esforço tudo ia melhorar, hoje percebo que nada melhora e isso é um choque. Percebi também que quando você passa por uma situação difícil, você até supera, mas nunca esquece o trauma.
Tô perdidaça,  não sei o que quero da vida, escolhi mal minha carreira, achei que aos 30 eu seria bem-sucedida e faria o que eu gostava. Hoje ser bem sucedido e fazer o que gosta é tão difícil quanto ganhar na loteria, eu sei do que gosto, já é um começo, agora vou ver o que faço para que dê certo e nem sempre fazer o que gosta é ser bem-sucedido (financeiramente falando), eu só gosto de coisa que não rende nada.
Sem falar que eu perdi a paciência, não tenho saco para enrolação, respondo na lata, não me traga problemas se não pensou na solução, não me faça esperar, não venha com história mal contada ou meias-palavras porque não sou boa entendora, tem gente que te convida e depois não sabe se vai (se prontifica, te convida e não pode ir, é muito para minha cabeça!) ou quer marcar alguma coisa e não sabe quando, onde e nem por quê, eu não sei se sou muito prática e já tenho todas as informações na cabeça e acho que todo mundo tinha que ser igual. É o stress + TPM que me ataca. Não tô podendo, entende?
Fazer terapia é legal, vou continuar, quem sabe eu me acho, porque eu me sinto estranha por dentro e por fora.

Quero me encontrar, mas não sei onde estou
Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita
Tenho quase certeza que eu não sou daqui

[Meninos e Meninas - Legião Urbana]

terça-feira, 6 de julho de 2010

Frida - O filme



 "pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade". [Frida Kahlo]

Em comemoração aos 103 anos de Frida Kahlo (apesar de já não estar entre nós fisicamente, temos o seu legado que a mantém viva). Ela cansou da vida que não foi nem um pouco generosa com ela. Aos 6 anos teve poliomelite o que causou sequelas, ficou com defeito no pé e mancava. Aos 18 sofreu um acidente no bonde que acarretou problemas na coluna, inúmeras cirurgias e dores crônicas até o fim de sua vida. Vira comunista (não sei se o comunismo era bom, mas quem era bom era comunista!) e conhece o Diego Rivera (já tinha dito aqui que ele nasceu no mesmo dia que eu, em anos diferentes, claro! ). Diego sempre deixou claro que não seria fiel, ela sabia que seria difícil, mas achava que ia endireitar o rapaz, não deu certo. Ela engravidou, ficou muito feliz, mas não conseguiu levar a gravidez adiante devido aos problemas sérios de saúde e sofreu um aborto. Pegou o Diego no bem bom com a irmã dela. Também teve seus casos extraconjugais, inclusive com pessoas do mesmo sexo. Hospedou Leon Trotski em sua casa e teve um caso com ele. A vida dela foi muito intensa, embora demonstrasse fragilidade física, ela tinha uma força espiritual extrema para aguentar os baques da vida. Fez do seu sofrimento uma arte.
"Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar"

O filme era um sonho que a atriz mexicana Salma Hayek queria realizar, lutou pelos direitos das obras, contou com a ajuda de amigos e atuou brilhantemente no papel de Frida, o Alfred Molina no papel de Diego e Geoffrey Rush (adoro! desde o filme "Contos proibidos do Marquês de Sade") no papel de Trotski, sem palavras. Salma era conhecida por fazer a gostosa de comédia romântica ou mulher de pistoleiro, surpreendeu a todos, além de gostosa é inteligente e atua muito, pena que Hollywood não dá o devido valor a la chica latina.
Não assistiu ainda? Corra para locadora, infeliz! Vai que o mundo acaba, morrer sem ver esse filme é um sacrilégio.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Anna Karenina - Leon Tolstoi

"Todas as famílias felizes são iguais. As infelizes o são cada uma à sua maneira".

Nº de páginas: 654 (algumas publicações tem mais de 900 págs)
Para quem acha que é mais um romance de mulher adúltera, pode estar enganado. Esse livro conta toda a situação política da Rússia no século XIX. Anna só aparece lá pela página 60 e some bem antes do témino do livro.
A 1ª vez que tive contato com Tolstoi foi quando eu fiz um curso de Teologia e li "O reino de Deus está em vós", ele prega o cristianismo pacífico, é tipo de uma anarquia, já que recusa o governo dos homens, o poder da igreja e principalmente a estupidez da guerra. No livro "Anna Karenina" é fácil identificar as ideias descritas no "O reino de Deus está em vós", atráves do personagem Liêvnin, que é o próprio Tolstói, seu alter-ego.
Era leitura do desafio literário do mês de março, mas, pelo menos para mim, literatura russa não dá para ler direto em um mês sem ao menos fazer uma pesquisa sobre a situação naquela época, se for para eu ler e não entender, prefiro não ler. Foi por isso que eu fiz Teologia, inventei de ler a Bíblia e não entendi nada, fiz o curso, além de depois conseguir ler a Bíblia, tive uma das maiores experiências da minha vida.Teologia significa estudos sobre Deus, não quer dizer que é sobre religião, embora esteja totalmente ligada uma coisa com a outra, é a busca do homem por algo superior. Tanto que a palavra religião vem do latim religare, ou seja ligar o homem a Deus, o tal do elo perdido. Ironicamente eu sou cética que é diferente de ser ateu, ser cético é não ter certeza se Deus existe porque não tem como provar, já ateu significa negação de Deus, ele não acredita de jeito nenhum.
Voltando ao "Anna": É um livro que precisei pesquisar um pouco, portanto não é uma leitura fácil. Tolstói é extremamente detalhista na descrição física e psicológíca dos personagens, também a descrição do ambiente: a casa, os móveis, os empregados, a cidade, os amigos, a política, os ricos, os camponeses, é possível criar um filme na sua cabeça com todas as informações que ele passa sobre tudo.
Anna era uma mulher influente na sociedade, tinha sua vida normal com seu marido e filho, tudo transcorria muito bem, era bem tratada pelo marido (isso me lembrou muito "Casa de bonecas") e até que algo a tirou de sua vidinha rotineira, algo despertou dentro dela e viu que as coisas não estavam tão bem como ela imaginava, de repente ela percebeu que era capaz de amar outra pessoa além do marido e que para ter esse amor ela deveria abdicar sua vida confortável, estar à margem da sociedade, ao invés de ser influente, agora seria motivo de escândalo. Mas até que ponto somos capazes de suportar insultos, rejeição por defender o nosso amor ou nossas crenças? O quanto se suporta por amar mais o outro que si próprio? Tudo isso traz a própria anulação, humilhação, todas as nossas verdades são confrontadas. Ela tinha ido salvar o casamento do irmão e destruiu o seu próprio. Ela era linda, perfeita, simpática, até dar um basta e mostrar que não sabia o que era capaz de fazer até perceber que vivia uma ilusão, obedecia regras pré-estabelecidas pela sociedade, fazia o que era para o bem geral e não o bem para ela mesma, mas infelizmente Anna não conseguiu ser forte o suficiente para suportar tudo. Anna representa a Rússia. Seu marido representa os nobres que prezam a aparência, a boa vida e a hipocrisia, seu amante representa o militarismo, a guerra. Os costumes da época são um tanto curiosos, por exemplo: a família para ser chic, falavam em francês entre si, para ser cult falavam em alemão, era como uma negação da própria cultura, é achar que o estrangeiro é mais evoluído. Anna quebrou paradigmas, a Rússia também deveria sair da zona de conforto e romper com o conformismo e lutar com amor, o amor que Anna demonstrou quebrando todas as barreiras sociais, não com armas, mas com ações. O nome Anna significa, em hebraico, cheia de graça. Graça significa "favor não merecido", amar sem esperar nada em troca porque o outro nem merece tanto. É o amor doador. Por exemplo: Graças a Deus! quer dizer: mesmo não merecendo esse amor de Deus, foi-me concedido!
Ai que vontade de falar muito e de mais personagens e de todas as ideias que passam na minha cabeça, mas cada dia falamos menos, tudo está se resumindo a 144 caracteres (twitter), ninguém tem mais paciência para grandes reflexões.
Agora estou pronta para ler Guerra e Paz, dizem que é o melhor livro dele.

O FILME


Embora haja 3 ou 4 filmes, vi o mais recente com  Sophie Morceau, Sean Bean e Alfred Molina, enfoca mais a história da Anna, é  fiel ao livro, atores, figurino, cenário e trilha sonora, perfeitos. Muito bom!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

A insustentável leveza do ser - O filme

Adoro interações de mídias, livros que viram filmes, jogos que viram filmes, filmes que viram jogos, etc.
"A insustentável leveza do ser" é um romance de Milan Kundera que pretendo muito ler, vou colocá-lo no próximo desafio literário, mas o filme é de uma beleza, uma sensilibilidade, uma sensualidade e uma leveza sem tamanho, começando pela escolha do elenco, tem Daniel Day-Lewis (já falei dele em Nine e Em nome do Pai) e a minha francesinha preferida, a Juliette Binoche que já falei um milhão de vezes por aqui.
Esse filme conta a história do médico-cirurgião Tomas, que não pode ver um rabo-de-saia que se enrabicha, da fotógrafa Tereza e da artista plástica Sabina, rola um triângulo amoroso, amizade e troca de experiências. Tudo acontece em 1968 durante o conflito político conhecido como "Primavera de Praga", quando os tanques russos invadiram a Tchecoeslovaquia.
Sabina é leve, quando a coisa começou a apertar ela fugiu para Suiça, em seguida Tereza e Tomas fizeram o mesmo, mas Tereza percebe que não consegue lidar com a leveza porque ela é fraca e retorna para Praga, Tomas também volta, chegando lá eles têm os passaportes confiscados, nunca mais poderão sair , só que a situação política está bem pior.
Tereza é super carente, precisa de Tomas, precisa ter cachorro, precisa de uma pátria, é apegada a tudo isso, por isso ela se considerava fraca, mesmo na pior,  não se desapega do que é confortável para ela.
Sabine tem o espírito livre, não se apega a nada e a ninguém, quando ela percebe que a coisa está ficando séria, ela simplesmente foge, está sempre mudando em todos os sentidos, mas mesmo assim, fugir não é fácil, ela sente a perda, mas se conforma que era o melhor a ser feito.

Fala de Tomas:
Mais de 1OO mil pessoas foram presas, torturadas e executadas durante o regime deles.E agora esses homens afirmam que não sabiam de nada. Que foram enganados ou manipulados. Que eram inocentes.
Não inocentes, mas desavisados, talvez.
Por favor, eles tinham de saber o que estavam fazendo. O contrário é inconcebível. Não importa se sabiam ou não. Estive pensando sobre Édipo. O bom Édipo Rei.Quando Édipo percebeu que havia matado seu pai sem saber e estava dormindo com sua mãe e, por causa de seus crimes, pragas estavam devastando a cidade dele, ele não pôde suportar a visão do que havia feito.Ele arrancou os próprios olhos e deixou a cidade. Ele não se sentiu inocente.Sentiu que deveria se punir, mas nossos líderes,ao contrário de Édipo,sentiram que eram inocentes.
E quando as atrocidades do período stalinista foram reveladas, eles disseram: "Nós não sabíamos! Não sabíamos o que acontecia, nossa consciência está limpa."
Mas a diferença, a diferença importante é que eles continuaram no poder.E eles deveriam ter arrancado seus olhos fora. Eu só disse que a moralidade mudou desde a época de Édipo.
O filme é emocionante! Super indico. Agora EU QUERO O LIVRO!!!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Tom Waits

Mais um artista de sagitário para compartilhar com vocês. Tom Waits é esquisito, tem uma voz rouca esquisita e seu gênero musical é indecifrável, não se encaixa em nenhum gênero, é uma mistura de rock, folk, blues, as letras são melancólicas, "canções para cortar os pulsos", inclusive esse foi o nome de um espetáculo teatral que o André Frateschi fez, que cantava as músicas do Tom.
Presentinho: Seguem anexas 3 ou 4 músicas mais romantiquinhas dele para download, aqui.
Até mais!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

José Saramago e o Ensaio sobre a cegueira

Quero registrar aqui uma homenagem póstuma ao 1º escritor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura, José Saramago, ateu, comunista, blogueiro, defendia suas verdades.

Fragmentos do livro:

“Por que foi que cegamos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem”

“Lutar foi sempre, mais ou menos, uma forma de cegueira, Isto é diferente, Farás o que melhor te parecer, mas não te esqueças daquilo que nós somos aqui, cegos, simplesmente cegos, cegos sem retóricas nem comiserações, o mundo caridoso e pitoresco dos ceguinhos acabou, agora é o reino duro, cruel e implacável dos cegos, Se tu pudesses ver o que eu sou obrigada a ver, quererias estar cego, Acredito, mas não preciso, cego já estou, Perdoa-me, meu querido, se tu soubesses, Sei, sei, levei a minha vida a olhar para dentro dos olhos das pessoas, é o único lugar do corpo onde talvez ainda exista uma alma, e se eles se perderam”

domingo, 20 de junho de 2010

Dança comigo?


 "No Japão, a dança de salão é vista com muita suspeita, em um país onde os casais não andam abraçados e muito menos dizem "eu te amo" em voz alta, a compreensão através da intuição é tudo. A idéia que marido e mulher deveriam se abraçar e dançar na frente de outros, está além do embaraçoso. Entretanto, sair para dançar com outra pessoa poderia ser mal interpretado e se provar ainda mais vergonhoso. Apesar disso, mesmo para os japoneses, há uma curiosidade secreta acerca dos prazeres que a dança pode trazer".


Essa é introdução do filme, narra a história de um homem que trabalha na contabilidade de uma empresa, a vida dele resume-se ao trabalho e sua vidinha com a mulher e filha, essa mesmice deixou-o introvertido e até depressivo. Voltando do trabalho de trem, em uma das estações, ele via a escola de dança pela janela, ficava olhando a professora e os alunos dançando, um dia ele resolveu descer do trem e conhecer a escola. Tentou aprender a dança todo desajeitado, com toda aquela timidez japa e com a cabeça cheia dos preconceitos citados acima.
A dança tornou-o mais motivado, mais alegre, mais disposto. O coração deu uma cambaleanda pela teacher. Ele acabou indo para concursos de dança e a experiência foi bem bacana para sua vida pessoal.


A versão americana


A versão americana desse filme é bonitinha também, mas convenhamos, na América não tem preconceito com quem faz dança de salão, Richard Gere é muito simpático, não é como o japonês que é tímido, sem charme nenhum e retraído, ou seja, as partes mais interessantes e comoventes não fizeram tanto sentido, ficou mais parecido com um espetáculo da Broadway. No filme japonês mostra claramente a intenção do aluno x professora, já na versão americana ele faz a dança, mesmo a professora sendo a Jeniffer Lopez, ele a trata apenas como professora e gosta mesmo é de sua mulher, representada pela Susan Sarandon.

Eu que gosto de dança indico os dois, podem ver meninas, super fofo! Como assim, japoneses não abraçam e não dizem eu te amo? Tadinho deles...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

El camino de San Diego

Na sessão pipoca assistimos "O caminho de San Diego", filme que conta a história de Tati Benitez, um argentino muito pobre, mora em uma cidade do noroeste da Argentina, na província de Missiones, porém é fanático por Maradona. O fanatismo é tanto que ele queria colocar o nome da filha de Diega, mas o cara não deixou, até que veio seu 3º filho que ele batizou de Diego Armando.
Tati trabalha pegando raiz, galhos e troncos na mata para um artesão. Em uma dessas andanças pela mata ele vê um tronco muito parecido com Maradona, ele pede para o artesão colocar o nº 10 nas costas e inventa levar o tronco para o próprio Maradona, em Buenos Aires. Mostra a simplicidade e a ingenuidade que acompanha a pobreza, ele consulta uma vidente se a viagem ia dar certo, depois pega uma maquina fotográfica muito antiga emprestada e segue seu rumo. Não podia faltar a piadinha com os brasileiros: Ele comprou uma foto autografada do Maradona e os caras disseram que aquela não era a assinatura dele, apostavam que foi um brasileiro que vendeu, ri muito!!!!
Um pouco antes da peregrinação, ele fica sabendo que Maradona está muito mal, internado em uma clínica, fica preocupado, então segue para o sul pegando carona e todos respeitam quando ele fala que está levando a estátuta para Maradona (esse é o cara, é um deus na terra da prata!). O mais interessante são as histórias daquele povo, por exemplo, ele pegou uma carona em uma ambulância que levava um rapaz super jovem que tinha morrido, depois pegou carona em um ônibus de devotos de Gauchito Gil, um santo popular que não é reconhecido pela igreja católica. Ele vai lá pedir a benção do santo depois pega carona com um caminhoneiro brasileiro que o leva até Buenos Aires. Uma parte engraçada é que fazem piquete no meio da estrada e todos os carros são impedidos de passar, exceto ambulâncias, o caminhoneiro estava com um monte de galinha que se não chegasse ao destino a tempo, morreriam de fome, nem isso comoveu os manifestantes, mas quando ele disse que tinha que entregar a escultura para Maradona, fizeram uma votação e o caminhão pode passar (sangue de Maradona tem poder!).Quando ele chega à Buenos Aires, Maradona tinha fugido da clínica e depois iria se tratar em Cuba, será que Tati conseguiu entregar a escultura ao seu ídolo?
O filme lembra um pouco "Central do Brasil", aquela gente muito simples, mas cheia de esperança que acredita em qualquer coisa que se apega à religião ou a um idolo porque não tem outra motivação na vida, é muito bonito ver a solidariedade, a compreensão e o incentivo que as pessoas têm umas com as outras. O filme é simples, mas bem tocante!
Outro filme de Maradona que já comentei aqui foi o "Maradona by Kusturica", tinha falado lá que ele não tinha dado certo como técnico, mas hoje retiro o que eu disse, embora eu não esteja acompanhando os jogos, sei que ele está fazendo um bom trabalho com a seleção argentina.

domingo, 13 de junho de 2010

Nail art de menino japa

Todos sabem que pago maior pau para cultura japa: filmes, moda, culinária, brinquedinhos eletrônicos, mangá, hentai, haikai, nail art, sake (a única bebida que bebo c/ gosto).

Vou mostrar as unhas dos meninos que vi em duas revistas, eu compro revistinha na Nail Supply e também baixo na net.
 clique nas imagens para ver maior

Esses devem ser de uma banda de j-pop, parecem personagens de anime.

 Já as 4 fotos acima são modelos de unhas para os meninos se inspirarem.

Foi-se o tempo em que japonês era tudo igual, os meninos lá são über fashion, pintam cabelo, fazem as sobrancelhas e criam seu próprio estilo.
Para quem também curte moda japonesa, indico os sites: Tokyo Street StyleJapanese streets, Fashion in Japan e Style Arena.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A Africa do Sul que ninguém quer ver

Em clima de copa, o povo se concentra estritamente ao futebol e muitos não fazem ideia do que é Africa do Sul. Passou um documentário na TV5 Monde sobre o respectivo país que me deixou chocada. Na verdade a única coisa que eu tinha mais ou menos informação era sobre o "Apartheid" e Nelson Mandela. O documentário mostra guetos que nem a polícia entra, hoje não tem um apartheid racial, mas tem o apartheid social, nesses guetos pouquíssimas pessoas tem emprego. É um país extremamente violento, tanto que para a Copa, o governo autorizou a polícia atirar e matar quando for necessário. Os ônibus agora têm câmeras porque há muitos assaltos nesse transporte. Tem um programa pior que o "Cidade Alerta", é apresentado por uma policial e mostra a polícia matando, mostra os "miliantes" mortos com a cara estourada, o negócio choca. Os ricos são isolados, vivem em condomínios fechados, carros blindados, seguranças.
No site da TV5 tem as estatísticas resumidas (em francês), foi de lá que peguei a foto para ilustrar e as informações abaixo, há vários textos lá que juro, seu eu tivesse tempo traduziria e passaria as informações, porque são bem interessantes.
A expectativa de vida de um sul-africano é de 48 anos.
É o 2º país com mais pessoas infectadas por HIV (5,7 milhões).
Um dos países mais corruptos do mundo
No documentário mostrou que de 1 em cada 3 meninas e 1 em cada 4 meninos são estuprado(a)s na infância por pessoas da própria família, tinha uma menina de 7 anos que nem andava direito, foi resgatada por uma instituição, desde bebê ela já era abusada.
Aqui mostra um vídeo dizendo que Johannesburgo é a capital mundial do crime, 17 mortes por dia. Outro vídeo é sobre o gueto branco, apenas 9% da população é branca, mas isso não os isenta da pobreza, como já disse anteriormente, agora eles sofrem com o apartheid social. Também tem outro vídeo sobre a reforma agrária, o eterno problema em distribuição de terras. É , às vezes muitas coisas são bem parecidas com o Brasil, só de pensar em Copa no Rio parece que vai ser igualzinho, já até vejo o Bope atirando, subindo muros para esconder a pobreza, etc.
Depois disso fiz uma promessa que não assistirei a nenhum jogo em solidariedade aos que lá sofrem e não são vistos.
No documentário mostra uma parte linda, a canção do sofrimento, da dor, uma mistura do gospel com o blues, a capella, eles cantam em velórios, mas é uma canção tão triste e dolorida, a letra é triste, mas no fim tem uma esperança que as coisas podem ser melhores. É o que esperamos também!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A paixão segundo G.H.



 Desafio literário do mês de junho: Ler um livro de uma escritora brasileira, escolhi Clarice Lispector
Aposto que se meu pai tivesse lido iria dizer: "Todo esse drama por causa de uma barata?" Porque minha mãe tem paúra de baratas, ela vê uma e grita desesperadamente, feito louca. Eu herdei esse medo, tenho medo até de barata morta.
O livro gira em torno de uma mulher, G.H. e uma barata, é um monólogo, uma reflexão existencialista, é tudo tão jeito Clarice de escrever.

O jornalista e escritor José Castello disse o seguinte desse livro: "Considerado por muitos o grande livro de Clarice Lispector, A paixão segundo G.H. tem um enredo banal. Depois de despedir a empregada, uma mulher vai fazer uma faxina no quarto de serviço. Mal começa a limpeza, depara com uma barata. Tomada pelo nojo, ela esmaga o inseto contra a porta de um armário. Depois, numa espécie bárbara de ascese, decide provar da barata morta".
Ao esmagar a barata, e depois degustar seu interior branco, operou-se em G.H. uma revelação. O inseto a apanhou em meio a sua rotina “civilizada”, entre os filhos, afazeres domésticos e contas a pagar, e a lançou para fora do humano, deixando-a na borda do coração selvagem da vida. Esse desejo de encontrar o que resta do homem quando a linguagem se esgota move, desde o início, a literatura de Clarice.


Fragmentos do livro:

Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda.

Talvez desilusão seja o medo de não pertencer mais a um sistema.

e se a realidade é mesmo que nada existiu?!

Dar a mão a alguém sempre foi o que esperei da alegria. Muitas vezes antes de adormecer - nessa pequena luta por não perder a consciência e entrar no mundo maior - muitas vezes, antes de ter a coragem de ir para a grandeza do sono, finjo que alguém está me dando a mão e então vou, vou para a enorme ausência de forma que é o sono. E quando mesmo assim não tenho coragem, então eu sonho.
Ir para o sono se parece tanto com o modo como agora tenho de ir para a minha liberdade. Entregar-me ao que não entendo será pôr-me à beira do nada.

Por enquanto o primeiro prazer tímido que estou tendo é o de constatar que perdi o medo do feio. E essa perda é de uma tal bondade. É uma doçura.

Meu erro, no entanto, devia ser o caminho de uma verdade: pois só quando erro é que saio do que conheço e do que entendo.

O perigo de meditar é o de sem querer começar a pensar, e pensar já não é meditar, pensar guia para um objetivo, O menos perigoso é, na meditação, “ver”, o que prescinde de palavras de pensamento.

Ah, as pessoas põem a idéia de pecado em sexo. Mas como é inocente e infantil esse pecado. O inferno mesmo é o do amor. Amor é a experiência de um perigo de pecado maior - é a experiência da lama e da degradação e da alegria pior. Sexo é o susto de uma criança.

A esperança é um filho ainda não nascido, só prometido, e isso machuca.

O leite da vaca, nós o bebemos. E se a vaca não deixa, usamos de violência. (Na vida e na morte tudo é lícito, viver é sempre questão de vida-e-morte.) Com Deus a gente também pode abrir caminho pela violência. Ele mesmo, quando precisa mais especialmente de um de nós, Ele nos escolhe e nos violenta.

Eu  amo Clarice, não me sinto digna de usar minhas próprias palavras para defender a obra dela que para mim é perfeita e não precisa da minha aprovação porque ela se aprova por si só.
Esse livro tem 122 páginas, de fácil compreensão.
Já falei aqui do livro Felicidade Clandestina e de Clarice em artistas de sagitário.

terça-feira, 8 de junho de 2010

cheesecake de chocolate branco com morangos


Tem dias que acordo inspirada, eu vi morangos vermelhos e suculentos e logo pensei em pecar, o pecado da gula me atrai, quando me dá vontade de comer alguma coisa eu vou onde for necessário e pago o quanto for preciso, minha queda maior é por doces, por comida japonesa e massas o resto, só como para sobreviver.
Ai fiz esse cheesecake dos infernos, sim, isso é coisa do diabo porque ele é o único que quer te ver se entupindo de porcarias e sabe onde isso vai parar? No culote, na barriga e vai acumulando até formar uma gordura que não sai nem com abdominais, localizadas e corridas. Mas eu fiz a vontade do Belzebu (demônio da gula), dei esse prazer a ele e a mim e como eu não quero pecar sozinha, vou passar a receita para vcs cometerem o mesmo sacrilégio.

Ingredientes

Massa:
5 colheres (sopa) de manteiga derretida
3 colheres (sopa) de açúcar
1 pacote de biscoito tipo maisena triturados

Recheio:
250 g de cream cheese
250 g de requeijão
1 envelope de gelatina incolor sem sabor
400 g de chocolate branco
1/2 colher (sopa) de raspas de limão

Cobertura:
500 g de morangos picadinhos
400 g de açúcar
um pouquinho de água

Modo de fazer:
 
Massa
Misture em uma tigela a manteiga, o açúcar e os biscoitos até que obtenha uma farofa. Forre o fundo e as laterais de um refratário c/ essa farofa e leve ao forno de microondas por 2 minutos na potência alta. Reserve.
Massa + recheio prontos para 30 min de congelador

Recheio
Derreta o chocolate em banho-maria
Hidrate a gelatina em 1/2 xícara (chá) de água, em banho-maria
Coloque no liquidificador a gelatina dissolvida, o requeijão e a ricota, bata bem
Acrescente aos poucos o chocolate e as raspas de limão
Bata até obter um creme liso e homogêneo
Despeje na forma sobre a massa
Leve ao freezer ou congelador por 30 minutos

Cobertura:

 E o cheirinho de morango c/ acúcar que delícia!

Leve os ingredientes ao fogo, até derreter o açúcar e o morango se desmanchar
Se não atingir o ponto, coloque mais açúcar
Deixe esfriar
Depois de desenformar a torta, despeje a cobertura por cima

 Aqui é o triste fim do pobre! Pronto para ser devorado!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Before sunset and Before sunrise

Aproveitando que estamos em uma época "love is in the air", dia do namorados está chegando, vou falar desses dois filmes que acho muito fofo, achei tudo de muito bom gosto, as locações foram muito bem escolhidas, os diálogos despretensiosos e bem-humorados, a trilha sonora, os atores (Ethan Hawke e Julie Delpy), tudo perfeito!

Depois do amanhecer

É o primeiro filme, Celine e Jesse estão em um trem que vai para Paris, ela tinha ido visitar a avó em Budapeste e ele foi visitar a ex em Barcelona, ele ia descer em Viena para pegar o voo para os EUA e ela voltaria para sua casa em Paris. Um casal alemão começa a discutir alto, Celine que está sentada perto deles sai e senta próximo de Jesse, eles começam a conversar, vão para o restaurante do trem, papo vai papo vem, ele convence a moça a descer em Viena com ele, ela que não é boba nem nada, desce. Não é estranho acompanhar um estranho, desde que ele não seja tão estranho, capice? Aí ela faz aquela piadinha que americano só sabe falar inglês, não se interessa por outro idioma e ele faz piadinha sobre francesas.
Chegando em Viena eles pegam um bonde, descem próximo a uma loja de discos "Alt & Neu", entram lá e começam a ouvir "Come here" de Kath Bloom (veja esta cena no vídeo abaixo)



Visitam o Cemetery of the Nameless (cemitério sem nome) onde eram enterradas pessoas indigentes achadas no rio.
Vão a um parque de diversões e bem na hora que o sol se põe eles estão lá no alto da roda gigante, depois entram na igreja Votive, vão para uma praça, encontram uma cigana, depois um poeta que faz poesia de improviso, leia a poesia:
Daydream delusion, limousine eyelash / Oh baby with your pretty face / Drop a tear in my wineglass / Look at those big eyes / See what you mean to me / Sweet-cakes and milkshakes / I'm a delusion angel / I'm a fantasy parade / I want you to know what I think / Don't want you to guess anymore / You have no idea where I came from / We have no idea where we're going / Lodged in life / Like branches in a river/ Flowing downstream / Caught in the current / I carry you / You'll carry me / That's how it could be / Don't you know me? / Don't you know me by now? 
 E por último eles vão a um bar, ele pede ao garçom uma garrafa de vinho tinto e promete mandar o dinheiro depois e ela rouba as taças. O que não se faz por amor, não é?
Eles prometem se encontrar 6 meses depois, dia 16 de dezembro, na estação de Viena.
Um amor de um dia pode ser mais intenso e mais profundo que juras de amor eterno.
Veja nesse site onde foram as locações desse filme.

Depois do amanhecer

Acontece 9 anos depois do primeiro encontro, antes ela tinha 23, agora tem 32, ele virou escritor e estava na Shakespeare and Company, em Paris, divulgando sua publicação. Celine vai lá para prestigiá-lo e reencontrá-lo, ele a vê e perde até o fio da meada. Agora estão bem menos ingênuos, os diálogos são sobre política, ecologia, filosofia e tudo acontece na Cidade Luz.
Vão para o "Le Pure Café", conversam e dão muitas risadas depois fazem uma bela de uma caminhada no Promenade Plantée, pegam aqueles bateau para turista no rio Sena (Quai de la Tournelle), ele dá carona até o apê dela e a conversa no carro começou a ficar mais tensa (hora de discutir a relação), é a parte que desce uma lagriminha no espectador.
Chegando no apê, ele pede para ela cantar uma musica e ela canta "Waltz", uma valsinha gracinha (veja vídeo)



Acho que esse filme ainda tem uma continuação, ele acaba dando essa esperança, espero que o casal chegue aos 50 anos e nós acompanhando a novela da vida deles (sonho de fãs).

Shakespeare and Company – 37 rue de la Bûcherie 75005 Paris.
Le Pure Café: 14, rue Jean Mace, Paris

sopa de letrinhas

sossego
só cego
só  ego

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Glória ao cineasta

É mais um filme do cineasta japonês que curto demais, o Takeshi Kitano, ele fez o meu 4º filme favorito, o Dolls. No "Glória ao cineasta" ele mostra todos os filmes que ele deveria ter feito e não fez, para quem não sabe, ele é especialista em filmes sobre a máfia Yakuza, muito violentos por sinal. Mas o mais interessante que no meio da violência tem poesia, tem justificativas que vc acaba não vendo só o lado mau e violento, acho que o ser humano por mais ruim que seja, tem um pouquinho de bondade dentro de si.
O filme começa com ele e um boneco feito à sua imagem e semelhança sofrendo com crise de criatividade. A impressão é que ele tenta denunciar a pressão que os cineastas sofrem para fazer filmes que rende bilheteria em vez de fazer o que realmente gostam. O filme é dividido em vários quadros simulando filmes de diversos gêneros:
Romântico: um homem que acaba de se aposentar e não sabe o que vai fazer, conhece uma pessoa interessante.
Terror japonês: é o máximo, ele coloca o cara com uma máscara de teatro Nô, levando uma cabeça na mão e as japinhas com roupas de colegiais gritando de medo (clássico!).
Aventura: Sobre ninjas, a cena é meio "O Tigre e o Dragão" que eles saem correndo em cima das árvores, um cara derrota mil com uma espada.
Efeito Matrix, como se livrar de balas com efeitos especiais.
Sci-fi: Professor maluco que cria engenhocas e teorias para uma sociedade perfeita.
 um meteoro vai cair na terra o que os cientistas podem fazer para impedir.
Ele tira uma onda do Yasujiro Ozu que só fazia filmes representando problemas familiares e viviam a maior parte do tempo tomando chá e sake.
Drama: Crianças nos anos 50 que eram fãs de boxe e a pobreza que existia no Japão naquela época. O brucutus que brigam na lanchonete.
Mãe e filha que tentam dar o golpe em todo mundo e só se lascam.
Cena do Robô gigante, parecido com os desenhos japoneses do anos 80. Eu achei o máximo!
Outros filmes de Takeshi comentados por aqui foram: Hana-bi, Áquiles e a Tartaruga e Kikujiro.O Dolls está com link lá em cima.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ne te retourne pas

Ne te retourne pas (Não retorne) é um filme francês super diferente, dirigido por uma mulher, Marina de Van, narra a história de uma escritora com crise de identidade e conflitos psicológicos. Os efeitos desse filme são muito interessantes.
Vou resumir mais ou menos o problema da protagonista: Sabe quando você já não mais se reconhece, não reconhece as pessoas à sua volta, você olha para sua casa e estranha a decoração, a disposição dos móveis. De repente você cai em si e fica embasbacado com o rumo que tomou sua vida e entra em paranoia. Ela tenta reconstruir o passado, busca alguma lacuna perdida durante a infância, talvez ela tenha dupla personalidade, não sabe se é a  femme française Sophie Marceau ou a ragazza italiana Monica Bellucci, pelo menos nas duas caras ela era bonita rsrsr. O interessante é que no filme ela se transfigurava, fica com metade da cara de cada uma das atrizes, o marido e os filhos ficavam com cara de personagens de video-games, desenho gráfico, dá a impressão que ela vivia em um jogo, tipo o "Second life", as coisas pareciam irreais. Outra parte interessante é quando ela vai à Italia pesquisar seu passado, ela chega na casa da suposta mãe e começa a se deformar, a mancar, a diminuir e ficar torta, meio "Alice no país das maravilhas". Há cenas intensas, uma perturbação, de uma certa forma você entra naquela cabeça maluca dela e se perde.
O filme é muito bom, as atrizes estão ótimas, vale a pena ver!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Questionários de Pivot e Proust

Adoro o programa "Inside the Actors Studio", apresentado pelo James Lipton e no final do programa ele faz as 10 perguntas criadas por outro apresentador francês, Bernard Pivot, que são as seguintes:

- Qual sua palavra preferida?  
Amour [em francês é mais delicado, mon amour é tudo de fofo!]
- E a palavra que menos gosta?
escarro
- Qual o seu som ou barulho favorito?
bebê dando risada
- Qual o som ou barulho que menos gosta?
buzina
- Qual seu palavrão predileto?  
son of a bitch [em inglês mesmo, tem mais entonação]
- O que o excita?
chocolate
- O que o repugna?
Gente grossa
- Qual profissão gostaria de exercer se não tivesse a sua?
Quem disse que eu queria a minha? Se arrependimento matasse, estaria mortinha. Eu queria ser apresentadora do "Mochileiros" no Discovery Travel.
- Qual a profissão não gostaria de exercer jamais?
Guarda de trânsito, ficar apitando que nem um retardado no meio da rua ou multando deve ser humilhante, repugnante e todos outros adjetivos terminados em -ante
- Se o céu existe, o que gostaria que Deus lhe dissesse ao lhe encontrar?
o que o estagiário gringo fala: Crazy Ana. Acho que Deus vai me contar a verdade, vai dizer: o médico jogou o bebê fora e sua mãe criou a placenta, vc não se encaixa na minha criação

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Agora o questionário c/ 29 perguntas do escritor francês Marcel Proust (Por quê os franceses gostam tanto de fazer perguntas?)

1. Qual é sua maior qualidade?
ser linda, rica e modesta ahuahauha
2. E seu maior defeito?
Digam-me porque eu mesma não sei, rsrs É um segredo que quero levar para o túmulo.
3. A coisa mais importante em um homem?
Qdo é fofo,sabe cuidar e dá vontade de cantar a música de Adriana Calcanhoto, cantada por Maria Bethânia:
Depois de ter você
Pra que querer saber
Que horas são?

Se é noite ou faz calor
Se estamos no verão
Se o sol virá ou não
Ou pra que é que serve
Uma canção como essa?

Depois de ter você
Poetas para quê?
Os deuses, as dúvidas
Pra que amendoeiras pelas ruas?
Para que servem as ruas?
Depois de ter você...
4. E em uma mulher?
mulher é ser uma deusa, é o ser mais poderoso da criação ou da evolução

5. O que você mais aprecia nos seus amigos?
Graças ao meu bom Deus, faço questão de estar próxima de pessoas que acrescentam algo de novo na minha vida, sou como Darwin, faço "seleção natural". Eles são divididos em classes: os que me fazem rir, só falam besteiras, esses são bons para o happy hour de sexta à noite. Os nerds que te ensinam tudo sobre informática e de aparelhinhos high tech. O undergrounds que sabem tudo de filmes alternativos e até música dos aborígenes. Os Fflchentos que sabem tudo de literatura, idiomas e filosofia. Os profissas que sabem todas as teorias da administração. Os hiponcondríacos que sempre indicam médicos bons. As patricinhas que sabem tudo de cremes, cabelereiros e outras frescurites de mulher.

6. Sua atividade favorita é...
blogar, costurar, esmaltar, cuidar, não necessariamente nessa ordem

7. Qual é sua idéia de felicidade?
Faço das palavras de Tom Jobim as minhas:
A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
e tudo se acabar na quarta feira

8. E o que seria a maior das tragédias?
Gente eu sou pior que Shakespeare para tragédias, qualquer probleminha para mim é o fim do mundo, saca?
Viver é trágico, olha esse mundo e veja quanta coisa feia! Aí, como bons atores, a gente finge que tá tudo bem e transforma em uma comédia.

9. Quem você gostaria de ser, se não fosse você mesmo?
Gisele Bundchen: linda, loira, magra e rica, tudo isso sem precisar estudar. Eu que não paro de estudar nunca, vou morrer no anonimato e pobre.
10.E onde gostaria de viver?Saint Tropez ou Cannes, na França
11.Qual sua cor favorita? vermelho, preto e branco (tricolor)
12.Sua flor? Tulipa
13.Um pássaro? beija-flor
14.Seus autores preferidos? são muitos
15.E os poetas de que mais gosta? Fernando Pessoa, Baudelaire, Florbela Espanca, de preferência os pessimistas que morreram de tuberculose, cirrose, loucos...
16.Quem são seus heróis de ficção? eu sempre torço para o antagonista, odeio o herói, sou fã do Coringa.
17.E as heroínas? Isso é droga! Dizem que faz mal para saúde e pode pegar cana
18.Seu compositor favorito é... Chico Buarque e Serge Gainsbourg
19.E os artistas que você mais curte? Quer que eu separe por continente? Artistas de quê? Teatro, cinema, televisão, artes plásticas, danças. Pago pau pra tanta gente....
20.Quem são suas heroínas na vida real? Aquela mulheres que levantam às 5 da matina, pegam trem-ônibus-metrô, trabalham muito para ganhar pouco, voltam para casa, trabalham de novo....
21.E quem são seus heróis? homens como o meu pai
22.Qual é sua palavra favorita? já falei no 1º quiz
23.O que você mais detesta? policia e político
24.Quais são os personagens históricos que você mais despreza? todos os ditadores e religiosos
25.Quais os dons da Natureza que você gostaria de possuir? ficar invisível às vezes...
26.Como você gostaria de morrer? como a Virginia Woolf
27.Agora, já, como você está se sentindo? com um pouco de enxaqueca
28.Que defeito é mais fácil perdoar? Cada caso é um caso, depende da pessoa, da situação...
29.Qual é o lema da sua vida? Que se foda o amanhã!

Alguma pergunta?