quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O leitor



O Leitor
(The reader), dirigido por Stephen Daldry, é um filme muito interessante, já tinha dito anteriormente que estava saturada de filmes sobre nazismo, inclusive muitas vezes eu me neguei a ver, mas como estou acompanhando a carreira da Kate Winslet que ultimamente tem atuado em filmes muito bons, resolvi assisti-lo. Fazia tempo que eu não chorava vendo um filme, mas na hora das fitas que o Michael Berg (Ralph Fiennes, q amo desde O Paciente Inglês) gravava para Hanna Schmitz (Kate Winslet), eu desabei.
Essa Hanna era solitária, conheceu o Michael, ele tinha 15 anos e ela era bem mais velha, além dos momentos de prazer que tiveram juntos, ele sempre lia para ela.
O tempo passou, ele estudou direito, ela foi trabalhar para SS. Mas e o grande segredo de Hanna que deu a ela prisão perpétua? Esse sim foi o ápice do filme.
Como estou na proposta de ler 33 livros a cada 1001 dias, fiz uma lista dos livros que Michael lia para Hanna ou que foram citados no filme, vou aproveitar a lista e ler os que não li ainda, são eles:
  • As Aventuras de Huckleberry Finn - Mark Twain
  • Anatol - Arthur Schnitzler
  • David Copperfield - Charles Dickens
  • Doutor Jivago - Boris Pasternak
  • Four Quartets / East Coker- T. S. Eliot "I said to my soul, be still, and wait without hope" ("Eu disse à minha alma: fique quieta, e espere sem esperança").
  • Emilia Galotti- Gotthold Ephraim Lessing
  • Epístolas - Horácio
  • Intriga e amor - Friedrich Schiller
  • Jaws - Peter Benchley
  • O amante de Lady Chatterley - D. H. Lawrence
  • A dama do cachorrinho - Anton Checkhov (Nesse conto tem uma Anna doida tb)
  • A metamorfose - Franz Kafka
  • A Odisséia - Homero
  • Loja de Antiguidades - Charles Dickens
  • O velho e o mar - Ernest Hemingway
  • To an army wife in sardis - Safo
  • O mundo de ontem - Stefan Zweig

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Carne trêmula


Pedro Almodovar é um dos grandes cineastas espanhóis, sempre acompanho seus filmes, em todos que assisti os personagens tem problemas com a sexualidade, é muito comum incesto, homossexualismo, transexualismo, prostiuição, como se fosse em busca do prazer, mas ao mesmo tempo suas consequencias são sempre trágicas ou doloridas.
Carne trêmula é um desses filmes, uma prostituta (Penélope Cruz) tem um filho dentro do ônibus, durante a ditadura, seu filho cresce, vira entregador de pizza (Victor) e se apaixona por uma garota, ele vai ao apartamento dela e ela o despreza, na confusão ela saca uma arma e pede para ele sair de lá, chegam os policiais, um deles interpretado por Javier Bardem que leva um tiro e fica tetraplégico, o Victor vai preso. A garota acaba ficando com o personagem do Javier, Victor ao sair da cadeia tenta vingá-los.
Vou postar a letra de música Somos, da Chavela Vargas, que faz parte da trilha sonora desse filme

Somos un sueño imposible
Que busca la noche
Para olvidarse en sus sombras
Del mundo y de todo
Somos en nuestra quimera
Doliente y querida
Dos hojas que el viento
Juntó en el otoño
Somos dos seres en uno
Que amándose mueren
Para guardar en secreto
Lo mucho que quieren
Peró qué importa la vida
Con esta separación (2x)
Somos dos gotas de llanto
En una canción

Nada más

Eso somos

Nada más

___________________________________________
Escute aqui:

Entre a cruz e a espada: Roman Polanski

Roman Polanski está vivendo um dos grandes pesadelos de sua vida, há mais de 30 anos ele é um foragido, acusado de estuprar uma menor. Foi preso na Suiça essa semana.
Ele é um dos melhores diretores da atualidade, mas eu, na condição de mulher, acho que ele precisa ser julgado.
Ele já foi assunto aqui no blog, no marcador esmaltes duas vezes: O inquilino e Repulsa ao sexo.
Outros filmes muito bons dele são: O pianista (c/ atuação magnífica do Adrien Brody), Lua de Fel, Chinatown e Bebê de Rosemary. Os problemas pessoais dele não são uns dos melhores, deve ser um horror ter que conviver com esse problema há mais de 30 anos.
Hoje é o Yom Kippur, dia do perdão, ele é de descendência judaica, mas não podemos fechar os olhos para as injustiças cometidas por gente famosa, temos que lembrar da menina de 13 anos que foi dopada e estuprada, hoje ela já tem mais de 40 e não viu a justiça sendo feita.


domingo, 27 de setembro de 2009

She Walks In Beauty


She Walks In Beauty
Lord Byron

She walks in beauty, like the night
Of cloudless climes and starry skies;
And all that's best of dark and bright
Meet in her aspect and her eyes:
Thus mellowed to that tender light
Which heaven to gaudy day denies.

One shade the more, one ray the less,
Had half impaired the nameless grace
Which waves in every raven tress,
Or softly lightens over her face;
Where thoughts serenely sweet express
How pure, how dear their dwelling-place.






And on that cheek, and over that brow,
So soft, so calm, yet eloquent,
The smiles that win, the tints that glow,
But tell of days in goodness spent,
A mind at peace with all below,
A heart whose love is innocent!


Eu vou usar esse poema na minha apresentação do curso de inglês, é linda!
Escutem o áudio aqui:


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Hannah e suas irmãs


Hannah and her sisters é outro filme de Woody Allen que eu gosto bastante.
Hannah tem mais duas irmãs, um marido e um ex-marido, seus pais que dão um certo trabalho e seus filhos gêmeos.
Hannah foi casada com o personagem de Woody Allen, o médico disse que ele não poderia ter filhos e Hannah pediu para seu sócio doar o esperma para ela fazer uma inseminação artificial e engravida de gêmeos.
Seu ex-marido, além de loser é hipocondríaco, sempre acha que está morrendo e para piorar, ainda se apaixona pela irmã de Hannah que usava cocaína e vivia insegura pois não conseguia se firmar como atriz, nunca passava nos testes.
O atual marido de Hannah (Fred) também se apaixona por sua outra irmã, a Lee, sempre dá toques de livros e de músicas para ela ler e ouvir, ela larga o marido, interpretado por nada mais, nada menos que o Max Von Sydow, mas Fred não larga Hannah e começa a ter relação extra-conjugal com a cunhada por um tempo, então Lee acaba ficando com alguém da faculdade e o abandona também.
Hannah dividiu os maridos com as irmãs, cuidava de todos mas não era cuidada por ninguém, era a mais certinha da família que só se ferra.

Segue abaixo o poema que o Fred indicou para Lee

Somewhere i have never travelled

E.E. Cummings
somewhere i have never travelled, gladly beyond
any experience, your eyes have their silence
in your most frail gesture are things which enclose me
or which i cannot touch because they are too near
your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers
you open always petal by petal myself as spring opens
(touching skilfully, misteriously) her first rose
or if your wish be to close me, i and
my life will shut very beautifully, suddenly
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending,
nothing we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility; whose texture
compels me with the colour of its countries,
rendering death and forever with each breathing
(i do not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody, not even the rain has such small hands

Tradução feita por Augusto de Campos

Nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além
de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
No teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto
Teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
Embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
Me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa
ou se quiseres me ver fechado, eu e
minha vida nos fecharemos belamente, de repente,
Assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;
Nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua imensa fragilidade:cuja textura
Compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira
(Não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre; só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
Ninguém, nem mesmo a chuva,tem mãos tão pequenas

Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo mas tinha medo de perguntar


Hoje vou falar do filme Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo mas tinha medo de perguntar, do Woody Allen, para variar, mais um cineasta sagitariano, o que siginifica que não bate bem da cachola rsrs
O filme é dividido em temas: Afrodisíaco: Allen faz um papel de bobo da corte que tenta ter relações sexuais com a rainha, pede uma poção para o alquimista e serve para rainha, ela fica doidona, mas usa um cinto de castidade que só o rei tem a chave.
Sodomia: um homem vai ao consultório médico e diz ter se apaixonado por uma ovelha, leva a ovelha para o médico ver e ele também se apaixona.
Frigidez x sexo perigoso: Essa cena é feita em italiano, Allen é recem-casado e acha que sua esposa é frígida, porque ela fica imóvel na cama, mas ela sente muito tesão quando transa em lugares públicos e com gente olhando, ou seja, chega ao clímax só correndo perigo.
Qual é o grau da sua perversão? Um apresentador de programa quer saber de seus telespectadores quão pervertidos são, eles contam suas histórias e tem uma parte do programa que a pessoa tem a chance de realizar suas fantasias.
Sexualidade na ciência: Um cientista maluco usa pessoas como cobaias para descobrir coisas sobre sexo, usou seu mordomo para ter 4h seguidas de orgasmo o que resultou em uma deficiência, ele ficou todo torto com se tivesse um AVC. Criou uma teta gigante que soltava leite e até matava as pessoas.
Reação do corpo para uma ejaculação: Essa parte é muito engraçada, mostra como a mente, os olhos, os ouvidos, a sensibilidade e todo o resto do corpo se prepara para ter uma ereção e ejaculação, como se o corpo fosse uma empresa e o cérebro fica mandando serviço para as outras partes do corpo e os homens correndo de um lado para o outro para dar conta do serviço.
É uma forma inteligente de falar de sexo, por mais que você tenta criar um método universal para dar certo em todas as situações, o filme mostra os imprevistos, as bizarrices, sandices e que sexo não se resolve com regras.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Mais de Bernardo Bertolucci

Já tinha falado do cineasta Bernardo Bertolucci no filme 1900. Hoje vou falar de mais dois filmes dele: O último tango em Paris e Assédio.


O último tango em Paris é um filme de temática "já que tá tudo fodido na vida, vamos foder", ou ainda, o tio da Sukita (comercial) querendo se dar bem.
É um filme globalizado, diretor italiano, atriz francesa e ator americano e é falado em inglês e francês, mas classifiquei no marcador como italiano pelo diretor
Marlon Brando (adoro!), um homem na cada de 45 anos, fica viúvo, é proprietário de um hotel em Paris e está com a vida de cabeça para baixo. Encontra a doida, mais perdida ainda, com 20 anos e começam a ter uma relação esquisita, cheia de sexo e palavras de baixo calão.
Eu acho tão bizarro esses tiozinhos que acham que vai conseguir segurar uma menina de 20 anos ao lado dele, chega ser ridículo como no comercial da Sukita. Elas, por fantasia, aventura ou interesse até brincam de relacionar-se com tiozinhos, mas achar que isso dura, jamais! Mas cada um é cada um, desde que não vire uma coisa doentia e os dois estejam tirando vantagem, que sejam felizes!


O outro filme é Assédio, embora muitos críticos classifiquem como um dos mais fracos do Bertolucci, eu gostei muito, é mais intimista e tem aquele papo de renúncia.
O filme começa na África, um homem cantando uma canção tribal bem triste e comovente. Shandurai (Thandie Newton) trabalha com crianças deficientes e seu marido é professor, ele é preso por razões políticas e ela migra para Itália, chegando lá, ela vai trabalhar na casa de um pianista e ao mesmo tempo estuda para passar nas provas de medicina.
O tal do pianista se apaixona pela a africana, ela sempre ouvindo músicas alegres, naturalmente sexy, enquanto ele é misantropo, tocando suas músicas clássicas. Ele declara seu amor, porém ela diz que é casada e precisa de ajuda para salver o marido que está preso na África.
Há algumas formas de amor que são tocantes, é como conhecer a pessoa certa na hora errada. Ele a amou e a ajudou sem esperar nada em troca e ela também amou, mas precisava ajudar o marido que estava em uma situação muito delicada. O final é do tipo: interprete à sua maneira.
O filme tem muita música e muito sentimento e pouco diálogo. Eu gostei!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Letra de música: "Le tourbillon de la vie"

Já que falei de Truffaut, a letra de múscia de hoje será "Le tourbillon de la vie" que a Jeanne Maureau canta em Jules et Jim:

Elle avait des bagues à chaque doigt,
Des tas de bracelets autour des poignets,
Et puis elle chantait avec une voix
Qui, sitôt, m'enjôla

Elle avait des yeux, des yeux d'opale,
Qui m'fascinaient, qui m'fascinaient
Y avait l'ovale de son visage pâle
De femme fatale qui m'fut fatal {2x}

On s'est connus, on s'est reconnus,
On s'est perdus de vue, on s'est r'perdus d'vue
On s'est retrouvés, on s'est réchauffés,
Puis on s'est séparés

Chacun pour soi est reparti.
Dans l'tourbillon de la vie
Je l'ai revue un soir, aïe, aïe, aïe !
Ça fait déjà un fameux bail {2x}

Au son des banjos je l'ai reconnu
Ce curieux sourire qui m'avait tant plu
Sa voix si fatale, son beau visage pâle
M'émurent plus que jamais

Je me suis soûlé en l'écoutant
L'alcool fait oublier le temps
Je me suis réveillé en sentant
Des baisers sur mon front brûlant {2x}

On s'est connus, on s'est reconnus,
On s'est perdus de vue, on s'est r'perdus de vue,
On s'est retrouvés, on s'est séparés,
Puis on s'est réchauffés

Chacun pour soi est reparti.
Dans l'tourbillon de la vie.
Je l'ai revue un soir ah là là
Elle est retombée dans mes bras {2x}

Quand on s'est connus,
Quand on s'est reconnus,
Pourquoi s'perdre de vue,
Se reperdre de vue ?
Quand on s'est retrouvés,
Quand on s'est réchauffés,
Pourquoi se séparer ?

Alors tous deux, on est repartis
Dans l'tourbillon de la vie
On a continué à tourner
Tous les deux enlacés {3x}



Um pouco de Truffaut

Já falei tanto de cinema francês, mas ainda não falei de um dos principais diretores do movimento Nouvelle Vague, Truffaut.
Vou falar de dois filmes hoje: Os incompreendidos e Jules et Jim

Os incompreendidos mostra o sistema de ensino autoritário e a incompreensão dos pais com um adolescente que está meio perdido. Um filme muito parecido (a temática) é o também francês Zéro de conduite, de Jean Vigo (vou fazer um post sobre ele ainda).
O menino foi criado pela avó, sempre sentiu o desprezo da mãe, não gosta de estudar e os professores pegam muito no pé dele.
Ele se revolta, foge de casa, começa a furtar alguns objetos e como castigo, os pais denunciam-no à policia, ele vai para um reformatório.
É uma reflexão de como os pais e a sociedade não sabem lidar com crianças e adolescentes. Outro filme que tem a mesma temática de conduta é o Vítimas da Tormenta, do cineasta italiano Vittorio de Sica.
Você percebe que apesar das atitudes violentas, são crianças fragilizadas, que precisam de abraços, são carentes de atenção. Há um tempo vi na TV um documentário sobre crianças violentas que são tratadas em um reformatório na Inglaterra, a maioria vem de famílias complicadas, pais bêbados, drogados ou violentos, a família inteira tem que ser tratada. É triste!

Jules et Jim é um filme sobre triangle amoureux (para variar!). Jules e Jim são muito amigos (até demais, há uma desconfiança dos outros a respeito dessa amizade), um é francês, o outro alemão. O tempo vai passando, eles conhcem algumas mulheres, vão para guerra, voltam e infelizmente os dois se apaixonam pela mesma mulher e os três acabam morando juntos. É bem interessante esse filme, meio surreal.
Dizem que é meio autobiográfico porque Truffaut teve um caso com a Jeanne Maureau (a protagonista desse filme) e ela era casada com nada mais, nada menos que o estilista Pierre Cardin.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Fausto de F.W. Murnau


Como já tinha falado de Mephisto, agora preciso falar um pouco de Fausto, para a história ficar completa.
O Fausto, do cineasta alemão Murnau, é baseado na obra de Goethe. O filme faz parte do expressionismo alemão, cinema mudo, mas com muita "expressão" tanto no cenário, quanto no rosto e maquiagem dos atores.
Fausto é uma espécie de alquimista que tenta ajudar as pessoas assoladas pela peste e diante de tanta desgraça, ele faz um pacto com demo (Mephistoteles) em busca da juventude eterna. O desejo é concedido, Fausto torna-se jovem, apaixona-se pela Gretchen e pede ajuda ao demo para tentar conquistá-la e este o ajuda, mas como o diabo é sujo, dá com uma mão e tira com as duas, certo? Ele encontra com a menina, mas o diabo vai lá e conta para o irmão dela, que vai atrás de Fausto tentar tirar satisfações e Fausto o mata, a mãe da menina morre também e fica a pobre grávida, o diabo manda Fausto fugir para não ser preso e a coitada leva todo o peso do mundo nas costas (o que os religiosos chamam de consequencia do pecado), o filho nasce, neva bastante, ela tenta pedir ajuda, mas todos recusam ajudá-la, o filho morre e ela é acusada de homicídio e vai para fogueira.
Moral da história: Às vezes a gente tenta colocar nossos desejos, vontades e vaidades acima de tudo e esquecemos de medir as consequências e depois não dá conta de assumir o fardo que acaba sendo muito pesado, aí vem o desespero, as frustrações e os desastres, mas ainda somos teimosos e queremos pagar para ver, não é mesmo? C'est la vie...

Anatomia do inferno



Finalmente criei coragem e assisti Anatomie de l'enfer, da diretora francesa Catherine Breillat, famosa por seus filmes eroticos e que retratam a sexualidade feminina de forma nua e crua.
Nesse filme narra a história de uma mulher que encontra um cara na boite gay e pede a ele para olhá-la nua, sendo que ela ira recompensá-lo financeiramente.
Eles começam a filosofar, a ter crises existenciais, lembrar da infância, algo meio freudiano que as frustrações podem estar relacionadas ao instinto sexual mal resolvido ou reprimido.
O filme é deprê, mórbido, muito corpo, nudez, sexo, de reflexão sobre a vida e os desejos, etc. Como tem gosto para tudo, eu achei interessante.

sábado, 19 de setembro de 2009

Letra de música: The time of my life

Eu ouvi muito essa música na minha infância e em homenagem a Patrick Swayze, a letra de música da semana será The time of my life, que foi trilha do filme Dirty Dancing


Boy: Now I've had the time of my life
No I never felt like this before
Yes I swear it's the truth
and I owe it all to you

Girl: 'Cause I've had the time of my life
and I owe it all to you

Boy: I've been waiting for so long
Now I've finally found someone
To stand by me

Girl: We saw the writing on the wall
As we felt this magical fantasy

Both: Now with passion in our eyes
There's no way we could disguise it secretly
So we take each other's hand
'Cause we seem to understand the urgency

Boy: just remember

Girl: You're the one thing

Boy: I can't get enough of

Girl: So I'll tell you something

Both:This could be love because

(CHORUS)
Both: I've had the time of my life
No I never felt this way before
Yes I swear it's the truth
And I owe it all to you
'Cause I've had the time of my life
And I've searched through every open door
'Til I found the truth
And I owe it all to you

Girl: With my body and soul
I want you more than you'll ever know

Boy: So we'll just let it go
Don't be afraid to lose control

Girl: Yes I know whats on your mind
When you say:
"Stay with me tonight."

Boy: Just remember
You're the one thing

Girl: I can't get enough of

Boy: So I'll tell you something

Both: This could be love because

(CHORUS)
Both: 'Cause I had the time of my life
No I've never felt this way before
Yes I swear it's the truth
And I owe it all to you
'Cause I've had the time of my life
And I've searched through every open door
Till I found the truth
and I owe it all to you

*Instrumental*

Boy: Now I've had the time of my life
No I never felt this way before

(Girl: Never Felt this way)

Boy: Yes I swear it's the truth
and I owe it all to you

Both: 'Cause I had the time of my life
And I've searched through every open door
Till I've found the truth
and I owe it all to you

Both: "cause I've had the time of my life
No I've never felt this way before
Yes I swear it's the truth
And I owe it all to you


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O círculo


Assisti ao filme O Círculo, do iraniano Jafar Pahani, como na própria descrição diz: Seu único crime é ser uma mulher.
O filme começa com uma cena na maternidade em que a avó fica sabendo que nasceu uma menina de sua filha, ela não acredita, insiste com as enfermeiras que no ultrassom tinha dado como menino, não sabia como avisar à família e se sente totalmente constrangida.
Em seguida mostra duas mulheres que sairam da prisão e tentam sobreviver, mas sem muito sucesso, afinal se você não tem documento, não tem autorização ou não está acompanhada de um homem vc não consegue quase nada, nem comprar uma passagem de ônibus.
O pior é uma das mulheres que estava presa, o marido foi executado e ela está grávida de 4 meses, pede ajuda para fazer um aborto a uma conhecida que é enfermeira, sem sucesso.
A mãe, que por ser sozinha abandona a filha no meio da rua porque acha que com a assistência social a menina sobrevive melhor que com ela.
Eu fico comovida com a dificuldades que as mulheres encontram para sobreviver nesse mundo machista, embora na sociedade ocidental a mulher já tenha conquistado muito (exceto salários iguais aos homens, direito ao aborto, etc), a maioria das mulheres do mundo (África e Ásia e América Latina) ainda sofrem humilhações, não tem direito a nada, são submissas ao governo, à religião e aos homens, se são estupradas a culpa são delas, africanas tem seu clitoris mutilado para não ter direito ao prazer, Na China mulher é minoria, tanto que os homens estão com dificuldades de encontrar uma companheira, na Índia muitos casamentos são arranjados e as mulheres não podem questionar.
Há um árduo caminho a ser seguido, o futuro depende de nós, do cineasta que denuncia, dos blogueiros, das mídias em geral. Temos que incomodar os que estão no poder.

Mephisto


Mephisto é um filme muito interessante e uma reflexão sobre o que é mais importante, o amor à profissão ou os seus valores morais, politicos e sociais?
Hendrik Höfgen é um ator que ama muito sua profissão, para ele não são importantes os acontecimentos políticos, o importante é atuar, ele se torna um grande ator, faz teatro comunista, representa Fausto, de Goethe; Hamlet, de Shakespeare até que os nazistas tomam o poder, seus amigos vão para o exílio, outros morrem e ele acha que sua profissão está acima disso tudo e aceita ser diretor do teatro, convite feito pelo primeiro ministro nazista. Mantêm-se firme em suas convicções, defende sua carreira.
Hoje em dia é muito comum nas empresas as pessoas "vestirem a camisa", tentar o sucesso a todo custo, sem se preocupar se a empresa sonega impostos, se os funcionários são vítimas de assédio moral ou sexual, o importante é defender o seu lado e os outros que se explodam.
Mefistóteles é o demônio que Fausto faz um pacto que o enche com a energia satânica insufladora da paixão pela técnica e pelo progresso.
Temos que fazer o que gostamos sim, mas sem perder nossa essência e nossa dignidade.
Como diz um versículo bíblico (Marcos 8:36): Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Patrick Swayze


Eu quero fazer uma homenagem póstuma ao ator/ dançarino Patrick Swayze, ele foi o queridinho, da filhinha, da mamãe e da vovó, afinal de contas que mulher não o venera em Dirty Dancing, um cara super fofo que sabe dançar. E quem não se esbaldou em lágrimas ao assistir Ghost - Do outro lado da vida? Esse é o filme que se passa na TV eu assisto com a mesma empolgação da primeira vez, perdi as contas de qtas vezes vi. Um cara que mesmo após sua morte, tem um cuidado com a sua amada, aquela parte da moedinha, chorei! E aquela deles moldando o barro, chorei em dobro!
Em Obrigada por tudo! fez papel de drag queen, tão funny. Arrasou de mona!
Sem falar que na vida real ele foi casado a vida inteira (34 anos) com a mesma mulher, resistiu a todas as tentações de Hollywood, não é um fofo?
Obrigada por existir e por fazer parte de nossas fantasias, por ser comentário em tantos clubes de luluzinhas. Muita luz onde quer que esteja agora!

Hana-bi

Hana-bi é mais um filme do Takeshi Kitano, esse é bem violento, mas tem seus toques de leveza.
Ele interpreta um ex-policial que agora está na Yakuza (máfia japonesa), sua esposa está com uma doença terminal e eles já tinham perdido a filha. Um dos seus comparsas fica paraplégico e ele compra materiais de arte para ele (comparsa) pintar.
Entre muito sangue, assaltos, corrupção, há a leveza dos momentos em que ele está com a esposa, tentando que o resto de vida dela seja um pouco menos dolorida. Os quadros do seu comparsa paraplégico pintam são bem interessantes, é como trocar armas por flores (o que isso quer dizer, veja o filme). O final do filme é típico de todo japonês frustrado, qdo as coisas não vão bem, só existe um caminho...

Domentário: Religulous


Assisti ao documentário Religulous, apresentado pelo comediante Bill Maher. Os documentaristas americanos tem me surpreendido. O primeiro a me chamar a atenção foi o Michael Moore em Tiros em Columbine, depois vi Fahrenheit 11 de setembro e agora quero ver Sicko. Gostei muito do Super Size me, do Morgan Spurlock e quero assistir o Super High me do Doug Benson.
Voltando ao Religulous, eu fiquei passada com os absurdos que as pessoas acreditam, eu tenho minha fé independente de religião, adoro ler livros de teologia (CS Lewis, Kierkegaard, Bonhoeffer, Santo Agostinho) e já li a bíblia inteira e fiz um curso de teologia para entender o que li. Por ter um conhecimento mínimo, percebi as distorções que os líderes reigiosos fazem para defender os seus interesses.
No filme, sobre o protestantismo, um pastor que usa sapato de couro de lagarto, joias, ternos caríssimos, prega prosperidade e só ele prospera, os membros continuam na mesma.
Sobre o catolicismo, Bill foi a Roma, mas ninguém quis atendê-lo, ele também conversou com um padre astrônomo sobre criacionismo x evolucionismo.
Sobre o judaísmo, ele visitou Israel, conversou com um rabino que é contra o estado de Israel e com um engenheiro que cria aparelhinhos para usar no Shabat (como Bill disse, uma forma de tentar driblar Deus).
A doutrina dos mormóns é muito esquisita, por exemplo, se vc é negro e ser bom vc vai ser branco no paraíso, o paraíso é na terra e fica nos EUA, eles batizam mortos.
O islamismo foi mostrado como a religião mais violenta por não aceitar nenhum tipo de diálogo, os infiéis tem que morrer, a jihad é eficaz. Mostrou a morte de um cineasta que fez um curta de 10 min que falou sobre a condição feminina no islamismo, mostrou o escritor Salman Rushdie ameaçado de morte por fanáticos, por ter escrito alguma coisa no livro Versos Satânicos.
E no meio desse caldeirão tinha um ex-judeu que virou cristão, um ex-gay que casou com uma ex-lésbica, um cara de Porto Rico que diz ser descendente de Jesus, um senador americano que mistura política com religião e diz que não precisa ser inteligente para ser senador. Cada uma que vale por duas.
Para quem gosta de denúncia com um pouco de pimenta, vale a pena!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Kikujiro

Kikujiro é mais um filme do cineasta Takeshi Kitano e para mim ele é o segundo melhor diretor japonês, só perde para o Akira Kurosawa. Ele faz alguns filmes muito violentos e outros muito sentimentais, às vezes mescla sentimentalismo com violência.
Kikujiro (representado por ele mesmo) é um homem fanfarrão, não quer nada da vida, nem a mulher leva-o à sério. Na vizinhança tem um menino (Massao) que mora com a avó, está de férias e queria muito conhecer a mãe que o abandonou ainda pequeno.
A mulher de Kikujiro sente pena do menino e pede para ele levá-lo à mãe. Eles partem para uma viagem muito absurda porque ele gasta grande parte do dinheiro em apostas, pega muitas caronas, conhecem pessoas boas e más, foi uma aventura e tanto para os dois. Às vezes temos más impressões de pessoas que não querem trabalhar, só fazem besteiras, losers, mas eles podem surpreender os outros qdo colocados em situações adversas. É um filme cômico, triste às vezes e surpreendente. Adorei!
Outro filme comentado aqui, do mesmo diretor: Aquiles e a Tartaruga

Viridiana


Viridiana é um filme de Luis Buñuel e a temática e muito interessante, sabe quando você tenta ser certinha, mas o mundo a sua volta é cruel e vc acaba caindo em ciladas absurdas? Foi isso que aconteceu com Viridiana. Ela era uma noviça e a madre superiora pediu que ela visitasse seu tio, ela não tinha muito interesse, mas devido à insistência da madre ela foi. Chegando lá, o tio começa a dar em cima dela, pede para ela colocar o vestido de noiva de sua falecida esposa, dá um remédio para ela dormir e tenta aproveitar, mas não chega aos finalmentes. Quando ela acorda ele diz que ela foi estuprada e que não pode voltar ao convento, nesse interim, ele se suicida, como não pode ser freira, ela pega os mendigos e leva para o casarão do tio e começa cuidar deles. Chega na casa o Jaime, filho do tio e começa dar em cima dela também

Um dia os moradores vão para cidade e os mendigos invadem a mansão e fazem um banquete, bebem, comem, fazem sexo, brigam e quebram coisas.
É um ótimo filme para reflletir sobre moral, bons costumes, até que ponto tudo isso venha a ser válido, mostra o peso da sociedade machista, luta de classes, etc. Embora seja chocante, é muito bom!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O carteiro e o poeta

Il Postino, dirigido por Michael Redford, baseado na obra O Carteiro, de Pablo Neruda, conta a história do carteiro Mario com o exilado poeta Pablo Neruda.
Dio mio, come amo questo film!
Imagine um grande poeta e todos os dias vc tem que entregar as correspondências dele, tenta puxar um papo tímido, querer entender sobre poesia, metáforas, isso o induziu a querer saber sobre o Chile, sobre outras poesias, sobre o comunismo.
Qdo o carteiro comenta com o chefe dele, será que ele dá autografo no livro? O chefe responde: Ele é comunista, comunista gosta do povo.
E qdo ele se apaixona por Beatrice e conta para o poeta, pede um conselho e o poeta disse que existe remédio para esta paixão e o carteiro fala: eu não quero remédio, eu quero continuar doente (bravo!!!) Veja o vídeo:


E quando ele se apropria da poesia de Neruda e envia para a Beatrice, aí Neruda vai querer tirar satisfação e ele diz: a poesia não pertence aos poetas, pertence a quem precisa delas (bravo de novo!!!)

Para quem quer a poesia em português, é essa:

NUA

Nua és tão simples como uma de tuas mãos,
lisa, terrestre, mínima, redonda, transparente,
tens linhas de lua, caminhos de maçã,
nua és magra como o trigo nu.

Nua és azul como a noite em Cuba,
tens trepadeiras e estrelas no pêlo,
nua és enorme e amarela
como o verão numa igreja de ouro.

Nua és pequena como uma de tuas unhas,
curva, sutil, rosada até que nasça o dia
e te metes no subterrâneo do mundo

como num longo túnel de trajes e trabalhos:
tua claridade se apaga, se veste, se desfolha
e outra vez volta a ser uma mão nua.


Veja ela contando para tia sobre a forma que Mario leu a poesia (o vídeo está em italiano)



“Il tuo sorriso si espande come una farfalla[“O teu sorriso se expande como uma borboleta.”]





Eu cá pensando com meus botões, se eu fosse entregar cartas para alguém que considero o máximo, como Gabriel Garcia Marquez ou José Saramago e eles pudessem me ensinar algo que fizesse eu transcender o modo de ver a vida, eu juro que seria mais insistente que o carteiro desse filme, iria absorver ao máximo, xeretar tudo. Mas Deus não dá asas a cobra, não é mesmo? E eles tem funcionários que recebem as cartas, não atenderiam a porta e ficariam trocando ideias com o mensageiro.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O caminho para casa

O caminho para casa é um filme do Zhang Yimou (o mesmo diretor de Nenhum a menos, Lanternas Vermelhas, Sorgos vermelhos). Esse filme é simples (perto de Herói e Clã das Adagas voadoras que são cheios de efeitos especiais e super produções), porém muito lindo.
Um executivo vai à cidade para o funeral do pai e começa a relembrar a história de amor de seus pais, como eles se conheceram, se apaixonaram, etc. O pai chega na vila para dar aulas e a mãe se apaixona, faz comidinhas gostosas para ele, fica fazendo aquele charminho ingênuo, até que um dia ele precisa retornar à cidade por problemas políticos, ela corre atrás dele com uma tigela de bolinhos, não o alcança, deixa a tigela quebrar, perde a presilha que ele deu. Ele prometeu que voltaria dia 27, nesse dia ela ficou plantada na estrada, na neve, com as sobrancelhas e cílios brancos de floquinhos de gelo, tem uma febre alta e ele não voltou, aí ela vai na escola que ele dá aula, faz uma limpeza geral, troca todos os papeis da janela, ele fica sabendo que ela está doente e volta para vila sem consentimento das autoridades e isso lhe custa mais 2 anos longe dela.
Não é cute? Amodorei...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

People - Barbra Streisend

Na Letra de música de hoje terá Barbra Streisend, numa cena do filme musical Funny Girl, a música chama-se People. A-dooooooo-ro Barbra, ela tem uma beleza exótica, belo par de olhos azuis, porém meio vesguinhos e o nariz fora do comum, mas tudo isso acaba sendo um charme. E a voz dessa mulher, o papel de atrapalhadinha que ela faz, tudo um looosho só.

Como diz a música: Pessoas que precisam de pessoas são as pessoas mais sortudas no mundo.
I need you friends!


People,
People who need people
Are the luckiest people in the world
Were children needing other children
And yet letting our grown-up pride
Hide all the need inside
Acting more like children than children
Lovers
Are very special people
Theyre the luckiest people in the world
With one person,
One very special person
A feeling deep in your soul
Says you are half now youre whole
No more hunger and thirst
But first be a person who needs people
People, people who need people
Are the luckiest people in the world.

With one person
One very special person
A feeling deep in your soul
Says you are half now youre whole
No more hunger and thirst
But first be a person who needs people
People, people who need people
Are the luckiest people in the world.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Falas do filme Stalker

Eu amor, o mundo é enfadonho até demais. Não há nada, nem telepatia, nem fantasmas, nem discos voadores, nada disso existe.
O mundo é regido pelas leis do ferro-fundido. É triste. Infelizmente, estas leis são invioláveis. Elas não sabem violar-se a si próprias. Não conte com discos voadores, seria muito empolgante.
Por exemplo, interessante foi viver na Idade Média, cada casa tinha um duende,cada igreja, Deus. A humanidade era jovem! Agora, um em cada quatro é um velho. Enfadonho demais, meu anjo!



Stalker declama o poema do Porco-espinho

Ouçam isso:

Agora o verão se foi,
E poderia não ter vindo.
No sol está quente,
Mas tem de haver mais.
Tudo aconteceu,
Tudo caiu em minhas mãos,
Como uma folha de cinco pontas,
Mas tem de haver mais.
Nada de mau se perdeu,
Nada de bom foi em vão...
Uma luz clara ilumina tudo,
Mas tem de haver mais.
A vida me recolheu,
À segurança de suas asas.
Minha sorte nunca falhou,
Mas tem de haver mais.
Nem uma folha queimada,
Nem um graveto partido
Claro como um vidro é o dia...
Mas tem de haver mais.


Uma só pessoa não pode ter tanto ódio ou tanto amor que abranja toda a humanidade!
Dinheiro, mulheres, vingança...O chefe debaixo dum carro...Tudo bem, mas o domínio do mundo! A sociedade justa! O reino de Deus na terra! Isto já não são desejos, mas ideologia, ação, concepções. A compaixão inconsciente não pode realizar-se como um vulgar desejo instintivo.


Stalker incormado com ceticismo do Professor e do Escritoe e desabafa com sua mulher:
E se dizem intelectuais, escritores,cientistas!
Calma!
Não acreditam em nada! Têm o órgão da fé atrofiado. Não precisam dele!


Declamação no final do filme:

Como amo teus olhos,minha amiga
E a chama radiante que neles dança
Quando por um instante fugaz eles se erguem
E teu olhar voa célere
Como relâmpago no céu.
Mas há um encanto mais poderoso ainda
Nos olhos voltados para o chão
No momento de um beijo apaixonado
Quando brilha por entre as pálpebras baixas
A sombria, obscura chama do desejo.

Stalker

Assisti ao filme Stalker, do cineasta russo Andrei Tarkovsky, já tinha assistido O espelho e A infância de Ivan que também terão posts aqui.
Stalker é um ex-presidiário que virou guia e levava as pessoas infelizes para um lugar intitulado "zona", lá era cercado por militares e ninguém entrava no local a não ser ilegalmente. Na "zona" as coisas eram muito esquisitas, o ambiente mudava constantemente.
Stalker leva o escritor e o professor para conhecer o local (as pessoas não são tratadas por nomes e sim por suas profissões), os dois são céticos enquanto Stalker tem fé e acha que é possível ter paz naquele lugar, ele é um pouco místico, inclusive sua filha tem uns poderes sobrenaturais
O mais interessante nos filmes de Tarkovsky é que ele trata assuntos como guerra de forma leve e poética. O pai dele era poeta e em alguns filmes ele embutiu essas poesias, prometo colocar algumas falas desse filme.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Assim falou Zaratustra - Nietzsche

Terminei finalmente a leitura desse livro, já tinha começado a lê-lo umas três vezes e nunca terminava, dessa vez terminei.
Vou começar com uma frase do livro que combina com o título do meu blog:

Eu vo-lo digo: é preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante.
Eu vo-lo digo: tendes ainda um caos dentro de vós outros.
Eu quero organizar o caos e ele diz que é preciso ter caos dentro de si, ai, ai... Assim eu entro em crise existencial.

Mas vamos aos fragmentos do livro:

O homem é corda estendida entre o animal e o Super-homem: uma corda sobre um abismo; perigosa travessia, perigoso caminhar, perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar.
O grande do homem é ele ser uma ponte, e não uma meta; o que se pode amar no homem é ele ser uma passagem e um acabamento.

Dez vezes ao dia deves saber vencer-te a ti mesmo; isto cria uma fadiga considerável, e esta é a dormideira da alma.

O que anda em redor da chama dos ciúmes, acaba qual escorpião, por voltar contra si mesmo o aguilhão envenenado.

Uma coisa, porém, é o pensamento, outra a ação, outra a imagem da ação. A roda da causalidade não gira entre elas.

“Se eu quisesse sacudir esta árvore com as minhas mãos não poderia; mas o vento, que não vemos,açoita-a e dobra-a como lhe apraz. Também a nós outros, mãos invisíveis nos açoitam e dobram rudemente.”

“A vida não é mais do que sofrimento”, dizem outros, e não mentem.

E vós outros também, vós que levais uma vida de inquietação e de trabalho furioso, não estais cansadíssimos da vida? Não estais bastante sazonados para a pregação da morte?
Vós todos que amais o trabalho furioso e tudo o que é rápido, novo, singular, suportai-vos mal a vós mesmos: a vossa atividade é fuga e desejo de vos esquecerdes de vós mesmos.
Se tivésseis mais fé na vida, não vos entregaríeis tanto ao momento corrente; mas não tendes fundo suficiente para esperar nem tão pouco para a preguiça.

A guerra e o valor têm feito mais coisas grandes do que o amor do próximo.

O Estado mente em todas as línguas do bem e do mal, e em tudo quanto diz mente, tudo quanto tem roubou-o.Tudo nele é falso; morde com dentes roubados. Até as suas entranhas são falsas.

Vêm ao mundo homens demais, para os supérfluos inventou-se o Estado!

Não vale mais cair nas mãos de um assassino do que nos sonhos de uma mulher ardente?

Por isso a mulher ainda não é capaz de amizade; apenas conhece o amor.

Nunca um vizinho compreendeu o outro; sempre a sua alma se assombrou da loucura e da maldade do vizinho.

Não vos suportais a vós mesmos e não vos quereis bastante; desejaríeis seduzir o próximo por vosso amor e dourar-vos com a sua ilusão.

O pior inimigo, todavia, que podes encontrar, és tu mesmo; lança-te a ti próprio nas cavernas e nos bosques.
Solitário, tu segues o caminho que te conduz a ti mesmo! E o teu caminho passa por diante de ti e dos teus sete demônios.

A mulher compreende melhor do que o homem as crianças: mas o homem é mais infantil que a mulher.

A felicidade do homem é: eu quero; a felicidade da mulher é: ele quer.

Inventai-me a justiça que absolve todos, exceto aquele que julga!

O homem que reflexiona não só deve amar os seus inimigos, mas também odiar os seus amigos.
Com estes pregadores da igualdade é que eu não quero ser misturado nem confundido. Porque a justiça me fala assim: “Os homens não são iguais”.

Mandar é mais difícil do que obedecer; porque aquele que manda suporta o peso de todos os que obedecem, e essa carga facilmente o derruba.
Mandar parece-me um perigo e um risco. E quando manda, o vivo sempre se arrisca.
E quando se manda a si próprio também tem que expiar a sua autoridade, tem que ser juiz, vingador e vítima das suas próprias leis.

Todos os meus sentimentos sofrem em mim e estão aprisionados; mas o meu querer chega sempre como libertador e mensageiro de alegria.
“Querer, libertar”: é essa a verdadeira doutrina da vontade e da liberdade; tal é a que ensina Zaratustra.
Não querer mais, não estimar mais e não criar mais! Ó! fique sempre longe de mim, esse grande desfalecimento.

É preciso conter o coração: porque, se o deixamos livre, depressa perdemos a cabeça!

“A ordem moral das coisas repousa no direito e no castigo. Ai! Como livrarmo-nos da corrente das coisas e do castigo da ‘existência’? Assim se proclamou a loucura.

“Não é a altura que aterroriza; o que aterroriza é o declive!
O declive donde o olhar se precipita para o fundo, e a mão se estende para o cume. É aqui que se apodera do coração a vertigem da sua dupla vontade.

Os homens bons nunca dizem a verdade: ser bom de tal maneira é uma enfermidade para o
espírito.

Eis o que me disse uma mulher: “É verdade que quebrei os laços do matrimônio, mas os laços do matrimônio tinham-me quebrado a mim”.
Pois de que nos queremos nós livrar senão dos “bons costumes” da nossa “boa sociedade?”

Tem gente que diz que não, mas claro que essas frases abaixo são anti-semitas, inclusive Hitler gostava de Nietzsche, da ideia da superioridade e a irmã dele apoiou o Nazismo.

Não roubarás! Não matarás!” Estas palavras chamavam-se santas noutro tempo; perante elas dobrava agente os joelhos e a cabeça, e descalçava-se.Quebrai-me as antigas tábuas.

Nem tampouco em que um espírito a que chamam santo conduziu os vossos ascendentes a terras
prometidas, que eu não elogio; porque no país onde brotou a pior das árvores – a cruz – nada há a elogiar!

Deveis ser expulsos de todas as pátrias e de todos os países dos vossos ascendentes.
Os bons ensinaram-vos coisas enganadoras e falsas seguranças: tínheis nascido entre as mentiras dos bons e havíeis-vos refugiado nelas.

É isso, ainda vou escolher o próximo livro para ler.