Para o Desafio Literário do mês de abril, escolhi a leitura do livro 1984. de George Orwell. Não sei o por quê ainda não tinha lido esse livro, é muito bom! Tem que constar no top 10 you must read. Já tinha lido o "A Revolução dos bichos" do mesmo autor e gostado bastante, mas esse superou minhas expectativas.
O cartaz acima: "Big Brother is watching you", estava espalhado por toda parte. Local: Londres. Ano: talvez em 1984. O helicóptero da Patrulha da Polícia descia beirando os telhados, espiando as janelas do povo, mas eles não eram dos males o pior, pois tinha a Polícia do Pensamento. Idioma: Novilíngua. Lema do Partido: "Guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância e força". Winston (personagem principal) apaixona-se por Júlia, ela fazia parte de Liga Juvenil Anti-sexo. Obs: Era proibido apaixonar-se ou casar por amor, fazer sexo era apenas com intuito de procriação.
É um livro distopico, político, existencialista, provocador, reflete sobre direitos humanos, direito do indivíduo, abuso de poder, repressão, lavagem cerebral, torturas e poder da mídia.
Fragmentos do livro:
Eram as sedes dos quatro Ministérios que entre si dividiam todas as funções do governo: o Ministério da Verdade, que se ocupava das notícias, diversões, instrução e belas artes; o Ministério da Paz, que se ocupava da guerra; o Ministério do Amor, que mantinha a lei e a ordem; e o Ministério da Fartura, que acudia às atividades econômicas. Seus nomes, em Novilíngua: Miniver, Minipaz, Miniamo e Minifarto.Quase todas as crianças eram horríveis. O pior de tudo é que, com auxílio de organizações tais como os Espiões, eram sistematicamente transformadas em pequenos selvagens incontroláveis, e no entanto nelas não se produzia qualquer tendência de se rebelar contra a disciplina do Partido. Ao contrário, adoravam o Partido, e tudo quanto tinha ligação com ele. As canções, as procissões, as bandeiras, as caminhadas, a ordem unida com fuzis de madeira, berrar palavras de ordem, adorar o Grande Irmão - era para elas uma espécie de jogo formidável. Toda sua ferocidade era posta para fora, dirigida contra os inimigos do Estado, contra os forasteiros, traidores, sabotadores, ideocriminosos. Era quase normal que as pessoas de mais de trinta tivessem medo dos próprios filhos. E com fartos motivos, pois rara era a semana em que o Times não publicasse um tópico contando como um pequeno salafrário - "herói infantil" era a expressão usada- ouvira alguma observação comprometedora e denunciara os pais à Polícia do Pensamento.Havia toda uma série de departamentos autônomos que tratavam de literatura, música, teatro e divertimentos proletários em geral. Neles eram produzidos jornalecos ordinários que continham pouca coisa mais que notícias de esporte, polícia e astrologia, sensacionais noveletas de cinco centavos, filmes transbordando de sexo, e cançonetas sentimentais compostas inteiramente por meios mecânicos numa espécie de caleidoscópio especial denominado versificador. Havia até uma sub-seção inteira - a Pornosec, como a chamavam em Novilíngua - dedicada à produção da pornografia mais reles, embalada em envelopes fechados, e que nenhum membro do Partido, além dos que nela trabalhavam, tinha licença de ver.- Os proles não são seres humanos, - disse ele, descuidado. - Por volta de 2050, ou antes, todo o conhecimento da Antiglíngua terá desaparecido. A literatura do passado terá sido destruida, inteirinha. Chaucer, Shakespeare, Milton, Byron - só existirão em versões Novilíngua, não apenas transformados em algo diferente, como transformados em obras contraditórias do que eram.Até a literatura do Partido mudará. Mudarão as palavras de ordem. Como será possível dizer "liberdade é escravidão" se for abolido o conceito de liberdade?Todo o mecanismo do pensamento será diferente. Com efeito, não haverá pensamento, como hoje o entendemos. Ortodoxia quer dizer não pensar... não precisar pensar. Ortodoxia é inconsciência.Nosso pior inimigo, refletiu, é o sistema nervoso. A qualquer momento a tensão que há dentro da gente pode-se traduzir num sintoma visível.Todas as crianças deveriam nascer por inseminação artificial (insemart) e educadas em instituições públicas. Isto, Winston sabia, não era para se levar de todo a sério, mas de certo modo se encaixava na ideologia geral do Partido. O Partido estava tentando matar o instinto sexual, ou, se não fosse possível matá-lo, torcê-lo e torná-lo indecente. Ele não sabia o porque dessa conduta, mas assim era, e lhe parecia natural que assim fosse.Winston escreveu em seu diário secreto: Não se revoltarão enquanto não se tornarem conscientes, e não se tornarão conscientes enquanto não se rebelarem.O Partido procura o poder por amor ao poder. Não estamos interessados no bem-estar alheio; só estamos interessados no poder. Nem na riqueza, nem no luxo, nem em longa vida de prazeres: apenas no poder, poder puro.