Leituras terminadas
Para o projeto «Os 100 livros essenciais da literatura canadense », li RU, da escritora
vietnamita-québécoise Kim Thuy, é um romance autobiografico sobre sua familia
de refugiados que vieram para o Canada durante a Guerra do Vietnam. Eles eram
ricos e perderam tudo. Para fugir da guerra, entraram em um barco com mais de
200 pessoas, alguns estavam doentes, ficaram em um campo de refugiados na
Malasia antes de conseguirem chegar no Canada. É uma bela historia! Às vezes
olho para esses refugiados e acho que todos tem historias tao interessantes
quanto esta, mas infelizmente nem todos sabem coloca-las no papel, nao ha um
centro de arquivos que registra a vida dessas pessoas. A humanidade perde, pois
registra apenas os feitos de homens brancos, exploradores, colonizadores,
amantes da guerra e do dinheiro. Historias de superaçao, de sobrevivência, de
« renascer das cinzas », de « tirar leite de pedra » nao
interessa. É uma pena!
Terminei também a leitura de duas
peças teatrais do Jean-Paul Sartre « Houis clos » e « Les
mouches », mas vou fazer um post especifico porque estou lendo outras
coisas dele.
Filme
Assisti Under the Skin, dirigido por Jonathan
Glazer, é um filme de ficçao cientifica on
the road, baseado no livro homonimo do escritor Michel Faber.
A protagonista, representada pela
Scarlett Johansson, sai pela estrada perseguindo homens, oferecendo carona e
leva-os para « casa » dela. A maioria desses homens sao solitarios,
imigrantes vindos da Albania, Republica Tcheca, homens com problemas fisicos, ou
seja, aqueles que ninguém vai sentir falta.
Uma mulher perseguindo homens é
ficçao cientifica, ja o contrario, é vida real mesmo. O filme tem pouquissimos
dialogos e quase duas horas de duraçao. A fotografia é bem bonita, foi filmado
na Escocia.
Precisaria ler o livro para
entender direito essa historia, o porquê dos alienigenas se interessarem por
esses homens. Tem também o tiozinho da moto que nao sei direito pra que veio, mas
minha motivaçao para ler sci-fi é
quase zero, ou seja, vou ficar sem entender. Mesmo meio perdida, o filme me prendeu até o final, gostei.
Foto
Por do sol
apos às 21h no verao.
Musica
Falando em imigraçao, trabalho com um rapaz que
veio da Costa do Marfim, chegou aqui aos 18 anos, sozinho, hoje tem 24. Cuida
da casa, lava, passa, cozinha, tem 2 empregos, sai de casa às 6h da manha e
volta às 10h, mesmo dando duro, é uma pessoa leve, de bem com a vida. Ele me
lembra o personagem Obinze do livro Americanah, da Chimamanda.
Estavamos falando do Bob Marley e ele começou a
cantar “Redemption Song”. Nao sei se vocês ja tiveram o privilégio de
ver um africano cantar, é algo meio espiritual, cheio de emoçao, sai da alma,
ainda juntou com a letra da musica que é muito forte, eu comecei a chorar de
tao lindo e tocante que era. Tive que ir ao banheiro para enxugar as lagrimas e
me recompor, imagine o que os brancos do recinto iriam pensar ao verem a cena? Nao
iam entender nada. Assim como o outro que trabalha com a gente, nao sabe porque
ganha mais do que eu e o africano, mesmo fazendo o mesmo trabalho, mas eu e o
africano sabemos, ta explicado na musica. Nao temos um salario digno como os
brancos, mas temos uma musica de redençao e isso nao ha dinheiro que pague.
Podem escravizar nosso corpo, mas jamais a nossa mente.
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