domingo, 26 de dezembro de 2010

A casa das belas adormecidas

Aproveitei meus dias de "dolce far niente" e estou mergulhando em filmes e livros. Hoje li mais uma obra do Yasunari Kawabata, ganhou prêmio Nobel de Literatura, já tinha falado do livro "Contos da palma da mão", agora terminei "A casa das belas adormecidas". Todos sabem meu fetiche por tudo que vem do oriente, de preferência da terra do sol nascente. O autor, como muitos outros artistas de sua terra, tão sensíveis à realidade e inconformados, procuraram, por meio do suicídio, terminar sua passagem pela vida.
Este livro incentivou Gabriel Garcia Marquez escrever Memórias de minhas putas tristes.
Narra a história do Sr. Eguchi, ele descobriu uma casa onde as meninas eram sedadas e ficavam como mortas ao lado dos velhos que não eram mais viris, conforme as seguintes descrições:
Veja você, inventaram mulheres que passam a noite adormecidas e não acordam.

O fato de poder deitar-se ao lado de uma garota como aquela, equivalia, sem dúvida, à felicidade de se encontrar no paraíso. Já que a menina não acordava, o cliente idoso não precisava envergonhar-se do complexo de senilidade, e ganhava permissão de perseguir livremente suas fantasias a respeito das mulheres e mergulhar em recordações. Talvez por isso não hesitassem em pagar mais caro pela garota adormecida do que por uma mulher acordada.

O Sr. Eguchi passou a ser cliente assíduo da casa, ao lado da meninas adormecidas ele recordava de todas as mulheres que fizeram parte de sua vida: sua mãe doente, sua esposa, seu primeiro amor, as prostitutas, suas três filhas, também tentava decifrar a vida daquelas meninas deitadas imóveis ao seu lado. Todas as obras do autor é sempre no intuito de revelar o universo feminino, a sexualidade e a morte. A forma que ele narra o corpo e a alma da mulher é muito sensível. Um exemplo:
[..] o velho divagava, refletindo como era possível que, dentre todos os animais, somente a forma dos seios da mulher tenha adquirido, após longa evolução, um formato tão belo.
A leitura é bem envolvente e fácil, li em 1 dia. 124 pág. Editora: Estação Liberdade.

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