Este livro é um marco do "Realismo", mostra o interior dos personagens, suas contradições e problemáticas existenciais. Foi escrito sob forma de um epitáfio, é um defundo autor que tinha morrido de pneumonia, contando detalhes do seu funeral:
"E foi assim que cheguei a cláusula dos meus dias, pausado e trôpego, como quem se retira tarde do espetáculo. Tarde e aborrecido."Antes de morrer estava inventando um medicamento sublime, o Emplasto Brás Cubas
"Emplasto anti-hipocondríaco, destinado a aliviar nossa melancólica humanidade".Em seguida narra sua vida desde a infância, moleque serelepe, judiava do escravo, fazia o que queria. Sua primeira paixão foi Marcela, gastou uma grana preta comprando joias para adorná-la:
"Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis."É mandado para estudar em Coimbra - Portugal, a contra gosto. Volta e enamora de Eugênia, a coxa de nascença:
"Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca, uma compostura tão senhoril; e coxa! Esse contraste faria suspeitar que a natureza às vezes é um tremendo escárnio. Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita?"O pai dele tenta arranjar um casamento com a filha de um político, a Virgília. No entanto, ela casa com um político mais influente e bem-sucedido e torna-se amante de Brás Cubas.
Ele reencontra Quincas Borba, colega dos tempos de escola, tinha virado mendigo, depois retorna como grande pensador que apresenta uma doutrina filosófica que criara, o Humanitismo. Quincas enlouquece e morre.
Briga com a irmã Sabina por causa de herança, mas depois fazem as pazes.
Tentou mais uma vez casar, agora com Eulália que faleceu aos 19 anos.
O resumo deste livro, encontra-se no último capítulo "Das negativas":
"Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não conheci o casamento. Coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto.O interessante deste livro também é o recurso da metalinguagem, o autor interage com o leitor. Também usa muito de ironia e gosta de quebrar o gelo entre um capítulo e outro, como mostra o capítulo da foto, "Inutilidade" e em seguida, o capítulo "Parentesis"
Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria".
Este livro é casto, ao menos na intenção [M.de A.] |
Capítulo 119: Parêntesis
Suporta-se com paciência a cólica do próximo.
Crê em ti; mas nem sempre duvide dos outros.
Não te irrites se te pagarem mal um benefício, antes cair das nuvens que de um terceiro andar.
As virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o deficit.
Curiosidade: O Woody Allen disse que este livro está entre um dos seus preferidos, leia aqui.
PS: Machado de Assis é um dos orgulhos que tenho em ser brasileira! Ah, se esse país estimulasse a leitura e a escrita, talvez teríamos muitos Machados por aí.
Ana, Memórias Póstumas é o meu Machado preferido! Parabéns pela resenha.
ResponderExcluirbjs
Jussara
Adoro esse livro, adorei sua resneha, adorei como brinde o link sobre o Woody Allen!
ResponderExcluirSou louquinha para ler esse livro, mas ainda não tive a oportunidade, também sou louca por Machado de Assis. Concordo muitíssimo com seu PS, acho que na hora de criticar o Brasil as pessoas se esquecem de pessoas como ele, que fizeram a diferença!
ResponderExcluirótima resenha!
beijos
Ai, que saudades. Sempre gostei de Machado. Inclusive nos tempos de escola. Bjs
ResponderExcluirAna, é muito engraçado estas releituras com intervalo de tempo grande porque a visão que temos do livro é totalmente diferente!
ResponderExcluirEu aprendi a gostar de Machado bem tarde, talvez porque as leituras na epoca do ensino fundamental e médio nos me eram impostas. O que é para ser um prazer nao deve ser imposto!
Enfim, gostei da resenha e to pensando em reler novamente, bem redundante mesmo, pq já perdi as contas...rs
bjs