quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Vem aí o Meme Literário
Você gosta de ler? Gosta de memes? Então junte o útil ao agradável e participe do Meme Literário criado pela Tábata, do Happy Batatinha. Entre no blog dela e saiba mais, eu com certeza vou participar. De 1a 31 de outubro, todo dia tem uma perguntinha para responder, se você quiser saber do que eu gosto ou não gosto do mundo literário, acompanhe minhas postagens neste mês. Ah, vou adorar se vcs participarem do meme e linkarem suas respostas nos comentários.
Amantes da literatura, uni-vos!
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Desafio Literário: Capitães da Areia - Jorge Amado
O tema do Desafio Literário para o mês de setembro foi ler um livro de autores regionais. Imediatamente escolhi Jorge amado, o escritor que fala sobre a Bahia. Li o livro "Capitães da Areia". Eu, achando que poderia armar uma rede, tomar uma água de coco e sentir-me como se estivesse em Itapuã, ledo engano, "Capitães da Areia" não é "Gabriela, cravo e canela", muito menos "Dona Flor e seus dois maridos", a coisa é um pouco mais tensa e não dá para entrar no clima da Bahia. Narra a história de crianças de rua, sem famílias que se juntam para cometer crimes, os pequenos delinquentes que vivem em trapiches, não têm nomes, apenas apelidos como: Sem-Pernas, Pedro Bala, João Grande, Gato, Boa-Vida, Professor, Zé-Fuinha, Pirulito, Volta-Seca, entre outros. O livro fala de desigualdade social, da intolerância do governo e da sociedade em relação à pobreza e à vida destes jovens.
Este livro foi um dos apreendidos e queimados em praça pública por autoridades da ditadura, pois segundo eles, fazia apologia ao credo comunista. O livro começa com uma reportagem do jornal denunciando o bando de crianças ladronas, em seguida, mostra as cartas para a redação do chefe de polícia, do juiz de menores, do padre, do diretor do reformatório e da mãe de um menor que ficou no reformatório e sofreu maus tratos. O Padre José Pedro e a mãe-de-santo Don'Aninha eram as únicas pessoas que os meninos confiavam, pois tratavam-os bem, ajudavam em momentos de dificuldade ou doença. Não posso deixar de mencionar a Dora, a única menina que fez parte do bando, segundo Pedro-Bala, ela foi mãe, irmã, foi noiva e esposa e como toda mulher valente, ela viraria uma santa no candomblé. Nunca existiu mulher coo Dora, que era uma menina.
Narra a história até a adolescência deles, mostra o fracasso do estado em lidar com a situação, a arrogância da igreja em boicotar o padre que quer se dedicar às crianças pobres, na forma brutal e violenta que esses jovens são tratados nos reformatórios. Embora o livro seja de 1934 o assunto ainda é bem atual e nada mudou. Vamos relembrar dos 7 meninos da Candelária-RJ que foram mortos a sangue frio e um dos sobreviventes era o Sandro que sequestrou do ônibus 174, recomendo que vejam o documentário "Ônibus 174", feito pelo José Padilha (diretor de Tropa de Elite), mostra a vida do Sandro que viu a mãe morrer a facadas no bar em que ela trabalhava, ele teve uma vida dura, de desprezo e incompreensão. A coisa não acontece só na terra brasilis não, mais recentemente teve os protestos em Londres, tudo começou quando a polícia inglesa atirou em um jovem dentro de um taxi, conhecemos bem a polícia inglesa, a mesma que matou o brasileiro Jean Charles suspeitando que ele fosse um terrorista, os jovens fizeram uma manifestação, no começo pacífica, depois começaram a saquear, a queimar e transformar aquele país em um caos, são jovens que não conseguem emprego e nem estudo, muitos são migrantes e pobres, não tão pobre quanto os meninos da Candelária ou os Capitães da Areia. A sociedade ficou indignada ao saber que eles não saqueavam comida, queriam eletrônicos, iPad e todos os outros i's da Apple ou video-games, etc. Agora cá entre nós, em um país capitalista, onde ter é mais importante que ser, claro que a juventude vai querer ter para se sentir realizada ou aceita na sociedade, a melhor resposta para esta questão, foi dada pelo Mr. Dowe, um senhor que está lá há mais de 50 anos, como ele disse, o que aconteceu não foi uma revolta, foi uma insurreição popular, vejam o vídeo:
Quando postei este vídeo no Facebook, coloquei um verso do Augusto dos Anjos, do poema "Versos Íntimos"
Para terminar: Adorei a leitura, fez meu sangue fervilhar por causa das injustiças.256 péginas, 104ª Edição, Editora Record. Jorge Amado rocks!
Este livro foi um dos apreendidos e queimados em praça pública por autoridades da ditadura, pois segundo eles, fazia apologia ao credo comunista. O livro começa com uma reportagem do jornal denunciando o bando de crianças ladronas, em seguida, mostra as cartas para a redação do chefe de polícia, do juiz de menores, do padre, do diretor do reformatório e da mãe de um menor que ficou no reformatório e sofreu maus tratos. O Padre José Pedro e a mãe-de-santo Don'Aninha eram as únicas pessoas que os meninos confiavam, pois tratavam-os bem, ajudavam em momentos de dificuldade ou doença. Não posso deixar de mencionar a Dora, a única menina que fez parte do bando, segundo Pedro-Bala, ela foi mãe, irmã, foi noiva e esposa e como toda mulher valente, ela viraria uma santa no candomblé. Nunca existiu mulher coo Dora, que era uma menina.
Narra a história até a adolescência deles, mostra o fracasso do estado em lidar com a situação, a arrogância da igreja em boicotar o padre que quer se dedicar às crianças pobres, na forma brutal e violenta que esses jovens são tratados nos reformatórios. Embora o livro seja de 1934 o assunto ainda é bem atual e nada mudou. Vamos relembrar dos 7 meninos da Candelária-RJ que foram mortos a sangue frio e um dos sobreviventes era o Sandro que sequestrou do ônibus 174, recomendo que vejam o documentário "Ônibus 174", feito pelo José Padilha (diretor de Tropa de Elite), mostra a vida do Sandro que viu a mãe morrer a facadas no bar em que ela trabalhava, ele teve uma vida dura, de desprezo e incompreensão. A coisa não acontece só na terra brasilis não, mais recentemente teve os protestos em Londres, tudo começou quando a polícia inglesa atirou em um jovem dentro de um taxi, conhecemos bem a polícia inglesa, a mesma que matou o brasileiro Jean Charles suspeitando que ele fosse um terrorista, os jovens fizeram uma manifestação, no começo pacífica, depois começaram a saquear, a queimar e transformar aquele país em um caos, são jovens que não conseguem emprego e nem estudo, muitos são migrantes e pobres, não tão pobre quanto os meninos da Candelária ou os Capitães da Areia. A sociedade ficou indignada ao saber que eles não saqueavam comida, queriam eletrônicos, iPad e todos os outros i's da Apple ou video-games, etc. Agora cá entre nós, em um país capitalista, onde ter é mais importante que ser, claro que a juventude vai querer ter para se sentir realizada ou aceita na sociedade, a melhor resposta para esta questão, foi dada pelo Mr. Dowe, um senhor que está lá há mais de 50 anos, como ele disse, o que aconteceu não foi uma revolta, foi uma insurreição popular, vejam o vídeo:
O homem, que, nesta terra miserável,Enquanto estes meninos forem tratados como feras, enjaulados, sofrendo todo mau trato do mundo, eles vão responder do mesmo modo, como feras, não terão piedade se precisar matar alguém, não terão pena porque ninguém teve pena deles, não sabe o que é ser amado ou compreendido. A âncora deste maldito jornal vai perceber um dia que o tratamento que os policiais dão a esses jovens, vai ser o tratamento que os jovens vão dar à sociedade, é o efeito boomerang.
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Para terminar: Adorei a leitura, fez meu sangue fervilhar por causa das injustiças.256 péginas, 104ª Edição, Editora Record. Jorge Amado rocks!
sábado, 17 de setembro de 2011
Um pouco de Augusto dos Anjos
Minha sombra |
Sou uma Sombra! Venho de outras eras,
Do cosmopolitismo das moneras...
Pólipo de recônditas reentrâncias,
Larva de caos telúrico, procedo
Da escuridão do cósmico segredo,
Da substância de todas as substâncias!
[...]
Idealismo
Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor da Humanidade é uma mentira.
É. E por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.
Eterna mágoa
O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do Mundo, o homem que é triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!
Não crê em nada, pois, nada há que traga
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste.
Quer resistir, e quanto mais resiste
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.
Sabe que sofre, mas o que não sabe
É que essa mágoa infinda assim, não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda
Transpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando esse homem se transforma em verme
É essa mágoa que o acompanha ainda!
Queixas noturnas
[...]
Bati nas pedras dum tormento rude
E a minha mágoa de hoje é tão intensa
Que eu penso que a Alegria é uma doença
E a Tristeza é minha única saúde.
[...]
O amor tem favos e tem caldos quentes
E ao mesmo tempo que faz bem, faz mal;
O coração do Poeta é um hospital
Onde morreram todos os doentes.
[...]
Melancolia! Estende-me a tu’asa!
És a árvore em que devo reclinar-me...
Se algum dia o Prazer vier procurar-me
Dize a este monstro que eu fugi de casa!
Suprême convulsion
[...]
Sonho, - libertação do homem cativo -
Ruptura do equilíbrio subjetivo,
Ah! foi teu beijo convulsionador
Que produziu este contraste fundo
Entre a abundância do que eu sou, no Mundo,
E a nada do meu homem interior!
Homo Infimus
Homem, carne sem luz, criatura cega,
Realidade geográfica infeliz,
O Universo calado te renega
E a tua própria boca te maldiz!
[...]
Deixa a tua alegria aos seres brutos,
Porque, na superfície do planeta,
Tu só tens um direito: - o de chorar!
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Filmes da semana - Parte 1
Truffaut em dose dupla
Fizemos um cine-pipoca com dobradinha de Truffaut, começamos com "L'homme qui aimait les femmes" (O homem que amava as mulheres), é uma comédia sobre um homem conquistador que não podia ver um rabo de saia, cheio de xaveco e que resolveu escrever uma autobiografia da sua vida amorosa.
Panair do Brasil: Empresa aérea que a aeromoça Nicole trabalhava no filme "La peau Douce", fazia a conexão França-Portugal |
Depois assistimos ao drama "La peau douce", sobre um homem com a vida perfeita, uma esposa linda que sempre o apoia, uma filha fofa, mas tem gente que não gosta da vida tranquila, prefere arriscar um pouco mais e destruir em 2 minutos o que construiu durante anos, eles estava em uma fase de crise da meia-idade e tem que arrumar uma jovem para se sentir realizado ou mais macho, whatever, mais um com complexo do tiozinho da Sukita, então se engraça com uma aeromoça, os dois começam a ter um caso e ele, bobo apaixonado, pede o divórcio, só que a aeromoça quer ser amante, certo? Quando ele fala que quer ficar com ela, ela se assusta, não concorda, afinal ela vive viajando e não quer compromisso sério. O final do filme é ótimo para ficção, até porque Truffaut gosta de chocar e dramatizar um pouco, mas na vida real é exagero. Espero que ninguém chegue a esse ponto.
Richard Gere gatinho no filme "Days of heaven" |
Italiensk for Begyndere (italiano para principiantes). Dinamarca. è um filme do movimento Dogma 95, é um pouco mais leve que os do Lars Von Trier.Várias pessoas com problemas pessoais e de relacionamentos, suas vidas se entrecruzam nas aulas de italiano oferecido pela prefeitura. Imaginem dinamarqueses aprendendo italiano? A gente tem mais facilidade porque é uma língua latina como o português, mas para eles é um pouco mais complicado, eu adoro esse idioma, embora nunca tive a oportunidade de estudar, já estudo inglês, francês e espanhol, mas no futuro pretendo estudar italiano, russo e japonês.
Breaking the waves. Falando em Lars Von Trier, não vivo sem este dinamarquês maluco, espero que até o fim do ano já tenha visto toda sua filmografia. Tem a atriz Emily Watson, ela dá um show de interpretação, arrasando como sempre. Este é mais um filme punk dele, sobre uma mulher ingênua, espiritual, que casa virgem, que ama um amor além da vida. É sobre o sacrifício do inocente, por mais que você se esforça para ser bom, fazer as coisas de acordo com suas crenças, a vida te prova e coloca a sua fé em prova, ela é o sacrifício do cordeiro, é como a Veridiana, do Buñuel ou a Mrs O'Brien, do Malick. O mais incrível é como as pessoas são impiedosas com alguém que tem uma fé ou uma crença, pois isso vai contra toda a racionalidade e contra a ciência.
A parte 1 termina aqui, todos são 5 estrelas, super recomendo!
PS: Não sou crítica de cinema (ou sou? Porque todo espectador tem um pouco de crítico dentro de si), só estou em um desafio de ver uma quantidade x de filmes por ano e coloco aqui, sem pretensão, como se contasse à minha mãe no chá da tarde. Se vc procura uma boa crítica, consulte sites especializados, mas se vc é gente como a gente, sinta-se à vontade.
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