quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Fragmentos da novela “Axelrod”, da Hilda Hilst

Ainda que se mova o trem tu nao te moves de ti
Agrido-me como se fosse dono da verdade, como um cristao, como todo os cristaos que até hoje carregam o monopolio da luz como se o caminho fosse um so, Eu sou a Verdade, eu nao o sou.
A Historia me chupa inteiro, a lingua porejando sangue goza filhinho, sim dona Historia, vou indo, estou cheio de ideias, tenho duvidas, tenho gozo rapidos e agudos, vou te apalpando agora, o povo me olha, o povo quer muito de mim, gosto do povo, devo ser o povo, devo ser um unico e harmonico povo-ovo, devo morrer pelo povo, adentrado nele, devo rugir e ser um so com o povo, Axelrod-povo, Axelroad-coesao, virulência, Axelroad-filho do povo, HISTORIA-POVO, janto com meus pais, sopa de proletariado, paezinhos mencheviques, engulo o monopolio, emocionado bebo a revoluçao, lendo vou dirigindo o intelecto, mas estou faminto, estarei sempre faminto, cago o capitalismo, o lucro, a bolsa de titulos, e ainda estou faminto, ô meu deus, eu me quero a mim, o ossudo seco, eu.
Aos vinte temos muitas certezas e depois so duvidas, certeza de nada eu tenho exceçao. Aos vinte pontifiquei, tinha orgulho danado, um visual pretensamento sabio
como?
discorria claro sobre as coisas, pensava que via

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