- A primeira parte é a introdução geral do tema.
- A segunda parte apresenta a influência da religião na cultura anti-intelectual. Estudar a Evolução, ciências no geral, história, filosofia, sociologia,etc. vão contra os preceitos bíblicos. Se a educação libertar, o pastor vai perder o rebanho e o que mais importa para ele, o dízimo e as ofertas.
- A terceira parte mostra a influência política e de políticos. Eleitor bom é aquele que não sabe votar, que cai em qualquer fake news, não tem um mínimo de pensamento crítico.
- A quarta parte fala de business, os capitalistas milionários que visam apenas o lucro a qualquer custo, mas precisam que o proletariado seja ignorante o suficiente para não compreender seus direitos trabalhistas, muito menos as obras de Marx, vai que de repente eles tomam os meios de produção e dividem o lucro entre eles.
- A quinta parte fala sobre educação em uma democracia, é a mais importante, pois é a única capaz de combater tudo que foi citado nas partes anteriores. Portanto, é do interesse deles desmantelar as escolas, universidades e tratar os professores como inimigos.
- A sexta parte e última é a conclusão.
“Mas homens e mulheres vivendo em condições de pobreza e trabalho árduo, enfrentando os perigos de ataques indígenas, febres, e criados à base de uísque e brigas, não podiam pagar pela educação e cultura; e achavam mais fácil rejeitar o que não podiam ter do que admitir a falta disso como uma deficiência neles mesmos”.
O fundamentalismo religioso
Antídoto: Estado laico. Já fiz o resumo do que isso significa, no post de pensamento crítico.
Para quem tiver interesse de como isso ocorre no Brasil, assista ao novo documentário da Petra Costa, Apocalipse nos trópicos, disponivel na Netflix.
Na segunda parte do livro, intitulada "The religion of the heart", o autor demonstra em três capítulos a interferência dos evangélicos (aquele povo da Bible Belt) na política estadunidense.
Na cultura moderna, o movimento evangélico tem sido o mais poderoso portador desse tipo de anti intelectualismo religioso e de seu impulso antinomiano.
Toda vez que leio algo sobre fundamentalismo cristão, eu me sinto na obrigação de criar uma collage fanart para Nietzsche, pois eles são é exatamente o que foi dito em O Anticristo, ja fiz resumo deste livro aqui.
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A oração de um evangelista chamado Billy:
“Senhor, salva-nos do cristianismo descuidado, flácido, frágil, de joelhos fracos, de pele fina, maleável, plástico, sem espinha dorsal, efeminado e ossificado, de três quilates.”
Sunday queria acabar com a ideia “de que ser cristão tira o homem do turbilhão da vida e das atividades mundanas e o torna uma figura covarde e efeminada”. Ele adotou um tom rooseveltiano em sua afirmação: “A guerra moral endurece o homem. A paz superficial torna o homem mole”; e resumiu seu temperamento ao confessar: “Não tenho interesse em um Deus que não castigue.
Só acho que tanto Billy quanto Sunday eram sadomasoquistas e homofóbicos. Essa gente não sabe viver em paz e nem deixar os outros em paz. Mais abaixo vou deixar mais exemplos de misoginia e homofobia, porque este caras precisam provar a todo instante que é macho.
As pérolas que saem da boca destes seres:
Se tivermos que abrir mão da religião ou da educação, devemos abrir mão da educação.
Se eu tivesse um milhão de dólares, doaria 999.999 dólares para a igreja e 1 dólar para a educação.
John Washington Butler, o legislador batista primitivo do Tennessee que apresentou a lei contra o ensino da evolução naquele estado, o fez porque ouviu falar de uma jovem em sua própria comunidade que havia ido para uma universidade e retornado evolucionista.
Não existe outro livro que seja necessário para qualquer pessoa ler e, portanto, sou contra todas as bibliotecas.
Mais abaixo tem um tópico sobre o papel da mulher na educação e o ódio masculino pelo conhecimento.
Vemos que o homem criou Deus à sua imagem e semelhança, escreveu as “escrituras sagradas” em benefício próprio. Autodenominou-se o representante de Deus na terra e em nome dele, se sente no direito de cometer todo tipo de atrocidade, pois tem o domínio da mulher, dos animais e da terra, endossando ainda mais o sistema patriarcal, porém disfarçado de religião.
A consequência é que "o homem continua sendo o centro da religião e Deus é seu auxílio, em vez de seu juiz e redentor".
A assombração do comunismo
Todos esses -ismos são de origem estrangeira e realmente não deveriam ter lugar na arte americana.
No lugar da Bíblia, cultivamos a razão, o racionalismo, a cultura da mente, o culto à ciência, o poder de ação do governo, o freudianismo, o naturalismo, o humanismo, o behaviorismo, o positivismo, o materialismo e o idealismo. Este é o trabalho dos chamados intelectuais. Milhares desses "intelectuais" declararam publicamente que a moralidade é relativa — que não existe norma ou padrão absoluto.
Os conservadores dizem que os liberais sao comunistas quando eles apresentam alguma proposta que beneficiam o povo:
Os liberais apoiam medidas que são, para todos os efeitos práticos, socialistas, e o socialismo nada mais é do que uma variante do comunismo, que, como todos sabem, é ateísmo.
As universidades, particularmente as mais conhecidas, eram constantemente apontadas como alvos por críticos de direita; mas, de acordo com um escritor do Freeman, parece ter havido apenas uma razão arbitrária para essa discriminação contra a Ivy League, visto que ele considerava que o comunismo está se espalhando em todas as nossas faculdades:
Nossas universidades são os campos de treinamento para os bárbaros do futuro, aqueles que, sob o disfarce de erudição, surgirão carregados de forcados de ignorância e cinismo, e apunhalarão e destruirão os resquícios da civilização humana. Não serão os camponeses do metrô que derrubarão os muros: eles apenas cumprirão as ordens de nossos irmãos eruditos... que apagarão a Liberdade individual dos registros do pensamento humano...
Se você enviar seu filho para as faculdades de hoje, criará o carrasco de amanhã.
Business e anti-intelectualismo
Chamberlain reclamou na Fortune que os romancistas americanos têm cometido constantes injustiças contra os empresários americanos. Em toda a ficção americana moderna, ele apontou, o empresário é quase sempre retratado como grosseiro, filisteu, corrupto, predador, dominador, reacionário e amoral.
Os valores dos negócios e do intelecto são vistos como eterna e inevitavelmente em desacordo: de um lado, há o homem centrado no dinheiro ou no poder, que se importa apenas com a grandeza e o dólar, com a ostentação e o otimismo vazio; do outro lado, há os homens de intelecto crítico, que desconfiam da civilização americana e se preocupam com a qualidade e os valores morais. O intelectual está bem ciente do elaborado aparato que o empresário usa para moldar nossa civilização aos seus propósitos e adaptá-la aos seus padrões.
As circunstâncias da era industrial nos Estados Unidos deram ao empresário uma posição tão central e poderosa entre os inimigos da mente e da cultura que outros antagonistas foram excluídos.
Os empresários trouxeram aos movimentos antiintelectuais mais força do que qualquer outra força na sociedade. "Este é essencialmente um país de negócios".
Durante pelo menos três quartos de século, os negócios foram estigmatizados pela maioria dos intelectuais americanos como o inimigo clássico do intelecto; os empresários.
O magnata do petróleo que não via valor em ter alunos "debruçados sobre línguas mortas e mofadas, aprendendo as histórias repugnantes dos deuses míticos e todas as coisas bárbaras do passado morto".
Masculinismo e misoginia: o odio às mulheres e a tudo que é considerado feminino ou afeminado
Queremos que as histórias dos nossos homens bem-sucedidos sejam expostas diante de nós, para que possamos conhecer os caminhos pelos quais eles se destacaram no meio do povo.A ideia do homem bem-sucedido não era nova. Era um desdobramento histórico das pregações puritanas e da doutrina protestante da vocação.
Eles chamavam, em sua cruzada contra os humanistas literários, de "literatura de fadas". Michael Gold disse certa vez a Sinclair Lewis que escritores desse tipo nutriam uma "inveja louca" por terem sido "privados de experiências masculinas". No curso de uma famosa vingança literária contra Thornton Wilder, Gold acusou o romancista de propagar uma "religião pastel, pastiche, diletante, sem o verdadeiro sangue e fogo neuróticos, um devaneio de figuras homossexuais em trajes graciosos movendo-se arcaicamente entre os lírios".Um escritor ficou surpreso quando um líder do partido se referiu à sua poesia e contos como seu "hobby" para atividades extracurriculares — uma ilustração reveladora da concepção partidária de cartas como fundamentalmente pouco sérias. O pior de tudo era a falta de masculinidade em escritores que não lidavam com as duras realidades da luta de classes.
Pode-se afirmar que os intelectuais são pretensiosos, convencidos, efeminados e esnobes; e muito provavelmente imorais, perigosos e subversivos.O irritadiço senador Ingalls, do Kansas, furioso com a falta de lealdade partidária deles, certa vez os denunciou como "o terceiro sexo" — "efeminados sem serem masculinos ou femininos; incapazes de procriar ou gerar; sem fecundidade nem virilidade; dotados do desprezo dos homens e do escárnio das mulheres, e condenados à esterilidade, ao isolamento e à extinção".Sua cultura e maneiras meticulosas foram tomadas como evidência de que esses "cavalheiros piegas e bonzinhos" que "tomam chá frio" eram deficientes em masculinidade. Em algumas ocasiões, foram denunciados como "hermafroditas políticos".Invocando um preconceito bem estabelecido do homem americano, os políticos argumentaram que a cultura é impraticável e os homens cultos são ineficazes, que a cultura é feminina e os homens cultos tendem a ser efeminados.
A dessexificação, até mesmo a desumanização, foi um dos temas centrais de The Bostonianos. Assim como Bushnell, James temia que o mundo masculino fosse destruído pela agressividade perversa das mulheres e dos princípios femininos.A associação de intelectualidade e estilo com efeminação que observei em relação aos reformadores da Era Dourada, reapareceu na campanha de 1952.
Os políticos intelectuais sofreram todo tipo de bullying pelos colegas e pela mídia:
O New York Daily News chegou a chamá-lo de Adelaide e o acusou de "trinar" seus discursos com uma voz "frutada". Sua voz e dicção foram convertidas em objetos de suspeita — "palavras de xícara de chá", dizia-se, reminiscentes de "uma solteirona refinada que nunca consegue esquecer que tirou nota A em dicção na Escola de Acabamento da Srta. Smith".Ser ativo na política era assunto de homem, enquanto estar envolvido em movimentos de reforma (pelo menos nos Estados Unidos) significava associação constante com mulheres agressivas, reformistas e moralistas — veja o caso dos abolicionistas. A ideia masculina comum, tão frequentemente ouvida no debate sobre o sufrágio feminino, era que as mulheres se sujariam e se dessexualizariam se entrassem no inevitavelmente sujo mundo masculino da atividade política.
Diz-se que o (Presidente) Wilson trouxe à presidência o temperamento do acadêmico, com seus defeitos e virtudes. Ele acreditava em pequenos negócios, economia competitiva, colonialismo, supremacia anglo-saxônica e branca, e em um sufrágio restrito aos homens, muito depois de tais crenças se tornarem objetos de análises críticas mordazes. A partir do momento em que assumiu a presidência de Princeton, em 1902, ele deixou de tentar se manter atualizado com os desenvolvimentos no mundo das ideias. Em 1916, ele confessou francamente: “Não leio um livro sério há quatorze anos”.
Nos dias de hoje, há várias pesquisas afirmando que homens estudam menos, lêem menos, etc. Vou deixar aqui uns vídeos feito por homens falando sobre o assunto e tentando convencer os jovens a lerem:
Jared Henderson, How to Start Reading Again
Lawrence Debbs, Why Men Don't Read Books Anymore
John A. Douglas, No books for men? Nah, mate
Pedagogia é coisa de mulher
No "livro dos disparates", na lenda da criação, Eva viu o quão desprovido de inteligência Adão era que preferiu desobedecer Deus e dar o fruto do conhecimento para ele, porque conviver com gente burra é literalmente padecer no paraíso. Portanto, ela é culpada por trazer o conhecimento aos homens, logo, os religiosos precisam combater a ciência e o conhecimento para fazer a vontade de um suposto deus.
Nos EUA, a educação é feminina porque a mulher aceita ganhar pouco, ganha menos que um lixeiro, por isso quando um homem que está na área de ensino automaticamente é chamado de gay:
É muito fácil culpar o resto do mundo pelas mazelas causadas por estes tipos de homens, para eles que tudo é pecado e todo mundo é gay e comunista.Nos Estados Unidos, onde o ensino foi identificado como uma profissão feminina, ele não oferece aos homens a estatura de um papel masculino plenamente legítimo. A convicção masculina americana de que educação e cultura são preocupações femininas é, portanto, confirmada, e sem dúvida parcialmente moldada pelas experiências dos meninos na escola. Muitas vezes, não há modelos ou ídolos masculinos suficientes entre seus professores, cujo desempenho transmita a sensação de que o mundo da mente é legitimamente masculino, que possam lhes dar exemplos masculinos de investigação intelectual ou vida cultural.
Os Estados Unidos são o único país do mundo ocidentalizado que colocou sua educação elementar quase exclusivamente nas mãos de mulheres, e sua educação secundária, em grande parte. Em 1953, este país era praticamente o único entre as nações do mundo na feminização de seu ensino: as mulheres constituíam 93% de seus professores primários e 60% de seus professores secundários. Apenas um país na Europa Ocidental (a Itália, com 52%) empregava mulheres para mais da metade de seu corpo docente do ensino médio.
Opositores das professoras ainda eram ouvidos em muitas comunidades, mas frequentemente eram facilmente silenciados quando se apontava que as professoras poderiam receber um terço ou metade do salário dos homens. Eis uma resposta à grande busca americana por educar a todos, mas de forma barata.
Um dia, o público descobre que uma cidade em Michigan paga a seus professores US$ 400 por ano a menos do que seus coletores de lixo.
Os meninos crescem pensando nos professores homens como algo efeminado e os tratam com uma curiosa mistura de deferência gentil.
De fato, o tipo intelectual de educação pode ser significativo apenas para uma minoria: "A verdade é que, na grande maioria dos seres humanos, o interesse distintamente intelectual não é dominante. Eles têm o chamado impulso e disposição práticos." Por essa razão, tantos jovens abandonam a escola assim que aprendem os rudimentos da leitura, da escrita e do cálculo.
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