segunda-feira, 29 de agosto de 2011

filmes da semana



Kontakt. Macedônia. Um ex-presidiário, sai da prisão e vai trabalhar na casa de uma mulher que estava internada em um hospital psiquiátrico. Um romance às avessas. Gostosinho de assistir, é cômico e sensível.
♥♥♥
Barney's version. EUA. Sou fã do ator Paul Giamatti, ele é ótimo, este filme narra a versão do amor do personagem dele. Ele só se metia em enrascada, até que conheceu a mulher da sua vida no dia do seu próprio casamento com outra pessoa (doideira! rsrs). Aí começa a aventura, o que a gente não faz por amor, não é? A gente se declara, se humilha, entra na 'mó' deprê. rsrs ♥♥♥

The Human Resources Manager. Israel. É um filme que mostra a alienação nas empresas, o setor de Recursos Humanos que deveria conhecer e ter controle do pessoal, mas nem isso. Morre uma funcionária romena em um atentado suicida, ninguém reclama o corpo até que descobrem onde ele trabalhava, na verdade ela já tinha saído, mas recebia um dinheiro. Um jornalista pedante disse que iria denunciar no jornal a empresa panificadora se o gerente não tomasse as providências do reconhecimento do corpo, do traslado para Romênia, do enterro e de toda parte burocrática. Lá vai o tal do gerente para via crucis, nesta viagem ele conhece a vida da funcionária, a família dela, as dificuldades que ela enfrentava. Bem bacana! É, minha gente, dependendo de onde a gente trabalha, lá tem é Recursos (Des)umanos. Abafa o caso! ♥♥♥♥

O grande chefe. Dinamarca. Uma comédia de humor negro, do diretor Lars von Trier. Um empresário não quer dizer que é dono da empresa, então inventa um presidente fictício, depois de um tempo, ele contrata um ator desempregado para assumir o papel do presidente e ouvir as reclamações dos funcionários, aos poucos o ator se envolve com a situação e se perde entre a atuação e a realidade, tenta interferir, ajudar, escutar, mesmo não entendendo patavinas do que os gerentes dizem. O filme é uma denúncia sobre trabalhos para empresas e trabalhos para arte. O artista, mesmo tendo talento, tem que se vender para as empresas
Aqui temos um ator eficiente e desempregado que miraculosamente conseguiu um trabalho.
O ator segue a linha do dramaturgo Gambini (fui pesquisar p/ ver se existia ,já que nunca tinha ouvido falar, mas Antonio Stavro Gambini  é fictício, segundo Lars von Trier, foi  inspirado no Ibsen). Adorei  "O monólogo dos limpadores de chaminés", da peça "A cidade sem chaminés",  e "O gato enforcado" de Gambini. Ser um limpador de chaminé em uma cidade sem chaminés, é a mesma coisa de ser ator em uma cidade sem teatro, sem incentivo à cultura (minha opinião!).
Também tem uma rixa entre islandeses e dinamarqueses, um quer se mostrar melhor que o outro, os islandeses acham os dinamarqueses sem graça, emotivos demais, enrolam e fazem piada com tudo. Tanto que o islandês diz:
Aquele que negocia com homens sem caráter negocia com ninguém.
Achei interessante quando ele fala do cinema dentro do cinema, na literatura a gente fala intertextualidade para texto dentro de outro texto, desconheço a palavra para o cinema. Ele mencionou o Dogma 95, movimento cinematográfico que ele ajudou a criar. A frase é do ator/presidente no ambiente de trabalho.

A vida é como um filme de Dogma. É difícil escutar o que eles dizem, mas as palavras continuam importante.

Sou suspeita para falar do cinema do Lars, sempre que vejo um filme dele, sou instigada a fazer pesquisas, ler sobre determinado assunto abordado no roteiro, sempre me deixa pensando por horas a fio.
Não, ainda não vi Melancolia, vou tentar ver esta semana, estava muito melancólica semana passada, poderia cometer um suicídio se eu fosse vê-lo (brincadeira, não me internem! rsrs). ♥♥♥♥



*   ♥ gosto pouco | ♥♥ gosto +/- | ♥♥♥ é bom! | ♥♥♥♥ é muito bom!  | ♥♥♥♥♥ maravilhoso!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

os sonhos na versão dos japoneses

Li um livrinho de 70 páginas, do escritor japonês Natsume Soseki, "Sonhos de dez noites". Dividido en 10 capítulos, cada um representando um sonho por noite.
A vida do escritor foi difícil, foi rejeitado na infância, não se adequava aos lares adotivos, interessou-se pelos idiomas chinês e inglês, também fazia poesia haicai. O sobrenome Soseki é artístico, em chinês significa "Incômodo". Desde o nascimento, ele era um incômodo para a família e toda esta carga de negatividade e rejeição refletiu em suas obras. Na apresentação do livro diz:
Ler "Sonhos de dez noites" é constatar a solidão do homem que contempla e se assusta com sua condição de solitário. Nessa tentativa de narrar seu próprio sofrimento através de sonhos, Soseki recorre não apenas ao seu talento literário, mas também ao conhecimento da psicologia freudiana.
Assim, o sonho passa a ser a saída, a fuga possível. Nessa linha de raciocínio, às vezes delirante, o autor passa acreditar que no sonho, no distanciamento da realidade é onde residem as raízes da verdadeira literatura.
 Aprendi neste livro uma palavra interessante: "Amanojaku". Ente maligno que se contrapõe à vontade das pessoas, é o "do contra".

Toda essa literatura onírica, fez-me recordar do filme "Sonhos", do Akira Kurosawa, um dos filmes mais belos do mundo, é dividido em oito sonhos, alguns destes são pesadelos terríveis, pois denuncia a consequência de uma guerra (O túnel) , o mal que o homem causa à natureza e a ele mesmo (A tempestade, Monte Fuji em vermelho e O demônio que chora), sonhos lendários e fantásticos (Um raio de sol através da chuva, O jardim das pessegueiras, O Corvo) e o último sonho, traz uma esperança de que a vida pode ser linda e os homens podem conciliar-se com a natureza, uma lição de sustentabilidade e reflexão ecológica (O vilarejo dos moinhos).
Quando aconteceu o desastre no Japão, especificamente com a usina nuclear, logo veio na minha mente o sonho "Monte Fuji em vermelho", parecia algo profético, uma sensação de dejà vu, Kurosawa viu antes de todo mundo aquele momento de terror e agonia.
Ainda falo que se o homem não mudar a consciência, vamos viver o pesadelo "O dêmonio que chora", seres mutantes agonizando.

Tem uma frase do diretor iraniano Abbas Kiarostami que diz o seguinte:
O sonho sem realidade não tem valor nenhum. Nós vivemos na realidade, mas para aguentar o peso da vida, é preciso sonhar.

domingo, 21 de agosto de 2011

filmes das duas últimas semanas

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Festa de Babette. Dinamarquês. Babette, uma francesa, foge da guerra e se refugia na casa de duas irmãs protestantes, na Dinamarca, na homenagem ao centenário do pastor, ela decide fazer uma festa com iguarias da culinária francesa para os membros da igreja. ♥♥♥♥♥
As coisas impossíveis do amor. EUA. Com a fofa da Natalie Portman, no filme ela é uma estagiária que se apaixona pelo chefe casado, ele se divorcia, agora ela tem que lidar com o filho do marido, a ex-mulher dele, com a gravidez e a perda da criança. ♥♥♥
Salt. EUA. É um filme de aventura, com a Angelina Jolie. Ela é russa e tenta desmascarar uma rede terrorista. Não gosto muito deste tipo de filme, assisti porque era estreia da HBO. ♥
La femme du cosmonaute. Francês. Com a atriz espanhola Victoria Abril, o marido é cosmonauta, vai para o espaço e colocam um monitor na casa dela onde ela pode se comunicar com ele, o casal não sabe que é monitorado. É uma comédia bem legal. ♥♥♥
Sex and the City 2. Também foi estreia da HBO. Além das 5 amigas, tem a participação especial da Liza Minelli e da Penélope Cruz. "Azamiga" vão fazer uma viagem juntas para Abu Dhabi, começam a repensar a vida, o casamento, como lidar com o ciúmes, etc. Papo de mulherzinha, adoro! ♥♥
Uden en trævl. É um filme dinamarquês dos anos 60. Uma menina está em busca de respostas sobre sexualidade e prazer, era época de liberação feminina, pílula, etc. Ela vai consultar um terapeuta sexual que ensina na teoria e na prática como buscar o prazer e a satisfação sexual e ela aproveita todos os conselhos. ♥♥
The music never stopped. EUA. Rapaz precisou remover um tumor do cérebro e perdeu a memória, mas através da música, ele começa a recordar o que aconteceu no passado. Adorei! Trilha sonora legal, o apoio da família foi essencial ♥♥♥
Youth without youth. EUA. Francis Ford Copolla. Por quê diabos eu nunca ouvi falar deste filme? É tão lindo! Fala de realidade paralela, de voltar ao tempo para acertar as coisas, regressão, línguas mortas, amor, línguas orientais. Nem sei como descrever tanta beleza e genialidade. ♥♥♥♥♥
Um cuento chino. Argentina. Se tem um ator que adoro acompanhar o trabalho é o Ricardo Darín, nunca o vi em um filme ruim, quando assisti ao "El secreto de sus ojos" chorei tanto, apaixonei pelo ator, se já gostava passei a idolatrar. No cuento chino, ele é dono de uma loja de ferramentas, é super discreto, não sabe declarar amor, tem uma ligação forte com a mãe morta, coleciona notícias bizarras. Mari ama ele, mas ele não se toca, é apático, meio perdido. Encontra um chinês perdido e tenta ajudá-lo a encontrar o tio, um não entende o outro, é muito engraçado os dois tentando se comunicar. O cinema argentino é muito bom, se brincar, está melhor que o brasileiro. ♥♥♥♥
Divã. Brasil. Filme de mulherzinha, comédia pastelão, com a Lilia Cabral (adoro!), crise da meia-idade, identifiquei com tantas coisas, será que estou ficando velha? rsrs ♥♥
Le voyage du balon rouge. Francês/ Taiwanês. Neste filme tem a Juliette Binoche loira, ela é bem melhor morena, ela sempre segura as pontas dos filmes que tem uma certa estética diferente, este parece meio nouvelle vague, é bonitinho, mas sinceramente, para mim foi meio cansativo. ♥♥
Baxter, Vera Baxter. Francês. É dirigido pela Marguerite Duras, já falei dela quando li "O amante" e assisti ao filme "Hiroshima, meu amor". Vera era uma dona de casa, tinha filhos, o marido vivia viajando, tinha amantes e gastava dinheiro em jogos e apostas. Ela estava sempre esperando por ele. Tem um final surpreendente, fala das mulheres da idade média que esperavam seus maridos voltarem das Cruzadas. e de tanto estarem isoladas, desenvolveram contato com a natureza e isto custou suas próprias vidas, pois foram acusadas de bruxaria e foram para fogueira. ♥♥♥♥
Attenberg. Grécia. A menina tem dificuldades em se relacionar, cuida do pai doente e fala abertamente de sexo com ele, tem uma amiga dada que ensina a ela algumas sacanagenzinhas. É um filme engraçadinho. ♥♥
Happy Times. Chinês.Também chorei rios, a menina cega é abandonada pelo pai e maltratada pela madrasta, até que um dia o amante da madrasta tenta ajudá-la de uma forma bem inusitada e emocionante. ♥♥♥♥
Le temps qui reste. Francês. Jovem descobre que está com câncer em estado avançado, sem possibilidade de cura, ele rejeita os tratamentos e tenta viver ao máximo o tempo que lhe resta. Claro que chorei, é o momento que a gente reflete e tenta aproveitar as coisas boas que a vida oferece.♥♥♥

Na próxima semana pode ser que eu veja um ou outro filme, mas estou planejando ver as temporadas do Gilmore Girls antes que volte Dexter, The Big Bang Theory e Dr. House.

*   ♥ gosto pouco | ♥♥ gosto +/- |  ♥♥♥ é bom! | ♥♥♥♥ é muito bom!  | ♥♥♥♥♥ maravilhoso!

A árvore da vida

 A ÁRVORE DA VIDA

Para entender sobre a árvore da vida, no sentido bíblico, temos que começar por Gênesis, que significa "O início". No Éden tinha duas árvores: a árvore da vida e a árvore do bem e do mal. A primeira, quem comesse o fruto dela, teria vida eterna; a segunda, quem comesse, teria o discernimento entre o bem e o mal, Adão e Eva comeram do fruto do bem e do mal e antes que comessem o fruto da árvore da vida, foram expulsos do jardim, pois eles seriam como Deus, viveriam eternamente e teriam todo o conhecimento.
 Uma das promessas descritas no Apocalipse (O fim de tudo) é que o homem vencedor, por mérito terá direito a comer do fruto da árvore da vida e viverá eternamente ao lado de Deus.
“Ao vencedor, conceder-lhe-ei comer da árvore da vida que está no paraíso de Deus.”[Apocalipse 2:7]

O LIVRO DE JÓ

Jó era um homem de vida íntegra, um homem bom e possuidor de muitos bens. O diabo faz uma aposta com deus (luta do bem contra o mal), se Jó perdesse tudo o que tinha, ele perderia a fé, então deus aceitou a aposta e autorizou o diabo a tirar todos os bens, todos os filhos e até a saúde de Jó para prová-lo e saber se ele seria fiel.
Os conhecidos de Jó ficam horrorizados com a situação dele, uns dizem que ele devia ter feito algo muito ruim para merecer tamanho castigo, a própria mulher sugere a ele: "Amaldiçoa o seu deus e morre'!
O livro de Jó mostra que mesmo o casal tendo provado do fruto do bem e do mal, tendo acesso ao conhecimento, não foi suficiente para entender os mistérios da vida e da natureza.
Jó lamentou e sofreu as suas dores e perdas, mas nunca questionou Deus, ele era humilde o suficiente para entender que não podia lutar com algo maior que a sua compreensão pudesse alcançar.
Jó é um exemplo de paciência (tem até a expressão: Paciência de Jó), de fé, de perseverança e de um termo físico, mas usado agora nas empresas, resiliência, ou seja, aguentar firme as pancadas que recebe. Além de ser sábio e entender que coisas ruins acontecem com as pessoas boas, não adianta amaldiçoar, xingar, berrar, descabelar, tornar-se arrogante e prepotente e sim, tirar forças e ter otimismo para passar pela prova.

A ÁRVORE DA VIDA - O FILME
A Yuna, colocou o trailer do filme no grupo "sobre meninas e gatos", do Facebook, várias meninas manifestaram o desejo de ver o filme, então fizemos um 'facencontro' no cinema do "Reserva Cultural", meu preferido de Sampa.
O filme é espiritual, não religioso, embora use a simbologia bíblica sobre a árvore da vida, a vida de Jó e a vida de Maria, mãe de Deus que entrega seu filho na cruz, fala também de redenção.
Há dois caminhos na vida: O caminho da natureza e o caminho da graça, você tem que escolher um para seguir. [Mrs. O’Brien]
Graça, é um amor ou favor que a gente recebe sem merecer e quem dá não quer nada em troca, é uma dádiva. Mrs. O’Brien é a personagem que eu mais gostei, uma dona de casa, de classe média, nos EUA dos anos 50, mãe de 3 filhos, ela perdeu o filho do meio e quis entender o sentido da vida, o por quê da nossa existência, queria entender a criação, a natureza. Ela representa Jó, foi castigada sem merecer, representa Maria, porque seu amor de mãe foi colocado a prova. Representa a graça enquanto seu marido representa a natureza humana. Como dizia seu marido no filme: "Sua mãe é muito ingênua!", ela representa a paz, o amor e a calma na unidade familiar, enquanto seu marido representa a autoridade, a razão, ele sufocava os filhos querendo passar valores sociais e de sobrevivência, exigia respeito e impunha tudo isso na base do medo e da violência doméstica, ele também busca sucesso profissional a qualquer custo e desiste da música como profissão, embora goste muito de tocar piano e ouvir música clássica.
O filme começa com um versículo do livro de Jó 38:4, Deus pergunta a Jó:
Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência.
O filme tenta responder esta pergunta de Deus, mostra cenas da criação, da fundação da terra, das plantas, dos animais, da fúria da natureza, do universo, da gestação da mulher, da formação da família. A fotografia é linda, parece documentários da National Geographic, sem falar nos efeitos gráficos para criar os dinossauros, remete também ao filme 2001: Uma odisséia no espaço, mas o que me fez rir, foi na parte da redenção em que mostra um lugar astral, o paraíso, whatever, que me fez recordar o filme brasileiro, sobre a obra de Chico Xavier, "Nosso lar". Para dizer que não estou viajando nas idéias, coloco a foto.

 Não poderia deixar de mencionar a trilha sonora que é divina, com muita música clássica e quase chorei quando tocou "Lacrimosa", do polonês Zbigniew Preisner, veja no vídeo.

E para terminar, a foto do encontro, até emoldurei, afinal é difícil um momento com filme bom e gente bacana e com gostos parecidos.E para dar um tom espiritual, observem que estávamos em 7, o nº 7 é o número da perfeição, o nº de Deus, em 7 dias ele criou o universo, também tem as 7 notas musicais, as 7 cores do arco-íris. rsrsrs
 Juliana, Renata, Yuna, eu, Natália, Fernanda e Juli (de quem roubei a foto rsrs)
Adorei o filme, tem Brad Pitt e Sean Penn, vai lá ver, vai. Vale a pena o investimento!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

exploração do homem pelo homem: trabalho escravo

Na quarta-feira, eu levei um susto quando abri o twitter, estava todo mundo revoltado com "denúncias" e "flagrantes" do trabalho escravo de confecções que fornecem para marca Zara. Sabe o que mais me assustou? A alienação das pessoas que não sabiam disso, quem mora em São Paulo, anda pelo Bom Retiro, José Paulino sabe muito bem que os bolivianos estão aqui para trabalhar nestas confecções, como muitos estão ilegalmente, acabam não denunciando os maus-tratos. A Revista Marie Claire publicou uma matéria ano passado, intitulada: Escravas da moda. Na época até mandei um comentário para revista que achei interessante a denúncia, mas a prestação do serviço seria melhor se informassem o nome das lojas que contratam o serviço destas confecções, mas claro que a revista não iria denunciar porque grande parte destas lojas patrocinam a revista.
Essas pessoas que ficaram horrorizadas em descobrir este fato, nunca pararam para pensar o por quê a China está crescendo tanto? É claro que é às custas de exploração, escravidão, mantendo funcionários em cárcere privado. Os países dos Tigres Asiáticos, Índia e América Latina, no geral, fazem o trabalho sujo e pesado das grandes marcas, não só de roupas, como de eletrônicos, tênis, carros, etc.Em muitos destes países, manifestações, greves são proibidas. Não tem direitos trabalhistas assegurados, trabalham até 20h, todos os dias da semana, moram em alojamentos na própria empresa, são impedidos de sair.

Tem o documentário "China Blue", de 2005 que mostra as condições de trabalho, de meninas menores de idade que saem do interior da China para trabalhar em confecções na cidade grande.

As meninas colocam prendedores de roupa nos olhos para não dormirem.


Mas tem hora que elas não aguentam e acabam dormindo na pilhas de calças jeans.

A vida dos bolivianos no Brasil não é diferente da dos chineses, tanto que as confecções brasileiras, muitas delas são gerenciadas por chineses.

No filme Biutiful, do diretor mexicano Iñarritu, também mostra esta exploração na Espanha, os chineses fabricando bolsas falsificadas para os africanos venderem nas ruas.

Na fábrica do iPad, em menos de um ano, 13 funcionários cometeram suicídio, leia mais aqui.


Aí fizeram uma campanha anti-suicídio, deram uma camiseta "I ♥ Foxconn" e tiveram a pachorra de dizer que os funcionários estavam felizes, olha bem para foto e responda: Eles estão felizes ou estão esgotados ao limite?

Antes de se orgulhar da sua roupa de marca, dos seus eletrônicos, orgulhar da sua prepotência e arrogância, em querer dizer que pode ter acesso a esses bens. Reflita: Antes de você possuir, custou trabalho destes jovens que o único fim que podem ter é o suicídio, o esgotamento físico e mental. É claro que não dá para saber a procedência de tudo, mas tente ao máximo consumir consciente.

Para terminar, vou colocar uma frase do texto do Brecht que já postei aqui. Fala sobre a conquista do homem, da descoberta da ciência, de tecnologia, mas nem por isso o pão ficou mais barato, enquanto uns voam, outros ainda rastejam.

O líder do coro - Muitos de nós meditaram sobre o movimento da Terra ao redor do Sol, sobre o mais íntimo do homem, as leis gerais, a composição do ar e sobre os peixes abissais. E descobriram grandes coisas.
Coro retruca - Nem por isso o pão ficou mais barato. Pelo contrário, a miséria aumentou em nossas cidades, e já há muito tempo ninguém sabe o que é um homem. Por exemplo: Enquanto vocês voavam, rastejava pelo chão algo semelhante a vocês, não como um homem!
O lider do coro dirigindo-se à multidão - Então o homem não ajuda o homem?
A multidão responde - Não!


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Filmes da semana

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  1. Eros plus massacre. Japonês. É um filme "nouvelle vague" nipônico. Como diz o nome do filme, tem uma carga erótica e ao mesmo tempo de sobrevivência em massacre. Japonês entende muito bem das duas coisas.
  2. Un prophète. Francês. Filme de cadeia, como sobreviver naquele mundo cruel, o jovem tem que fazer parte de um grupo, ele descendente de árabe, não se sente à vontade com os franceses nem com os árabes, junta-se com o grupo de ítalos-franceses e aprende muito sobre bandidagem, sai de lá expert.
  3. Atonement (Desejo e reparação). Filme de amor em tempos de guerra. Briony acusa injustamente o filho de um empregado da casa (Robbie) de ter abusado sexualmente de uma menina. Robbie era apaixonado por Cecília, irmã de Briony. Ele vai preso e posteriormente vai para guerra. Briony que também gostava de Robbie, leva a culpa de ter prejudicado a vida de Robbie e Cecília. Filme mamão com açúcar. Bonitinho!
  4. Capitão América. Besteirol americano. O Sam queria assistir em 3D, como sou uma mamãe boazinha e quero aproveitar ao máximo da companhia da minha cria, fui com ele na sexta-feira. O que a gente não faz por amor, não é? Eu tô 'véia', cinema 3D me causa vertigem e não curto heróis americanos.
  5. Hannah takes the stairs. É um filme independente sobre amores e dissabores de Hannah, suas inseguranças e crises existenciais, ela sofre de insatisfação crônica, dever ser mal de Anas/Hannahs.
  6. Des vrais mensonges (Uma doce mentira). Filme francês cute! Com a bonitinha da Audrey Tautou. Emilie recebe uma carta de amor anônima, transcreve e entrega para mãe que estava se separando, na maior deprê, ela achava que podia dar um up na vida da mommy e acaba arrumando mais confusão. 
  7. Wasabi. Francês. Filme de polícia versus máfia Yakuza. Jean Reno é um policial que era apaixonado por uma japa, ela trabalhava p/  inteligência da policia japonesa, depois é assassinada e ele descobre que tinha uma filha com ela, vai atrás dos mafiosos para vingar pela amada. O cara é tão macho que come Wasabi como se fosse um patê, nem arde na boca dele. rsrs
  8. Rabbit Hole. EUA. Filme tenso. Uma mãe vê o filho de 4 anos sendo atropelado e morto. Como lidar com a morte e com o casamento? Aff, nem gosto de pensar nisso, sou mãe e dói na alma. É dirigido pelo John Cameron Mitchell (adoro esse diretor, já falei de outro filme dele aqui). O filme retrata bastante da ideia do Universo Paralelo, é possível criarmos uma outra realidade? Acreditar em céu, inferno, nirvana, paraísos onde a vida possa ser melhor?
  9. O ritual. EUA. Terror. Vi que tinha Anthony Hopkins e Alice Braga, achei que fosse bem interessante, mas depois que você assiste terror oriental, terror americano é bullshit. Nem tive medo.
  10. Eureka. Japonês. O filme é feito na cor sépia, sobre dois passageiros jovens e um motorista sobreviventes de  um sequestro dentro do ônibus. O sequestrador matou algumas pessoas e a polícia matou o sequestrador, os sobreviventes agora precisam seguir em frente e tentar superar o trauma. É um filme longo, bem devagar, mas é muito bonito, gosto muito!
  11. La prisonniére. Francês. Bem bacana. Mulher que gosta de ser submissa e voyeur em uma relação meio perigosa, sadomasô, gosta de tirar fotos comprometedoras. Esses franceses adoram uma sacanagem, só perdem para os japoneses.
  12. L'iniziazione. Italiano. Um adolescente com os hormônios a mil em uma casa cheia de mulheres, pois os homens tinham ido para guerra, resumindo: se deu bem!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Desafio Literário: Memórias Póstumas de Brás Cubas

Para o Desafio Literário, o tema de agosto era ler um clássico da Literatura brasileira, escolhi "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, li a primeira vez aos 14 ou 15 anos, meu livro está até amareladinho de tão velho, eu grifava as palavras que eu não entendia e depois procurava no dicionário.
Este livro é um marco do "Realismo", mostra o interior dos personagens, suas contradições e problemáticas existenciais. Foi escrito sob forma de um epitáfio, é um defundo autor que tinha morrido de pneumonia, contando detalhes do seu funeral:
"E foi assim que cheguei a cláusula dos meus dias, pausado e trôpego, como quem se retira tarde do espetáculo. Tarde e aborrecido."
Antes de morrer estava inventando um medicamento sublime, o Emplasto Brás Cubas
"Emplasto anti-hipocondríaco, destinado a aliviar nossa melancólica humanidade".
Em seguida narra sua vida desde a infância, moleque serelepe, judiava do escravo, fazia o que queria. Sua primeira paixão foi Marcela, gastou uma grana preta comprando joias para adorná-la:
"Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis."
É mandado para estudar em Coimbra - Portugal, a contra gosto. Volta e enamora de Eugênia, a coxa de nascença:
"Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca, uma compostura tão senhoril; e coxa! Esse contraste faria suspeitar que a natureza às vezes é um tremendo escárnio. Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita?"
O pai dele tenta arranjar um casamento com a filha de um político, a Virgília. No entanto, ela casa com um político mais influente e bem-sucedido e torna-se amante de Brás Cubas.
Ele reencontra Quincas Borba, colega dos tempos de escola, tinha virado mendigo, depois retorna como grande pensador que apresenta uma doutrina filosófica que criara, o Humanitismo. Quincas enlouquece e morre.
Briga com a irmã Sabina por causa de herança, mas depois fazem as pazes.
Tentou mais uma vez casar, agora com Eulália que faleceu aos 19 anos.
O resumo deste livro, encontra-se no último capítulo "Das negativas":
"Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não conheci o casamento. Coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto.
Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria".
O interessante deste livro também é o recurso da metalinguagem, o autor interage com o leitor. Também usa muito de ironia e gosta de quebrar o gelo entre um capítulo e outro, como mostra o capítulo da foto, "Inutilidade" e em seguida, o capítulo "Parentesis"

Este livro é casto, ao menos na intenção [M.de A.]
Capítulo 119: Parêntesis
Suporta-se com paciência a cólica do próximo.
Crê em ti; mas nem sempre duvide dos outros.
Não te irrites se te pagarem mal um benefício, antes cair das nuvens que de um terceiro andar.

As virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o deficit.

Curiosidade: O Woody Allen disse que este livro está entre um dos seus preferidos, leia aqui.

PS: Machado de Assis é um dos orgulhos que tenho em ser brasileira! Ah, se esse país estimulasse a leitura e a escrita, talvez teríamos muitos Machados por aí.