segunda-feira, 29 de agosto de 2011

filmes da semana



Kontakt. Macedônia. Um ex-presidiário, sai da prisão e vai trabalhar na casa de uma mulher que estava internada em um hospital psiquiátrico. Um romance às avessas. Gostosinho de assistir, é cômico e sensível.
♥♥♥
Barney's version. EUA. Sou fã do ator Paul Giamatti, ele é ótimo, este filme narra a versão do amor do personagem dele. Ele só se metia em enrascada, até que conheceu a mulher da sua vida no dia do seu próprio casamento com outra pessoa (doideira! rsrs). Aí começa a aventura, o que a gente não faz por amor, não é? A gente se declara, se humilha, entra na 'mó' deprê. rsrs ♥♥♥

The Human Resources Manager. Israel. É um filme que mostra a alienação nas empresas, o setor de Recursos Humanos que deveria conhecer e ter controle do pessoal, mas nem isso. Morre uma funcionária romena em um atentado suicida, ninguém reclama o corpo até que descobrem onde ele trabalhava, na verdade ela já tinha saído, mas recebia um dinheiro. Um jornalista pedante disse que iria denunciar no jornal a empresa panificadora se o gerente não tomasse as providências do reconhecimento do corpo, do traslado para Romênia, do enterro e de toda parte burocrática. Lá vai o tal do gerente para via crucis, nesta viagem ele conhece a vida da funcionária, a família dela, as dificuldades que ela enfrentava. Bem bacana! É, minha gente, dependendo de onde a gente trabalha, lá tem é Recursos (Des)umanos. Abafa o caso! ♥♥♥♥

O grande chefe. Dinamarca. Uma comédia de humor negro, do diretor Lars von Trier. Um empresário não quer dizer que é dono da empresa, então inventa um presidente fictício, depois de um tempo, ele contrata um ator desempregado para assumir o papel do presidente e ouvir as reclamações dos funcionários, aos poucos o ator se envolve com a situação e se perde entre a atuação e a realidade, tenta interferir, ajudar, escutar, mesmo não entendendo patavinas do que os gerentes dizem. O filme é uma denúncia sobre trabalhos para empresas e trabalhos para arte. O artista, mesmo tendo talento, tem que se vender para as empresas
Aqui temos um ator eficiente e desempregado que miraculosamente conseguiu um trabalho.
O ator segue a linha do dramaturgo Gambini (fui pesquisar p/ ver se existia ,já que nunca tinha ouvido falar, mas Antonio Stavro Gambini  é fictício, segundo Lars von Trier, foi  inspirado no Ibsen). Adorei  "O monólogo dos limpadores de chaminés", da peça "A cidade sem chaminés",  e "O gato enforcado" de Gambini. Ser um limpador de chaminé em uma cidade sem chaminés, é a mesma coisa de ser ator em uma cidade sem teatro, sem incentivo à cultura (minha opinião!).
Também tem uma rixa entre islandeses e dinamarqueses, um quer se mostrar melhor que o outro, os islandeses acham os dinamarqueses sem graça, emotivos demais, enrolam e fazem piada com tudo. Tanto que o islandês diz:
Aquele que negocia com homens sem caráter negocia com ninguém.
Achei interessante quando ele fala do cinema dentro do cinema, na literatura a gente fala intertextualidade para texto dentro de outro texto, desconheço a palavra para o cinema. Ele mencionou o Dogma 95, movimento cinematográfico que ele ajudou a criar. A frase é do ator/presidente no ambiente de trabalho.

A vida é como um filme de Dogma. É difícil escutar o que eles dizem, mas as palavras continuam importante.

Sou suspeita para falar do cinema do Lars, sempre que vejo um filme dele, sou instigada a fazer pesquisas, ler sobre determinado assunto abordado no roteiro, sempre me deixa pensando por horas a fio.
Não, ainda não vi Melancolia, vou tentar ver esta semana, estava muito melancólica semana passada, poderia cometer um suicídio se eu fosse vê-lo (brincadeira, não me internem! rsrs). ♥♥♥♥



*   ♥ gosto pouco | ♥♥ gosto +/- | ♥♥♥ é bom! | ♥♥♥♥ é muito bom!  | ♥♥♥♥♥ maravilhoso!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Desafio Literário: Memórias Póstumas de Brás Cubas

Para o Desafio Literário, o tema de agosto era ler um clássico da Literatura brasileira, escolhi "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, li a primeira vez aos 14 ou 15 anos, meu livro está até amareladinho de tão velho, eu grifava as palavras que eu não entendia e depois procurava no dicionário.
Este livro é um marco do "Realismo", mostra o interior dos personagens, suas contradições e problemáticas existenciais. Foi escrito sob forma de um epitáfio, é um defundo autor que tinha morrido de pneumonia, contando detalhes do seu funeral:
"E foi assim que cheguei a cláusula dos meus dias, pausado e trôpego, como quem se retira tarde do espetáculo. Tarde e aborrecido."
Antes de morrer estava inventando um medicamento sublime, o Emplasto Brás Cubas
"Emplasto anti-hipocondríaco, destinado a aliviar nossa melancólica humanidade".
Em seguida narra sua vida desde a infância, moleque serelepe, judiava do escravo, fazia o que queria. Sua primeira paixão foi Marcela, gastou uma grana preta comprando joias para adorná-la:
"Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis."
É mandado para estudar em Coimbra - Portugal, a contra gosto. Volta e enamora de Eugênia, a coxa de nascença:
"Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca, uma compostura tão senhoril; e coxa! Esse contraste faria suspeitar que a natureza às vezes é um tremendo escárnio. Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita?"
O pai dele tenta arranjar um casamento com a filha de um político, a Virgília. No entanto, ela casa com um político mais influente e bem-sucedido e torna-se amante de Brás Cubas.
Ele reencontra Quincas Borba, colega dos tempos de escola, tinha virado mendigo, depois retorna como grande pensador que apresenta uma doutrina filosófica que criara, o Humanitismo. Quincas enlouquece e morre.
Briga com a irmã Sabina por causa de herança, mas depois fazem as pazes.
Tentou mais uma vez casar, agora com Eulália que faleceu aos 19 anos.
O resumo deste livro, encontra-se no último capítulo "Das negativas":
"Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não conheci o casamento. Coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto.
Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria".
O interessante deste livro também é o recurso da metalinguagem, o autor interage com o leitor. Também usa muito de ironia e gosta de quebrar o gelo entre um capítulo e outro, como mostra o capítulo da foto, "Inutilidade" e em seguida, o capítulo "Parentesis"

Este livro é casto, ao menos na intenção [M.de A.]
Capítulo 119: Parêntesis
Suporta-se com paciência a cólica do próximo.
Crê em ti; mas nem sempre duvide dos outros.
Não te irrites se te pagarem mal um benefício, antes cair das nuvens que de um terceiro andar.

As virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o deficit.

Curiosidade: O Woody Allen disse que este livro está entre um dos seus preferidos, leia aqui.

PS: Machado de Assis é um dos orgulhos que tenho em ser brasileira! Ah, se esse país estimulasse a leitura e a escrita, talvez teríamos muitos Machados por aí.