Eva conversando com Andreas:
É duro perceber um dia que se foi insignificante. Que ninguém precisa de você, apesar de você querer se entregar a alguém.
Acho que é tudo culpa minha, mas está tudo paralisando. Queria muito complementar tudo. Fiz um mundo de planos.
Então falo para Elis e ele diz:"Não, não faça isso, faça aquilo."
Andreas conversando com Anna:
(Andreas)- Sei quão estranho parece.
(Anna)- Sim, é estranho.
Quero ser caloroso, delicado e vivo. Quero fazer um movimento.
Mas você sabe quão receoso...
É como em um sonho. Quer se mover mas não pode!
Os seus braços e pernas estão pesados como chumbo.Tenta falar e não consegue.
Estou receoso pela humilhação. É uma interminável miséria. Fui aceitando as humilhações e as deixei penetrarem em mim.
(Andreas)- Pode entender?
(Anna)- Sim, eu entendo!
(Andreas) É absurdamente terrível ser um fracasso. As pessoas pensam que têm o direito de lhe dizer o que fazer. O desprezo das boas intenções delas.
Aquele breve desejo de atropelar alguma coisa viva.
(Anna)- Não precisa...
(Andreas)- Estou morrendo. Não, isso é injusto! Melodramático. Não estou morrendo de jeito algum, mas vivo sem o auto respeito.
Eu sei, isso soa ridículo, pretensioso! A maioria das pessoas vive sem um senso de auto-estima. Humilhadas de coração, asfixiadas e maltratadas. Elas estão vivas e isso é tudo o que sabem. Sabem que não têm outra alternativa. Mesmo que tenham jamais estenderão a mão para isso.
Pode-se adoecer de humilhação? Ou ela é a doença que todos temos que pegar?
Falamos muito de liberdade. Não será a liberdade um veneno para qualquer um que é humilhado? Ou essa palavra é uma droga, que o humilhado usa até ser capaz de incorporá-la?
Eu tenho vivido com isso. Eu desisti. Não posso suportá-la mais. Os dias se arrastam. Estou sufocado pela comida, pela merda que expulso, pelas palavras que digo!
A luz do dia que toda manhã me grita para levantar.
O sono que é só de sonhos de perseguição ou a escuridão que farfalha com ruídos de fantasmas e memórias.
Já lhe ocorreu que quanto pior estão as pessoas,menos elas reclamam. No final elas estão totalmente caladas. São criaturas vivas, com nervos, olhos e mãos, grandes exércitos de vítimas do carrasco.
A luz que aumenta e cai pesadamente,o frio que chega, a escuridão, o calor, o cheiro. Estão todos silentes!
Não podemos jamais deixar daqui. Não acredito no movimento. É muito tarde. Muito tarde para tudo!
Como vejo, Elis Vergerus acha hipocrisia se horrorizar com a estupidez humana, que é um desperdício de sentimentos clamar por decência e justiça.
Para ele está decidido que o sofrimento de outras pessoas não o acordará à noite. Ele se vê por completo indiferente aos seus próprios olhos e aos dos demais.
Essas são as condições sob as quais ele vive. Ele não sabe funcionar de outro modo.
"É duro percebeu um dia que se foi insignificante".. Portanto, faça sempre a diferença, amiga!
ResponderExcluirUm beijo! ;*
Bergman, sempre extraordinário! Vc já assistiu outros filmes dele? Obrigado por postar esta fala! Visite o meu blog! Abs. José Luiz
ResponderExcluirEsse filme e belíssimo. Gostei. Parabéns pela postagem...
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