quinta-feira, 5 de maio de 2011

Desafio literário de maio: livro reportagem

Para o Desafio Literário, li o livro-reportagem "Terror e Esperança na Palestina", escrito pelo jornalista José Arbex Junior, Editora Casa Amarela, 96 págs.
O jornalista viajou à Palestina como integrante de uma comitiva organizada pelo Forum Social Mundial.
Nós, ocidentais, temos conhecimento do que acontece somente por um lado da guerra, somos induzidos a acreditar que os americanos e os israelenses estão do lado do 'bem', enquanto os árabes, muçulmanos são o 'mal', os terroristas. Eu, particularmente, tento me informar sobre os dois lados e sei que os 'bonzinhos', não são tão 'bonzinhos' e os 'maus' não são tão 'maus'.
O livro mostra a dificuldade da delegação ao chegar no aeroporto, eles foram interrogados pela polícia israelense, queriam saber o que estavam fazendo ali, eles não poderiam jamais mencionar que estavam indo prestar solidariedade ao povo palestino senão não entrariam no país.
A região de Israel/Palestina sempre foi palco de guerras por ocupação, após o fim da Guerra, acharam por bem a criação de Estado de Israel como uma forma de recompensá-los, mas lá era habitado também por palestinos.Os palestinos foram forçados a sairem de suas casas, cada dia são mais acuados para que mais israelenses ocupassem os territórios. Vivem uma humilhação diária, tem toques de recolher, não podem receber ajuda humanitária estrangeira, a imprensa é impedida de relatar a realidade dos fatos, hospitais são fechados, atiradores de elite ficam posicionados e atiram em qualquer um, atiraram em uma mulher só porque ela estava olhando pela janela da casa dela, são jogados em valas comuns e os parentes nem conseguem localizá-los, não têm direito de ir e vir, são revistados a todo momento e sofrem ameaças e torturas. Cidadãos são divididos por categorias, os documentos tem cores diferentes para dar mais ou menos privilégios, eles atiram até em ambulâncias. O livro relata o massacre de Jenin e vários outros genocídios que acontecem sem que a comunidade internacional tenha conhecimento.
Sobre homem-bomba:
Nada tem a ver com 'fanatismo islâmico' ou 'terrorismo'. Tampouco tem a ver com o desejo de 'conquistar o paraíso' prometido aos guerreiros pelo Corão. Os jovens não se sacificam pelo paraíso futuro, mas contra o inferno presente. [Escritora palestina Edna Yaghi]
Muitos daqueles que aderem aos grupos terroristas enfrentam uma vida de desemprego e pobreza. Quando o desemprego atinge a margem de 40% e cerca de 45% da população tem menos de 15 anos, as pessoas tem dificuldade em acreditar que seu futuro será brilhante. [Carl W. Ford Jr - americano]

Israel é o 4º maior exército do mundo, dono das grandes tecnologias bélicas contra uma população que lutam com paus e pedras, vez ou outra com bombas amarradas ao próprio corpo. O livro deixa claro que nem todos os israelenses são coniventes com esta política desleal, há muitos que organizam ONGs e lutam pelos Direitos Humanos do povo palestino, alguns se recusam a fazer parte do serviço militar que é obrigatório, fazem denúncias de abusos. Recentemente um comboio de navios com ajuda humanitária internacional foi abatido pelo exército israelense antes mesmo de entrar na área considerada de Israel, deixando vários mortos e feridos. Saiba mais desta história aqui.

Para entender o que o povo árabe sofre, não só os palestinos, vou citar um filme que não foi feito por árabes e sim por um israelense, explicam mais ou menos o que eles passam.

Valsa com Bashir é um filme israelense de animação, sobre o ataque de Israel ao Líbano, o filme mostra um soldado que ficou traumatizado com a carnificina.

PS: Aproveitando a deixa, vou fazer um comentário sobre o Bin Laden. Tanto a vida como a morte dele sempre foi uma incógnita, não sabemos a versão dele na história, ele não teve o direito de ir à uma corte internacional e nem a um enterro, eu penso como Antígona, o direito de morrer está acima das leis. Ele tinha um grupo organizado para combater, assim como os americanos e israelenses também têm. Ele é pior que Bush ou Ariel Sharon que mataram bem mais que ele? Não defendo ninguém que comete assassinato, só acho hipocrisia a passoa não ter direito à defesa, mas querem usar Código de Hamurabi, olho-por-olho.
Eu defendo a paz, não posso tomar partido da situação, a questão além de política e religiosa, ainda é econômica, o que tem dinheiro, armas e poder, vai usá-las contra o menos favorecido, isso é em qualquer lugar do mundo, paz e igualdade de direitos é algo que ninguém quer se envolver pq dá trabalho e não espero que isso se resolva nem para os próximos mil anos.

3 comentários:

  1. gostei bastante do tema deste mês, os livros-reportagem nos dão ferramentas pra exercer a leitura crítica da História, como você fez aqui.

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  2. Também acho que essa tema está sendo bem aproveitado pelos participantes no sentido de enxergar para além do que aí está. Excelente resenha!

    Beijocas

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  3. Olá

    Tudo bem. Adorei a sua resenha e gostaria de lhe fazer um convite em nome da equipe do Desafio Literário.

    Gostaria de escrever o texto de encerramento do mês de maio do DL 2011?

    me manda um email (clandestini @ gmail.com) para que eu possa te passar detalhes.

    Beijos

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