Já faz um tempo que eu assisti ao documentário "5 broken cameras", foi no inverno. O filme foi exibido na universidade que estudo e no final da exibiçao houve um debate com a presença de um professor que é expert em Oriente Médio e de um senhor exilado palestino.
Cinéma Politica é o nome dessas sessoes na universidade, com projeçoes de filmes alternativos, de cunho político ou marginal e com debates. Estou evitando aparecer por lá, como sabem tenho uma veia revolucionária, certos assuntos me faz subir o sangue, eu peço a palavra e solto o verbo. Eu vim pra cá pra tentar me acalmar, tem uma expressao daqui, "voir le monde à travers des lunettes roses", que quer dizer "ver o mundo pelos óculos cor de rosa", ou seja, tentar enxergar só o lado bom da vida, é isso que estou tentando, quero fingir que está tudo bem no mundo, mesmo xingando muito no twitter ;) . Enturmar-me com a galera desse cinema nao vai dar certo. Estou evitando até de falar coisas aqui no blog só pra tentar ter paz, ando postando só coisa light, lendo só coisa light.
O filme é dirigido por Emad Burnat e Guy Davidi, mostra a resistência pacífica do povo palestino contra as construçoes desenfreadas de moradias israelenses em seus terrritórios. Emad Burnat filma essas manifestaçoes que sao pacíficas de um lado, mas de outro, a resposta vem de forma extremamente violenta e até mortal, a ponto de ele ter 5 câmeras destruídas pelo exército.
Este documentário concorreu ao Oscar, como se nao bastasse ser proibido de circular em sua própria terra, ao chegar nos EUA, o cineasta e sua família ficaram detidos na imigraçao, duvidaram que eles eram convidados para o evento, o Michael Moore teve que intervir para liberá-los.
Emad, sua esposa e seu filho mais novo no Oscar |
Uma das coisas tocantes para mim, brasileira, é que a esposa do Emad ficou refugiada no Brasil durante a infância e adolescência, entao na casa deles tem bandeiras do Brasil, os meninos usam a camiseta da seleçao, bonés, na época da copa o vilareijo todo torcendo pelo Brasil, em uma das cameras tem um adesivo com a bandeira, nao aguentei.
O pai do Emad sentado no carro do exército tentando impedir que levassem um de seus filhos. |
Depois que vc souber da história deste rapaz, sua vida nunca mais será a mesma |
É triste, sofrido, um assunto delicadíssimo, nem sabemos se um dia terá alguma soluçao que beneficiará o lado mais fraco, mas é aquele choque que a gente precisa para "acordar pra vida" e ficar mais antenado nos problemas do mundo, ou nao, há quem prefira mettre les lunettes roses.
O que o Canadá tem a ver com isso?
Imagine a minha cara de espanto ao escutar:
No debate, o professor falou que as empresas de construçao que estao construindo nos assentamentos palestinos sao de Montréal, ou seja, estao lucrando muito e estao pouco se lixando com a miséria dos outros. Inclusive veio uma comitiva da Palestina para o Canadá pedindo para que essas empresas nao fizessem negócio com os israelenses, mas nao adiantou muita coisa.
O Canadá e mais 9 países nao reconheceram o estado palestino observador na ONU.
Participou da criaçao do estado de Israel.
Abafa o caso!
Quanto aos israelenses, nem todos sao a favor da invasao, tanto que muitos vao para as manifestaçoes junto com os palestinos, alguns até morreram tentando ajudar. O outro diretor e produtor do filme, Guy Davidi, é israelense. Nao podemos culpar o povo pela política autoritária de seu respectivo país, povo é povo. Só podemos lamentar porque quem governa o mundo nao sao esses presidentes que a gente elege, sao as grandes corporaçoes, a indústria bélica, o buraco é bem mais embaixo.
Mais um motivo para perder a fé em deus e na humanidade. Sim, segundo alguns, deus compactua com essa injustiça toda e estao fazendo essas barbaridades em nome dele.
Sem mais.