sábado, 29 de junho de 2013

5 broken cameras, o documentário

Lembra quando eu só falava de filmes neste blog? Pois é, nao assisto mais filmes como antes, apesar de sentir muita falta, ao mudar de vida, tenho que contar com certos inconvenientes, entre eles, nao ter mais a mesma dedicaçao e tempo que eu tinha para certos hobbies.


Já faz um tempo que eu assisti ao documentário "5 broken cameras", foi no inverno. O filme foi exibido na universidade que estudo e no final da exibiçao houve um debate com a presença de um professor que é expert em Oriente Médio e de um senhor exilado palestino.
Cinéma Politica é o nome dessas sessoes na universidade, com projeçoes de filmes alternativos, de cunho político ou marginal e com debates. Estou evitando aparecer por lá, como sabem tenho uma veia revolucionária, certos assuntos me faz subir o sangue, eu peço a palavra e solto o verbo. Eu vim pra cá pra tentar me acalmar, tem uma expressao daqui, "voir le monde à travers des lunettes roses", que quer dizer "ver o mundo pelos óculos cor de rosa", ou seja, tentar enxergar só o lado bom da vida, é isso que estou tentando, quero fingir que está tudo bem no mundo, mesmo xingando muito no twitter ;) . Enturmar-me com a galera desse cinema nao vai dar certo. Estou evitando até de falar coisas aqui no blog só pra tentar ter paz, ando postando só coisa light, lendo só coisa light.
 O filme é dirigido por Emad Burnat e Guy Davidi, mostra a resistência pacífica do povo palestino contra as construçoes desenfreadas de moradias israelenses em seus terrritórios. Emad Burnat filma essas manifestaçoes que sao pacíficas de um lado, mas de outro, a resposta vem de forma extremamente violenta e até mortal, a ponto de ele ter 5 câmeras destruídas pelo exército.
Este documentário concorreu ao Oscar, como se nao bastasse ser proibido de circular em sua própria terra, ao chegar nos EUA, o cineasta e sua família ficaram detidos na imigraçao, duvidaram que eles eram convidados para o evento, o Michael Moore teve que intervir para liberá-los.

Emad, sua esposa e seu filho mais novo no Oscar
Nunca chorei tanto em uma sala de cinema, fiquei mal por semanas. Ver os soldados invadindo as casas das pessoas a qualquer hora, inclusive de madrugada, prendendo crianças é muita injustiça pra minha cabeça. Se eu estivesse escrito este post após o filme, escreveria com muito ódio, evitei nao falar nele até agora.
Uma das coisas tocantes para mim, brasileira, é que a esposa do Emad ficou refugiada no Brasil durante a infância e adolescência, entao na casa deles tem bandeiras do Brasil, os meninos usam a camiseta da seleçao, bonés, na época da copa o vilareijo todo torcendo pelo Brasil, em uma das cameras tem um adesivo com a bandeira, nao aguentei.

O pai do Emad sentado no carro do exército tentando impedir que levassem um de seus filhos.
Depois que vc souber da história deste rapaz, sua vida nunca mais será a mesma
Veja o trailer, está com a legenda em inglês, mas as imagens falam por si só



É triste, sofrido, um assunto delicadíssimo, nem sabemos se um dia terá alguma soluçao que beneficiará o lado mais fraco, mas é aquele choque que a gente precisa para "acordar pra vida" e ficar mais antenado nos problemas do mundo, ou nao, há quem prefira mettre les lunettes roses.

O que o Canadá tem a ver com isso?
Imagine a minha cara de espanto ao escutar:
No debate, o professor falou que as empresas de construçao que estao construindo nos assentamentos palestinos sao de Montréal, ou seja, estao lucrando muito e estao pouco se lixando com a miséria dos outros. Inclusive veio uma comitiva da Palestina para o Canadá pedindo para que essas empresas nao fizessem negócio com os israelenses, mas nao adiantou muita coisa.
O Canadá e mais 9 países nao reconheceram o estado palestino observador na ONU.
Participou da criaçao do estado de Israel.
Abafa o caso!

Quanto aos israelenses, nem todos sao a favor da invasao, tanto que muitos vao para as manifestaçoes junto com os palestinos, alguns até morreram tentando ajudar. O outro diretor e produtor do filme, Guy Davidi, é israelense. Nao podemos culpar o povo pela política autoritária de seu respectivo país, povo é povo. Só podemos lamentar porque quem governa o mundo nao sao esses presidentes que a gente elege, sao as grandes corporaçoes, a indústria bélica, o buraco é bem mais embaixo.

Mais um motivo para perder a fé em deus e na humanidade. Sim, segundo alguns, deus compactua com essa injustiça toda e estao fazendo essas barbaridades em nome dele.
Sem mais.


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