sábado, 15 de fevereiro de 2014

Amizade com brasileiros no exterior

Muita gente me pergunta se eu tenho muitos amigos brasileiros aqui, inclusive o meu pai que fica preocupado caso aconteça alguma coisa e a gente venha precisar de ajuda de alguém. Antes de responder, vou deixar claro uma coisa: Essa é minha experiência pessoal, nao respondo pelos outros.

Tenho alguns conhecidos sim, pessoas que me identifiquei bastante e que falo mais pela internet do que tête-à-tête, porém nao tenho intimidade, visto que tá todo mundo na correria, buscando seu lugar ao sol e ninguém tem tempo pro 5 à 7 (happy hour) para se conhecer melhor. Eles sao suficientes para me dar uma mao caso eu precise, como meu pai pensa? Nao! E por que nao? Talvez porque eu nao queira incomodar quem eu mal conheço, se eu precisar de alguém eu procuro uma ONG que ajuda imigrantes, o consulado, whatever, mas nao gosto de depender de favor. Também porque sou paulistana e temos fama de sermos mais reservados, desconfiados e mais chatos. Dizem que nao existe amor em SP, rsrsrs (olha eu tentando arrumar desculpas esfarrapadas...)
Só porque é brasileiro é amigo? Nao e mil vezes nao. Nao é porque a pessoa é do mesmo país que você vai se identificar e ter que aguentar o sujeito, eu fujo de gente que nao bate com meu santo independente da nacionalidade. Exemplo: uma brasileira que encontrei na faculdade falou que os homens daqui sao todos uns bananas e que ia ensinar o filho dela a dar umas porradas porque o filho dela era macho. Mulher machista incentivando a violência, para ela ser homem é ser um brucutu. Sorry, minha vida já é muito complicada para lidar com gente assim.


Aqui no verao, depois de um rigoroso inverno vestindo toneladas de roupas, as mulheres usam as roupas muito curtas, mais curtas do que as brasileiras que moram no litoral, só que aqui mulher é respeitada e nenhum homem vai mexer, muito menos culpá-la de alguma coisa por causa da roupa. Aí um brasileiro veio com piadinha de slut shame, querendo dar a entender que elas eram todas bitches, saio de perto e evito esse tipo de gente. Cara, tem brasileiro que se acha melhor que os colombianos e os mexicanos e fica cuspindo preconceitos, estamos todos no mesmo barco, comendo sardinha e o outro quer arrotar caviar. Essas historinhas foram as mais lights tá? Imagina as bem cabeludas, aquelas que vc quer enfiar a cabeça na terra, de chegar para os gringos e dizer: Isso é a opiniao dele, viu? Nao é de todos os brasileiros, nao vao achando que todo mundo lá é assim.
Tenho uma colega colombiana que falou a seguinte frase e achei o máximo: "tem colombiano que se acha melhor que eu só porque chegou uma semana antes", concordo com ela, o mesmo acontece com brasileiros. Porque nao é uma questao de nacionalidade é de caráter.
Outra coisa que me deixa pisando em ovos e me faz evitar ainda mais algum tipo de aproximaçao é de observar algumas coisas nos famosos grupos e foruns, eles ajudam muito, tem muita gente solícita, educada, que responde com toda atençao do mundo, aí tem os trolls, aqueles que chegaram uma semana antes e vêm dando patadas pra todo lado, às vezes uma simples pergunta como: "Alguém sabe onde vende polvilho"? Pode virar a 3a Guerra Mundial, já colocam a Dilma Rousseff no meio, a Pauline Marois (a Primeira Ministra daqui), mandam voltar pro Brasil, fazem um terrorismo dos diabos. Eu fico tentando entender o que passa na cabeça dessas pessoas. Eu, por exemplo, se eu sei a resposta, limito a responder apenas o que foi perguntado, se nao sei, fico na minha. Só que tem gente que nao sabe de nada e vai tumultuar e vem os alimentadores de trolls dando corda e o assunto descamba pro outro lado. Eu tenho um Death note que anoto os nomes dessas pessoas (sao sempre as mesmas), porque se eu souber que elas estao na área, eu quero distância.
Véi, tô fora! Nao sou obrigada, sabe. A vida é muito curta pra perder tempo com quem a gente nao se identifica. Como diz o bom e velho ditado: Antes só do que mal acompanhada.
Talvez o Facebook tenha desvirtuado o real significado de amizade, como explica o Zygmunt Bauman


Mas nao pense que eu nao vou ter amigos, pelo contrário, uma hora vou ceder, quando minha vida entrar nos eixos, vou criar alguns laços de amizade com gente da minha terra sim, vale a pena marcar um rendez-vous com um pessoal super bacana que tem por aqui, mas acredito que esses laços sao construídos aos poucos, nao é só aceitando um convite no Face que já te faz BFF (best friend forever). O que eu nao gosto é de "forçar a amizade", ter que se enturmar custe o que custar e depois ter que se livrar dos encostos. E tem o outro lado também, né? A pessoa tem que ir com a minha cara, cria altas expectativas a meu respeito e depois se decepciona, o povo acha que sou descolada, mas sou bem blasée, sem graça mesmo, meio sem jeito.

Tem gente que se enturma fácil, nao só com brasileiros, mas com gente daqui e do mundo inteiro, queria ser assim, nao sou, vou devagar, mas chego lá, nunca fui de ter muitos amigos nem no Brasil, nao é aqui que eu vou virar arroz de festa, néam? Resumindo: nao é a nacionalidade que ajuda na amizade é a afinidade, tem brasileiros que sei que tenho afinidade e isso é um ótimo começo, assim como tem aqueles que nem com meio litro de caipirinha vai me ajudar a encará-los.

E aí povo expatriado, como é essa experiência com vocês? Vocês sao facinhos ou ficam se fazendo de difícil? rsrsrs  Conte-me nos comentários

13 comentários:

  1. Te entendo muito bem! Para ter amigos lá fora, todo cuidado é pouco e acredito que a aproximação natural, com calma é a melhor que pode haver! Nada imposto, mas com tranquilidade aparecerão bons amigos nos quais poderás confiar(sempre até a página 2, claro,rs) Melhor é ser amigo,. mas não ter que pedir favores ou precisar deles! bjs, lindo fds! chica

    ResponderExcluir
  2. Engraçado você dizer isso, pois eu também me identifico bem com essa situação, quando estive em Montréal fiz uma viagem usando o trem da periferia, e ao chegar no meu destino, eis que estava um conhecido brasileiro meu à me esperar, após pouco tempo de conversa ele me indagou se havia pagado pela passagem porque como não existia ficalização sempre, era possível não pagar e usar o serviço assim mesmo.Resultado: quando ouvi isso só tive a certeza do porque querer ficar longe do Brasil e esse 'jeitinho brasileiro', acredito ser incomcebível essa cultura de tirar vantagem em benifício próprio.Penso o mesmo quando ouço brasileiros falando 'ha eles aqui são esquisitos por causa disso e daquilo....' quando na verdade o esquisito aqui é você, o intruso cultural daqui é você, dentre outros.Mas é claro que há execões e ainda bem!

    ResponderExcluir
  3. Eu sou facinha, viu Ana? Rsrs... queria ser mais difícil pra não ficar em casa depois, inconformada, com repetidas indigestões...
    Mas é se abrindo que a gente conhece gente legal também. Às vezes aquela pessoa que a gente não bate tem um amigo bacana, e assim as coisas vão indo.
    Mas concordo com vc que não é porque é brasileiro que a gente tem a obrigação de ser amigo, ou que vai ser mais parecido com a gente só por conta disso. O gostoso é que quando é, gera uma identificação danada...
    Beijoca!

    ResponderExcluir
  4. Olha, eu tenho trauma de brasileiros aqui na Holanda...conheci muitos, fui há muitas festas e jantares mas na hora H (quando você precisa) tomo mundo some!!! Sem falar que é como você bem disse: não é só o fato de ser brasileiro que irá garantir a afinidade...em geral é até o contrário (sou chata mesmo).

    Mas sei lá, eu acho que tive azar mesmo...além de ser muito seletiva. Amigo pra mim não é só aquele com quem eu rio, mas principalmente aquele com quem eu choro. Amizade tipo arroz de festa a gente encontra em toda parte. Tô fora!

    ResponderExcluir
  5. Muito bom suas observações e concordo com todas. Não é porque somos brasileiros que vamos conviver somente com brasileiros e com isso vamos nos identificar somente com as pessoas da nossa nacionalidade. A gente tem que cortar voltas desse povo negativo, que gosta de dar marretada em qualquer pergunta que fazemos, ou seja, evitarmos o que nos coloca pra baixo e irmos pro lado que nos faz sentir mais, mesmo que esse lado seja junto com um "gueto" de outras nacionalidades.
    No final das contas, o que importa é a nossa felicidade e ponto...

    ResponderExcluir
  6. kk, quase 7 anos aqui e nao tenho BFF rsrsrsrss
    concordo com tudo, tb sou paulistana, sera que é culpa da terra da garoa ???

    Ja vi brasileiros muito arrogantes, que frequentavam bancos alimentares mas que arrotavam Iphone, tipica mentalidade ridicula ... isso faz com que me afaste desse tipo de gente ...
    nunca quis faze gueto, acho péssimo para a real integraçao ao pais. Os (POUCOS!) amigos brasucas que tenho, fiz aos poucos, amizades construidas sem segundas ou terceiras intençoes ....

    ResponderExcluir
  7. Olha moro nos States, amo meu povo, mas odiei conhecer o povo brasileiro que vivem por aqui, se acham demaisssss, e pior a maioria tem preconceito dos latinos, resumindo, fujo de brasileiros que adoram competir tudo, carro, casa, quem tem o melhor emprego, tudo que já existia no Brasil , mas elevado ao quadrado kkkk, eu sou da seguinte opinião, antes só do que mal acompanhada, odeio fofoca, inveja e competiçao, prefiro pessoas que me tragam coisa boa e aprendizados, quem quizer competir comigo, perdeu seu tempo :) , minha unica amiga por aqui é uma portuguesa, que cada vez que estou do lado dela me sinto uma pessoa melhor, pessoas que engradecem a nossa vida são poucas!

    ResponderExcluir
  8. Minha melhor amiga está morando na Bélgica, ela teve problemas para conseguir amigos lá, pois não sabia flamenco e holandês e sim um pouco de francês...mas no curso de línguas conheceu algumas pessoas e quanto mais aprendeu a língua passou a conhecer pessoas de outras nacionalidades e hoje ela namora um belga que sabe falar português. ^-^ Isto mostra que nacionalidade não quer dizer nada...mas afinidade sim, não é?
    Estou torcendo para que encontre pessoas legais brasileiras ou não, mas que possam ser teus amigos de verdade. Boa sorte, viu!

    ResponderExcluir
  9. Olá Ana!
    Quando estive na Holanda como au pair não tive amigas brasileiras, elas só queriam beber e sair com um com outro. Resultado fiquei sozinha, elas me achavam careta, pois não tinha ido lá para bagunçar e sim para conhecer a cultura e viajar. As que haviam chegado há pouco tempo não queriam saber das novatas, pq não suportavam as perguntas. E elas andavam em um bando, só brasileiras. Converso até hoje com uma amiga argentina que conheci na primeira semana. Afinidade é a chave. Uma vez quando ia para Berlim, devia ter pego o trem a noite e perdi. Minha host me deixou na estação pela manhã e fui comprar um novo ticket. Ela achou que eu estivesse no trem, daí me viu no guichê e ficou brava, disse que eu deveria estar no trem com o ticket velho pq ninguém olha. Pensei na hora: onde vc aprendeu isso? qdo morou os 2 anos no Brasil? Não querendo rotular, mas o jeitinho é péssimo. Fiz o que era correto e faço o que é certo aqui, algumas vezes tenho deslizes, parece que a cultura conspirar muitas vezes contra. Sinceramente, sou tida como boba por fazer certoe sinto que aqui não é meu lugar e é por isso que quero ir embora.

    ResponderExcluir
  10. Olá, querida
    Já fui expatriada por duas vezes... não foi fácil mas deu pra viver sim porque logo arrumei um casal de amigos brasileiros (marido dela trabalhava na Embaixada) e tivemos bons momentos juntos...
    Sou fácil de me adaptar às comidas e às pessoas...
    Depende muito do lugar que estamos expatriadas...
    Europa e Estados Unidos deve ser tremendo (como vc descreve)...
    Bjm fraterno

    ResponderExcluir
  11. Ana,
    Entendo o que vc quis dizer, não é porque é brasileiro que tem que ficar amigos. Acho que vc tem toda razão quando quer amigos verdadeiros seja qual for a nacionalidade. E é assim mesmo, para se construir um laço de amizade leva tempo. Eu sou assim também, muito reservada e até mesmo descrente com as pessoas. Vá com calma e seja feliz.
    Beijos
    Adriana

    ResponderExcluir
  12. Ana .
    Ééé, Aninha...que bom que podemos confiar em Deus, não é mesmo?
    Ele é fiel e jamais falhará!!!
    Bjuuu!

    ResponderExcluir
  13. Oi Ana, paises diferentes,mas os mesmo problemas. Penso como vc,obviamente, em partes, nao é porque somos do mesmo país que seremos amigos, ate porque, mt dificilmente, seriamos amigos se estivessemos ainda la, certo?
    A outra parte da historia, é que eu cheguei aqui, evitando todo e qq tipo de contato com brasileiro, fugia mesmo, tinha ojeriza,porque tive 3 decepcoes com alguns conterraneos,eles sao geralmente,mt abusados e arrogantes, enfim, mas um dia encontrei um grupo de brasileiras fantastico, e outro que canto juntamente num coral.O último grupo encontro uma vez por semana e o outro,um pouco com menos frequencia, mas ambos eu amo mt e sou amiga de todos.Tenho alguns amigos alemaes, mas sao poucos mesmo, e os vejo mt raramente. Mas é um fato, pelo menos pra mim,que com as pessoas de nossa terra, ficamos mt mais a vontade, as conversas rolam mt mais naturalmente e nos sentimos mais em casa... Acho que devemos ter bom senso sabe? nao ser como eu era no inicio é um bom comeco,afinal nao podemos generalizar com todos, certo?

    mas o tipo de gente que tu mencionas, de fato, desses eu manteria a maior distancia.

    ResponderExcluir