Terminei a leitura de mais um livro de José Saramago, "Ensaio sobre a lucidez", é continuação de "Ensaio sobre a cegueira".
A trama começa em uma assembleia eleitoral, chovia torrencialmente a ponto de duvidarem que alguém fosse votar e postergaram o dia da eleição. Após a apuração dos votos, a grande surpresa, o p.d.e e o p.d.d ( partido de direita e partido de esquerda) tiveram cada um 8% dos votos e no geral, 83% de votos brancos. Por causa desta atitude de 'desobediência' civil, é decretado estado de sítio, pois o governo acredita na Teoria da conspiração anarquista, o inimigo está infiltrado no meio do povo, mas ninguém sabe quem é. O governo isola a cidade e retira de lá todo poderio político e militar e passa a investigar à paisana, tentando a qualquer custo encontrar um culpado pela situação, censura os meios de comunicação, prende pessoas suspeitas, mais ou menos como descrito em 1984, de George Orwell, só que na versão saramagueana.
Já que estamos na época de eleições, tanto no Brasil, como aqui no Canadá e o povo está saturado com promessas, o mundo no geral está insatisfeito, os EUA, Japão e europa em crise, o povo está manifestando nas ruas de forma nunca antes vista, mesmo não sendo veiculada nas mídias de longo alcance. Fico pensando o que aconteceria se de repente as pessoas tivessem essa lucidez dos que votaram em branco (os 'brancosos' como são referidos no livro) que impediram o governo de continuar no poder, apesar das consequências. Aqui o voto não é obrigatório, mas acho absurdo um país como o Brasil que sai de uma ditadura que impedia o direito de voto para entrar em uma ditadura de voto obrigatório.
Em todo caso, recomendo a leitura antes das eleições, mire-se no exemplo dos brancosos. Foi o último livro que comprei no Brasil, faz parte da coleção Folha Literatura Ibero-americana, 368 págs, provavelmente ainda tenha nas bancas.
Vamos aos fragmentos:
A trama começa em uma assembleia eleitoral, chovia torrencialmente a ponto de duvidarem que alguém fosse votar e postergaram o dia da eleição. Após a apuração dos votos, a grande surpresa, o p.d.e e o p.d.d ( partido de direita e partido de esquerda) tiveram cada um 8% dos votos e no geral, 83% de votos brancos. Por causa desta atitude de 'desobediência' civil, é decretado estado de sítio, pois o governo acredita na Teoria da conspiração anarquista, o inimigo está infiltrado no meio do povo, mas ninguém sabe quem é. O governo isola a cidade e retira de lá todo poderio político e militar e passa a investigar à paisana, tentando a qualquer custo encontrar um culpado pela situação, censura os meios de comunicação, prende pessoas suspeitas, mais ou menos como descrito em 1984, de George Orwell, só que na versão saramagueana.
Já que estamos na época de eleições, tanto no Brasil, como aqui no Canadá e o povo está saturado com promessas, o mundo no geral está insatisfeito, os EUA, Japão e europa em crise, o povo está manifestando nas ruas de forma nunca antes vista, mesmo não sendo veiculada nas mídias de longo alcance. Fico pensando o que aconteceria se de repente as pessoas tivessem essa lucidez dos que votaram em branco (os 'brancosos' como são referidos no livro) que impediram o governo de continuar no poder, apesar das consequências. Aqui o voto não é obrigatório, mas acho absurdo um país como o Brasil que sai de uma ditadura que impedia o direito de voto para entrar em uma ditadura de voto obrigatório.
Em todo caso, recomendo a leitura antes das eleições, mire-se no exemplo dos brancosos. Foi o último livro que comprei no Brasil, faz parte da coleção Folha Literatura Ibero-americana, 368 págs, provavelmente ainda tenha nas bancas.
Vamos aos fragmentos:
Os humanos são universalmente conhecidos como os únicos animais capazes de mentir, sendo certo que se às vezes o fazem por medo, e às vezes por interesse, também às vezes o fazem porque perceberam a tempo que essa era a única maneira ao seu alcance de defenderem a verdade.
Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a quem tem saúde.
as intenções das pessoas que haviam votado em branco, não eram deitar abaixo o sistema e tomar o poder, que aliás não saberiam o que fazer com ele, que se haviam votado como votaram era porque estavam desiludidos e não encontravam outra maneira de que se percebesse de uma vez até onde a desilusão chegava, que poderiam ter feito uma revolução, mas com certeza iria morrer muita gente, e isso não queriam, que durante toda a vida, pacientemente, tinham ido levar os seus votos às urnas e os resultados estavam à vista.
É regra invariável do poder que, às cabeças, o melhor será cortá-las antes que comecem a pensar, depois será demasiado tarde.
O incompreensível pode ser desprezado, mas nunca o será se houver maneira de o usarem como pretexto
Gostei bastante desse livro. Ele nos diz coisas que sabemos mas que ainda não raciocinamos nas consequências da omissão. Na época que li, assisti a vários vídeos no youtube de palestras do Saramago tendo como tema a democracia.
ResponderExcluirNo Brasil ainda não é possível o voto facultativo. As pessoas não estão amadurecidas para tal. A omissão acaba colocando no poder pessoas erradas. Até parece que votando não estamos fazendo o mesmo, mas pelo menos, escolhemos. Quando omitimos, aqule que tem melhor poder de campanha ganha entre os ignorantes.
Estou com o livro "As Intermitências da Morte" na fila...
Obrigada por indicar o meu texto no blogue da Ana Karla!
Beijus,
Saramago é muito bom! Não li este livro, mas li "Ensaio sobre a cegueira" e vi o filme. Lembro que fiquei muito pensativa com o livro e acredito que Saramago nos levo muito à isso... O raciocínio. Parabéns pelo post!
ResponderExcluirAh, eu admiro muito José Saramago, nunca li nenhum livro dele mas já vi várias entrevistas e depoimentos e acho muito interessante a visão que ele tinha da política. Não conhecia esse livro ainda, mas pareceu ser bem interessante..
ResponderExcluirBeijo!