quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Dinheiro: Questao de prioridades

A Carmen Guerreiro do blog AnsiaMente fez um ótimo texto chamado "A arrogância segundo os medíocres". Ela menciona as prioridades que para ela sao mais importantes do que o consumo desenfreado de coisas supérfluas. Ela conhece 13 países, é fluente em alguns idiomas, tem um vasto conhecimento cultural, gastronômico, turístico, etc. Mas nem gosta de compartilhar isso com as pessoas porque é tachada de esnobe. Tem uma parte do texto que ela explica bem como se pode priorizar os gastos:

"Pagar R$200 em uma aula de francês não pode. Mas pagar mais em uma academia, sem problemas. Se eu como aspargos e queijo brie, sou “chique”. Mas se gasto os mesmos R$ 20 (que compra os dois ingredientes citados) em um lanche do Mc Donald’s, aí tudo bem. Se desembolso R$100 em uma roupa ou acessório que gosto muito, sou uma riquinha consumista. Mas gastar R$100 no salão de cabeleireiro do bairro pra ter alguém refazendo sua chapinha é considerado normal. Gastar de R$30 a R$50 em vinho (seco, ainda por cima) é um absurdo. Mas R$80 em um abadá, ou em cerveja ruim na balada, ou em uma festa open bar… Tranquilo!"


Eu nunca fui rica, nunca tive casa própria e nem carro, morava de aluguel em um predinho antigo, sem garagem, sem elevador, sem porteiro e sem ajuda de empregada (o valor do aluguel é menor qdo o prédio nao tem serviços), o ponto de ônibus era em frente ao prédio e a estaçao de metrô ficava a duas quadras, portanto me garantia com o transporte público e economizava com os gastos de um carro: gasolina, IPVA, seguro e manutençao. Sempre estudei em escola e faculdade públicas, portanto nunca gastei dinheiro com educaçao. Roupas, a maioria eu ganho ou compro em brechó, em feiras hippies ou em lojas de departamentos em dia de Black friday, bem baratas.
Fiz um curso de manicure e faço minhas próprias unhas, sai mais barato que ir ao salao todo fim de semana. Cabelos, aceito meus cachos, nao faço chapinha, nem escova, eu mesma corto e passo tinta de farmácia, ou seja, nao gasto dinheiro no salao também.
Celular e eletrônicos, só troquei o meu nokia tijolao porque era analógico e a Vivo me deu outro simples digital porque os analógicos foram extintos, depois ganhei um Smartphone Samsung, a primeira geraçao de Android e uso ele até hoje, nao tenho necessidade de ficar trocando, vou ficar com ele até kaput. É essa minha atitude que faz o meu dinheiro render e gastar com coisas que realmente me dao prazer.
Às vezes parecia que eu era mais "rica" que a minha chefe, eu viajava mais que todo mundo, gosto de carimbo no passaporte, sei 3 idiomas e me arrisco em mais dois, nao sou fluente como a Carmen, mas é o suficiente para sobreviver, quando falo as pessoas me entende.

Sou super antenada nos lançamentos do cinema, ia bastante ao teatro, comprava muitos livros, mas isso tem a ver com o que eu escolhi para mim. Enquanto meus amigos iam pra balada cara todo fim de semana, eu ia ao teatro às sextas e ao cinema às quartas que o ingresso é mais barato. Enquanto eu viajava de mochilao pela América Latina, dormindo em albergues, eles para ir ao Rio de Janeiro tinham que ficar em hotel caro, enquanto eles trocam de iPhone a cada 6 meses, eu pagava meus cursos de idiomas.
O dinheiro que eu poderia guardar para comprar um apartamento, eu investi na imigraçao para o Canadá, assim meu filho pode fazer uma faculdade aqui, aprender os idiomas locais e ainda viver em um país mais justo, com qualidade de vida e com mais oportunidades. Se eu quisesse ostentar gastando com supérfluos, com certeza eu nao teria acesso à cultura, ao turismo e à vida que tenho hoje. 
Claro que quando se é rico e a grana nao é problema, pode se dar o luxo de gastar com supérfluos e com cultura, viagens, etc. Mas no meu caso, eu só poderia optar por um ou por outro.
O que me dava raiva era as pessoas dizerem na minha cara que nao tinham dinheiro para irem ao cinema ou comprarem um livro, achavam caro, isso porque elas ganhavam mais do que eu, a verdade é que a prioridade delas era outra, simplesmente  arrumavam desculpas. 
Quando alguém fala que nao tem dinheiro para viajar, ai que preguiça! Aqui em casa somos em três, gasto triplo em tudo. Aprendi a viajar de mochilao, sempre fora de temporada, ficamos em albergues, verificando a alta e a baixa do dólar, as promoçoes de passagens aéreas, o parcelamento e por aí vai. Resumindo: planeja a sua vida, veja o que é essencial, o que é prioridade e tire proveito disso. Eu gosto da minha vida, é sem luxo, mas é divertida, cheia de histórias para contar, enquanto os outros estao presos em seu mundinho fantástico, morrendo de medo de serem assaltados e de perderem os seus bens. Eu nao tenho nada a perder.
Já falei aqui na tentativa de assalto, o ladrao queria meu celular que estava com o meu filho, quando ele viu o nokia velhinho ele falou: nossa, vc tá pior do que eu! ahahahaha. Até ladrao tem dó da gente.
Nem sempre quem é muito viajado ou é poliglota é rico ou esnobe, só decidiu investir o dinheiro dele em algo diferente da maioria.
Cada um gasta seu dinheiro como quiser obviamente, mas façam bom uso, depois que envelhece, perde o vigor para subir a trilha de Machu Picchu.

7 comentários:

  1. Adorei!
    O ser humano e sua falta de habilidade, surpreendentemente ainda desconhecida, para julgar.
    As escolhas são direito adquirido do dono da vida. Ponto.
    Ser feliz é o objetivo, e que cada um chegue lá ao seu jeito.
    Parabenizo-as pelo texto.
    Um dia abençoado

    http://feitocomcarinhodemae.blogspot.com

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  2. Muito interessante mesmo. Pode-se ver que a ostentação ou o gasto com superfluos não é somente coisa de 3° mundo, mas com certeza isso por aqui se acentua. Nossa própria família por vezes nos critica por não viajarmos e nem sairmos a noite nos finais de semana, ao invés de estudar e juntar dinheiro para a imigração ou para quitar o nosso restinho de dívidas. A prioridade das gerações modernas é realmente de cabeça para baixo.

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  3. Oi, Ana!
    Gostei muito do texto. É por aí mesmo: as pessoas gastam em ostentação, coisas desnecessárias, e ainda ficam com inveja do que vc faz ou tem... Lamentável, quero distância desse tipo de gente.
    um grande abraço,
    Lu

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  4. viajar é preciso!
    cada um sabe de si, para mim nenhuma roupa de marca ou outro superfluo qualquer paga um pôr do sol num local incrivel, um banho de historia numa visita a um museu ou as incriveis viagens proporcionadas pela leitura de bons livros, que ficam mais legais quando lidos na versao original!

    Concordo com a Carmen e contigo, acho que a vida é feita de momentos, de experiências, de estradas e céus diferentes, de ouvir diferentes sotaques e diferentes linguas. A vida é para ser vivida :-)


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  5. Fabuloso! Me estimulou ainda mais a ser desapegada, ou melhor, a ser apegada as minhas coisas culturais!

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  6. Ana, o seu texto me lembrou muitos colegas que gostam de gastar e ostentar grifes por aí. Mas cada um define suas prioridades, não é? Eu como sempre tive que batalhar pelas coisas, tenho minhas prioridades bem diferente da maioria.
    Gostei muito o seu texto.
    Bjo.

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  7. Amei! Me lembrou um post que escrevi em um outro blog que eu tinha, sobre viagens. Falando nisso, quando você vai vir fazer uma visitinha em Montréal, hein, hein?

    Beijos,
    Lidia.

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