sábado, 13 de fevereiro de 2016

Mulheres na direçao: Sarah Gavron (Inglaterra)


Fiquem de olho nesta mulher porque ela é sensacional. Assisti seus dois filmes: "Um lugar chamado Brick Lane" e "As sufragistas". Os temas recorrentes em sua filmografia sao a condiçao feminina e o feminismo.

As sufragistas (2015) - Drama

O filme é baseado em fatos reais, a personagem principal é Maude (Carey Mulligan) que perdeu a mae muito jovem e desde criança trabalhava em uma lavanderia, era casada com um homem inutil e tinha um filho. No começo ela nao entendia o que as sufragistas estavam fazendo ao reinvidicarem o direito ao voto feminino na Inglaterra, mas depois de ver tanta injustiça ao redor, as mulheres que trabalhavam com ela sendo humilhadas, sofrendo assédio sexual e mal-remuneradas, ela decide participar do movimento. Para participar, tinha que pagar o preço de apanhar da policia, perder o apoio do marido, ser presa, manifestar nas ruas, explodir coisas, ou seja, abrir mao de tudo em nome de uma causa maior.
É um filme dolorido, fazia tempo que eu nao chorava tanto, desaguei apenas. Talvez juntou com tudo que estou lendo sobre a historia das mulheres, com coisas que ja vivi, com tantas injustiças e violência que a gente vê ainda hoje e esta longe de acabar, tudo isso me deixou mal por dias.
As atrizes estao otimas e sem maquiagem. Recomendadissimo!
Infelizmente este filme foi mal distribuido nos cinemas, em Québec o horario que fui era segunda-feira, às 13h, privilégio para aposentados e desempregados. E todos os outros horarios eram parecidos com este, durante os dias de semana, em horario comercial.



Brick Lane (2007) - Drama

Nazneem e Hazina sao duas irmas de Bangladesh que apos o suicidio da mae, suas vidas passam a ser controladas por homens. Nazneem casa-se (casamento arranjado) aos 18 anos com um homem mais velho que mora em Londres onde ela também vai morar, especificamente na rua Brick Lane e acaba deixando sua irma para tras. Ela passa a ter uma vida de mae e dona de casa, vive isolada do mundo, sai apenas para fazer compras. Sua unica motivaçao é trocar cartas com sua irma e sonha em voltar para Bangladesh. Um dia seu marido perde o emprego e ela decide a costurar roupas para cooperar financeiramente em casa. Apenas pelo fato de que ela poderia ganhar dinheiro por si mesma, ela também poderia ser dona de seu proprio destino, sem intervençao masculina. Tem o livro homônimo, escrito pela Monica Ali, que pretendo ler, pois ando interessadissima em historias de ficçao e nao-ficçao sobre imigraçao.


Os meninos do canal "Londres na Lata" fizeram um otimo video sobre a rua Brick Lane e fiquei pensando no contraste com o filme. Como um lugar pode ser tao bacana para uns e tao dificil para outros? Eles falam meio por cima sobre aquelas fabricas de tecidos, mas a personagem Nazneem que costurava para essas fabricas e vivia escondida dentro de casa sem participar de toda essa efervescência cultural, historica e gastronômica da rua, sera que ela falaria com a mesma motivaçao? Tudo depende de varios pontos de vista, nao é? Pessoas podem estar no mesmo lugar, com sentimentos diferentes. Seneca explica em uma das cartas que escrevia para Lucilio que o problema nao é lugar, é o estado de espirito em que a pessoa se encontra, vc pode estar no pais mais lindo do mundo e sentir invisivel e derrotado ou pode estar em um lugar perigoso, porém feliz e realizado e vice-versa: 

"Deves mudar a alma e não o lugar" 
"Tu corres de um lado para o outro para livrar-te do peso que te aflige. Essa própria agitação torna-o pior. 
"No entanto, quando tiveres te livrado do mal, qualquer viagem será agradável. Poderás ser exilado para os confins da terra, e em qualquer canto perdido dos países bárbaros aonde terão te levado haverá sempre para ti um lugar acolhedor"



Veja também:
Mulheres na direçao: Lucía Puenzo (Argentina)

Minha lista "Mulheres na direçao" no Filmow.

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