sexta-feira, 11 de maio de 2012

Dia das mães: Como meu filho me vê

No meu aniversário em dezembro, meu filho me deixou a seguinte mensagem no facebook:

Eu fiquei confusa, será que tenho múltiplas personalidades? Como uma pessoa pode ser gótica e hippie ao mesmo tempo?
Será que ele me vê como gótica porque a maioria das minhas roupas são pretas ou por causa dos piercings e tattoos? Ou como hippie porque sou espiritualista, gosto de yoga, meditação, paz, amor, de ser mochileira, de literatura beatnik e cabelos desarrumados?
Na verdade, eu nunca busquei fazer parte de tribo nenhuma, nunca tive tempo de definir um estilo para mim, sempre fui a mãe exótica na reunião da escola. Sim, porque as outras mães parecem que saíram de uma linha de produção, todas iguais.
Lorelai - Gilmore Girls
Eu tenho um jeito meio Lorelai de ser, ou seja, uma mãe não convencional que por ter optado pela maternidade, não deixou para trás os seus sonhos e de um jeito maluco dá conta do recado. Eu fui mãe muito cedo, mas tudo que eu quis fazer, fiz, meu filho sempre esteve junto e nunca foi um impecilho, às vezes não tinha com quem deixá-lo, então levava-o comigo para faculdade, para o curso de francês, para o trabalho, para pubs, baladinhas, shows, mostras de cinema e de teatro. Ele sabe o duro que dou, conhece minha rotina, meu esforço, muitos filhos nem sabem como é a rotina dos pais, mal sabem o que eles fazem, mas o meu sempre me acompanhou e se comportou muito bem. Eu não perco uma comemoração de aniversário dos amigos na baladinha porque sou mãe, a sociedade quer com que eu me sinta culpada ou constrangida e tenta colocar barreiras. Não é fácil lutar contra tudo isso, para meu filho ir às aulas comigo eu tinha que pedir autorização, ouvir um monte de baboseira e engolir a seco, para entrar na balada também, já fui barrada pela Polícia Federal no aeroporto porque não acreditaram que eu era mãe dele e queria a autorização dos pais. Agora entenderam a parte que ele me acha doida? Para ser mãe, deixei todo meu egoísmo de lado, por ele eu me rebaixo ou viro leoa, tem coisas que meu orgulho não me permitiria fazer, mas faço por ele. Eu deixo-o faltar 20 dias na escola para viajarmos juntos porque sei que ele aprende mais visitando um outro país, conhecendo novas culturas do que dentro de uma sala quadrada com gente quadrada, ele me acompanha nos eventos sociais e culturais porque eu não quero que ele seja um homem só com títulos e diplomas, mas que seja uma pessoa sociável, agradável e culto. Não imponho a ele regras rígidas, muitos costumam me repreender porque eu pareço mais irmã do que mãe. Brincamos muito, rimos muito, é tudo tão light, as casas dos colegas dele parecem um lugar tenso, cheio de gente calada e séria, uma frieza, uma etiqueta desnecessária, os moleques da idade dele não sabem nem conversar direito.
mandando dormir via chat
Ele já é comunicativo, faz teatro, conversa com adultos numa boa, é carinhoso, atencioso. Quer saber? Mil vezes o meu jeito doido de ser, por enquanto está dando certo. Se um dia ele quiser se rebelar, vai ser escolha dele, mas enquanto ele está debaixo de minhas asas, tudo o que tiver ao meu alcance, farei. Mudo de país,  arrumo encrenca, faço a louca, rodo a baiana, se eu aguento ficar em um trabalho chato é porque sei que terei provisão para nós. Pode ser que um dia ele nem reconheça, também não espero recompensa, mas faço o meu melhor, passo por cima de todos os obstáculos realizada porque ele é a pessoinha que saiu de mim e eu tenho muito orgulho dele, uma das poucas coisas na vida que fiz e que deu certo.
Acho linda a deputada italiana, Licia Ronzulli que sempre leva a filhinha para o plenário. Que ela sirva de exemplo para todas as mães que se sentem sem jeito para trabalhar/ estudar, não desistam! Vamos conquistar nosso espaço e lutar para que nossos filhos estejam junto. Porque ser mãe-estudante-profissional não é crime.
PS: Como este post foi programado, depois de escrevê-lo, saiu no Jornal do Campus uma matéria sobre as mães que passaram na USP, mas não conseguem estudar e ter moradia, leiam lá.




5 comentários:

  1. Legal seu post, mais uma personalidade, o de Mãe PATA, sou do mesmo jeito.
    Bjs
    Christiane

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  2. esse post está demais Ana!! Sou fã da sua história de mãe cedo, em muitas coisas me espelho e me inspiro em seus exemplos, pra não desistir e pra me sentir livre pra ser a mãe que sou e não como acham que tem q ser!! ;) feliz dia das mães e vc merece esse filho lindo e manero que vc tem!! adorei a combinação que resulta em vc!! hahaha e achei o máximo a deputada italiana!!! demais!!

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  3. Ontem foi dia das mães, hoje também é dia das mães. Dia de mães como você, que se diz louca. Deve ser louca de amor! tamanha declaração feita neste post. Muito lindo, Ana, o fato de você declarar-se assim, nesse amor infinito.
    Assisti Gilmore girls, e via Lorelai e sua filha Róri (não sei se é assim que se escreve). Me identificava também.
    Amores de mãe

    tenha uma ótima semana
    bjo
    Zizi

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  4. Amei esse post. Muito orgulho de vc! =)

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  5. Ana! Esse texto apareceu pra mim como uma lembrança no facebook, que demais reler... vc sempre foi uma precursora e uma inspiração pra mim!! mulheres como vc são muito importantes pra mai e mais mulheres e mães façam o que realmente querem e se libertem desses padrões opressores.
    Hoje to de volta a faculdade, sou militante na política, trabalho e o Caio ainda é um parceirão, sempre me incentivando a estudar (ele acha que sempre vou tirar 10! rs) e fazendo vários passeios e viagens comigo.
    Espero que esteja tudo bem aí nas suas aventuras! Saudades!!

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