sexta-feira, 19 de agosto de 2011

exploração do homem pelo homem: trabalho escravo

Na quarta-feira, eu levei um susto quando abri o twitter, estava todo mundo revoltado com "denúncias" e "flagrantes" do trabalho escravo de confecções que fornecem para marca Zara. Sabe o que mais me assustou? A alienação das pessoas que não sabiam disso, quem mora em São Paulo, anda pelo Bom Retiro, José Paulino sabe muito bem que os bolivianos estão aqui para trabalhar nestas confecções, como muitos estão ilegalmente, acabam não denunciando os maus-tratos. A Revista Marie Claire publicou uma matéria ano passado, intitulada: Escravas da moda. Na época até mandei um comentário para revista que achei interessante a denúncia, mas a prestação do serviço seria melhor se informassem o nome das lojas que contratam o serviço destas confecções, mas claro que a revista não iria denunciar porque grande parte destas lojas patrocinam a revista.
Essas pessoas que ficaram horrorizadas em descobrir este fato, nunca pararam para pensar o por quê a China está crescendo tanto? É claro que é às custas de exploração, escravidão, mantendo funcionários em cárcere privado. Os países dos Tigres Asiáticos, Índia e América Latina, no geral, fazem o trabalho sujo e pesado das grandes marcas, não só de roupas, como de eletrônicos, tênis, carros, etc.Em muitos destes países, manifestações, greves são proibidas. Não tem direitos trabalhistas assegurados, trabalham até 20h, todos os dias da semana, moram em alojamentos na própria empresa, são impedidos de sair.

Tem o documentário "China Blue", de 2005 que mostra as condições de trabalho, de meninas menores de idade que saem do interior da China para trabalhar em confecções na cidade grande.

As meninas colocam prendedores de roupa nos olhos para não dormirem.


Mas tem hora que elas não aguentam e acabam dormindo na pilhas de calças jeans.

A vida dos bolivianos no Brasil não é diferente da dos chineses, tanto que as confecções brasileiras, muitas delas são gerenciadas por chineses.

No filme Biutiful, do diretor mexicano Iñarritu, também mostra esta exploração na Espanha, os chineses fabricando bolsas falsificadas para os africanos venderem nas ruas.

Na fábrica do iPad, em menos de um ano, 13 funcionários cometeram suicídio, leia mais aqui.


Aí fizeram uma campanha anti-suicídio, deram uma camiseta "I ♥ Foxconn" e tiveram a pachorra de dizer que os funcionários estavam felizes, olha bem para foto e responda: Eles estão felizes ou estão esgotados ao limite?

Antes de se orgulhar da sua roupa de marca, dos seus eletrônicos, orgulhar da sua prepotência e arrogância, em querer dizer que pode ter acesso a esses bens. Reflita: Antes de você possuir, custou trabalho destes jovens que o único fim que podem ter é o suicídio, o esgotamento físico e mental. É claro que não dá para saber a procedência de tudo, mas tente ao máximo consumir consciente.

Para terminar, vou colocar uma frase do texto do Brecht que já postei aqui. Fala sobre a conquista do homem, da descoberta da ciência, de tecnologia, mas nem por isso o pão ficou mais barato, enquanto uns voam, outros ainda rastejam.

O líder do coro - Muitos de nós meditaram sobre o movimento da Terra ao redor do Sol, sobre o mais íntimo do homem, as leis gerais, a composição do ar e sobre os peixes abissais. E descobriram grandes coisas.
Coro retruca - Nem por isso o pão ficou mais barato. Pelo contrário, a miséria aumentou em nossas cidades, e já há muito tempo ninguém sabe o que é um homem. Por exemplo: Enquanto vocês voavam, rastejava pelo chão algo semelhante a vocês, não como um homem!
O lider do coro dirigindo-se à multidão - Então o homem não ajuda o homem?
A multidão responde - Não!


Um comentário:

  1. O capitalismo cria portas, mas não da a chave a todos, para os que não tem chaves resta a exploração, a miseria e a fome de tudo, não só de comida...

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