Bukowski teve uma infância muito difícil, o pai era violento e ele apanhava quase todos os dias. Durante a adolescência, teve espinhas inflamadas no corpo inteiro que o isolava das pessoas, sua primeira relação sexual foi aos 24 anos com uma gorda, entrou na faculdade de Jornalismo, mas não terminou, teve uma vida de vícios em cigarros e bebidas, escrevia contos, poemas, mas levou muitos 'nãos', publicava em algumas revistas underground e trabalhou por muitos anos nos correios. Teve muitas mulheres, mas senti que ele teve um carinho muito especial pela Cupcake. Era a mulher que ele se emocionava ao falar, escreveu poemas, sentia falta, etc. Ele era uma pessoa difícil de se conviver, a última mulher dele merece ir para o céu, literalmente!
John Dullagan passou 7 anos pesquisando e filmando depoimentos de amigos, parentes, fãs e o próprio Bukowski. Bono Vox (U2), Sean Penn,Tom Waits, Harry Dean Stanton, Barbet Schroeder,Taylor Hackford e muitos outros.
"Nascido assim, nisso. Como o giz de faces sorridentes, como a sra. Morte às gargalhadas, como as paisagens politicas dissolvidas, como o peixe oleoso cuspido fora de sua oleosa vítima.
Nos nascemos assim, nisso. Nos hospitais que são tão caros que são baratos para morrer, como advogados que cobram muito, é mais barato pleitear a culpa. Num país onde as cadeias estão cheias e os hospícios estão fechados, num lugar onde as massas elevam idiotas em herois ricos. Nascido nisso, andando e vivendo dentro disso, morrendo por causa disso, castrado, corrompido, deserdado por causa disso. Os dedos se estenderam para um deus irresponsável, os dedos alcançaram a garrafa, a pilula, o poder. Nós nascemos nessa triste linha de morte. Lá estará aberto e impunível assassinato nas ruas, serão armas e multidões passageiras, a terra será inútil, a comida terá um retorno mínimo, o poder nuclear será tomado por muitos, as explosões continuarão balançando o mundo, homens radioativos comerão a carne dos homens radioativos, os corpos apodrecidos do homem e dos animais vão feder no vento da escuridão, e lá estará um bonito silêncio nunca ouvido. Nascido fora disso, o sol escondido estará a esperado do próximo capítulo".
"Eu tenho idéias para romances, Pilar tem idéias para vida. Não sei o que é mais importante" . |
José e Pilar. Direção: Miguel Gonçalves Mendes
Uma das coisas mais lindas e emocionantes que tive o privilégio de assistir este ano. Este documentário mostra a vida do casal, o escritor português José Saramago e sua esposa, a jornalista espanhola Pilar del Río. Ele a amava tanto e era totalmente dependente dela que não tem como não se emocionar.
O Saramago dispensa apresentações, mas adorei o jeito forte que Pilar encara a vida. Uma mulher de pulso firme que controlava a agenda dele, participava de palestras, defendia a Espanha, feminista (adorei quando ela começou a defender a Hillary Clinton). Tiveram um relacionamento de 24 anos, separam-se apenas após a morte dele em junho de 2010, aos 84 anos. Quando ele esteve doente, tinha pesadelos em que chamava a Pilar e ela não vinha, ele ficava desesperado. Ele não fazia nada sem chamá-la e ela sempre ia e resolvia, nunca sabia o que dizer ou o que fazer se ela não o apoiasse. Own! Quem não quer amor assim? :)
Parabéns, Pilar! Você conseguiu ser idolatrada por um cara phoda. Eu, em 100 reencarnações não conseguirei tal feito. |
Tudo chegou tarde na vida de Saramago, tornou-se escritor aos 60 anos e depois encontrou o amor de sua vida e dedicou seus livros à ela, check it out:
“As Intermitências da Morte” - À Pilar, minha casa
“As Pequenas Memórias” - À Pilar, que ainda não havia nascido e tanto tardou a chegar (ai, que lindo!)
“Ensaio sobre a Lucidez” - À Pilar, os dias todos
“Don Giovani” - À Pilar, meu pilar
"O Homem Duplicado” - À Pilar, até o último instante
Todos os outros foram dedicados apenas: À Pilar
Cruzamento da Rua José Saramago com a Rua Pilar del Río, Azinhaga - Portugal |
É isso, minha gente! Fica a dica para quem gosta de filmes e literatura, não deixem de ver.
Já falei de Saramago quando li "Caim".
Amei o post, já vou procurar os dois documentários para assistir. Eu amo o Saramago. E não sabia desse amor dele, sabia que ele era casado mas não como era.
ResponderExcluirBeijos
Adriana