Para o Desafio literário deste mês, o tema é ler um livro que tenha uma cor ou cores no título. Escolhi Noites brancas, de Dostoievski, 104 págs. O livro dá pra ler em uma sentada, com diz a Juliana Gervason. Uma sugestao para quem quer começar ler literatura russa, mas nao quer começar com os calhamaços Guerra e Paz, do Tolstoi ou mesmo Crime e Castigo, inicie a leitura com Noites Brancas ou Gente Pobre e depois vai passando para os que têm mais páginas e assuntos mais profundos ou complexos.
Noites Brancas refere-se às noites em Sao Petersburgo, na Rússia, durante o início do verão em que não escurece muito, entre 11 de junho a 2 de julho o sol se poe às 21h e nasce à 1h da manhã. Achei um vídeo de turismo que mostra como sao essas noites.
Vou colocar na minha wishlist de turismo: Ir para Sao Petersburgo no verao.
O narrador é um jovem de 26 anos, tímido, introvertido, excêntrico, solitário, pessimista e antissocial, mas é sonhador e romântico. Nástienka é uma mocinha de 17 anos, orfã, mora com a avó cega e autoritária e está comprometida com um outro rapaz. O livro é dividido em 6 partes: as 4 noites (cada uma é um capítulo) em que o narrador passou ao lado da Nástienka, a História de Nástienka e a manhã seguinte, após o quarto dia.
Ao se encontrarem, eles logo têm empatia um pelo outro, sentem-se à vontade para conversar sobre suas próprias vidas, sentem-se atraídos, confidenciam assuntos íntimos, aquele típico amor de verao, o tal do conhecer uma pessoa bacana na hora errada. Enquanto ela procura um confidente para falar sobre a opressao em que ela vive e que inclusive foi a razao pela qual ela arrumou um namorado qualquer, ele procurava uma musa, alguém que ele pudesse se apaixonar e lembrar dos momentos em que passou com ela, como sendo os momentos mais prazerosos e alegres de toda sua existência vazia e sem perspectiva.
Para mim, o narrador é a versao dostoiévskiana do Werther, de Goethe. O livro é bom para quem curte essa época do romantismo deprê, eu curto muito, portanto gostei bastante.
Fragmentos:
Tenho vivido assim, como se costuma dizer, metido no meu buraco, isto é, só, absolutamente só, perfeitamente só. Compreende o que isto significa: só?
Neste momento, minha querida Nastenka, em que voltamos a reunir após uma separaçao tão longa, pois já a conheço há muito tempo, Nastenka, porque há já muito tempo que procurava uma certa pessoa, e isto significa que a procurava a si e que estava escrito que nos veríamos agora - neste momento, abriram-se no meu cérebro milhares de válvulas e tenho de deixar as palavras afluir em torrente, pois, caso contrário, sufocaria
A inteligência só favorece a beleza [...]
Que importa a vida real? Nós vivemos uma vida tao ociosa, tao parada, tao desprezível, estamos tao descontentes da nossa sorte, tao enfastiados da nossa existência!
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