domingo, 13 de março de 2016

Mulheres na direçao: Leni Riefenstahl (Alemanha)

Leni Riefenstahl (1902-2003) era uma dançarina, atriz, diretora, pintora e fotografa alema. Sua carreira na dança durou apenas 4 anos, pois sofreu uma lesao no joelho. Em seguida passou a atuar em filmes e em 1932, começou a produzir e dirigir. Com o fim da Segunda Guerra, sua carreira de diretora entrou em declinio, foi boicotada porque dirigiu filmes para a propaganda Nazista e que hoje servem como otimos documentarios historicos para entender o que acontecia la na época. Também filmou as Olimpiadas de Berlim, criou varios métodos de filmagem e foi pioneira em varias técnicas cinematograficas. 
Sem espaço no cinema, em 1970 ela partiu para o ramo da fotografia e fotografou por mais de 25 anos, a tribo Nuba, no Sudao. Algumas fotos podem ser consultadas neste site.
Aos 75 anos aprendeu a mergulhar para fotografar e filmar a vida submarina. Aos 98, sofreu um acidente de helicoptero e sobreviveu. Morreu aos 101 anos. Era uma artista completa, infelizmente foi aliada de Hitler, uma das queridinhas dele, segundo consta no livro "Ser mulher no III Reich", fez algumas criticas ao regime e reclamava diretamente com o proprio, mas nao largava o osso, nao é?
É muito complicado ser artista, escritor ou atleta em regimes autoritarios, ao mesmo tempo que eles querem trabalhar, muitas vezes precisam se sujeitar ao sistema para que isso aconteça, ou seja, tem que ser oportunista e dançar conforme a musica ou cair fora do pais o mais rapido possivel. Este tema é explicado metaforicamente no livro "O Mestre e Margarita", do Mikhail Bulgakov.

Assisti a 3 filmes dela, sao eles:

A Luz Azul (1932), co-direçao com Béla Balazs (que era de origem judia e nao teve por muito tempo o nome colocado nos créditos do filme)


É um filme do gênero fantasia, inspirado em uma das lendas dos irmaos Grimm e no livro Bergkristall, de Gustav Renker. Junta é uma jovem italiana que vive isolada da aldeia e quando ela aparece por la, as pessoas começam a afugenta-la, suspeitam que é uma bruxa porque acham que ela é responsavel pela morte de varios jovens que tentaram escalar uma montanha proxima que fica brilhante (a famosa luz azul) nas noites de lua cheia.
Ela gosta da liberdade nos campos e de escalar montanhas ingremes, encontra com o jovem pintor alemao, Tonio que acaba se apaixonando por ela, mesmo nao falando a mesma lingua, ele acaba descobrindo o segredo da montanha e repassa para o pessoal da aldeia.

O que estranhei foi ver o personagem alemao sendo o traidor da historia, por ser na era Nazista, pensei que pegava mal, achei que eles seriam sempre os mocinhos da trama.

Terra Baixa (Tiefland) - 1954


O filme é baseado na opera de mesmo nome, do compositor alemao Eugen d'Albert. A historia se passa na Espanha. Pedro é um rapaz que vivia nos campos entre ovelhas e lobos (os animais), mas pode ser metafora para a vida dele, ja que vivia entre gente boa e sofrida e gente ruim. 
Dom Sebastiano é um homem rico, dono das terras, desvia a agua da populaçao para o beneficio dos seus gados.
Martha é uma cigana que chega no local para fazer apresentaçoes de dança, Dom Sebastiano e Pedro se interessam por ela. O rico, por ser rico e mandar em todo mundo, resolveu pega-la à força para ser sua esposa e se ela nao aceitasse, seria morta.

Nao gostei deste filme. É tanta coisa ruim que nem sei por onde começar a descrever. Primeiramente, usou figurantes ciganos que ela pegou no campo de concentraçao e depois devolveu. Para quem nao sabe, muitos ciganos morreram por serem de "raça inferior"

Tem como ver essas pessoas no filme e nao se sentir mal?

Segundo, apropriar-se da cultura cigana enquanto os verdadeiros ciganos estavam sendo massacrados pelos nazistas. Qual é a logica?
O Pedro é o pior ator do mundo.
Apropriaçao da cultura esponhola, o Dom Sebastiano com roupa de toureiro dentro de casa, como se fosse uma roupa normal de todo dia rsrsrs. Sem falar nas tentativas bizarras de falar espanhol...
A maquiagem e as perucas para deixar os atores menos arianos e mais morenos.

Pode ser que a opera seja melhor, mas este filme é ruim, nao ha cristo que salva. Para nao dizer que tudo esta perdido, as injustiças sociais, as desigualdades e a luta de classes foram temas recorrentes e o fim é esperançoso para os que sofriam na mao do Dom Sebastiano.

O Triunfo da Vontade (1935)

É um filme de propaganda nazista, hoje considerado como documentario. Do ponto de vista historico é muito interessante ver todo aquele "circo armado" e o povo totalmente brainwashed, mas ao mesmo tempo é assustador, afinal de contas Hitler foi eleito pela maioria, era carismatico para eles, adorado e glorificado como uma especie de deus, como o salvador da patria.
O filme é sobre o Congresso do Partido Nazista, em Nuremberg, em 1934. Com a participaçao de aproximadamente 700.000 pessoas que o apoiava.
Começa com Hitler vindo dos céus, de aviao, sendo recepcionado por pessoas gritando por ele, enlouquecidas, euforicas e fazendo aquela saudaçao nazista.



Em seguida, vem o cortejo pela cidade, o povo nas janelas, nas ruas (massa de manobra), as bandas e fanfarras, os desfiles militares, os gritos de guerra.


Os desfiles milimetricamente coreografados, cheio de simbolos e bandeiras.


Os discursos interminaveis, cheios de promessas vazias para o povo e eles acreditando e declarando fidelidade ao Fuhrer até a hora da morte. Este homem era megalomaniaco, falava gritando e fazendo gestos exagerados, parecia ator no inicio de carreira que quer convencer a plateia com gritos


O documentario é historicamente bom, apesar da ideologia ser uma merda. Continuo firme e forte nos estudos sobre o Nazismo. Tenho alguns livros duros para ler, entre eles o "Minha Luta", do Hitler e outro sobre o campo de concentraçao feminino de Ravensbruck, com quase 800 pags. Também vou ver os filmes das Olimpiadas de Berlim desta diretora. Desejam-me sorte, vou precisar! Haja estômago e paciência!

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