terça-feira, 21 de junho de 2011
Copacabana
Assisti ao filme francês "Copacabana", com a diva Isabelle Huppert. Um daqueles filmes que me deixa encucada no papel de mãe.
Babou (Isabelle) é mãe da Esme, uma mulher não convencional, espalhafatosa, usa umas maquilagens exageradas, passou a vida mudando de casa e de país, não leva a vida tão a sério. Sua filha está namorando, prestes a se casar, mas tem vergonha de chamar a mãe para o casamento porque ela só apronta.
Babou tem um sonho, conhecer o Brasil, escuta música brasileira o tempo todo, arruma um emprego para ajudar a filha com o casamento e para fazer a viagem dos sonhos, no emprego ela se dá super bem, mas acaba aprontando, é traída pelos puxadores de tapetes. Conhece um cara legal, mas ele não é mais importante que a viagem dela, ele fica chateado porque queria que ela fosse mais presente. Mas ela é muito desencanada, deve ser de sagitário. lol
Refletindo sobre mim mesma, porque a carapuça serviu, sinto como a Babou, mudo de emprego, de casa, de país, estou pouco me lixando para roupas, tenho piercings, tattoos e esmaltes com cores "chegay". Às vezes acho que meu filho queria ter uma mãe mais normal, que tivesse carro, porque me recuso ter um, sou eco-chata, que eu fosse como as mães dos colegas dele, aquelas velhas comportadas, de chapinha, loira, no salto e com bronzeamento artificial. Eu sou toda descabelada, chego esbaforida, procurando os óculos, o celular, mas sou meiga quando quero, também posso parecer normal. Quando o Sam fala: menos mãe! Eu percebo que estou exagerando. Devo confundir a cabeça do bichinho, um dia escuto viola caipira, no outro canto gregoriano, no outro estou pop. Tem dias que falo francês, tem dias que falo inglês, tem dias que acredito em deus, em buda, astrologia, em ET, no outro sou cética.
O ruim de ser assim é que quando eu falo sério o povo acha que é brincadeira. As pessoas que tenho contato por e-mail no trabalho, imaginam que sou uma mais velha, mais séria, quando me conhece, perguntam: Você é estagiária? Ou se não se espantam: Nossa, você que é a Ana? Com uma cara de frustração. Querem que eu seja mais séria no vestir, porque eu sou comportada, faço meu serviço direito e depois de um tempo até me acham inteligente. Uma vez uma chefe não dava nada por mim, até que um dia ela estava falando merd* e eu sabia do assunto, fui lá salvei a pele dela, ela ficou orgulhosa de mim, ficou espantada em ver minha desenvoltura, eu não sei fazer muito meu marketing pessoal, chego com uma cara de blasé e ninguém me leva a sério de imediato.
Chego na casa da minha irmã, a primeira coisa que ela fala para meu sobrinho de um ano e pouco: Chegou sua tia maluca. Vou no dentista e ele fala que eu pareço a Amelie Poulain atrapalhada, meu melhores amigos fizeram filosofia, letras, a gente tem um papo que ninguém entende.
Eu sou a tia maluca, mas sou responsável, meu serviço está em dia, estudei mais que todo mundo da minha família e ainda estudo, nunca parei, pago minhas contas, deixa eu ser eu, pelo menos isso, vai? Não tente me entender que não vai dar certo, só tente estar ao meu lado para o que der e vier.
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