Terminei a leitura de "Todos os nomes", de José Saramago. Editora: Planeta Agostini.280 págs. Após ler para o Desafio Literário livros intitulados com nomes próprios, acabei por ler também o que tem todos os nomes. É a história de um modesto escriturário da Conservatória Geral do Registo Civil (em Portugal fala RegisTO e não RegisTRO), ou Cartório de Registro Civil (como se diz no Brasil), o Sr. José, cujo o hobby é colecionar recortes de jornal de pessoas famosas. Um dia sua curiosidade acabará se concentrando num recorte que o acaso põe diante dele: A mulher focalizada ali não é célebre, mas o escriturário desejará conhecê-la a todo custo. Abandonando seus hábitos de retidão, ele estará disposto a cometer pequenos delitos para alcançar o que deseja: pequenas mentiras que darão à vida uma intensidade desconhecida.
Logo o Sr. José, com sua vida certinha, nos altos dos seus 50 anos de vida, em um trabalho público e burocrático, que registra a vida das pessoas, do nascimento, casamento, aquisição de bens e finalmente o óbito. José nunca conseguiu ser promovido, sempre esteve na mesma função, no meio da sua coleção de famosos aparece uma mulher desconhecida, aquela que mudará o seu modo de vida, que vai levá-lo a conhecer a si mesmo e o despertará de sua comodidade e rotina. Com certeza, Carlos Drummond diria:
E agora, José? Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?
Vamos aos fragmentos ou frases prontas que neste caso, eu coleciono:
"É nas ocasiões de mais extremo apura que o espírito dá a autêntica medida da sua grandeza". "Há venenos tão lentos que só vêm a produzir efeito quando não nos lembrávamos da sua origem". "É absurdo, mas já era tempo de fazer algo absurdo na vida". "O que deves pensar é que os pesadelos da infância nunca se realizam, muito menos se realizam os sonhos".
Será que nome eu teria, hein?
Esta citação me fez lembrar o filme "A Pele que habito", do Almodovar
O 4º Livro escolhido para o Desafio Literário foi "Werther", de Johann Wolfgang GOETHE. Editora: L&PM Pocket. 206 págs. Já tinha lido na década passada, mas sempre retorno a ler um ou outro, afinal, com o amadurecimento e experiências da vida, a minha opinião muda em vários aspectos, inclusive minha visão sobre determinada obra ou autor.
A 1ª vez que li "Werther", foi também a 1ª vez que fiquei mais de uma semana deprimida por causa de um personagem. Sim, às vezes sinto a dor de alguns como se fossem minhas. Foi aí que aprendi que o amor nem sempre é algo bom, é também sofrimento, você passa a compreender o desespero de Werther.
Parte do enredo é autobiográfico, Goethe amou Charlotte, tal como Werther amou Carlota, embora o fim de sua vida ter sido totalmente diferente do personagem. O romance foi escrito em 4 semanas, em forma de cartas para o amigo Guilherme, foi um livro controverso, já que muitos jovens na época acabaram suicidando-se após lê-lo.
E agora, como me senti ao relê-lo? Goethe é um bom escritor, sem sombra de dúvidas. Quanto a Werher, superei, não me identifico mais com ele, já tinha lido "O problema do sofrimento, do CS Lewis e O Desespero Humano, de Kierkegaard. Já perdi, em partes, a fé na humanidade, em deus e no amor. Passei admirar a Carlota, antes tinha ódio dela por ser tão insensível, hoje vejo que ela não passava de uma desperate housewife, mas que ao menos foi musa de alguém, amada, disputada e idolatrada. Tanto que quando Werther não poderia vê-la, mandava o criado à casa dela, só para estar junto de alguém que esteve na presença dela.
Vamos aos fragmentos do livro?
"É tão raro duas pessoas se entenderem nesse mundo!"
"Lembro-me da fábula do cavalo que, cansado da liberdade, deixa que coloquem sobre ele sela e bridão, e ao final é condenado à desonra de ser montado"
Sobre a amizade e sua duração
Sobre juizo de valor, achar que pode opinar sobre algo que não vivenciou
Sobre hierarquia e quem realmente faz o trabalho
Sobre trabalhar sem paixão
Justificativa para um amor inalcançável
O Desafio deste mês me deixou em frangalhos, com a alma atribulada e com o coração dilacerado, exceto pelo Tom Sawyer que foi mais ameno, as tragédias shakespeareanas, "Hamlet" e "Macbeth", mais a goetheana ,"Werther" tiraram a minha paz de espírito, já peço desculpas se este post acabou sendo muito pessimista e mórbido, é só o reflexo do que tudo isso causou em mim, mas passa, ou não..., porque a leitura do mês que vem é sobre serial killer.
Dando prosseguimento ao Desafio Literário, o 3º livro do mês, escolhi mais uma tragédia de William Shakespeare, desta vez "Hamlet". O meu livro é bem antiguinho, traduz até o nome, Hamlet virou Hamleto. Há uma versão mais atualizada e moderna, com o português menos rebuscado. A tradução é de Carlos Alberto Nunes e as ilustrações de John Gilbert.156 págs. Edições de ouro.
Um dia, Hamlet, o príncipe da Dinamarca, vê sobre as muralhas do castelo de Elsinor, o espectro do pai que morreu a pouco tempo. O espectro conta que ele havia sido assassinado por seu irmão Cláudio, o qual, casando com Gertrudes, sua esposa, roubou-lhe o trono, a honra e a vida. Pede ao filho vingança, a punição do assassino e do incesto escandaloso. Hamlet promete vingá-lo, finge-se de louco, abandona Ofélia, sua noiva. O interessante é a forma poética e filosófica que a história é contada. Existia uma tragédia com mesmo nome muito antes da carreira de Shakespeare (plágio ou adaptação? Eis a questão). As fonte remotas da tragédia são a História Dânica, de Saxo Grammaticus, escritor dinamarquês do séc. XII e a tradução inglesa das Histórias Trágicas, de Belleforest. Na composição de Hamlet, Shakespeare, provavelmente deu vida nova aos personagens sem que a tragédia passasse de uma carnificina desorientada.
Reprodução da 1ª edição, único exemplar que se conhece
Ilustração de Ofélia e Hamlet
Hamlet é uma figura apaixonante. Por amor à memória do pai, finge sua loucura e muitas vezes se perde em sua lucidez. Ele que era de alma pura e nobre, de repente vê a face podre da vida na sua própria mãe.
Para desafiar o tio, ele convoca alguns atores para apresentar uma peça intitulada "A Ratoeira" e o texto é uma representação exata de como ocorreu o assassinato de seu pai. Ele percebe que durante a encenação, o Rei ficou incomodado e saiu durante a apresentação.
Colocarei em seguida, algumas citações interessantes do livro:
[POLÔNIO] Não emprestes nem peça emprestado; que emprestar é perder dinheiro e amigo e o oposto embota o fio à economia. Mas, sobretudo, sê a ti próprio fiel; segue-se disso, como o dia à noite, que a ninguém poderás jamais ser falso.
[HAMLET] porque do jeito que o mundo anda, ser honesto equivale a ser escolhido entre dez mil.
[HAMLET] Que é o homem, se sua máxima ocupação e o bem maior não passam de comer e dormir? Um simples bruto [...]
O ser, de fato, grande não é empenhar-se em grandes causas; grande é quem luta até por uma palha, quando a sua honra está em jogo.
[...] Se tem de ser já, não será depois; se não for depois é que vai ser agora; se não for agora , é que poderá ser mais tarde. O principal é estarmos preparados.
Agora o monólogo mais famoso de Hamlet, clique na imagem para ver maior. A parte grifada é uma das mais sensacionais do monólogo, o que nos leva sermos tão apáticos e covardes diante dessas situações? Será mesmo pelo medo da morte, do inferno ou de um castigo divino? Ou será que nascemos com medo de enfrentar esses problemas. Porque eu não acredito em vida eterna, mas estou sempre acuada e com medo de encarar situações ameaçadoras, talvez estamos perdendo o instinto de luta e coragem.
Daqui a pouco o 4º livro do mês, "Werther", de Goethe. Até lá!
O 2º livro que escolhi para o Desafio Literário, mês de janeiro foi "Macbeth", uma das tragédias de Shakespeare. Editora: L&PM Pocket. 140 págs. Macbeth era um dos generais do exército de Duncan, o Rei da Escócia. Ele e Banquo, um outro general, vão ter com as 3 bruxas que prevêem o futuro. Elas dizem a Macbeth que ele será o futuro Rei. A partir deste momento, a soberba, a ambição e a sede pelo poder a qualquer custo invadem sua alma. Sua esposa, a Lady Macbeth, tão ambiciosa quanto, transforma-se, passa a ser uma mulher desafiadora que leva o marido a tomar o poder, instiga-o e incentiva-o a lutar e a tramar a morte do Rei Duncan. Já dizia um colega que trabalhou comigo: Que conhecer verdadeiramente uma pessoa? Dê poderes a ela. Sábias palavras.
Veja os conselhos da Lady Macbeth para levar o marido à perdição:
"Queres ser grande, e para isso não te falta ambição, mas careces da maldade que deve acompanhar essa ambição".
O Rei hospeda-se na casa dos Macbeth e lá é morto junto com a Rainha. Ao matar os guardas que foram embebedados e incriminados pelas mortes da família real, Macbeth diz:
"Quem consegue ser sábio e pasmado, moderado e furioso, leal e netro, tudo no mesmo instante? Ninguém".
Sintomas do álcool ou dicas para não beber a ponto de não lembrar o que fez e ser culpado pelo crime que não cometeu
Ao tomar o poder e tornar-se Rei, conforme predisseram as 3 estranhas irmãs, ele começa a ser cruel, persegue e mata pessoas que ele acha que conspiram contra ele. Enlouquece. Lady Macbeth também começa a ter sonambulismos e em sonho entrega todos os crimes que cometeram e por consequência, o poder traz o desasossego, o desalento, a loucura, a violência e enfim, a vingança dos inimigos e a morte. Para quem gosta de colocar nomes estrangeiros nos filhos, evitem Macbeth. rsrsrs
Vou contar o 'causo' da calopsita: Estava eu no ônibus, lendo meu livro, até ser interrompida pela conversa entre o motorista e o cobrador. O motorista estava todo satisfeito por ter comprado uma calopsita, disse que ela já tinha crescido, estava linda e ele já tinha mandado cortar as asinhas para ela não fugir e já estava engaiolada para os gatos não a pegarem. Depois não consegui pensar em mais nada, a não ser na vida da pobre calopsita que pelo egoísmo de seu dono, foi destinada a viver enjaulada, mutilada e sem liberdade, só para ele ter o prazer de apreciá-la em sua beleza. Parece que a mente do motorista estava programada para pensar: "Já que você me pertence, faço contigo o que quero, tiro-a do seu habitat e te coloco aqui, canta para mim, obedeça as minhas ordens e terás seus alpistes de cada dia".
Enquanto eu tentava imaginar a vida ingrata da calopsita, lembrei de uma filme muito parecido, o nome em francês é "La captive" (A cativa), do diretor Chantal Akerman, é uma adaptação para o cinema de "A prisioneira", de Marcel Proust.
La Captive
Para entender melhor, peguei a resenha aqui:
Ariane vive em casa de Simon, num grande apartamento parisiense, sob vigilância. Ele quer saber tudo sobre ela, acompanha-a onde quer que ela vá, procura surpreendê-la e submete-a a incessantes perguntas. Mas apesar disso, Ariane consegue arranjar para si um espaço de liberdade física e mental. Enquanto isso Simon sofre e, até nos momentos em que pensa possuí-la completamente, ela escapa-lhe cada vez mais.O fato de saber que Ariane sente uma grande atração por mulheres, leva-o a imaginar que ela tem uma vida dupla, e só serve para aumentar o seu sofrimento e o seu desejo por ela, mas não é apenas a atração de Ariane por mulheres, nem as diferenças entre sexos que tornam os seus pedidos impossíveis – pedidos de fusão total, de osmose, de um desejo obsessivo de penetrar completamente a subjectividade do outro. É também o fato de que o outro é um outro, irredutivelmente outro. O outro é um estranho e Ariane permanecerá sempre impenetrável para ele. É uma história de dois amantes. E por isso mesmo uma história trágica.
Este filme não é aquele que você assiste como forma de entretenimento, um pouco existencialista, é como ler Sartre, o assunto é interessante, porém chato e só é chato porque fala da existência do ser humano. Eu não via a hora do filme acabar porque entrei na mesma claustrofobia da personagem Ariane, você sente a opressão e o tédio da vida deles, sim porque a vida insegura de Simon também incomoda.
Observo que uma relação opressora, o opressor quer tirar tudo o que há de bonito e de interessante do oprimido, quer afastá-lo do convívio social, quer proibí-lo de fazer as coisas que gosta. Por exemplo, conheço pessoas que não estão em redes sociais porque o companheiro não deixa, mas o próprio está em todas. Uma vez uma menina me disse que não usava esmaltes muito coloridos porque o marido não gostava, isso me subiu o sangue e respondi até de forma rude, eu disse, se um homem me perguntar: o esmalte ou eu? Eu fico com esmalte. A menina ficou sem graça, não disse nada, deve ter achado que um esmalte vale mais que um ser humano, mas o esmalte representa a minha liberdade enquanto o homem representa o terror psicológico. As pessoas oprimidas também na sua insegurança, acham que não são dignas de achar alguém que respeita o seu individualismo e muitas vezes nem enxergam que são manipuladas pensam que são amadas, que o opressor está fazendo isso para o bem delas. Mulheres são obrigadas a alisarem o cabelo, virarem loiras (já falei da preguiça de gente que se mete com cabelos alheios aqui) , fazerem plásticas, só para agradar o opressor, claro que este nunca tem que mudar em nada. O oprimido se anula completamente, pois quando o opressor termina a relação, o oprimido já não sabe mais do que gosta, não tem mais amigos, não tem mais a mesma aparência, é mais inseguro e se sente um inútil.
Kathy Bates em Misery, brilhante atuação
Isso me lembrou de outro filme, o Misery (Louca Obsessão). Após sofrer um acidente em uma região isolada, um escritor é salvo por uma ex-enfermeira que é grande fã
de seus livros. Entretanto, após saber que ele matou sua personagem
mais famosa em seu próximo livro, ela passa a torturá-lo na intenção de
fazer com que ele desista da decisão. Ela queima o livro anterior e o
faz recomeçar outro. Logo, ele descobre o passado obscuro de Annie e
passa a não confiar mais nela.
Já imaginou, após um acidente, você paralisado em uma cama e a enfermeira que deveria te ajudar começa a te aterrorizar? E você tem que fazer tudo o que a louca quer só para salvar a própria vida?
Bem, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, tem gente que não se importa em viver em uma relação sado-masoquista e ainda vira inimigo se você tenta aconselhar. Antes de amar qualquer pessoa, amo a mim mesma e sei que tem pessoas que vai me valorizar como sou, que antes de apontar meus defeitos, elogiam minhas virtudes, sem precisar me anular ou perder meus pequenos prazeres, porque nasci sob o signo de sagitário que preza a liberdade e a criatividade, nem o céu é o limite. Escolhi ser calopsita com asas.
Para terminar, um vídeo que uma amiga enviou sobre os cachorrinhos beagles que viveram a vida inteira em um laboratório de pesquisa e foram resgatados por uma Ong, mesmo quando abriram as gaiolas, eles demoram a sair porque eles nunca tinham sido livres.
O tema do Desafio literário para este mês é ler o livro cujo o título seja um nome próprio. Li "Tom Sawyer", do escritor americano, Mark Twain. Editora Nova Cultural. 221 págs.
Tom Sawyer foi um menino criado pela tia Polly, é um menino custoso (como diz em Minas), ou um cabra da peste (como se diz no nordeste),ou moleque levado (SP), aprontava todas, mesmo sendo americano, conhecia o jeitinho brasileiro de ser malandro, passava todo mundo para trás, mentia, enganava, aprontava, fugia de casa, aventureiro, adorava meter-se em encrencas, apaixonou-se pela Becky. Tirando a preguiça, era quase um Macunaíma. Coisas de criança levada, não é mesmo?
Foi meu primeiro contato com uma obra de Mark Twain, gostei do jeito que ele escreve, é uma linguagem simples, divertida e não moralista, afinal Tom Sawyer é um anti-herói, uma criança difícil de lidar e não aquelas crianças inteligentes e bem resolvidas que as pessoas esperam que seus filhos sejam. Embora ele seja serelepe, ele não é uma má pessoa, é só um menino querendo ter seu lugar no mundo, mas não sabe como agir.
Sawyer do seriado Lost - ô, lá em casa!
Segue algumas curiosidades que encontrei no Wikipedia sobre Tom Sawyer:
Tom Sawyer serviu de inspiração para a música homônima das bandas: a canadense Rush e a banda americana Mindless Self Indulgence
A personagem e o livro também são citados nos filmes, "Minority Report", "A Felicidade não se compra" e A "Liga Extraordinária", além de um personagem com sobrenome homônimo no seriado Lost
Serviu de inspiração para a série de Tv americana "Chuck",episódio "Chuck contra Tom Sawyer,onde Tom Sawyer é um código secreto p/desarmar uma bomba.
Considerado vilão em Os Padrinhos Mágicos no episódio "Vida Na Estante".
O protagonista do livro "A Misteriosa Chama da Rainha Loana", de Umberto Eco, cita Tom Sawyer em uma de suas passagens.
Citado no filme "Alice Upside Down", a professora Plotkins lê o livro para a turma de Alice e no final do filme dá o mesmo livro de presente á ela
Também citado no desenho "Phineas e Ferb", pelo Dr. Heinz Doofenshmirtz quando o mesmo ouvia um CD falando a respeito de Tom Sawyer
Citado no conto a Canoa, pg 2 linha 9, do escritor Luke T Bergeron. Ele cria um verbo e usa no passado, Tom Sawyered.
No seriado "Chuck", exibido pela NBC na segunda temporada Tom Sawyer foi um tecnico de video-game e criador de um míssil que podia iniciar a terceira guerra mundial. Tem como tema a musica da banda canadense Rush.
Tom Sawyer é citado por A. por meio de um torpedo no episódio "Please Do Talk About Me When I'm Gone", da serie Pretty Little Liars.
Em Dogville, o livro que Thomas Edison (pai) está lendo é "The Adventures of Tom Sawyer".
É citado no último episódio da 12º temporada de "Os Simpsons", Contos da Carochinha, na história, Tom, interpretado por Nelson Muntz foge de um casamento arranjado.
Em "Feiticeiros de Waverly Place", Max mente para sua namorada que seu nome é Tow Sawyer, e mais referências são citadas no episódio.
É isso! Já estou lendo mais um livro com nome próprio na capa, mas isso é assunto para um outro post.
Assisti a dois documentários sobre escritores que gosto muito, um sobre a vida de Bukowski e outro sobre o casal José e Pilar.
Bukowski: Born into this. Direção:John Dullaghan
Bukowski teve uma infância muito difícil, o pai era violento e ele apanhava quase todos os dias. Durante a adolescência, teve espinhas inflamadas no corpo inteiro que o isolava das pessoas, sua primeira relação sexual foi aos 24 anos com uma gorda, entrou na faculdade de Jornalismo, mas não terminou, teve uma vida de vícios em cigarros e bebidas, escrevia contos, poemas, mas levou muitos 'nãos', publicava em algumas revistas underground e trabalhou por muitos anos nos correios. Teve muitas mulheres, mas senti que ele teve um carinho muito especial pela Cupcake. Era a mulher que ele se emocionava ao falar, escreveu poemas, sentia falta, etc. Ele era uma pessoa difícil de se conviver, a última mulher dele merece ir para o céu, literalmente!
John Dullagan passou 7 anos pesquisando e filmando depoimentos de amigos, parentes, fãs e o próprio Bukowski. Bono Vox (U2), Sean Penn,Tom Waits, Harry Dean Stanton, Barbet Schroeder,Taylor Hackford e muitos outros.
"Nascido assim, nisso. Como o giz de faces sorridentes, como a sra. Morte às gargalhadas, como as paisagens politicas dissolvidas, como o peixe oleoso cuspido fora de sua oleosa vítima. Nos nascemos assim, nisso. Nos hospitais que são tão caros que são baratos para morrer, como advogados que cobram muito, é mais barato pleitear a culpa. Num país onde as cadeias estão cheias e os hospícios estão fechados, num lugar onde as massas elevam idiotas em herois ricos. Nascido nisso, andando e vivendo dentro disso, morrendo por causa disso, castrado, corrompido, deserdado por causa disso. Os dedos se estenderam para um deus irresponsável, os dedos alcançaram a garrafa, a pilula, o poder. Nós nascemos nessa triste linha de morte. Lá estará aberto e impunível assassinato nas ruas, serão armas e multidões passageiras, a terra será inútil, a comida terá um retorno mínimo, o poder nuclear será tomado por muitos, as explosões continuarão balançando o mundo, homens radioativos comerão a carne dos homens radioativos, os corpos apodrecidos do homem e dos animais vão feder no vento da escuridão, e lá estará um bonito silêncio nunca ouvido. Nascido fora disso, o sol escondido estará a esperado do próximo capítulo".
"Eu tenho idéias para romances, Pilar tem idéias para vida. Não sei o que é mais importante" .
José e Pilar. Direção: Miguel Gonçalves Mendes
Uma das coisas mais lindas e emocionantes que tive o privilégio de assistir este ano. Este documentário mostra a vida do casal, o escritor português José Saramago e sua esposa, a jornalista espanhola Pilar del Río. Ele a amava tanto e era totalmente dependente dela que não tem como não se emocionar.
O Saramago dispensa apresentações, mas adorei o jeito forte que Pilar encara a vida. Uma mulher de pulso firme que controlava a agenda dele, participava de palestras, defendia a Espanha, feminista (adorei quando ela começou a defender a Hillary Clinton). Tiveram um relacionamento de 24 anos, separam-se apenas após a morte dele em junho de 2010, aos 84 anos. Quando ele esteve doente, tinha pesadelos em que chamava a Pilar e ela não vinha, ele ficava desesperado. Ele não fazia nada sem chamá-la e ela sempre ia e resolvia, nunca sabia o que dizer ou o que fazer se ela não o apoiasse. Own! Quem não quer amor assim? :)
Parabéns, Pilar! Você conseguiu ser idolatrada por um cara phoda. Eu, em 100 reencarnações não conseguirei tal feito.
Tudo chegou tarde na vida de Saramago, tornou-se escritor aos 60 anos e depois encontrou o amor de sua vida e dedicou seus livros à ela, check it out:
“As Intermitências da Morte” - À Pilar, minha casa
“As Pequenas Memórias” - À Pilar, que ainda não havia nascido e tanto tardou a chegar (ai, que lindo!)
“Ensaio sobre a Lucidez” - À Pilar, os dias todos
“Don Giovani” - À Pilar, meu pilar
"O Homem Duplicado” - À Pilar, até o último instante