terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Nome próprio

Eu achei uma das falas da personagem Camila, a cara desse blog:
Eu preciso organizar o caos que eu sou, o problema é que eu acho que caos é ordem.

Esse filme brasileiro, cuja protagonista é a flowerzinha, Leandra Leal, acho ela uma graça, uma candura de menina.
O filme é meio punk, sobre uma blogueira que saiu de Brasília com o namorado e veio para São Paulo,  é baseado em dois livros da blogueira, escritora de subcultura pop, atriz e cantora Clarah Averbuck, mãe do blog Brazileira Preta (que bombava 10 anos atrás e que me inspirou bastante a entrar na blogosfera) e do Adios Lounge..
Claro que observei os esmaltes, sempre escuros pq ela fazia o tipo "sou rebelde"

Pretão básico



Esse esmalte eu não sei qual é, na foto ficou parecendo o Obsessão da Risqué, mas no vídeo ele é cintilante, se passar um esmalte preto e o Affair da Risqué por cima, fica igual.



Ai que gastura, pior que passar unha na lousa e garfo no prato é tirar esmalte com estilete, não façam isso em casa, a protagonista tinha problemas.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Felicidade Clandestina (parte 1)

Fragmentos de alguns contos do livro Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector, ainda estou reunindo mais, portanto terá uma 2ª parte.

FELICIDADE CLANDESTINA

A menina só queria ler livros e a filha do dono da livraria judiava dela dizendo que iria emprestar amanhã, ela ia na casa da chata e ela voltava a repetir que era amanhã e assim ficou por vários dias, até a mãe da chata perceber e entregar o livro "As reinações de Narizinho", de Monteiro Lobato para ela ler. Ela chamou essa conquista de Felicidade Clandestina, vamos ao trecho:
"Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era rainha delicada."
"Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante".

UMA AMIZADE SINCERA

Dois grandes amigos que sempre estavam juntos, moraram juntos, mas chegou uma hora que mesmo sendo grandes amigos não tinham nada a dizer.
"Minha solidão na volta de tais encontros, era grande e árida. Cheguei a ler livros apenas para falar deles. Mas uma amizade sincera queria a sinceridade mais pura. à procura desta, eu começava a me sentir vazio. Nossos encontros eram cada vez mais decepcionates. Minha sincera pobreza revelava-se aos poucos. Também ele, eu sabia, chegara ao impasse de si mesmo".
"Queríamos tanto salvar o outro. Amizade é a matéria de salvação".

MIOPIA PROGRESSIVA

Um garoto tido por inteligente pela família, era míope e sempre queria ter o controle da situação, um dia foi convidado para passar um dia com a prima que era casada e não tinha filhos, portanto ele esperava ser muito mimado por ela e ele ficou imaginando e planejando como seria esse dia.
"Ser ou não inteligente dependia da instabilidade dos outros".

RESTOS DO CARNAVAL

Uma garotinha adorava a época do carnaval que podia se maquiar e vestir roupas coloridas, em um carnaval ela conseguiu uma roupa rosa de papel crepom e quando achou que ia arrasar , sua mãe piorou de saúde e ela teve que ir à farmacia, mas aí veio a salvação um garoto de 12 anos:
"E eu então, uma mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que alguém havia me reconhecido: eu era sim, uma rosa".

PERDOANDO DEUS

Ela caminhava pela Avenida Copacabana e sentiu uma sensação de liberdade, mas ao mesmo tempo ao ver um rato, todo aquele sentimento por Deus e a natureza, transformou-se em ódio.
"Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho, mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória...".
"...eu andando pelo mudo sem pedir nada, sem precisar de nada, amando de puro amor inocente, e Deus a me mostrar o seu rato? A grosseria de Deus me feria e insultava-me. Deus era bruto"
"Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões eu amava. Não sabia que amando as incompreensões  é que se ama verdadeiramente."
"É que eu sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda eu nao sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria e não o que é."
"Eu, que sem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus."

CEM ANOS DE PERDÃO

"Eu não me arrependo, ladrão de rosas e de pitangas tem cem anos de perdão. As pitangas, são elas mesmas que pedem para ser colhidas, em vez de amadurecerem e morrerem no galho, virgens".

domingo, 1 de novembro de 2009

Pillow book


'When God made the first clay model of a human being, he painted the eyes, the lips, and the sex. And then He painted in each person's name lest the person should ever forget it. If God approved of His creation, he breathed the painted clay-model into life by signing His own name.'
Livro de cabeceira, filme de Peter Greenway é um filme que adoro, começa com o pai de Nagiko escrevendo no seu rosto e na sua nuca, sempre repetindo a frase citada acima.


Listas de Nagiko

A lista de coisas elegantes:

Ovos de pata.
Gelo raspado numa tigela de prata.
Flor-de-glicínia.
Flor-de-ameixa coberta na neve.
Uma criança comendo morangos.
Coisas que fazem o coração bater mais forte.
Passar por um lugar onde um bebê está brincando.
Dormir num quarto onde um bom incenso está queimando.
A Lista das Coisas Esplêndidas

Brocado chinês.
Uma espada com bainha decorada.
O veio da madeira numa estátua budista.
Uma procissão liberada pela imperatriz.
Um amplo jardim coberto pela neve.
Seda tingida de azul-escuro.
Qualquer coisa tingida de azul-escuro é esplêndida.
Flores azul-escuras.
Fibra azul-escura.
E papel azul-escuro.

Lista de coisas que fazem o coração bater mais forte.

Beijada por um amante no jardim de Matsuo Tiasha
Águas tranquilas e águas agitadas
Amor numa tarde imitando a história
Amor antes
e amor depois
Carne
A escrivaninha
Escrevendo sobre o amor

Trilha sonora do filme: de Guesch Patti, Blonde.

S'éveille-telle en lui
Déloge l'homme en lui

Un ange vole
Un ange vole

...Beau...

Se love-t-elle en lui
Furtive elle en lui

Un homme change
Un homme change

...Etrange...
Parfait mélange

S'échange -t-il d'aile en elle
Un homme sombre change en elle

Un ange bombe
Un ange blonde

...Dérange...
Doux... parfait mélange...

Sexe d'un ange

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Um pouco de Florbela Espanca


Conforme prometido, como vamos entrar no mês de sagitário, vou falar de artistas sagitarianos.
Hoje a escolhida foi a poetisa portuguesa Florbela Espanca. A vida dela foi muito conturbada, sofreu de neuroses e se suicidou no seu aniverário de 36 anos. Nota-se muita tristeza em seus poemas. Vou postar 3 poemas do "Livro das Mágoas", Vaidade, Eu e Amiga

VAIDADE
Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
Sonho que sou Alguém cá neste mundo ...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho ... E não sou nada! ...

EU
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida! ...
Sou aquela que passa e ninguém vê ...
Sou a que chamam triste sem o ser ...
Sou a que chora sem saber porquê ...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

AMIGA
Deixa-me ser a tua amiga, Amor,
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor,
A mais triste de todas as mulheres.
Que só, de ti, me venha mágoa e dor
O que me importa a mim?! O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for,
Bendito sejas tu por mo dizeres!
Beija-me as mãos, Amor, devagarinho ...
Como se os dois nascêssemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho ...
Beija-mas bem! ... Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos
Os beijos que sonhei pra minha boca! ...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Anticristo de Lars Von Trier


No Festival de Cannes de 2009, muita gente não entendeu a proposta do filme e até pediram explicação para ele, mas ele se negou, falou que era o melhor diretor de cinema e que fez o filme para ele depois de um período de depressão que enfrentou.
O filme já entrou para a lista dos 10 filmes mais controversos do cinema.
Para entender o filme, é necessário saber três coisas: a biografia de Lars, a Bíblia e Nietzsche.
Lars é um dos maiores cineastas da atualidade, assisti e gostei de vários, tais como: Os idiotas, Dançando no Escuro, Dogville, Manderlay e agora o Anticristo. Ele é um fundadores do manifesto de cinema Dogma 95. Entrou em depressão recentemente. Seus pais eram ateus, mas com o tempo ele ternou-se cristão e depois virou ateu de novo. Gosta muito do livro Anticristo de Nietzsche.

O filme é divido em prólogo, epílogo e os capítulos (Sofrimento/luto, O caos reina, Desespero/ feminicídio, Os 3 mendigos: Dor, Desespero, Sofrimento).

A primeira parte do filme mostra que enquanto os pais têm relação sexual, o filho pequeno se joga da janela, poderia ser interpretado como a queda da inocência. Há também a culpa da mãe por descuidar do filho para sentir prazer.
A mãe entra em estado de choque e vai se tratar com remédios, o pai é psicanalista e decide cuidar dela.
Durante o tratamento, ele cria uma lista de coisas que ela tem medo, ela diz que tem medo do Eden (onde tinha uma casa de campo que eles costumavam ir), mas Eden na Bíblia foi o lugar onde habitou Adão e Eva (Paraíso ou Jardim das Delícias).
Fala do filme: Tudo que costumava ser bonito em Éden talvez fosse horrível. Agora ouço o que não ouvia, o choro de tudo o que vai morrer.
A natureza é a igreja de Satã.

A natureza citada aqui, talvez não seja a natureza em si (florestas, animais, etc), mas a natureza humana, falaremos disso mais para frente.

Para vencer os medos o casal vai para o Éden, ela se recupera de alguns traumas e ele tem sonhos estranhos.
Ele: Mas tive alguns sonhos estranhos.
Ela: Sonhos não são interessantes para a psicologia moderna. Freud está morto, não está?


No capítulo 3: Desespero / feminicídio
É muito interessante esse capítulo, talvez seja uma denúncia ao feminicidio que ocorre ainda hoje na África (veja a cena da mutilação do clitóris), na Ásia e na América Latina ( principalmente no México), o diretor menciona as mortes das muheres no séc. XVI que foram acusadas de bruxaria. Nietzche escreveu:
A mulher foi o segundo erro de Deus. – “A mulher, por natureza, é uma serpente: Eva” – todo padre sabe disso; “da mulher vem todo o mal do mundo” – todo padre sabe disso também. Logo, igualmente cabe a ela a culpa pela ciência... Foi devido à mulher que o homem provou da árvore do conhecimento.
Como se proteger contra a ciência? Por longo tempo esse foi o problema capital. Resposta: expulsando o homem do paraíso! A felicidade e a ociosidade evocam o pensar – e todos pensamentos são maus pensamentos! – O homem não deve pensar.


Bíblia (Gênesis 3:6,7,13)

E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.
Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.
(Deus) E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.


Falas do filme durante o exercício da natureza:


Ele: Sou a natureza de todos os seres humanos.
Ela: Este tipo de natureza.O tipo de natureza que faz as pessoas causarem mal às mulheres.
Ele: Exatamente quem eu sou.
Ela: Esta natureza me interessou quando estive aqui. Era o assunto da minha tese. Mas não deveria subestimar Éden.
Ele: O que Éden faz?
Ela: Descobri mais do que imaginava.
Ele: Se a natureza humana é maldosa, também é válido para a natureza das mulheres?
Ela: Natureza feminina. Natureza de todas as irmãs. As mulheres não controlam seu corpo. A natureza é que controla.
Ele: Sou a natureza de todos os seres humanos.
O material que usou na sua pesquisa era sobre maldades cometidas contra mulheres, mas entendeu como a maldade das mulheres?
Ela: Sabe quantas mulheres inocentes foram mortas no século 16 só por serem mulheres? Tenho certeza que sabe.
Ele: Muitas.
Ela: Não porque eram más.
Ele: Eu sei.


Outra coisa que faz alusão à bíblia era a deformidade no pé do garoto e o ferimento que ela faz no marido.
Na bíblia Deus amaldiçoa a mulher e diz: E porei inimizade entre ti (a serpente) e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.

Traduzindo: a descendência da mulher mataria a descendência da serpente com golpes na cabeça enquanto a descendência da serpente feriria o calcanhar da descendência da mulher.
Aí Nietzche falou que a mulher e a serpente é a mesma coisa (“A mulher, por natureza, é uma serpente: Eva” – todo padre sabe disso; “da mulher vem todo o mal do mundo”).

Pelos motivos bíblicos a mulher leva toda a culpa e todos os pecados do mundo, ela se anula em relação ao prazer, ao gerar ela tem o poder sobre vida (deixar nascer) ou da morte (abortar), ela trouxe o conhecimento para o mundo (ciência) e Deus os expulsou do paraíso, por isso ela acha a natureza obra de Satã. Talvez a mulher seja o Anticristo.
Uma parte do filme é quando mostra o casal tendo relação sexual embaixo de uma árvore, traduzi literalmente como o comer do fruto, ela sempre conduz o marido a comer do fruto (fazer sexo), independente do sofrimento que a aflige.

Ninguém disse o que vou dizer: Achei esse filme feminista, mostra o terror em ser mulher ao longo da história, faz denúncia do feminicídio que estão diante dos nossos olhos, da culpa em sentir o prazer e ser mãe.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O círculo


Assisti ao filme O Círculo, do iraniano Jafar Pahani, como na própria descrição diz: Seu único crime é ser uma mulher.
O filme começa com uma cena na maternidade em que a avó fica sabendo que nasceu uma menina de sua filha, ela não acredita, insiste com as enfermeiras que no ultrassom tinha dado como menino, não sabia como avisar à família e se sente totalmente constrangida.
Em seguida mostra duas mulheres que sairam da prisão e tentam sobreviver, mas sem muito sucesso, afinal se você não tem documento, não tem autorização ou não está acompanhada de um homem vc não consegue quase nada, nem comprar uma passagem de ônibus.
O pior é uma das mulheres que estava presa, o marido foi executado e ela está grávida de 4 meses, pede ajuda para fazer um aborto a uma conhecida que é enfermeira, sem sucesso.
A mãe, que por ser sozinha abandona a filha no meio da rua porque acha que com a assistência social a menina sobrevive melhor que com ela.
Eu fico comovida com a dificuldades que as mulheres encontram para sobreviver nesse mundo machista, embora na sociedade ocidental a mulher já tenha conquistado muito (exceto salários iguais aos homens, direito ao aborto, etc), a maioria das mulheres do mundo (África e Ásia e América Latina) ainda sofrem humilhações, não tem direito a nada, são submissas ao governo, à religião e aos homens, se são estupradas a culpa são delas, africanas tem seu clitoris mutilado para não ter direito ao prazer, Na China mulher é minoria, tanto que os homens estão com dificuldades de encontrar uma companheira, na Índia muitos casamentos são arranjados e as mulheres não podem questionar.
Há um árduo caminho a ser seguido, o futuro depende de nós, do cineasta que denuncia, dos blogueiros, das mídias em geral. Temos que incomodar os que estão no poder.

Mephisto


Mephisto é um filme muito interessante e uma reflexão sobre o que é mais importante, o amor à profissão ou os seus valores morais, politicos e sociais?
Hendrik Höfgen é um ator que ama muito sua profissão, para ele não são importantes os acontecimentos políticos, o importante é atuar, ele se torna um grande ator, faz teatro comunista, representa Fausto, de Goethe; Hamlet, de Shakespeare até que os nazistas tomam o poder, seus amigos vão para o exílio, outros morrem e ele acha que sua profissão está acima disso tudo e aceita ser diretor do teatro, convite feito pelo primeiro ministro nazista. Mantêm-se firme em suas convicções, defende sua carreira.
Hoje em dia é muito comum nas empresas as pessoas "vestirem a camisa", tentar o sucesso a todo custo, sem se preocupar se a empresa sonega impostos, se os funcionários são vítimas de assédio moral ou sexual, o importante é defender o seu lado e os outros que se explodam.
Mefistóteles é o demônio que Fausto faz um pacto que o enche com a energia satânica insufladora da paixão pela técnica e pelo progresso.
Temos que fazer o que gostamos sim, mas sem perder nossa essência e nossa dignidade.
Como diz um versículo bíblico (Marcos 8:36): Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

8 femmes


8 femmes (8 mulheres) É um filme musical, sobre um homem que está morto e 8 mulheres que de uma certa forma fazem parte da vida dele, supeitam uma das outras e nessa desconfiança as verdades vão aparecendo. É um filme bem gostoso de assistir
No elenco grandes atrizes como: Catherine Deneuve, Isabelle Huppert, Emanuelle Béart.

Para letra de música do dia, escolho Mon amour mon ami cantado pela Virginie Ledoyen

Toi mon amour, mon ami
Quand je rêve c'est de toi
Mon amour, mon ami
Quand je chante c'est pour toi
Mon amour, mon ami
Je ne peux vivre sans toi
Mon amour, mon ami
Et je ne sais pas pourquoi

Je n'ai pas connu d'autre garçon que toi
Si j'en ai connu je ne m'en souviens pas
A quoi bon chercher faire des comparaisons
J'ai un coeur qui sait quand il a raison
Et puisqu'il a pris ton nom

Toi mon amour, mon ami
Quand je rêve c'est de toi
Mon amour, mon ami
Quand je chante c'est pour toi
Mon amour, mon ami
Je ne peux vivre sans toi
Mon amour, mon ami
Et je sais très bien pourquoi

On ne sait jamais jusqu'où ira l'amour
Et moi qui croyais pouvoir t'aimer toujours
Oui je t'ai quitté et j'ai beau résister
Je chante parfois à d'autres que toi
Un peu moins bien chaque fois

Toi mon amour, mon ami
Quand je rêve c'est de toi
Mon amour, mon ami
Quand je chante c'est pour toi
Mon amour, mon ami
Je ne peux vivre sans toi
Mon amour, mon ami
Et je ne sais pas pourquoi


segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O fabuloso destino de Amelie Poulain

Esse filme de Jean-Pierre Jeunet é uma graça, Amelie tão adorável, tão tímida e tão solitária tenta fazer justiça a fim de melhorar a vida das pessoas que ela gosta.
Os prazeres de Amelie são muito interessantes e de uma certa forma todos nós temos esses pequenos prazeres, os dela era enfiar a mão em um saco de grãos, quebrar a crosta do creme brullé com a colher, tentar descobrir quantas pessoas estão tendo orgasmos naquele momento.
Uma frase muito engraçada é quando ela fala para o feirante: Você é pior que um legume, porque até alcachofra tem coração. (kkkkkk)
A trilha sonora é muito bonitinha também, além do verde x vermelho usado pelo diretor.

Trechos do filme:

"São tempos difíceis para os sonhadores.''
"- Ela parece distante... talvez seja porque está pensando em alguém.
- Em alguém do quadro?
- Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.
- Em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes.
- Ao contrário, talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros.
- E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr ordem? '"


Para quem se encantou com o bairro que ela circulava e quando for a Paris quiser visitar, é o Montparnasse.
Café onde ela trabalhava: Café des Deux Moulins, 15 rue Lepic esquina com a rue Cauchois
Locadora que o Nino trabalhava: Palace Video, 37 boulevard de Clichy
Estação de metrô das fotos 3x4:
Linha 6 da estação La Motte-Picqet-Grenelle

domingo, 16 de agosto de 2009

Nobody knows


Nobody knows (Dare mo shiranai), filme japonês, do cineasta Hirokazu Koreeda foi baseado em um acontecimento real. É sobre uma mãe que tem 4 filhos com 4 homens diferentes, ela aluga um apartamento, foge de casa e deixa o filho mais velho cuidando dos outros, as crianças não estudam, a luz e a água são cortadas, falta comida, mas ninguém pode saber que eles estão sozinhos até porque no prédio em que vivem não são aceitas crianças. Eu fico com coração partido quando vejo criança tendo que tomar decisões de adultos, aprendendo a sobreviver sozinho. Eu sou fã de crianças e elas precisam ser amadas, abraçadas, ter o direito de brincar e de uma certa forma ser feliz, sem preocupações nessa fase tão deliciosa da vida.

Departures

Além de cinema europeu, o cinema japonês é um dos meus favoritos, estou tentando passar para esse blog tudo o que tinha postado em um blog anterior sobre cinema, por isso o nº de postagem será grande aqui.
Um dos filmes japoneses que assisti e que me deixou comovida foi o Departures (A Partida), do diretor Yojiro Takita, ganhou Oscar de melhor filme estrangeiro de 2009.
Sobre um músico que por não dar certo trabalhando para uma orquestra, muda para sua cidade natal, consegue um trabalho na preparação de defuntos. Embora o assunto seja um pouco mórbido, o diretor usou muita sensibilidade e leveza para mostrar o valor desse trabalho muito mal visto pela sociedade japonesa. Os momentos em que o protagonista toca seu violoncelo é bem emocionante.

Filmes sobre educação na França

Dois filmes-documentários, não-ficcionais, os protagonistas são as próprias pessoas envolvidas.
O primeiro é o filme Être et avoir (Ser e ter), dirigido por Nicolas Philibert, conta a história de um professor de escola primária no interior da França, ele dá aulas para crianças de várias faixas etárias. A dedicação que o professor tem por essas crianças á surpeendente. Ele passa muita confiança a elas, se desdobra para ensinar os grandes e os pequenos ao mesmo tempo com toda paciência e carinho. É muito comovente!

O outro filme é o Entre les murs (Entre os muros da escola), sobre um professor de francês que não sabe lidar muito bem com seus alunos, em sua maioria estrangeiros (africanos, latino-americanos e até um chinês), tenta de várias formas tentar interagir com eles, mas muitas vezes sem sucesso. O interessante desse filme é descobrir a vida desses alunos fora da escola, a mãe de um aluno africano que vai na reunião de pais, fica nervosa, não entende francês e fala no dialeto dela. A mãe do chinês que foi presa por estar ilegal no país e ele era um dos melhores alunos, a representante de classe que não gosta de estudar , mas leu a República de Platão o que deixou o professor até incabulado. Para esses alunos, mudar de país, adaptar-se na França, continuar pobre lá, conhecer gente de várias nacionalidades e ainda por cima, durante a adolescência em que os hormônios estão a mil, fica muito difícil a interação, tanto para os alunos quanto para os professores. Regardez-vous!

sábado, 15 de agosto de 2009

Falas do filme Le diable probablement- Bresson

Diálogo entre psiquiatra e paciente.


Filme: Le diable problablement - Diretor: Robert Bresson

Você sabe como as civilizações terminam?
É quando a estupidez é acelerada.
Crescimento. Crescimento do quê? De felicidade?
Felicidade a crédito, o cartão de crédito? Ou a felicidade de andar no campo e tomar banho de rio? Tudo isso é bastante evidente.
- Como começou esse confronto com a sociedade?
É meu estado normal. Eu mantive isso em silêncio por um longo tempo.
-A não-ação não te dá algum prazer?
Sim, mas o prazer do desespero, obviamente.
- Você sente culpa?
- Culpa?
Por você mesmo?
Culpado sem culpa. Eu sei que sou mais inteligente que os outros. Estou ciente da minha superioridade, mas se eu fizesse algo, eu estaria sendo útil, mesmo que minimamente, a um mundo que eu desprezo. Eu trairia minhas idéias. Apenas me cerraria ainda mais. Eu prefiro saber que não há saída.
-Esmolar nas ruas, como eu vi pessoas como você fazendo, não é degradante?
Caridade degrada o doador tanto quando o recebedor.
-Isso não é uma boa desculpa para a preguiça?
Talvez, mas e daí?
Se meu objetivo fosse dinheiro e lucro todos me respeitariam.
-Ser correto não é uma boa razão para se manter vivo?
Perdendo minha vida, é isso que eu perderia: Planejamento familiar, excursões de turismo, culturais, esportivos, linguísticos, a biblioteca do homem culto, todos os esportes, como adotar uma criança, associações de pais e professores. Educação, ensino de 0 to 4 anos, 7 a 14 anos, 14 a 17 anos. Preparação para o casamento, serviço militar. Europa. Decorações, medalhas honoríficas, dispensa médica remunerada, Dispensa médica não-remunerada, o homem de sucesso. Redução de impostos para idosos, Impostos locais, compra a prazo. Aluguel de rádio e tv, cartão de crédito, obras em casa, câmbio flutuante. VAT e consumidores.
-Você crê em Deus?
Eu acredito, na medida do possível, na vida eterna, mas se eu cometer suicídio,não acho que estaria condenado por não compreender o incompreensível.
-Quero dizer, você tem aversão à comida?
De maneira nenhuma.
-Perda de apetite costuma acompanhar depressão profunda.
Eu não estou deprimido.Só quero o direito de ser eu mesmo. Não quero ser forçado a deixar de querer substituir meus verdadeiros desejos por falsos, baseados em estatísticas, pesquisas, fórmulas, classificações científicas ultra-imbecis Americanas-Russas. Não quero ser um escravo ou um especialista.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Robert Bresson

Robert Bresson é um cineasta francês, precursor do movimento minimalista no cinema que inspirou o movimento Dogma 95, do Lars Von Trier.
Os filmes são realistas, embora não esteja enquadrado no movimento poético realista francês como os diretores Marcel Carné ou Jean Renoir, talvez porque falta o poético, a realidade mostrada é nua e crua, sem chance para happy end.
Em alguns projetos ele utilizou atores-amadores (não profissionais), o que dá uma certa leveza em filmes tensos, se você tem um roteiro pesado e atores muito bons que utilizam o método de Stanislavski na atuação, ia ficar muito difícil, talvez os espectadores entrariam em colapso ou em crises existenciais, acho que o Dogma 95 conseguiu aperfeiçoar, colocando clima tenso com atores bons.
Listas de filmes que assisti:

Pickpocket: É baseado na obra "Crime e Castigo" de Dostoievski.
Au hasard Balthasar (A grande testemunha): Nesse filme um burro (o animal mesmo) é protagonista e é testemunha de todas as injustiças cometidas na pacata cidadezinha.

Mouchette: Esse filme é muito tenso. Sobre uma garota, o pai bebe, vivem na miséria, a mãe doente, irmão bebê que ela tem que cuidar, a escola. Casos de estupro, etc.
Lancelot du Lac: É sobre a lenda da Távola redonda, Lancelot, o cavaleiro do rei Artur.
Le diable probablement: Eu adorei esse filme, ele é bem melancólico, mas tem todo um conceito ecológico, fala dos interesses da juventude em querer mudar o mundo mas não sabe como, manifestações e até peguei uns diálogos para colocar em um outro post. O protagonista é um jovem muito inteligente que ajuda os colegas de classe nas lições, mas não sabe lidar com o amor ou com a vida, procura um psiquiatra.

L'argent: É baseado em um conto de Tolstoi (deu para perceber que ele gosta de literatura russa). Sobre uma nota falsificada que caiu na mão de um zé-mane e trouxe consequencias injustas para vida dele.


Filmes que quero assistir:
  • O processo de Joana d'Arc
  • Une femme douce
  • Anjos do pecado

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

La belle persone


A bela Junie (la belle persone) é um filme francês, baseado na obra A Princesa de Clèves, de Madame de La Fayette. Junie perdeu a mãe, vai estudar na escola do primo, divide seu coração com o aluno Otto e com o professor de italiano. É um filme melancólico, mas muito touchant!

Vou postar a letra da música que o Otto canta na hora mais desesperada da vida dele.


Comme la pluieAlex Beaupain

Comme la pluie nous manque parfois
Un orage aurait plus d'allure
Pour se crier ces choses là
Se jeter ces mots à la figure
Comme la pluie nous manque parfois
Comme le soleil nous tue
Comme ses rayons nous semblent froids
Quand on ne s'aime plus

Comme les forces nous manquent parfois
Une bagarre aurait plus de gueule
Passer ton visage à tabac
Qu'enfin plus personne n'en veule
Comme les forces nous manquent parfois
Comme nos bras nous trahissent
Lorsque l'amour entre nos doigts
Comme le sable glisse

Comme les pleurs nous manquent parfois
Un mélo aurait plus de classe
Quelques larmes, nous valons bien ça
Mais c'est trop demander hélas
Comme les pleurs nous manquent parfois

Comme la nuit nous manque parfois
Le noir serait plus à mon goût
Ces étoiles comme autant de croix
Tout un ciel en deuil de nous
Comme la nuit nous manque parfois
Comme elle tarde à venir
Quand elle tombe, ne trembles-tu de ça ?
Toutes ces nuits à venir...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

cinema contemporâneo francês: Cédric Klapisch


J'aime beaucoup os filmes do cineasta Cédric Klapisch, vou falar primeiramente do último filme que assisti, ainda está em cartaz, Paris. Mostra o cotidiano dos parisienses e alguns pontos turísticos. Tem a Juliette Binoche. Trata-se de histórias de várias pessoas, a personagem de Juliette é uma mãe solteira, assistente social, tem um irmão dançarino que descobre ter problemas no coração (ele representa Paris). Tem a família dos feirantes, um deles separa da esposa. O professor de história depressivo que apaixona por uma aluna, essa só brinca com ele e depois "joga fora", ele fica arrasado, visita um pisquiatra, ele tem um irmão arquiteto, casado, a esposa está grávida. A mulher da padaria que maltrata suas funcionárias. O imigrante africano que passa maior sufoco vindo da África para a França. O filme é uma delícia, très jolie et touchant!

Outros filmes que assisti do mesmo diretor, foram Albergue Espanhol e Bonecas Russas, o segundo é a continuação do primeiro.

Albergue Espanhol

Um francês, estudante de economia, tem uma vida toda certinha e programada para um futuro brilhante, tem uma namorada boazinha, decide entrar em um programa de intercâmbio e vai para Barcelona, chegando lá ele sofre um choque cultural, vai morar com gente de vários países, tem que aprender a lidar com diferenças culturais, políticas e sexuais. Depois dessa experiência ele nunca mais será o mesmo.

Bonecas Russas
Cada alberguista tomou um rumo na vida, o economista abandonou a economia e tentou realizar seu sonho de infância, ser escritor, sua ex-namorada boazinha teve um filho de outro cara, é toda politizada, vai para o Forum Social em Porto Alegre. Os alberguistas vão para o casamento do inglês que se apaixonou por uma bailarina russa (amo essa parte qdo ele começa aprender russo para se comunicar com ela, chorei!). Isso é tudo! Se não me empolgo e conto tudo, aí perde a graça.
Percebi que o Cédric Klapisch não está na Wikipédia em português, talvez eu coloque alguma coisa lá se eu tiver tempo.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Momento literário: O problema do sofrimento - CS Lewis

Terminei a leitura do livro "O problema do sofrimento" de CS Lewis. É um livro teológico, mas gosto teologia, independente de religião . É uma leitura complexa,  embora tenha apenas 76 págs, requer muita atençao e conhecimento de algumas linhas teológicas e filosóficas, às vezes é necessario buscar em outras fontes alguns assuntos para nao se perder no texto.
Segue abaixo alguns fragmentos interessantes do livro "O problema do sofrimento":

Eu poderia, sem dúvida, ter aprendido até mesmo dos poetas que Amor é algo mais rigoroso e esplêndido do que a simples bondade: que até o amor entre os sexos é, como em Dante, "um senhor de terrível aspecto". Existe bondade no amor, mas amor e bondade não são confinantes, e quando a bondade (no sentido dado acima) é separada dos demais elementos do Amor, ela envolve uma certa indiferença fundamental ao seu objeto, e até mesmo algo semelhante ao desprezo em relação a ele.

A possibilidade do sofrimento é inerente à própria existência de um mundo onde almas possam encontrar-se. Quando as almas se tomam perversas, elas certamente fazem uso desta possibilidade para se ferirem umas às outras. Isto talvez justifique quatro-quintos dos sofrimentos humanos. Foram os homens, e não Deus, que inventaram a tortura, os chicotes, as prisões, a escravidão, as armas, as baionetas e as bombas. A pobreza e o excesso de trabalho são produtos da avareza ou da estupidez humana e não uma distorção da natureza. De todo modo, porém, existe ainda muito sofrimento que não pode ser atribuído a nós mesmos.

Kant era de opinião que nenhum ato tinha valor moral a não ser que fosse realizado com base na mais pura reverência pela lei moral, isto é, sem inclinações, e ele foi acusado de uma "disposição de espírito mórbida" que mede o valor de um ato pelo desgosto que provoca. Toda opinião popular entretanto apóia realmente Kant. Ninguém admira um homem por fazer algo de que goste: as próprias palavras "mas ele gosta disso" implicam no corolário: "Portanto não existe mérito".

Todavia, em oposição a Kant se coloca a verdade evidente, notada por Aristóteles, que quanto mais virtuoso se torna o homem tanto mais ele aprecia os atos de virtude.
Quando penso em dor - naquela ansiedade que corrói como fogo e na solidão que se estende como um deserto, a triste rotina da miséria monótona, as dores fundas que escurecem todo o nosso horizonte ou aquelas repentinas e enjoativas que arrancam o coração de um só golpe, dores que já parecem ser intoleráveis e de súbito aumentam, dores furiosas como se fossem picadas de escorpião que provocam movimentos adoidados em alguém que parecia meio morto por causa das torturas já sofridas - isso "quase abate o meu espírito". Se conhecesse algum meio de escapar, me arrastaria através de esgotos para descobri-lo. Mas, de que adianta falar-lhe sobre os meus sentimentos? Você já os conhece: são os mesmos que os seus. Não estou discutindo que a dor não seja penosa. A dor magoa.

sábado, 8 de agosto de 2009

Filme para o dia dos pais


Em nome do pai é um filme baseado em fatos reais, a família é acusada injustamente de terrorismo, pai e filho dividem a mesma cela e aos poucos o filho percebe todo o amor que o pai tem pela família e a luta do mesmos para tirá-los daquela situação.
As atuações de Daniel Day-Lewis e Emma Thompson estão impecáveis.

Assista o trailer (em inglês)




Desejo a todos os pais um feliz dia!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Tudo sobre o meu pai

Por ser no domingo o dia dos pais, vou dedicar um post para ele.
Meu pai é calmo, sereno e traquilo, apesar de não ter tanto estudo é um homem sábio, ele fala pouco, mas quando fala sai um rio de reflexões, verdades e conselhos.
Ele sempre cuidou muito bem de suas três mulheres (mamãe, eu e a minha irmã), logo cedo vai ao mercado e à padaria, tanto que minha mãe fala que não sabe comprar pão porque papai sempre fez essa gentileza de mimar as fofas.
Ele foi um funcionário exemplar, sempre tentava controlar as situações, dar conselhos. Depois que ele se aposentou as pessoas chamam ele de volta porque não conseguem ninguém à altura para substituir.
Ele gosta da casa cheia e não mede esforços para ajudar os outros, passei minha infância com pessoas que nem eram da família morando conosco, vinham para São Paulo e não tinham onde ficar, meu pai acolhia e só liberava depois de empregado ou para o casamento.
Ele é tímido e tem dificuldades de demonstrar sentimentos, ele mais pratica o amor do que confessa que ama, às vezes no fim de um e-mail ela fala: tchau filha, o pai te ama muito (lindinho!), mas ao vivo e em cores, raramente.
Ele é o bom samaritano, uma vez eu vivi o pior pesadelo da minha vida, fiquei sem chão, não sabia como resolver o problema, os amigos torceram para que tudo desse certo, mas não podia contar c/ eles e muito menos c/ o resto da família sem ter que me humilhar por um favor. Mas meu pai, em silêncio esteve comigo todos os dias, ia ao hospital, compreendia e lidava bem com a situação, me consolava. Depois que as coisas se acalmaram eu percebi o tesouro que ele é em minha vida, o heroi que ganhei de presente dos céus.
O que move papai é a fé, como bom protestante ele pratica boas ações e acredita no sucesso das pessoas e eu me orgulho quando dizem: você tem o sorriso do seu pai, você tem o jeitão do seu pai. Se um dia eu tiver 1/3 das qualidades dele, já me sentirei agraciada.
Ele nunca valorizou coisas, mas sempre valorizou pessoas, às vezes acho que muitos aproveitam da bondade dele e quando conseguem algum favor nem lembra de ligar e agradecer, mas ele nem se importa, pois não faz esperando recompensa, faz porque tem esse instinto.
Quando ele vai na minha casa, tenta arrumar o fio solto, tampar o buraquinho da parede, regular o chuveiro, quer sempre deixar as coisas organizadas e confortáveis para nós.
Pai você é um anjo! Te amo.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Diretor francês: Marcel Carné

Marcel Carné foi um dos maiores diretores da França, o melhor filme francês e o segundo melhor do mundo, na minha opinião, é o Boulevard do crime (titulo original: Les enfants du Paradis). Os filmes dele são bem realistas, em nenhum deles você pode esperar um happy end, mas os enredos são bem interessantes.
Além de bons filmes os atores são impecáveis em suas intrepretações, no Boulevard é impossível não criar um afeto e uma simpatia pelo mímico Baptiste, vc torce por ele e pela Garance o tempo todo.

O Cais das sombras (Le quai des brumes) é outro filme noir sobre um soldado desertor que tenta se refugiar em uma cidade portuária.


Trágico amanhecer (Le jour se léve) é um filme muito triste, vc fica pensando o que leva as pessoas tomarem decisões tão estúpidas na vida e o pior, quando a vida sempre foi dura e vc sobrevive em subempregos, sofrendo humilhações, sem chances de amar e ser amado e nada mais vale a pena.


Família exótica (Drôle le drame) já é mais comédia, sobre um bispo que é contra a literatura subversiva e começa acusar um escritor sem saber que esse faz parte de sua família, na igreja tem um dos maiores assassinos do local que escuta o sermão do pastor e diz que se tornou assassino devido a leitura do livro e quer matar o escritor.

Por enquanto esses foram os que assisti. Breve postarei sobre outros filmes dele. Au revoir

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Fala de filme: Cenas de um casamento

Esse é mais um filme de Ingmar Bergman, Saraband é a continuação dele, é bem tenso.


Marianne tenta ler para Johan o que ela conseguiu escrever sobre si

De repente, viro-me e olho para uma velha foto de escola de quando eu tinha 10 anos, pareço detectar algo que me escapava até então. Para minha surpresa, devo admitir que não sei quem sou. Não tenho a mais vaga idéia.Sempre fiz o que me mandaram.
Até onde me lembro fui obediente, correta, quase humilde. Me impus algumas vezes, quando menina, mas minha mãe me puniu por minha falta de modos, com severidade exemplar.
Minha educação e a das minhas irmãs tinha o objetivo de nos tornar agradáveis.
Eu era feia e desajeitada um fato do qual sempre me lembravam.
Mais tarde percebi que, se guardasse meus pensamentos e fosse agradável e previsível seria recompensada.
A maior decepção começou na puberdade,meus pensamentos e sentimentos giravam em torno de sexo, mas nunca disse isso aos meus pais nem a ninguém.Ser enganosa e reservada e mostrou mais seguro.
Meu pai queria que eu seguisse seus passos e fosse advogada. Dei indiretas de que queria ser atriz ou fazer algo no mundo do teatro, mas eles riram de mim. Desde então, sigo fingindo, forjando meus relacionamentoscom os outros, com os homens, sempre atuando, numa tentativa desesperada de agradar. Nunca considerei o que eu queria e sim o que ele quer que eu queira.
Não é falta de egoísmo, como costumava pensar, é pura covardia, pior ainda, provém da minha ignorância de quem eu sou.
Nosso erro foi não nos desligarmos de nossas famílias e criarmos algo que nos satisfizesse a nós mesmos.


Johan filosofando sobre a vida

Somos analfabetos emocionais, aprendemos anatomia e métodos de cultivo na África sabemos fórmulas matemáticas de cor e salteado, mas não nos ensinaram nada sobre nossas almas. Somos tremendamente ignorantes sobre o que move as pessoas.

domingo, 2 de agosto de 2009

Alphaville de Godard

Alphaville é Um filme sci-fi, lá as coisas são controladas pela lógica, matematicamente e por computadores, nenhum tipo de sentimentalismo é tolerado.
Em favor da tecnologia, do progresso, as máquinas comandam e nós ficamos cada vez mais sem reação, sem palavras, sem demonstrações de carinho para com o próximo, as pessoas estão robotizadas, agem em prol da modernidade, querem ter casas, carros, confortos, valorizam coisas e desprezam pessoas.
Em várias partes do filme a Natasha, personagem de Anna Karina recita poemas do livro Capital da dor, de Paul Eluard. A parte mais touchante de todas é quando ela pergunta em francês c/ vozinha delicada o que é estar apaixonado (amoreux, qu'est ce que c'est?) e o que é o amor (alors, l'amour c'est quoi?).



Outra parte comovente do filme: Homens estão sendo condenados por demonstrarem sentimentos, um deles começa a falar sobre o comportamento humano:

- O que tem eles fizeram?
- Eles estão condenados.
- Só homens?
Normalmente há uma razão de 50 homens executados por mulher.
Mas o que eles fizeram?
Comportaram-se ilogicamente.
Isso não é um crime em Terras Externas?
Veja, eu o conheço. Lamentou quando a esposa morreu.
Ele foi condenado por isso?
Evidentemente.

Homem antes de suas execução:

Nós temos que avançar para viver. Aponte diretamente para esses que você ama. Me escute, normais.
Nós vemos a verdade que você já não vê. A verdade é que a essência do homem é amor e fé, coragem, ternura, generosidade e sacrifício. O resto é obstáculo criado pelo progresso de sua ignorância cega.


Resumo: Mostrar sentimentos não é sinal de fraqueza ou de inferioridade, pelo contrário, é conseguir tocar na alma do outro e nenhuma máquina ou Qi alto é capaz de fazer.

Cinema francês: Falas do filme Vivre sa vie de Godard

Vivre sa vie é um manual de como se prostituir na França (explicação curta e grossa), fala das leis que de uma certa protegem essas mulheres, onde podem ou não trabalhar e o que levou Nana a prostituição, mas a parte que mais me toca é quando ela em um bar, encontra um velho desconhecido e começa a querer entender sobre a vida.


Place du châtelet - O desconhecido - Nana (Anna Karina) faz filosofia sem saber

Você vem bastante aqui?
- Não, às vezes. Hoje, por sorte
Por que você lê?
- É meu trabalho
É engraçado de repente eu não sei o que dizer; isso acontece muito comigo. Eu sei o que quero dizer. Eu reflito sobre o que quero dizer, mas no momento de dizer eu não consigo
-Sim, claro. Você leu os Três Mosqueteiros?
Eu vi o filme. Por quê?
-Porque nele, Porthos, isso se passa na verdade no Vinte Anos Depois. Porthos, o grande, o forte, um pouco besta, ele nunca pensou em sua vida, compreende? Então, uma vez ele tem de implantar uma bomba numa adega, para explodí-la. Ele o faz. Ele coloca a bomba, acende-a, e sai correndo, naturalmente, mas de golpe, ele começa a pensar...
Ele pensa no que?
-Ele se pergunta como ele pode colocar um pé após o outro,você já deve ter pensado sobre isso também. E então ele pára de correr. Ele não pode mais, não pode avançar. Tudo explode, a adega cai sobre ele. Ele a segura com seus ombros, ele é forte, mas depois de um dia, ou dois ele cede, e morre. A primeira vez que ele pensa, ele morre
Por que me conta essa história?
- Sem razão, só por falar
E por que a gente precisa sempre falar?
- Muitas vezes devíamos nos calar,viver em silêncio. Quanto mais fala-se, menos as palavras significam
Talvez, mas como se pode?
- Eu não sei.
Eu acho que não podemos viver sem falar. Então é isso, eu gostaria de viver sem falar
- Sim, isso seria bom, não?
É como se não amássemos mais
- Mas não é possível, nunca vai ser.
Mas por quê? As palavras deviam exprimir exatamente o que queremos dizer. Elas nos traem?
- Mas nós as traímos também, nós devíamos poder dizer o que queremos como já foi feito com a boa escrita. É mesmo extraordinário que um homem como Platão, a gente pode ainda compreender, a gente compreende. Ainda sim ele escreveu em Grego, há 2500 anos. Ninguém realmente sabe a língua daquela época, ao menos exatamente, mas ainda sim passa alguma coisa, então nós devemos poder nos expressar e nós precisamos.
E por que devemos nos exprimir? Para se compreender?
- Nós precisamos pensar, e para pensar, é preciso falar, não há outro jeito de pensar.E para comunicar, deve-se falar. É a vida
Sim, mas ao mesmo tempo é muito difícil. Eu acho que a vida devia ser fácil. Você sabe, a sua história dos Três Mosqueteiros pode ser muito boa, mas é terrível.
- Sim, mas é uma indicação. Eu acredito que aprendemos a falar bem quando renunciamos à vida por algum tempo. É quase... O preço
Então, falar é mortal?
- Falar é quase uma ressureição em relação à vida. Quando falamos é uma outra vida de quando não falamos. Então, para viver falando deve-se passar pela morte da vida sem falar. Eu talvez não esteja sendo claro, mas há uma certa regra ascética que te impede de falar bem até olharmos a vida com desapego
Mas não se pode viver a vida com... Eu não sei, com desapego
- Sim, mas nós balanceamos, é por isso que devemos passar do silêncio às palavras. Nós balançamos entre os dois porque é o movimento da vida
Da vida cotidiana nós nos elevamos a uma vida que chamamos de superior é a vida do pensamento, mas essa vida pressupõe a morte da vida cotidiana, a vida demais elementar.
Mas então pensar e falar se parecem?
-Eu acredito. Platão o disse; é uma idéia antiga. Nós não podemos distinguir do pensamento o que é o pensamento e as palavras que o exprimem. Analisando a consciência, você não consegue separar o momento de pensar das palavras.
Falando, então, a gente arrisca mentir?
- Sim, porque mentiras são também parte de nossa busca. Há pouca diferença entre erro e mentira. Não quero dizer mentiras comuns como eu prometo ir amanhã, mas não vou porque não queria, entende? Esses são truques, mas uma mentira sutil é pouco distante de um erro, a gente procura e não consegue achar as palavras certas.
É por isso que você não conseguia saber o que ia dizer.
- Você tinha medo de não achar a palavra certa. E eu acho que é isso
Sim, mas como ter certeza de ter encontrado a palavra certa?
- Deve-se trabalhar. É necessário um esforço. Deve-se falar num modo que é certo, não machuque, diga o que há para ser dito, faça o que tem de fazer sem machucar, nem ferir.
Sim, um deve tentar ser de boa fé.
- Uma vez alguém me disse "A verdade está em tudo, mesmo no erro"
Isso é verdade.
- Isso não foi visto na França no séc XVII, eles achavam que podiam evitar o erro e ainda mais que isso, que podia-se viver na verdade diretamente.
Creio que não seja possível.
-Por isso há Kant, Hegel, a filosofia alemã: para nos conduzir à vida e nos fazer ver que devemos passar pelo erro para chegar na verdade
O que você pensa do amor?
- Leibnitz introduziu o contingente, verdades contingentes e verdades necessárias fazem a vida cotidiana
Aos poucos chegamos na filosofia alemã onde pensamos, na vida, com os erros da vida, com as servitudes da vida. E deve-se lidar com isso, é verdade
O amor não deve ser a única verdade?
- Mas para isso, o amor deveria ser sempre verdadeiro
Você conhece alguem que sabe de cara quem ele ama?
- Não é verdade. Quando você tem vinte anos não sabe o que ama
Você sabe migalhas, se agarra só a sua experiência. Você diz "eu amo isso", é sempre uma mistura, mas para ser constituido inteiramente daquilo que se ama, é preciso a maturidade.Isso significa buscar. E é essa a verdade da vida. É por isso que o amor é uma solução, na condição que seja verdadeiro.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Balanço dos filmes de Bergman

Dos filmes que assisti, notei que tem personagens com nome de Ana em: Paixão de Ana, Gritos e Sussurros, O silêncio, Saraband, Morangos Silvestres.
Que o ator lia o livro "Um fragmento de Vida" de Kierkegaard no filme Saraband, já mencionei esse autor no Momento literário aqui e aqui.
Musica clássica, não como trilha sonora, mas como componente do filme: Mozart(Flauta Mágica), Bach (O Silêncio, Saraband), Chopin (Sonata de Outono).
Personagens jogaram xadrez em A Paixão de Ana e 7º Selo.
Personagens vendo fotografias:Paixão de Ana, Saraband

Filmes que já assisti:

Monika e o desejo
Noites de circo
Quando as mulheres esperam
O sétimo selo
Morangos silvestres
A fonte da virgem
O olho do diabo
Através de um espelho
Luz de inverno
O silêncio
Persona
A paixão de Ana
O rito
A hora do amor
Gritos e sussurros
Para não falar de todas essas mulheres
A flauta mágica
O ovo da serpente
Sonata de outono
Cenas de um casamento
Saraband

Filmes que quero muitíssimo assistir:

Sede de paixões
Rumo à Felicidade
Sonhos de mulheres
Sorrisos de uma noite de amor
O jardim do prazer
A hora do lobo
Vergonha
Face a face
Fanny e Alexander

domingo, 26 de julho de 2009

Ingmar Bergman: Monica e o desejo

Monica e o desejo é um filme simples, não está entre os dez melhores de Bergman, mas o enredo é bem interessante, acho que é o desejo de toda mulher em alguma fase da vida, umas concretizam, outras não. Sabe quando acha seu trabalho e sua família um saco, conhece alguém interessante e foge com ele, no momento é uma aventura, uma delícia, mas depois acontece umas mancadas e vc tem que voltar de onde vc veio mais fodida do que qdo foi, é por aí. Coisa de menina ingênua.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Ingmar Bergman: Ópera e comédia


Bergman gostava muito de música clássica em seus filmes, aproveitou a oportunidade e filmou a Ópera A Flauta Mágica, de Mozart. Eu, particularmente prefiro a versão inglesa feita pelo diretor/ator Kenneth Branagh, mas é "leve" e interessante de se ver. O começo enjoa um pouco, fica mostrando os rostos na plateia, especificamente uma garotinha com sorriso de monalisa que deixa o filme meio monótono, porém vale a pena pelos grandes atores/cantores.

Já a comédia é muito boa, vi o filme O olho do diabo e realmente é muito engraçado o filme e os atores são ótimos. É baseado em um provérbio irlandês que diz que "a castidade de uma donzela é como um tersol no olho do diabo". O diabo está com tersol e pede a Don Juan que conquiste uma virgem antes que ela se case, assim ele teria seu olho sarado.

A hora do Amor é outro filme de comédia, é sobre casamento, fala de traição, ciúmes, reconcíliação, idas e vindas e toda a forma ridícula que o amor é, mas amamos o ridículo, fazer o quê?

Vale muito a pena assistir, para quem está iniciando em assistir Bergman é bom que comece por esses mais lights.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ingmar Bergman: A Trilogia do Silêncio

A Trilogia do Silêncio ou da Fé, como preferir, consta os seguintes filmes: Através de um espelho, Luz de inverno e O Silêncio.

Ontem, no Sessão pipoca aqui em casa, escolhemos essa trilogia para assistirmos. Vou dar minha humilde opinião de espectadora desses filmes, mas caso preferir, é possivel ler críticas bem melhores e mais elaboradas feitas por profissionais.

Através de um espelho

Karin, uma mulher que tem problema mental herdado pela mãe, tem um marido compreensível, que a ama apesar dos pesares, um pai ausente e um irmão carente. O relacionamento entre pais e filhos é sempre intenso nos filmes de Bergman, mas isso será assunto de outro post.
Karin escuta vozes e sons, acha que Deus vai aparecer no quarto e ela fica esperando, Deus aparece em forma de aranha, de um modo bem assustador. O interessante é que no filme Luz de Inverno o pastor tem a mesma opinião sobre Deus, Ele parece uma aranha.
O irmão dela sofre de carência afetiva e tem uma atração sexual por ela, essa forma de confundir amor fraterno com amor eros também acontece no filme O silêncio.


Luz de Inverno

Bergman foi filho de um pastor, por essa razão é muito comum ver igrejas, pastores, passagens bíblicas e outros artigos religiosos em seus filmes.
Na foto acima estão os dois personagens principais do filme, o pastor e Marta. Marta também é o nome de uma personagem muito importante nos evangelhos, a irmã de Lázaro, enquanto Maria parou tudo o que estava fazendo, Marta achava que tinha que adiantar os serviços e não recebeu Jesus muito bem, conforme segue na passagem bíblica abaixo:

Lucas 10:38 a 42:
38 Jesus e os discípulos seguiam o seu caminho. Ao entrarem numa aldeia, uma mulher chamada Marta recebeu Jesus em sua casa.
39 Ela tinha uma irmã chamada Maria, que se sentou aos pés do Senhor para o ouvir.
40 Ora Marta andava muito atarefada, por ter muito que fazer. Aproximou-se e disse: Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe só com todo o trabalho? Diz-lhe então que me venha ajudar.
41 Mas Jesus respondeu: Marta, Marta, andas preocupada e aflita com tantas coisas,
42 quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.

A Marta do filme faz questão de ajudar o pastor em tudo, ela tem uma paixão avassaladora por ele, mas ele nutre um amor doentio por sua esposa já falecida.
O pastor não acredita em Deus, acha a imagem de Cristo na cruz estúpida, mostra sua total descrença aos fieis a ponto de um deles cometer suicídio por não ter mais esperança em nada.
Um ponto muito interessante é quando seu ajudante que sofre de dores pelo corpo começa a narrar a paixão de Cristo.
O filme fala do silêncio de Deus e da fala de Davi (o homem segundo o coração de Deus) e de Jesus, o filho de Deus, que se sentiram sozinhos e exclamaram: elohim, eloim lamá sabactani que quer dizer Deus meu, Deus meu por quê me desamparaste? O filme mostra que se até Jesus enquanto crucificado sentiu a ausência de Deus, imagine nós, pobres mortais e de pequena fé.


O silêncio

Karin e Ana são irmãs, elas estão viajando de trem e Karin começa a passar mal e descem em um país com uma língua estranha e que está em guerra.
Vão para um hotel, Karin fuma, bebe e se masturba, mantém um diálogo com o funcionário do hotel que não fala a sua língua, mas entende o que ela precisa.
Karin nutre um amor eros pela irmã, sente ciúmes quando ela conhece um garçom e tem relações com ele, sem ao menos entender a língua dele. Ana tem um filho que também tem uma atração por ela.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Ingmar Bergman medieval

A Fonte da Virgem é um filme que fala de paganismo x cristianismo, filha legítima x filha bastarda, estupro, gravidez, morte e vingança.

O 7º Selo fala da peste negra que assolou a Europa, da Inquisição, das Cruzadas e das crendices populares. O mais interessante é quando a Morte desafia o cavaleiro Antonius no jogo de xadrez. Antonius é estrategista, ele tem uma jogada com o cavalo (que representa as cruzadas) e com o bispo (que representa a igreja), mas a morte não poupa ninguém.
O 7º selo foi tirado da bíblia, no livro de Apocalipse ou Revelação que diz o seguinte:
Capítulo 8, vers. de 1 a 13

1 Quando abriu o sétimo selo, fez-se silêncio no céu, quase por meia hora.
2 E vi os sete anjos que estavam em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas.
3 Veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para que o oferecesse com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono.
4 E da mão do anjo subiu diante de Deus a fumaça do incenso com as orações dos santos.
5 Depois do anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o lançou sobre a terra; e houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto.
6 Então os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar.
7 O primeiro anjo tocou a sua trombeta, e houve saraiva e fogo misturado com sangue, que foram lançados na terra; e foi queimada a terça parte da terra, a terça parte das árvores, e toda a erva verde.
8 O segundo anjo tocou a sua trombeta, e foi lançado no mar como que um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a terça parte do mar.
9 E morreu a terça parte das criaturas viventes que havia no mar, e foi destruída a terça parte dos navios.
10 O terceiro anjo tocou a sua trombeta, e caiu do céu uma grande estrela, ardendo como uma tocha, e caiu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas.
11 O nome da estrela era Absinto; e a terça parte das águas tornou-se em absinto, e muitos homens morreram das águas, porque se tornaram amargas.
12 O quarto anjo tocou a sua trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, a terça parte da lua, e a terça parte das estrelas; para que a terça parte deles se escurecesse, e a terça parte do dia não brilhante, e semelhantemente a da noite.
13 E olhei, e ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu, dizia com grande voz: Ai, ai, ai dos que habitam sobre a terra! por causa dos outros toques de trombeta dos três anjos que ainda vão tocar.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Os atores de Ingmar Bergman

Dando continuidade ao especial da semana, Ingmar Bergman, segue les acteurs chouchous do grande diretor. Só vou mencionar os filmes que eu assisti c/ eles in action



Bibi Andersson: Trabalhou em 11 filmes, assisti: O olho do diabo, Morangos Silvestres, O 7º selo, A paixão de Anna, Persona, Para não falar de todas essas mulheres, Cenas de um casamento

Gunnel Lindblom, assisti: A fonte da virgem, O 7º selo, O silêncio, Luz de inverno, Cenas de um casamento

Liv Ulmann: Trabalhou em 10 filmes, assisti: Persona, A paixão de Anna, Gritos e Sussurros, Sonata de Outono, Ovo de serpente, Cenas de um casamento e Saraband

Max Von Sydow: trabalhou em 11 filmes, assisti: O 7º selo, Morangos Silvestres, A paixão de Anna, Através do espelho, Luz de inverno

Ingrid Thulin: Trabalhou em 9 filmes, assisti: Morangos Silvestres, Gritos e Sussurros, O silêncio, Luz de inverno, O Rito.

Gunnar Björnstrand: Trabalhou em 21 filmes, assisti: Morangos Silvestres, O 7º selo, O olho do diabo, Persona, Sonata de Outono, Através do espelho, Luz de inverno, O Rito

Tem mais, porém esses sãos os que mais me simpatizo. C'est tout!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Fala de filme: A paixão de Anna - Ingmar Bergman


Eva conversando com Andreas:

É duro perceber um dia que se foi insignificante. Que ninguém precisa de você, apesar de você querer se entregar a alguém.
Acho que é tudo culpa minha, mas está tudo paralisando. Queria muito complementar tudo. Fiz um mundo de planos.
Então falo para Elis e ele diz:"Não, não faça isso, faça aquilo."

Andreas conversando com Anna:
(Andreas)- Sei quão estranho parece.
(Anna)- Sim, é estranho.
Quero ser caloroso, delicado e vivo. Quero fazer um movimento.
Mas você sabe quão receoso...
É como em um sonho. Quer se mover mas não pode!
Os seus braços e pernas estão pesados como chumbo.Tenta falar e não consegue.
Estou receoso pela humilhação. É uma interminável miséria. Fui aceitando as humilhações e as deixei penetrarem em mim.
(Andreas)- Pode entender?
(Anna)- Sim, eu entendo!
(Andreas) É absurdamente terrível ser um fracasso. As pessoas pensam que têm o direito de lhe dizer o que fazer. O desprezo das boas intenções delas.
Aquele breve desejo de atropelar alguma coisa viva.
(Anna)- Não precisa...
(Andreas)- Estou morrendo. Não, isso é injusto! Melodramático. Não estou morrendo de jeito algum, mas vivo sem o auto respeito.
Eu sei, isso soa ridículo, pretensioso! A maioria das pessoas vive sem um senso de auto-estima. Humilhadas de coração, asfixiadas e maltratadas. Elas estão vivas e isso é tudo o que sabem. Sabem que não têm outra alternativa. Mesmo que tenham jamais estenderão a mão para isso.
Pode-se adoecer de humilhação? Ou ela é a doença que todos temos que pegar?
Falamos muito de liberdade. Não será a liberdade um veneno para qualquer um que é humilhado? Ou essa palavra é uma droga, que o humilhado usa até ser capaz de incorporá-la?
Eu tenho vivido com isso. Eu desisti. Não posso suportá-la mais. Os dias se arrastam. Estou sufocado pela comida, pela merda que expulso, pelas palavras que digo!
A luz do dia que toda manhã me grita para levantar.
O sono que é só de sonhos de perseguição ou a escuridão que farfalha com ruídos de fantasmas e memórias.
Já lhe ocorreu que quanto pior estão as pessoas,menos elas reclamam. No final elas estão totalmente caladas. São criaturas vivas, com nervos, olhos e mãos, grandes exércitos de vítimas do carrasco.
A luz que aumenta e cai pesadamente,o frio que chega, a escuridão, o calor, o cheiro. Estão todos silentes!
Não podemos jamais deixar daqui. Não acredito no movimento. É muito tarde. Muito tarde para tudo!
Como vejo, Elis Vergerus acha hipocrisia se horrorizar com a estupidez humana, que é um desperdício de sentimentos clamar por decência e justiça.
Para ele está decidido que o sofrimento de outras pessoas não o acordará à noite. Ele se vê por completo indiferente aos seus próprios olhos e aos dos demais.
Essas são as condições sob as quais ele vive. Ele não sabe funcionar de outro modo.